Para
uns, o sacrifício; para outros, as queixas.
As
desventuras servem de lição aos homens.
É fácil desprezar
aquilo que não se pode obter. (Quem
desdenha quer comprar. Aqueles que são incapazes de atingir uma
meta tendem a denegri-la, para diminuir o peso de seu insucesso.)
Quanto
mais deixamos de provocar o espírito da querela, menos ele reage.
Mas, quando o atacamos, ele cresce.
Não
adianta alimentar esperanças. Elas só nos enchem de ilusões.
Não se podem censurar os
jovens preguiçosos quando a responsável por eles serem assim
é a educação dos seus pais.
Quem
age na hora errada termina sendo insultado.
É
nas vicissitudes que conhecemos os amigos.
Os
hábeis oradores, com astúcia e prudência, sabem converter
em elogios os insultos recebidos dos amigos.
Não
há vizinhança mais perigosa para um pobre do que a de um
senhor voraz.
Até
mesmo os poderosos podem precisar dos fracos.
Por
querer sempre mais, perdes até o que já tens.
Quem trama desventuras para
os outros estende armadilhas para si mesmo.
Ao
tomar emprestado o dinheiro dos outros, o devedor se dá ares de
rico; ao devolvê-lo, volta ao que era antes.
De
nada vale possuir uma coisa sem desfrutá-la.
As
falsas videntes prometem mundos e fundos, mas tropeçam em dificuldades
bem tolas.
Não
se deve esperar qualquer bondade de uma pessoa perversa.
O
hábito torna até as coisas assustadoras suportáveis.
O
medroso metido a valente só é audacioso nas idéias.
Quando
traímos os nossos, despertamos o ódio dos que foram traídos
e daqueles para os quais traímos.
O
intenso desejo de honras perturba a mente humana e obscurece a visão
dos perigos.
Com
razão, reclamamos quando querem tirar não nossos bens, mas
nossa vida.
A
gratidão é a virtude das almas nobres.
Que
eu morra, desde que meu inimigo morra também.
Não
há fraco que, um dia, ultrajado, não tenha força
para se vingar: quem olha os fracos do alto, cuidado!
Quanto
mais vazia a carroça, maior é o barulho.
Tudo
o que foge ao seu natural é desajeitado.
O
homem sensato suporta mais facilmente os agravos do outro quando vê
que este não poupa nem o seu próximo.
Ao ajudarmos nossos inimigos, somos
responsáveis por nossos infortúnios.
Muitas
vezes, o acaso nos dá o que com nosso trabalho não conseguimos.
Ao
procurar socorro, convocando os deuses, é bom também fazermos
nossa parte.
Tolo
quem pensa que vai conseguir tirar alguma coisa do avarento.
Nem sempre é verdade o que
está escrito em algum lugar; é necessário provar
a verdade com atos.
Eu,
que fiz a guerra contra os maiorais, como fui morrer entre as patas de
uma vulgar aranha?
O
presunçoso, que quer ir além de suas forças, treme
logo diante de alguém que lhe resista.
Cuidado
com os perversos que contam mentiras sobre um inocente e ainda as 'provam'
usando falsos juramentos.
Muitos
homens dizem uma coisa e fazem outra.
A
desgraça põe à prova a sinceridade e a amizade.
Quem
perde a cabeça por amor sempre acaba mal.
Da familiaridade nasce o abuso.1
Há
avaros cuja cupidez consegue enganar até os deuses.
A
língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela, podemos
consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua,
os ensinamentos dos filósofos são divulgados, os conceitos
religiosos são espalhados e as obras dos poetas se tornam conhecidas
de todos. Todavia, do mesmo modo que a língua, se for bem utilizada,
se converte em uma sublime virtude, quando relegada a planos inferiores
se transforma no pior dos vícios. Através dela, são
tecidas as intrigas e as violências verbais. Através dela,
as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas
e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da
língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas,
os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam
ao desequilíbrio social.
Os
problemas, as dores e as dificuldades de um são os problemas, as
dores e as dificuldades de todos.
Mais
vale o pouco certo do que o muito duvidoso.
Os
Deuses ajudam aqueles que se ajudam a si próprios.
A
Natureza não deu a todos os mesmos poderes. Há coisas que
alguns de nós não podemos fazer.
A
injúria que fazemos e a que sofremos não são pesadas
na mesma balança.
Agrade
a todos e não agradará a ninguém.
Aquele que sempre cede acaba não
tendo seus próprios princípios.
Contente-se
com o que tem; ninguém pode ter tudo.
Do
mesmo modo que a união faz a força, a discórdia leva
a uma rápida derrota.
É
preferível morrer a viver sempre temendo pela vida.
Geralmente,
oferecemos aos nossos adversários os meios para nossa destruição.
Muitas
vezes lamentaríamos se nossos desejos fossem atendidos.
Não
há ouro bastante que possa pagar a liberdade.
Os mentirosos não ganham
senão uma coisa: é não serem acreditados mesmo quando
dizem a verdade.
_____
Nota:
1.
Conta-se que, em uma entrevista coletiva, quando foi interpelado por uma
jornalista a respeito de sua opinião sobre os homossexuais e foi
chamado de 'você', o Presidente Jânio da Silva Quadros (Campo
Grande, 25 de janeiro de 1917 – São Paulo, 16 de fevereiro
de 1992) advertiu: — Senhora
jornalista: intimidade gera aborrecimentos ou filhos. Como não
quero aborrecimentos com a senhora, e muito menos filhos, trate-me por
Senhor.
Jânio
da Silva Quadros
Páginas
da Internet Consultadas:
http://emersonfialho.wordpress.com/
2008/07/26/a-tartaruga-e-a-lebre/
http://emersonfialho.wordpress.com/
2008/08/08/o-leao-e-o-ratinho-de-esopo/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esopo
http://www.pensador.info/autor/Esopo/
http://www.pensador.info/autor/Esopo/2/
http://pt.wikiquote.org/wiki/Esopo
http://www.sofabulas.globolog.com.br/
archive_2006_01_08_10.html
Fundo
musical:
A
Feiticeira
Compositores: Carlos Alexandre e Otávio Osvaldo Garcia
Fonte:
http://www.beakauffmann.com/mpb_f/feiticeira.html