Rodolfo Domenico Pizzinga


 

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

A Humanidade – pelo menos em sua maioria – detesta refletir, mesmo em benefício próprio. Magoa-se, como se fora um insulto, ao mais humilde convite para sair por um momento das velhas e batidas veredas e, a seu critério, ingressar em um novo caminho para seguir em alguma outra direção. (A Doutrina Secreta, Helena Petrovna Blavatsky).

 

O egoísmo pessoal é que excita e estimula o homem a abusar de seus conhecimentos e poderes. O egoísmo é um edifício humano cujas janelas e portas estão sempre escancaradas para que toda espécie de iniqüidade entre na alma humana. (A Doutrina Secreta, Helena Petrovna Blavatsky).

 

Está bem, ouvinte. Prepara-te, pois terás que viajar sozinho. O Instrutor pode apenas indicar o Caminho. A Senda é uma para todos; os meios para chegar à meta variam com os peregrinos. (A Voz do Silêncio, Helena Petrovna Blavatsky).

 

Quem pode discordar destas afirmações? Por isto, nesta oportunidade, para os que não conhecem, apresentarei, para reflexão, alguns (poucos) fragmentos das Estâncias de Dzyan, e alguns comentários esclarecedores da obra feitos por Madame Blavatsky. As notas incluídas ao final foram, em certa medida, retiradas e editadas da obra citada na bibliografia. Mas, mais uma vez insisto: o melhor é ler a obra completa. Portanto, o objetivo real deste estudo, então, é divulgar a existência de O Livro Perdido de Dzyan.

 

 

 

 

Estâncias de Dzyan

 

 

 

As Estâncias de Dzyan (tese ou dogmas de Dzyan – ensinamentos ocultos da Sabedoria Oriental antiga) são pergaminhos antigos, de origem tibetana, citados por Helena Petrovna Blavatsky (1831 – 1891)no livro A Doutrina Secreta – uma coletânea de pensamentos científicos, filosóficos e religiosos. Blavatsky alegava não ser a autora da obra, mas que esta teria sido escrita pelos Mahatmas, que utilizaram o seu corpo físico em um processo denominado Tulku, que, segundo a autora, não é um processo mediúnico. Esta obra monumental foi dedicada por Blavatsky a todos os verdadeiros teosofistas.

 

Quanto às Estâncias de Dzyan, Blavatsky alegava que teria tido acesso e estudado estes pergaminhos em sua longa estada no Tibete. Segundo Blavatsky, as Estâncias de Dzyan seriam um manuscrito arcaico, escrito em uma coleção de folhas de palmeira, resistentes à água, ao fogo e ao ar, devido a um processo de fabricação desconhecido, e que conteriam registros de toda a evolução da Humanidade, em uma língua desconhecida pelos filólogos denominada Senzar. As Estâncias de Dzyan, segundo Blavatsky, estão relacionadas com o Livro dos Preceitos de Ouro e com os Livros de Kiu-te, que são uma série de tratados do Budismo Esotérico.

 

As Estâncias de Dzyan postulam o seguinte em relação ao homem: 1º) uma origem poligenética (origem múltipla, tanto no tempo como no espaço); 2º) diferentes formas de reprodução; e 3º) uma evolução animal (pelo menos referente aos mamíferos) que seguiu a dos homens, em lugar de precedê-la, tal e como postula nossa ciência moderna.

 

 

 

 

Estâncias de Dzyan
(Alguns Fragmentos)

 

 

 

O Pai Eterno, envolto em suas vestes sempre invisíveis, havia dormido, mais uma vez, por sete eternidades.1

 

A última vibração da sétima eternidade palpita através do ilimitado. A mãe intumesce, expandindo-se de dentro para fora, como um botão de lótus. A vibração se propaga, tocando com sua asa veloz todo o Universo e o germe que mora nas trevas – as trevas que respiram sobre as dormentes águas da vida. As trevas irradiam luz e a luz projeta um raio solitário no meio das águas, no abismo-mãe. O raio projeta-se por meio do ovo virgem. O raio faz o ovo eterno vibrar e deixa cair o germe não-eterno, que se condensa no interior do ovo-mundo.2

 

 

 

 

O Pai-mãe dos deuses ainda é um só.3

 

O germe é Aquilo e Aquilo é LLuz, o brilhante Filho Branco e Luminoso do Pai Negro oculto.4

 

A luz é chama fria, e a chama é fogo e o fogo produz calor que resulta em água: a água da vida na grande mãe.5

 

Ouvi, filhos da Terra... Aprendei: não há nem primeiro, nem último, porque tudo é um; o número procedeu do não-número.6

 

Do esplendor da LLuz – o raio das trevas eternas – espalham-se pelo espaço as energias redespertadas; o um do ovo, os seis e os cinco. Então, os três, o um, os quatro, o um, os cinco – o duas vezes sete, a soma total. E essas são as essências, as chamas, os elementos, os construtores, os números, os sem-forma, as formas e a Força ou Homem Divino – a soma total. E do Homem Divino, emanaram as formas, as centelhas, os animais sagrados e os mensageiros dos pais sagrados dentro dos quatro santos.7

 

Quando o Um se torna dois, o tríplice aparece e os três são um; e é nosso fio, ó Lanu, o coração do homem-planta chamado Saptaparna.8

 

A Lei sempre se repete periodicamente... Não existe nenhuma Lei cega ou inconsciente.9

 

Sânscrito = Língua dos deuses.

 

O espaço abstrato não tem princípio nem fim; é visível e invisível. É a realidade onipresente e impessoal; contém tudo e todas as coisas. Permanece latente em todos os átomos do Universo e é o próprio Universo.

 

 

 

 

O Absoluto e a matéria-raiz são um, embora sejam dois na concepção universal do manifestado. Mesmo na concepção do Logos Único – sua primeira manifestação – ao qual parece, do ponto de vista do Logos Único, como matéria-raiz e não como Absoluto, como sem véu e não como a Realidade Única que traz oculta, sendo incondicionada e absoluta.

 

O Universo é chamado, com tudo que contém, de 'Mâyâ', porque tudo é transitório – da vida efêmera de um vaga-lume à vida do Sol.

 

Aos deuses antropomórficos11 – ciumentos e exclusivistas, alegres e irritáveis – agradam os sacrifícios e as oferendas.

 

O homem não pode dominar nem obter favores ou a boa vontade dos Seres Superiores. Entretanto, se aprender a ter controle sobre sua personalidade inferior e, assim, alcançar a Sabedoria da não-separatividade do seu Ego Superior do Ego Único e Absoluto, o homem poderá, mesmo durante uma determinada vida terrenal, tornar-se um Ser Superior. Enfim, só se alimentando do Fruto da 'SOPhIa' – que destrói a ignorância – o homem poderá ser equiparado às Inteligências Espirituais.

 

Todo o sistema e toda a ordem da Natureza demonstram uma marcha progressiva para uma Vida Superior. As Leis imutáveis que suprimem as espécies fracas e débeis, para dar lugar às mais fortes, garantindo a sobrevivência dos mais aptos, apesar de tão cruéis em sua ação imediata, trabalham para o Grande Objetivo (ou Grande Obra).

 

Neste Universo, tudo é relativo; tudo é ilusão. No entanto, a experiência em qualquer Plano é uma realidade para o ser perceptivo, cuja consciência se encontra neste Plano, embora esta experiência, encarada de um ponto de vista puramente metafísico, possa ser concebida como despojada de qualquer realidade objetiva.12

 

 

 

 

Ninguém poderá compreender as Ciências Ocultas e os ensinamentos antigos antes de saber alguma coisa e de acreditar em sua própria personalidade-alma. As verdades de hoje são as falsidades e os erros de ontem, e vice-versa. Seja como for, é bom recordar Zaratustra (século VII a.C.), o fundador do Masdeísmo ou Zoroastrismo: 'Quando duvidares, abstém-te.' E também Francis Bacon (1561 – 1626): 'Na contemplação, se o homem começa com certezas, acabará com dúvidas; mas, se se contentar em começar duvidando, acabará tendo a certeza.'

 

A evolução dos acontecimentos – seja da Humanidade, seja de tudo o que existe em a Natureza – processa-se em ciclos.

 

 

 

Três Regras Iniciáticas: 1ª) Fecha a tua boca para que não fales dos Mistérios; 2ª) Se teu Coração te fugiu, traze-O de volta; este é o objetivo da Aliança; 3ª) O Santo Segredo causa a Morte; não O reveles ao vulgo. Comprime teu cérebro para que dele nada possa escapar e cair para fora.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Pai Eterno = o tempo-espaço mãe; envolto em suas vestes sempre invisíveis = a matéria-raiz; sete eternidades = 311.040. 000.000.000 anos.

2. Mãe = águas do espaço; águas da vida = caos, simbolicamente, o princípio feminino; não-eterno = periódico; ovo-mundo = existência real, concreta.

3. OEAOHOO (Pai-mãe dos deuses) – a Raiz Setenária que dá origem a tudo.

4. Aquilo = princípio irrevelado; a divindade abstrata.

5. Chama fria = alma das coisas, nem quente nem fria.

6. Tudo é um número saído do não-número.

 

 

 

 

6. Os três, o um, os quatro, o um, os cinco = 3,1415 ()

 

 

 

 

8. Saptaparna = planta de sete folhas.

 

 

 

 

9. Tenho dito que aquilo que muitos estudantes de Misticismo chamam de Consciência Cósmica é inconsciente. Bem, vou explicar melhor e acrescentar, agora, que esta inconsciência deve ser entendida no sentido de que a (presumida) Consciência Cósmica não faz escolhas nem é determinante de nada. O Universo é o que é, e se manifesta ciclicamente sem parar o bonde para dar carona aos retardatários. Nós, sim, por outro lado, é que temos que pegar o bonde ou ficaremos a pé sem eira nem beira, semi-acordados como paspalhões contando níqueis no mânvântâra, e entorpecidos como debilódes atarantados e lamentosos no prâlâya – que, entenda-se bem, não significa propriamente repouso, pois não há repouso no Universo no sentido de ausência ou cessação de movimento. Logo, não custa repetir: tudo depende tão-somente de nós. Sus!, vamos nessa! Mas, enquanto confusionarmos alho com bugalho, quebra-galho com rebotalho e estropalho com espantalho não poderemos realizar o Santo Trabalho. Precisamos, antes, descoagular o coalho!

10. A Língua Sânscrita ou simplesmente Sânscrito (pronuncia-se samskrita) é uma língua da Índia, com uso litúrgico no Hinduísmo, no Budismo e no Jainismo. O Sânscrito faz parte do conjunto das vinte e três línguas oficiais da Índia. Um dos sistemas de escrita tradicionais do Sânscrito é o Devanagari (em português, a palavra é acentuada como proparoxítona – devanágari), uma escrita silábica cujo nome é um composto nominal formado pelas palavras Deva [Deus, Sacerdote] e nagari [urbano(a)], que significa [escrita] urbana dos Deuses. O orientalista, jurista britânico e juiz da Corte Suprema de Calcutá Sir William Jones (1746 – 1794) disse certa vez: A linguagem Sânscrita, seja qual for sua idade, é de uma linda estrutura; mais perfeita do que o Grego, mais copiosa do que o Latim, e mais precisamente refinada do que os dois, ainda compartilha com ambos uma forte afinidade, tanto nas raízes dos verbos quanto nas formas de gramática, mesmo que, possivelmente, tenha sido criada por acidente; é, na verdade, tão forte, que nenhum filólogo poderia examinar as três sem acreditar que tenham nascido de uma fonte comum, que, talvez, nem exista mais.

11. O antropomorfismo é uma visão de mundo da qual deriva uma forma de pensamento que atribui características, preferências ou aspectos humanos a um deus, a deuses, a elementos da natureza, a animais e a constituintes da realidade em geral. Neste sentido, toda a mitologia grega, por exemplo, é antropomórfica. Uma outra acepção de antropomorfismo se refere a dar características humanas a animais ou a objetos inanimados, usados em contos morais, como os contos de fadas, e, posteriormente, em livros infantis. Neste sentido, toda a mitologia grega, por exemplo, é antropomórfica. Enfim, não posso deixar de comentar que, talvez, a maior irracionalidade imposta pelo(s) Catolicismo(s) seja a de que Jesus foi a encarnação de Deus, no sentido filial, divino e exclusivo.

12. Podemos entender isto da maneira que quisermos ou da maneira que pudermos; o que não podemos é desistir jamais!

 

Bibliografia:

BLAVATSKY, H. P. O livro perdido de Dzyan (Novas revelações sobre a doutrina secreta). Prefácio de Murillo Nunes de Azevedo. Tradução de M. P. Moreira Filho. São Paulo: Pensamento, 2009.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.netanimations.net/gears.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropomorfismo

http://www.santeewelding.com/

http://media.photobucket.com/image/%252522
atoms.gif%252522/diclonius01/atoms.gif

http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A2nscrito

http://magusfaber.wordpress.com/
2009/08/17/livros-da-blavatsky/

http://www.spectrumgothic.com.br/
ocultismo/personagens/helena.htm

http://www.levir.com.br/salao7.php?num=0234

http://www.levir.com.br/teosofia133.php

http://www.blavatsky.net/portuguese/
a_doutrina_secreta/stanzas_of_dzyan_vol_II.htm

http://www.blavatsky.net/portuguese/
a_doutrina_secreta/stanzas_of_dzyan_vol_I.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Doutrina_Secreta

http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A2ncias_de_Dzyan

 

Fundo musical:

Limelight (Charles Chaplin)

Fonte:

http://www.hotshare.net/pt/file/144402-98223737d9.html