EU ORGASMO

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Pensem em mim!

 

 

 

Eu orgasmo só de falar em doenças

porque as doenças estão no meu sangue.

Eu necessito muito ouvir desgraças

porque as desgraças são o meu 'boomerang'.

 

 

Eu tenho que pensar na dor

porque as dores me provocam excitação.

Eu careço ler sobre assassínios

porque as maldades me causam exaltação.

 

 

 

 

 

 

 

Enfim, é por tudo isto que a mídia

dissemina, inculca, insiste e reinsiste

em alastrar, com todos os esses e erres,

os miserabilismos1 (a preço de alpiste).2

 

 

 

O que é sombrio só pode se alimentar de sombras!

 

 

 

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Notas:

1. Miserabilismo é a tendência literária, artística e mesmo ensaística de ressaltar os aspectos mais miseráveis, mais torpes, mais abjetos, mais iníquos do homem e da sociedade. O miserabilismo não deixa de ser uma forma de Tremendismo – corrente estética espanhola do século XX que advoga, na expressão da realidade pela literatura e nas artes plásticas, o exagero dos aspectos mais crus da vida.

2. Até parece que sou contra a imprensa. Não sou; eu até gostaria de ter sido jornalista. O que não concordo e não aceito é o frenesi da mídia, isto é, a insistência sistemática da mídia em divulgar, dias e semanas a fio, a preço de alpiste, patologias (normalmente criminais) que só servem para adoentar (por magnetização) as pessoas menos protegidas e mais aparvalhadas, que almoçam e jantam vendo e discutindo durante as refeições essas calamidades. E claro, para que uma notícia tenha audiência e dê IBOPE, seus piores aspectos, geralmente, são jornalisticamente os mais explorados e os mais veiculados, pois, de modo geral, as pessoas se comprazem em saber, ver, ouvir e comentar desgraças. E a mídia sabe disto muito bem, pois quando o assunto começa a comprometer os índices de audiência, a matéria sai do ar como que por encanto. Simplesmente evapora! Então, essa coisa midiática é mais ou menos como cadáver que aparece no meio da rua: de não sei onde, em cinco minutos, há centenas de pessoas papando o pobre defunto; quando o rabecão aparece e recolhe o morto, como no caso da mídia, as pessoas evaporam. É necessário que se entenda de uma vez, que o que é sombrio só pode se alimentar de sombras. Logo, se permiti(r)mos que nosso ser seja ou esteja coberto de sombras... Bem, para que fique bem claro o teor desta reflexão digo, finalmente, que tudo precisa ser mostrado e divulgado; a população precisa estar informada. O que não se deve fazer é publicidade opressiva (que, segundo Antônio Evaristo de Moraes Filho, é, em última análise, o julgamento antecipado da causa, realizado pela imprensa, em regra com veredicto condenatório, seguido da tentativa de impingi-lo ao judiciário, e que, sob este rolo compressor, quase sempre procura esmagar com opróbrio, ao lado do réu, e à semelhança do que ocorria durante as trevas da ditadura militar, a pessoa de seu advogado, pelo crime de haver assumido o patrocínio de uma causa indigna) aproveitando um determinado tema para envenenar as personalidades-almas, em um massacre doentio, sem-fim e inócuo, day in and day out. Por acaso alguém se lembra de quem foi Orenthal James Simpson, mais conhecido por O. J. Simpson? Por acaso alguém se lembra quem Guilherme de Pádua e sua mulher Paula Nogueira Thomaz assassinaram? Por acaso alguém se lembra de Dana de Teffé? Por acaso alguém se lembra de Sharon Marie Tate? Por acaso alguém se lembra de Isabella Nardoni? Por acaso alguém se lembra de quem foi Theodore Robert Cowell "Ted" Bundy? Por acaso alguém se lembra de James Warren "Jim" Jones, fundador da igreja Templo do Povo, que foi encontrado morto na Guiana com um ferimento de bala na cabeça junto a outros 909 corpos? E por aí vai... Enfim, para todos, assassinos e assassinados, cabe a nós fazer mentalmente o que pudermos e soubermos fazer, para que haja compreensão, libertação e um pouco de paz. Coscuvilhar sobre este assunto é uma pútrida coscuvilhice que só faz magnetizar a podridão astral.

 

Fundo musical:

Les Misérables (Castle on a Cloud)

Fonte:

http://users.elite.net/gurpal/movie1.htm

 

Páginas da Internet consultadas:

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3248

http://www.ufmg.br/boletim/bol1235/pag8.html

http://downloads.open4group.com/wallpapers/
1024x768/nadador-monstro-10201.html

http://sobrenatural-infernodigital.blogspot.com/
2010/01/monstro.html

http://contra-movimento.blogspot.com/
2010_03_01_archive.html