MÁXIMAS ESOPIANAS

 

 

 

 

Esopo
(Tela de Diego Velázquez)

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Introdução e Objetivo do Estudo

 

 

 

 

 

 

Esopo (620 a.C. – 560 a.C.) é um lendário moralista e fabulista grego do século VI a.C, que teria vivido na Antigüidade, ao qual se atribui a paternidade das fábulas como gênero literário, que, pela primeira vez, foram reunidas por Demétrio de Falero, em 325 a.C. Foi atribuído a Esopo um conjunto de pequenas histórias, de carácter moral e alegórico, cujos papéis principais eram desenvolvidos e representados por animais, que, como os homens, falam, cometem erros, são sábios, tolos, maus ou bons. A intenção de Esopo, em suas fábulas, era mostrar como os seres humanos podiam agir, para o bem ou para o mal. Na Atenas do século V a.C., estas fábulas eram muito conhecidas e bastante apreciadas.

 

O filósofo neopitagórico Apolônio de Tiana (2 a.C. – 98 d.C) comentou: Como aqueles que jantam bem nos pratos mais planos, Esopo fez uso de humildes incidentes cotidianos para ensinar grandes verdades. E, após servir uma história, ele adicionava a admoestação para que se fizesse ou para que não se fizesse uma determinada coisa. Por isto, Esopo, realmente, foi mais atacado pelas verdades que divulgava do que, geralmente, são criticados os poetas.

 

As fábulas de Esopo serviram como base para recriações de outros escritores ao longo dos séculos, como Fedro (30/15 a.C. – 44/50 d.C.) e Jean de La Fontaine (1621 – 1695).

 

Este despretensioso estudo teve por objetivo editar e colecionar as regras morais e os princípios de conduta esopianos derivadas de suas fábulas. Todas as páginas da Internet consultadas estão listadas ao final do texto.

 

 

 

 

Máximas Esopianas

 

 

 

Esopo

 

 

 

Por mais que queira passar por bonzinho, o homem mau não engana o homem sensato.

 

Não contes tuas galinhas antes de chocarem os ovos.

 

O tempo resolve as dificuldades.

 

Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete comido com ansiedade.

 

Muitos deixariam de ser valentes diante dos fortes se não estivessem em lugar seguro.

 

Os servos nunca sentem tanta falta do primeiro senhor como quando experimentam o segundo.

 

Não troques a tua terra por uma outra: nesta serás rejeitado por seres estrangeiro; naquela o teu desprezo será devolvido em ódio.

 

Contra os mentirosos, os fatos falam por si.

 

Muitos, por medo, não hesitam em beneficiar aqueles que os odeiam.

 

Não se deve ouvir os conselhos de quem não sabe cuidar de si mesmo.

 

Nenhum gesto de amizade, por mais insignificante que seja, é desperdiçado.

 

Às vezes, o medo de um perigo pequeno acaba por nos levar a um perigo maior.

 

Para uns, o sacrifício; para outros, as queixas.

 

As desventuras servem de lição aos homens.

 

É fácil desprezar aquilo que não se pode obter. (Quem desdenha quer comprar. Aqueles que são incapazes de atingir uma meta tendem a denegri-la, para diminuir o peso de seu insucesso.)

 

 

A Raposa e as Uvas

 

 

Quanto mais deixamos de provocar o espírito da querela, menos ele reage. Mas, quando o atacamos, ele cresce.

 

Não adianta alimentar esperanças. Elas só nos enchem de ilusões.

 

Não se podem censurar os jovens preguiçosos quando a responsável por eles serem assim é a educação dos seus pais.

 

Quem age na hora errada termina sendo insultado.

 

É nas vicissitudes que conhecemos os amigos.

 

Os hábeis oradores, com astúcia e prudência, sabem converter em elogios os insultos recebidos dos amigos.

 

Não há vizinhança mais perigosa para um pobre do que a de um senhor voraz.

 

Até mesmo os poderosos podem precisar dos fracos.

 

Por querer sempre mais, perdes até o que já tens.

 

Quem trama desventuras para os outros estende armadilhas para si mesmo.

 

Ao tomar emprestado o dinheiro dos outros, o devedor se dá ares de rico; ao devolvê-lo, volta ao que era antes.

 

De nada vale possuir uma coisa sem desfrutá-la.

 

As falsas videntes prometem mundos e fundos, mas tropeçam em dificuldades bem tolas.

 

Não se deve esperar qualquer bondade de uma pessoa perversa.

 

O hábito torna até as coisas assustadoras suportáveis.

 

O medroso metido a valente só é audacioso nas idéias.

 

Quando traímos os nossos, despertamos o ódio dos que foram traídos e daqueles para os quais traímos.

 

O intenso desejo de honras perturba a mente humana e obscurece a visão dos perigos.

 

Com razão, reclamamos quando querem tirar não nossos bens, mas nossa vida.

 

A gratidão é a virtude das almas nobres.

 

Que eu morra, desde que meu inimigo morra também.

 

Não há fraco que, um dia, ultrajado, não tenha força para se vingar: quem olha os fracos do alto, cuidado!

 

 

O Leão e o Ratinho

 

 

Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho.

 

Tudo o que foge ao seu natural é desajeitado.

 

O homem sensato suporta mais facilmente os agravos do outro quando vê que este não poupa nem o seu próximo.

 

Ao ajudarmos nossos inimigos, somos responsáveis por nossos infortúnios.

 

Muitas vezes, o acaso nos dá o que com nosso trabalho não conseguimos.

 

Ao procurar socorro, convocando os deuses, é bom também fazermos nossa parte.

 

Tolo quem pensa que vai conseguir tirar alguma coisa do avarento.

 

Nem sempre é verdade o que está escrito em algum lugar; é necessário provar a verdade com atos.

 

Eu, que fiz a guerra contra os maiorais, como fui morrer entre as patas de uma vulgar aranha?

 

O presunçoso, que quer ir além de suas forças, treme logo diante de alguém que lhe resista.

 

Cuidado com os perversos que contam mentiras sobre um inocente e ainda as 'provam' usando falsos juramentos.

 

Muitos homens dizem uma coisa e fazem outra.

 

A desgraça põe à prova a sinceridade e a amizade.

 

Quem perde a cabeça por amor sempre acaba mal.

 

Da familiaridade nasce o abuso.1

 

Há avaros cuja cupidez consegue enganar até os deuses.

 

A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela, podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua, os ensinamentos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados e as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Todavia, do mesmo modo que a língua, se for bem utilizada, se converte em uma sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios. Através dela, são tecidas as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social.

 

Os problemas, as dores e as dificuldades de um são os problemas, as dores e as dificuldades de todos.

 

Mais vale o pouco certo do que o muito duvidoso.

 

Os Deuses ajudam aqueles que se ajudam a si próprios.

 

A Natureza não deu a todos os mesmos poderes. Há coisas que alguns de nós não podemos fazer.

 

A injúria que fazemos e a que sofremos não são pesadas na mesma balança.

 

Agrade a todos e não agradará a ninguém.

 

Aquele que sempre cede acaba não tendo seus próprios princípios.

 

Contente-se com o que tem; ninguém pode ter tudo.

 

Do mesmo modo que a união faz a força, a discórdia leva a uma rápida derrota.

 

É preferível morrer a viver sempre temendo pela vida.

 

Geralmente, oferecemos aos nossos adversários os meios para nossa destruição.

 

 

A Tartaruga e a Lebre

 

 

Muitas vezes lamentaríamos se nossos desejos fossem atendidos.

 

Não há ouro bastante que possa pagar a liberdade.

 

Os mentirosos não ganham senão uma coisa: é não serem acreditados mesmo quando dizem a verdade.

 

 



 

 

 

 

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Nota:

1. Conta-se que, em uma entrevista coletiva, quando foi interpelado por uma jornalista a respeito de sua opinião sobre os homossexuais e foi chamado de 'você', o Presidente Jânio da Silva Quadros (Campo Grande, 25 de janeiro de 1917 – São Paulo, 16 de fevereiro de 1992) advertiu: — Senhora jornalista: intimidade gera aborrecimentos ou filhos. Como não quero aborrecimentos com a senhora, e muito menos filhos, trate-me por Senhor.

 

 

Jânio da Silva Quadros

 

 

Páginas da Internet Consultadas:

http://emersonfialho.wordpress.com/
2008/07/26/a-tartaruga-e-a-lebre/

http://emersonfialho.wordpress.com/
2008/08/08/o-leao-e-o-ratinho-de-esopo/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Esopo

http://www.pensador.info/autor/Esopo/

http://www.pensador.info/autor/Esopo/2/

http://pt.wikiquote.org/wiki/Esopo

http://www.sofabulas.globolog.com.br/
archive_2006_01_08_10.html

 

Fundo musical:

A Feiticeira
Compositores: Carlos Alexandre e Otávio Osvaldo Garcia

Fonte:

http://www.beakauffmann.com/mpb_f/feiticeira.html