ESCOLHI O BRASIL

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

— Sou um cidadão universal,

mas, nesta atual encarnação,

consciente, escolhi nascer no Brasil,

para compensar erros passados,

para aprender um pouco mais

e para Servir a todos, sem exceção.

Amo o meu país e o povo brasileiro,

como, de fato, amo toda a Humanidade

e todos os seres-aí do Unimultiverso.

Todavia, eu só fico imaginando e mastigando,

quando, aqui, no meu querido Brasil,

a canção-invocação de John Lennon se efetivará,

e, de uma vez para sempre, acabarão

as ameaças ao Estado Democrático de Direito,

as intimidações ao Supremo Tribunal Federal,

os desrespeitos ao Congresso Nacional,

as parestas ao Tribunal Superior Eleitoral,

o delírio de uma intervenção militar,

a alucinação da reencarnação da ditadura,

a loucura da reedição do AI-5,

a alienação do retorno da censura,

a ilusão dos pacotes políticos de bondades,

o negacionismo das obviedades científicas,

a ruptura entre o crescimento econômico e a eqüidade,

a desigualdade crescente na distribuição de renda,

o malogro das políticas de desenvolvimento econômico,

as omissões de dados e as subestimações,

o orçamento secreto e a distribuição de verbas públicas a bangu,

tudo feito de maneira sigilosa por meio de acordos políticos,

 

 

 

 

a não-prestação de contas referente a determinadas quantias,

a falta de transparência na aplicação das emendas parlamentares,

a elevação da concentração de poder dos congressistas,

o fortalecimento dos parlamentares com as negociações do orçamento,

o estado de pobreza da maioria da população,

o desfraterno-descabido racismo estrutural,

a desconsideração com os povos indígenas,

a indelicadeza com os mais pobres,

as ofensas e os ultrajes crescentes ao meio ambiente,

particularmente, à Amazônia e ao Pantanal,

a falta de respeito-deferência com as mulheres,

a corrupção em todos os níveis do Governo,

as enroladas e as patranhadas dos políticos,

o foro especial por prerrogativa de função,

as impunidades impróprias por prerrogativa de função,

os privilégios excrescentes dos ricos e poderosos,

os hipotéticos e despersonalizados papagaios de pirata,

 

 

O Rico e Poderoso e o Papagaio Pirático

 

 

a sem-vergonhice dos maria-vai-com-as-outras,

a Idade Média e o chumbo que cismam de não passar,

a divulgação de notícias e de vídeos fraudulosos em redes sociais,

 

 

 

 

os crimes contra a ordem constitucional,

a tentativa de impedir o livre funcionamento dos Poderes,

a esculhambação, por alguns, da Constituição Brasileira,

a tentativa de coação do Supremo Tribunal Federal,

as ameaças aos Ministros do Supremo Tribunal Federal,

a insuflação de agressões a Ministros do Supremo Tribunal Federal,

o anúncio de abanão social sem haver abanão algum,

o uso da liberdade de expressão para confundir e amotinar,

o uso da liberdade de expressão para estragar as liberdades democráticas,

o uso da liberdade de expressão para incitar a desordem pública,

a concessão inadequada de graças constitucionais,

antes mesmo do trânsito em julgado,

as graças que acabam se transformando em desgraças,

as desgraças que envergonham o Brasil perante o mundo,

 

 

Cabo-de-guerra Despatriótico, Absurdo e Contraproducente

 

 

as motivações político-pessoais para decretação de benefícios,

o descumprimento de preceitos fundamentais,

as tentativas de atear fogo no circo,

as tentativas de transformar o circo em uma pocilga,

os desvios de finalidade e os atos inconstitucionais,

os golpes contra a Democracia e os crimes de responsabilidade,

o uso das garantias constitucionais para atacar a Democracia,

a lei, que deve valer para todos, mas, não vale para todos...

Quando, de uma vez para sempre, acabarão

estas e outras coisas que me esqueci de arrolar?

Quando nós, brasileiros viveremos

em paz, harmonia e dignidade?

Quando nós, brasileiros poderemos

ter confiança nos políticos que elegemos?

Quando nós, brasileiros, legaremos

para os nossos filhos e netos um País melhor e mais digno?

Precisamos ultrapassar a Idade Média.

Precisamos ultrapassar a saudade do chumbo.

Precisamos ultrapassar os preconceitos.

Precisamos ultrapassar as indignidades.

Precisamos ultrapassar as outrofobias.

Precisamos ultrapassar as sinecuras.

Precisamos ultrapassar as vantagens pecuniárias ilícitas.

Precisamos ultrapassar as maracutaias.

Precisamos ultrapassar as mumunhas

Precisamos ultrapassar as mutretas.

Precisamos ultrapassar os peculatos.

Precisamos ultrapassar as malversações.

Precisamos ultrapassar os apadrinhamentos.

Precisamos ultrapassar os favorecimentos.

Todos nós, e eu não me excluo disto,

precisamos ultrapassar a nós mesmos,

e, primeiro, nos tornarmos dignos de ser brasileiros,

para, depois, então, nos tornamos cidadãos do Unimultiverso.

É isto ou ficar ancorado na Idade Média e no chumbo. Ou pior!

 

 

 

Idade Média