Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

Não se pode querer que um psicopata1

seja capaz de se afeiçoar ou de se vincular.

Não se pode esperar que um sociopata2

não seja interesseiro e que viva sem manejar.

 

É impossível alguém tirar leite de pedra,

como é extravagante uma vaquinha voar.

Haverá emoção em um frade-de-pedra?

Uma Python poderá viver sem sotrancar?

 

Não podemos exigir de um doente mental

que tenha um comportamento concertado,

porque, com ele próprio, não está harmonizado.

 

Todo transtorno de personalidade anti-social

deve dar ensejo à misericórdia e compaixão,

pois foi, é e será uma a eterna manifestação.

 

 

 

 

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Notas:

1. Psicopatia: distúrbio mental grave em que o enfermo apresenta comportamentos anti-sociais e amorais sem demonstração de arrependimento ou remorso. Incapacidade para amar e se relacionar com outras pessoas com laços afetivos profundos. Egocentrismo extremo e incapacidade de aprender com a experiência. Os psicopatas costumam ser intelectualmente privilegiados; eles não exercem sua psicopatia indistintamente com todos e o tempo todo. Eles elegem sabiamente determinadas pessoas, vítimas ou circunstâncias. Hoje, nos textos científicos, costuma-se denominar a Psicopatia como Transtorno de Personalidade Anti-social (TPA). Mas, não podemos falar em Transtorno da Personalidade sem falar em Traços de Personalidade. Os traços de personalidade são padrões persistentes no modo de perceber a realidade, de se relacionar consigo próprio e com os outros e, sobretudo, de pensar. Quando as características pessoais (traços) são inflexíveis, rígidos e mal-adaptativos para uma vida harmônica, causando prejuízo social e ocupacional ou sofrimento significativo na pessoa e naqueles que a rodeiam, esses traços de personalidade constituem um Transtorno da Personalidade. Os Transtornos da Personalidade e os distúrbios afetivos também estão relacionados entre si. As pessoas desmoralizam-se mais facilmente diante da depressão e tardam mais a se recuperar se estiverem retraídas e se tiverem uma atitude autocrítica exagerada ou irritável, impulsiva e hipersensível à perdas. Na teoria, os Transtornos da Personalidade são mais ou menos duradouros e disseminados, e os Transtornos Afetivos são mais episódicos.

Grande parte da comunidade científica adota os critérios do Manual Estatístico e Diagnóstico da Associação Psiquiátrica Americana para diagnosticar o TPA. Os critérios diagnósticos para o transtorno de personalidade anti-social são:

A – Existe um padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros, ocorrendo desde a idade de 15 anos, como indicado por três (ou mais) dos seguintes:

1) falhas em se adaptar às normas sociais que regem os comportamentos legais indicadas pela repetição de atos que são motivos para prisão.

2) propensão para enganar indicada por mentiras repetitivas, uso de codinomes e manipulação dos outros para benefício ou prazer pessoal.

3) impulsividade ou falha em planejar o futuro.

4) irritabilidade e agressividade indicadas por brigas e agressões repetitivas.

5) desrespeito negligente pela própria segurança ou dos outros.

6) irresponsabilidade indicada por falhas repetitivas em sustentar um trabalho consistente ou honrar obrigações (financeiras ou morais).

7) falta de remorso indicado pela indiferença ou racionalização ao ter maltratado alguém ou roubado alguma coisa.

B O indivíduo tem pelo menos 18 anos de idade.

C Há evidências de transtornos de conduta com início antes dos 15 anos de idade.

D A ocorrência do comportamento anti-social não é exclusiva do curso da esquizofrenia ou de um episódio maníaco.

2. Sociopatia: doença mental em que o paciente apresenta distúrbio da personalidade anti-social. Não existe cura nem tratamento para a Sociopatia. Todos os especialistas são unânimes em reconhecer que é praticamente impossível tratar um sociopata, pois ele não tem ansiedade e é totalmente imune à punição. Os sociopatas têm problemas legais e criminais, freqüentemente manipulam os outros em proveito próprio e dificilmente mantêm um emprego ou um casamento por muito tempo. Os sociopatas possuem um considerável charme pessoal, estabelecem relacionamentos com facilidade, principalmente quando são do seu interesse, mas dificilmente são capazes de prolongá-los. Eles têm inteligência normal ou acima do normal, e, em geral, não têm nenhuma ansiedade, depressão, alucinações ou outros sintomas e sinais indicativos de neurose, pensamento irracional ou doença mental. Normalmente são tranqüilos, têm presença social considerável e boa fluência verbal. Muitas vezes são líderes em suas famílias ou grupos sociais e se distinguem em algo, podendo ser admirados por isso. A grande maioria das pessoas, em contato com um sociopata, é incapaz de imaginar o seu lado "negro", que alguns conseguem esconder com sucesso a maior parte da vida, através de uma vida dupla. Enfim, não cabe a um místico julgar e, por conta desse julgamento, criminalizar esses doentes. Cabe, sim, se possível, encaminhá-los para tratamento médico. Querendo ou não querendo, são nossos irmãos.

 

 

 

 

Música de fundo:

Swinging On A Star (Johnny Burke & Jimmy Van Heusen)

Fonte:

http://members.lycos.nl/catchytune/samples2.html

Websites consultados:

http://www.sabbatini.com/renato/correio/medicina/cp980814.htm

http://www.psiqweb.med.br/forense/border2a.html

http://www.cerebromente.org.br/n12/doencas/sociopatia.htm

http://www.holycows.net/PrettyPlot.html

http://www.psiqweb.med.br/forense/border4.html

http://www.inef.com.br/psicopatia.htm