ESQUECIMENTOS

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Esquecimentos
(Só costumamos lembrar o que nos interessa,
aquilo que maisqueremos ou do que gostamos)

 

 

 

em pedir licença,

lá do outro lado do mundo

– dizem que foi lá de , na China –

de caniço e samburá,

chapéu de palha e sandálias Havaianas,

sassaricando, o foi chegando, e chegou,

e, na maior sem-cerimônia,

foi entrando e se domiciliou.

Um cara-de-pau, para dizer o mínimo,

porque o aluguel nunca pagou.

Mas, num piscar de olhos, tudo mudou,

e o pandemônio se instalou.

Desigual se igualou,

igual se desigualou,

a alegria se ocultou,

o Sol se encoquinou

e a Lua mal-humorou.

 

 

Lua Mal-humorada

 

 

Quem teve juízo, como eu, quarentenou,

mas, a Economia pifou,

o desemprego aumentou,

a mortalidade começou,

o sistema de saúde grimpou,

o Hades comemorou,

a Humanidade chorou.

A Lei da Causa e Efeito se manifestou

e o karma coletivo ensinou.

O fim? Ninguém pré-sabe.

Chiar? Não cabe.

Revoltar-se? Descabe.

Paciência e humildade.

Só assim atravessaremos esta borrascavírus.

 

 

Borrascavírus

 

 

Não pode isto...

Pode aquilo...

Pode isto...

Não pode aquilo...

Faça isto...

Não faça aquilo...

Não faça isto...

Faça aquilo...

É distanciamento...

É isolamento...

É muramento...

É mesmo um baita tormento!

 

Agora, é eremitismo,

até pra quem não é primo do Santo Antão!

É ,

até pra quem não é camelo-de-uma-bossa!

 

 

 

 

É videoconferência,

até pra quem tem horror de computador.

É jaula,

até pra quem não é três com goma.

É de molho,

até pra quem não está molhado.

É cumprimento de cotovelo,

até pra quem perdeu o cotovelo na porrinha.

 

 

 

 

Enfim, é o Sol... Na janela...

Tudo por medo dela – a Pancoronamia!

É quarentena:

para a monja

e para a ventena.

É álcool em gel...

É sapato no corredor...

É luva de pelica...

É o cagaço do tremelica...

É máscara...

É hidroxicloroquina...

É azitromicina...

É chazinho...

É mandinga...

É rezaria...

É sei-lá-o-quê...

É o-que-sei-lá...

Beijinho, beijinho?

Nem pensar!

Apertinho, apertinho?

Nem cismar!

Forrozinho, forrozinho?

Nem dançar!

Sarrinho, sarrinho?

Tem que adiar!

E a felicidade?

Tá escondidinha!

E a churrascada (com pelada)?

Tá suspensinha!

E a Vila Mimosa?

Tá fechadinha!

E a esperança?

Continua vivinha!

 

 

 

 

Mas, o pior de tudo

é que nós esquecemos,

com alegria,

com muita alegria,

de cantar e de dançar na chuva,

de agradecer pela chuva,

como também, defensivamente,

nos esquecemos do Holocausto,

de Auschwitz-Birkenau,

de Treblinka,

de Sachsenhausen,

de Ravensbrück,

de Dachau,

de Neuengamme,

de Belzec,

de Chelmno,

de Jasenovac,

de Konzentrationslager Majdanek,

de Sobibor,

da Casa da Morte,

dos Gulags,

do Holodomor,

de Hiroshima,

de Nagasaki,

do Genocídio Indígena dos EUA,

do Genocídio Circassiano,

do Genocídio do Congo Belga,

do Genocídio Filipino,

do Genocídio Armênio,

da deportação dos chechenos,

da invasão-anexação chinesa do Tibete, em 1950,

do exílio do Dalai Lama, desde 1959,

 

 

Tenzin Gyatso
(14º Dalai-lama)

 

 

do Genocídio Cambojano,

do Massacre de Srebrenica,

do Massacre da Noite de São Bartolomeu,

do Genocídio de Ruanda,

do Genocídio dos Curdos,

do Apartheid Sul-africano,

da Guerra Civil Síria

– o osso que Bashar Hafez al-Assad não larga –

da desgraça haitiana,

da miséria africana,

do Nicolás Maduro,

dos foguetes do KJ-1,

do Tim Lopes microondado,

do Martin Luther King Jr. assassinado,

do Tiradentes enforcado-esquartejado,

de Jean Moulin torturado e assassinado,

do Vlado Herzog suicidado,

do apartheidizado,

do Giordano Bruno fogueirado,

da Helena Petrovna Blavatsky injustiçada,

da Maria de Magdala aviltada,

da Joana d'Arc queimada viva,

da Marielle Francisco da Silva assassinada,

da Indira Priyadarshini Gandhi assassinada,

da Olga Gutmann Benário Prestes deportada,

da parceira feminicidiada,

dos refugiados,

dos deslocados,

dos excluídos,

dos oprimidos,

dos barnabés,

dos preguinhos,

dos retirantes,

dos injustiçados,

dos aleijados,

dos degolados,

da ditadura,

da tortura,

da censura,

dos desaparecimentos de presos políticos,

das mudanças climáticas,

da destruição da Natureza,

da Gripe de 1918 (Gripe Espanhola),

dos conflitos religiosos,

da frase galileana — Eppur si muove!,

do pensamento cartesiano — Cogito, ergo sum!,

do paradoxo socrático — Só sei que nada sei!,

do Mestre Jesus crucificado,

do Mohandas Karamchand Gandhi, assassinado em 1948,

do Martin Luther King Jr., assassinado em 1968,

das ameaças do ISIS,

da Al-Qaeda,

dos Tigres de Liberação do Tamil Eelam,

da Irmandade Muçulmana,

da Jihad Islâmica da Palestina,

do Sendero Luminoso,

do Boko Haram,

do Harakat al-Shabab al-Mujahideen,

da Cruzada Albigense, entre 1209 e 1244,

da dissolução da Ordem do Templo, em 1312,

 

 

Selo dos Cavaleiros Templários

 

 

do bombardeio de Wall Street, em 1920,

de Theodore John Kaczynski (o Unabomber),

do Bombardeio da Estação Central de Bolonha, em 1980,

da Operação Estrela Azul, em 1984,

do Bombardeio de Oklahoma City, em 1995,

dos atentados terroristas 11 de setembro de 2001,

dos atentados terroristas em Bali, em 2002,

dos atentados terroristas em Madrid, em 2004,

dos ataques contra refugiados, em Uganda, em 2004,

do ataque terrorista ao metrô de Londres, em 2005,

dos atentados terroristas em Bombaim, em 2008,

dos massacres do Natal, no Congo, em 2008,

do atentado feito na Maratona de Boston, em 2013,

do massacre do Charlie Hebdo, em 2015,

do atentado terrorista ao Voo Metrojet 9268, em 2015,

do atentado de San Bernardino, em 2015,

do ataque contra a Universidade de Garissa, em 2015,

do ataque do ISIS a uma mesquita no Iêmen, em 2015,

dos atentados terroristas em Paris, em 2015,

do massacre de Orlando, em 2016,

dos atentados terroristas em Bruxelas, em 2016,

da tentativa de golpe de Estado na Turquia, em 2016,

dos massacres feitos pelo Boko Haram na Nigéria,

dos mortais ataques a bomba no Iraque,

da indigência mundial,

da fome mundial,

da desigualdade de renda,

da discriminação,

dos preconceitos,

da homofobia,

da xenofobia,

da islamofobia,

da negrofobia,

da pedofilia,

 

 

Pedofilia Eclesial

 

 

da vantajaria,

da corrupção,

dos refúgios fiscais,

das conspirações,

das insuflações,

das querelas vaticanas,

da intransparência nas contas públicas,

da insegurança alimentar,

da poluição de água,

da poluição do ar,

do aquecimento global,

do Terremoto de Sumatra-Andaman, de 2004,

do Grande Terremoto do Leste do Japão, de 2011,

da falta de oportunidades econômicas,

da mais-valia,

do desemprego,

dos sem-teto,

dos sem-terra,

das armas de destruição em massas,

do tráfico de pessoas,

do tráfico de drogas,

do trabalho escravo,

dos abusos sexuais,

do tráfico de órgãos,

da matança de animais,

da vivissecção,

do desmatamento,

da sujismundice planetária

e de muitas, muitas, muitas outras coisas,

que, por ignorância, já estamos compensando,

e que teremos que continuar a compensar,

até aprendermos a fazer o dever casa direitinho.

[Não nasce e] não cai um fio de cabelo...

 

 

 

 

Mas, o verdadeiro filme de terror

é que,

l a m e n t a v e l m e n t e,

muitos esquecem

que a Primeira Categoria

– a Mãe de todas as Categorias –

é a LIBERDADE,

e que a sua filha mais querida

é a DEMOCRACIA!

Este, de fato, é um dos piores esquecimentos.

 

 

 

 

Você sabe o porquê de tudo isto?

Por que nós – anões mentais – preferimos

o barulho ao Silêncio,

andar de muletas a Voar,

o veneno ao Contraveneno,

a tradição à Revolução (Interior),

a imitação à Autenticidade,

a acomodação ao Bom Combate,

a neutralidade ao Engajamento,

o deixa-pra-lá à Mudança,

a mentira à Verdade,

a estagnação à Peregrinação,

o eusismo à Solidariedade,

a misantropia ao Altruísmo,

a malevolência à Filantropia,

a magia negra à Magia Branca,

a meia-noite à Aurora,

o nem-sei-que-diga

ao nosso Deus Interior!

E, com isso, só aumentamos

o grande balaio dos

Há um limite para o fudelhufas

que estamos aprontando!

A Lemúria conheceu este limite!

A Atlântida também!

 

Enfim, tudo já foi mais do que dito.

Tudo já foi mais do que escrito.

Tudo já foi mais do que divulgado.

Tudo já foi mais do que ensinado.

Tudo já foi mais do que repetido.

Tudo já foi mais do que insistido.

Tudo já foi mais do que aconselhado.

Tudo já foi mais do que recomendado.

Cabe a nós fazer o dever de casa,

pois, ninguém o fará por nós.

 

 

 

 

O que estamos esperando?

Um milagre em não sei quando,

feito por não sei quem?

Ora, milagre não existe.

Jeitinho não existe.

Afilhadismo não existe.

Perdão de pecado não existe.

Indulgência não existe.

Supressão de malfeito não existe.

Salvação pessoal não existe.

Arrebatamento não existe.

Céu para sempre não existe.

O não sei quando é hoje, já, agora.

O Não-Sei-Quem está em nosso Coração.

 

 

 

 

Vergonha na cara,

dignidade e nobreza,

decisão consciente,

mudança no movimento horário

para anti-horário,

o Teorema de Pitágoras,

a Lei da Causa e do Efeito,

a Lei do Renascimento,

aprendizagem ininterrupta,

desapego confraternal,

Compreensão e Libertação,

1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Iniciações por mérito,

estas coisas, entre tantas e tantas outras,

sim, todas sempre existiram,

existem hoje e sempre existirão,

como existem muitas outras

que nós nem desconfiamos que possam existir!

 

Mais uma vez,

invoquemos juntos.

Irmãos de Shamballah!

Irmãos da Grande Loja Branca de Sirius!

Irmãos do Bem em todo o Uni(multi)verso!

Para nós, não pedimos e não queremos nada,

mas, com Amor, invocamos:

compaixão pela Humanidade,

misericórdia pela Humanidade,

proteção para a Humanidade.

Que esta Pandemia de COVID-19,

depois de cumprir seu papel educativo,

definitivamente, chegue ao fim.

Que a Humanidade Permaneça.

Que a Humanidade Compreenda.

Que a Humanidade se Liberte.

Que a Humanidade Ascensione.

Está feito. Está selado. A.'. U.'. M.'.

 

Obrigado, obrigado, obrigado

pela ajuda invisível que estamos recebendo.

 

Obrigado. Obrigado. Obrigado.