Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

A história da Filosofia é um álbum de fotografias com instantâneos da vida do espírito. Os adeptos de uma Filosofia tomam erradamente alguns instantâneos pelo todo da vida.

 

Walter Arnold Kaufmann (1921 – 1980)

 

 

 

 

 

 

 

Alguns crêem que há o eterno,1

e têm pavor de ir para o inferno.

Acreditando que o inferno existe,

admoestam com o dedo em riste.

 

 

E assim, vivem a impor aos outros

– essoutros, estoutros e aqueloutros –

suas opiniões, crenças e manias,

sem darem bola para outras vias.

 

 

 

a Humanidade estaria mais perto

de uma compreensão superior!2

 

 

Coisas impostas não solucionam;

apenas desregulam e desfuncionam

para o desabrochar de qualquer flor.3

 

 

 

 

 

 

_____

Notas:

1. Só a Santa Vida é Eterna; tudo o mais é transitório. Mestre Apis, Hierofante da Ordo Svmmvm Bonvm, ensinou: A Vida é Eterna; as criaturas são transitórias. Logo, o eterno não pode existir como existência em si ou como meta a ser alcançada (definitivamente). Se o Universo, minimamente, é (ou pode ser entendido como) mudança permanente, evolução permanente e movimento permanente, se o eterno pudesse existir e ser alcançado e realizado, se assim sucedesse, o que poderia haver depois do eterno? Estaticidade? Ora, isto não se coaduna com mudança, evolução e movimento. A não ser que, ab absurdo, se admita que, em um dado momento, não haja mais mudança, não haja mais evolução e não haja mais movimento, o que seria uma contra-significação. Só a Vida é Eterna; tudo o mais é transitório. E se a Vida é Eterna, de uma forma ou de outra, em meio à transitoriedade irreduzível, todos nós somos necessários e eternos. No Um, com o Um e pelo Um. Somos todos Um. A contingência é uma autoritária tolice!

2. A Humanidade, realmente, tem progredido; mas, a fedorenta Inquisição resultou em quê? Em que resultou a gloriosa Revolução de 64? Dela eu só me lembro do Armando Ribeiro Falcão e da frase nada a declarar, que caracterizou sua relação com a imprensa quando era Ministro da Justiça e se recusava a comentar qualquer assunto que considerasse defeso de circulação geral por razões de segurança ou polêmico. Seguindo. Em que está resultando o fudelhufas de cagahouse árabe-israelense? E o fudehouse de cagalhufas do Afeganistão? E o housecaga de lhufasfude do Iraque? E o fudecaga de houselhufas do Líbano? Ainda podemos imaginar coisas do tipo lhufashouse de cagafude, lhufascaga de housefude, fudefude de cagacaga, cagacaga de fudefude et ceteralhufas. Tudo isto se resume a uma só coisa: cagalhufas de bulhufas com produção de sangue, de dor e de devastação. Imposições e argumentos baculinos nunca deram certo, não dão certo e jamais darão certo.

3. A experiência é pessoal e intransferível. Só quem bota um dedo em uma tomada e leva um choque poderá saber qual é a sensação produzida por uma carga elétrica. Assim, quem impõe ou cisma de fazer pelo outro presta um desserviço; serve quem não constrange e, eventualmente, quando é o caso, faz com o outro ou ensina o outro a como fazer. No primeiro caso, a fraternidade é ilusória (se aquilo puder ser chamado de fraternidade); no segundo, é fraternidade verdadeira.

 

Fundo musical:

Carmen Suite (Georges Bizet)

Fonte:

http://www.midiarchive.co.uk/midi/Classics/