A ESPADA

 

 

 

     

Verbum Dimissum et Inenarrabile

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Introdução

 

 

Sobre a Espada, Helena Petrovna Blavatsky (30 de julho de 1831 – 8 de maio de 1891) escreveu um pequeno texto, o que me inspirou a rabiscar um rascunho simbólico, que o apresento ao final. Repito: rascunho simbólico.

 

 

A Espada

 

 

No mundo profano, há o costume de considerar a Espada como uma tradição essencialmente guerreira, e, portanto, motivo de temor. Não se pode contestar que existe um aspecto guerreiro neste símbolo, porém, seu sentido esotérico transcende seu caráter de violência, o que é encontrado em várias Ordens e crenças religiosas, tais como no Islamismo, Cristianismo, bem como na maior parte das demais tradições.

 

A própria Tradição Hindu, que não pode essencialmente ser considerada guerreira, possui também esse símbolo, como está citado no Bhagavad Gita. Segundo a Doutrina Islâmica, no domínio social, o uso da Espada na guerra é válido, enquanto dirigida contra aqueles que perturbam a ordem, e unicamente com o objetivo de os reconduzir a essa ordem.

 

É claro que, por conta desta premissa, muito sangue inocente já tingiu a Terra, pois, a decisão do que está fora ou dentro da ordem, geralmente, é decidida por extremistas, como, por exemplo, muçulmanos, católicos e protestantes. No entanto, este aspecto do uso da Espada é o chamado pelos próprios Islamitas como o menos essencial.

 

Existe, todavia, um outro aspecto que a Espada simboliza: a luta que o homem deve conduzir contra os Inimigos da Luz e contrários à Ordem e à Unidade de Deus. A guerra sempre estabeleceu o equilíbrio e a harmonia (ou justiça), e assim, vem proporcionando a unificação de certo modo, dos elementos em oposição entre si.

 

Isto quer dizer que o seu fim normal, e, sem dúvida, sua única razão de ser, é a paz, que só pode ser verdadeiramente obtida pela submissão à Vontade Divina, colocando cada elemento em seu lugar com a finalidade de fazê-los todos concorrerem para a realização consciente de um mesmo Plano.

 

Citando novamente a Tradição Islâmica, existe uma frase de seu Profeta, que era pronunciada toda a vez que o exército muçulmano voltava de uma expedição contra os inimigos exteriores: RAJÂNA MIN EL JIHÂDIL-AÇGHAR ILA L-JIDÂDILAKBAR. (Voltamos da Pequena Guerra Santa para a Grande Guerra Santa).

 

Se a guerra exterior era apenas a Pequena Guerra Santa é porque só tinha uma pequena e secundária importância, em face da Grande Guerra Santa, que era a guerra interna, travada dentro de cada um, contra seus próprios demônios. A Grande Guerra Santa visa purificar o Templo Interior de cada Guerreiro. É evidente, nessas condições, que tudo o que serve à guerra exterior, pode ser tomado como símbolo no que se refere à Guerra Interior, o que é o caso, em particular e em especial, da Espada.

 

Pode ser acrescentado que, em geral, a Espada está associada ao relâmpago ou é considerada como derivada dele, o que representa, de modo sensível, a forma bem conhecida da Espada de LUZ ou FLAMEJANTE (entendida como símbolo da LLuz) ou FLAMÍGERA (entendida como um reflexo da Luz Interior do guerreiro que a empunha). Lembremos, porém que, todo símbolo verdadeiro encerra sempre uma pluralidade de sentidos [sete], que longe de se excluírem ou de se contradizerem, se harmonizam e se complementam mutuamente.

 

 

Yin e Yang

 

 

ALeF e TaV

 

 

Masculino e Feminino

 

 

Menos Infinito e Mais Infinito

 

 

A Espada representa, também, o poder da Palavra, isto é, do Verbo Divino [Verbum Dimissum et Inenarrabile] ou de uma de Suas Manifestações. Quanto ao gume duplo, representa o duplo poder criador e destruidor desta Palavra. Este simbolismo é válido ainda para todo o conjunto de forças cósmicas, de modo que sua aplicação à Palavra é apenas um caso particular, mas, que, em razão da concepção tradicional do Verbo e de tudo o que Ela implica, pode ser tomado para representar, em seu conjunto, todas as outras aplicações possíveis. A Espada é associada também ao raio provocado pelas nuvens, ao raio solar e também, assim como a lança, ao eixo do mundo. A dualidade de seu gume, por estar associada ao próprio sentido do eixo, se refere mais diretamente às duas correntes inversas da Força Cósmica ou mais conhecidas como os Lados Claros e Escuros da Força.

 

Este simbolismo axial nos reconduz à idéia de harmonização concebida como A Meta da Guerra Santa, seja interior, seja exterior, pois, o eixo é o lugar em que todas as oposições se reconciliam e desvanecem, entrando em equilíbrio perfeito. Assim, sob este ponto de vista, a Espada não apenas representa um meio, mas, também, o próprio fim a alcançar. Na Idade Média, a Espada era o Símbolo do Guerreiro, a distinção máxima que alcançavam apenas os nobres de título ou de profissão. O Bushidô ou Código do Guerreiro Japonês, ensinava que um Samurai deveria portá-La com sua lâmina, impecavelmente polida, o que significa refletir em sua arma sua própria [personalidade-]alma, limpa e pura, sem nódoas, e, de forma alguma, poderia temer a morte mais do que a desonra de um ato indigno ou covarde. Sua honra, formada pelo seu Bushidô, era sua testemunha.

 

Aliás, esta premissa é, dita em outras palavras, a primeira instrução ministrada ao Iniciado. Os Guerreiros, tanto da Idade Média como atualmente, tinham e têm na Espada o seu símbolo máximo de honra, não porque seja uma arma que ceifa vidas humanas, mas, porque é um símbolo utilizado em defesa de um Código de Honra, fundamentado em ensinamentos de seu Templo ou Círculo Interno. A posse da Espada não significa de forma alguma o direito absoluto de uso indisciplinado ou sua ostentação arrogante. Um Samurai tinha o direito de decapitar um vassalo apenas para verificar se a sua Katana estava afiada, porém, tinha também a obrigação de dar a própria vida em defesa destes mesmos homens que viviam sob sua proteção. Isto se denomina harmonia dos contrários.

 

Tanto nestas épocas remotas como em nossa atualidade, a partir do momento em que nosso Poderoso Círculo Interno de Força Luz e Poder, adquire o direito ao seu símbolo máximo, representado pela Espada, torna-se, na realidade, um Guerreiro da Luz, cuja sublime missão é projetar em sua lâmina translúcida de pureza, todo o seu Esplendor, tornando-se, então, um Guia, cuja missão principal é mostrar aos menos afortunados o Verdadeiro Caminho para o retorno à Unidade de Deus e toda a Glória de seu Templo. Cada Guerreiro, desde a Era Feudal até a de Aquário, deve desejar sua Espada, esforçando-se por merecê-La, e quando houver atingido este objetivo, fazer jus à honra de possuí-La, pois, a partir deste momento, ele não será mais um homem comum. O Guerreiro e seu símbolo sintetizam, de algum modo, os dois aspectos de Tudo em sua significação Total.

 

 

 

 

 

 

Um Dia Memorável,
depois de milênios de noites e de espera,
sempre tentando lutar o Bom Combate,
em uma Cerimônia Especial Psíquica e Inesquecível,
grato e honrado, recebi a (minha) Espada.

Nunca jamais
eu A usei contra ninguém.
Usá-La contra alguém
seria usá-La contra todos,
mas, primeiramente, contra mim.

A Lei estabelece:
aquele que cometer assassinato,
ipso facto, estará se suicidando,
e aquele que cometer suicídio,
ipso facto, estará cometendo um assassinato.

Quem salva uma vida salva o mundo inteiro.
A máxima Sabedoria é a Bondade.
O maior herói é aquele que faz do inimigo um amigo.
Não consideres o vaso, mas, o seu conteúdo.

Então,
qual é a utilidade da Espada?
1º) lutar a Santa (e Interminável) Interior;
2º) mudar o movimento horário em Movimento Anti-horário;

Mas, afinal,
o que, de fato, é a Espada?

A Palavra Perdida (que não está perdida)...
O Divinum Verbum Æternum...
O Verbum Dimissum et Inenarrabile...

Portanto,
a Sagrada Espada é:

a Força (que deve ser consciencializada)...
a Força (que não deve ser usada)...
a Força (que, sim, deve ser usada)...

Entretanto,
se a Força da Espada não for usada,

estaremos produzindo karma;
se a Força da Espada for usada,
estaremos fabricando karma.

Quem puder entender isto entenda.
Quem não puder entender isto
deverá se esforçar muito para entender.
Quem vive cego, surdo e mudo sem entender
está vivo, sim, porém, está morto!

 

 

 

Seja o que for que alteremos em a Natureza se
tornará, de fato, a semente de um novo karma.
O bem realizado pode ser um mal, e vice-versa,
portanto, bem e mal são culturais e temporais.
Haverá modelo pior do que a Guerra Ucraniana?
Para a Ucrânia, mal; para a Rússia, bem! Será?

 

 

Nossos melhores professores são os equívocos que cometemos.
Nossos piores professores são as nossas crenças retrogressivas.

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Non Nobis, Domine

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=Z1GDRx-F1C0

Observação:

Non nobis, Domine, non nobis, sed Nomini Tuo da Gloriam! Não para nós, Senhor, não para nós, mas, para a Glória de Teu Nome! Salmo que os Templários entoavam antes de carregar o inimigo. Segundo a lenda, o Rei da Inglaterra Henry V (Monmouth, 16 de setembro de 1386 – Vincennes, 31 de agosto de 1422) ordenou que este Salmo fosse recitado junto com o Te Deum, em ação de graças pela vitória inglesa na Batalha de Azincourt, em 1415.

 

Henrique V – Rei da Inglaterra e Lorde da Irlanda

 

 

Miniatura da Batalha de Azincourt (25 de outubro de 1415)

 

 

Páginas da Internet consultadas:

https://formacao.cancaonova.com/

https://br.pinterest.com/pin/448319337902193148/

https://giphy.com/explore/yinyang

https://pt.wikiquote.org/wiki/Talmude

http://farfalline.blogspot.com/2016/02/non-nobis-domine.html

https://gifer.com/en/8Rfj

https://br.pinterest.com/pin/719801952914391672/

 

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