ERRO GROSSEIRO

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

O que é um erro grosseiro?

Ora, é um erro que não é fino.

Poderá ser sesquipedal

ou poderá ser quinininho,

mas, é uma inexatidão,

uma boba imprecisão,

uma broca incorreção,

uma bota imperfeição.

Seja como for, erro é erro.

 

 

 

 

Foi grosseiro chutar o Mandetta

para impor a cloroquina.

Foi grosseiro fritar o Teich

para insistir na cloroquina.

Foi grosseiro fazer piada e dizer:

— Quem for de direita,

toma cloroquina.
(Sic erat scriptum.)

— Quem for de esquerda,

toma Tubaína.
(Sic erat scriptum.)

E quem for do Centrão?

Tomará o quê? Groselha?

E quem foi e deixou de ser?

Tomará o quê? Mijoca?

E quem foi, deixou de ser e voltou a ser?

Tomará o quê? Cicuta?

E quem diz que é só para puxar o saco?

Tomará o quê? Sacocida?

E quem não se interessa

ou tem aversão por politiquina?

Tomará o quê? Chá-de-bico?

Como cantou a Amália Rodrigues,

que Deus me perdoe,

se é crime ou pecado,

mas, chá-de-bico nem bêbedo,

nem morto de medo,

nem ameaçado de degredo!

Neste caso, até é melhor cloroquinar!

 

O que eu sei e defendo

é que enquanto não pintar

uma salvadora vacina,

o jeito é não ser traquina

e aderir à quarentena.

 

 

 

 

São dois erros grosseiros:

1º) esburacar a quarentena;

e 2º) depois, tomar cloroquina.

Não esqueça e anote aí:

a (RS)-N'-(7-cloroquinolina-4yl)-N,

N-dietil-pentano-1,4-diamina

– nome IUPAC¹ que chega até a dar medo –

é uma 4-aminoquinolina,

conhecida como cloroquina,

e é ineficaz para a COVID-19.

Poderá até causar intoxicação

e piorar o quadro do paciente,

motivando disfunção do fígado,

redução dos glóbulos brancos,

alterações visuais (por danos na retina),

taquicardia ventricular,

fibrilação ventricular,

e, entre dezenas de outras coisas, a morte.

O fato é que a cloroquina NÃO DIMINUI

a carga viral do paciente infectado.

A cloroquina e o seu derivado

a hidroxicloroquina DEVEM

SER EVITADAS por doentes

com Coronavírus-COVID-19,

pois, não há estudos conclusivos

que justifiquem ou apóiem os seus usos.

 

 

Cloroquina
(Já imaginou meter essa tripa no bucho?

 

 

Política e Economia não

podem estar acima da Ciência.

Aspiração política e reeleição não

podem estar acima do bem comum.

Razões políticas e ideológicas

não podem se sobrepor

aos estudos científicos

feitos em várias partes do mundo.

 

 

 

 

Alterar o protocolo do uso da

cloroquina e da hidroxicloroquina,

mais do que irresponsabilidade,

é crime de lesa-humanidade.

Longe de ser uma solução,

poderá gerar sérias colateralidades,

e o uso em massa do remédio

não faz o menor sentido.

Monitorar o uso do fármaco

não diminui o risco de morte.

E, se der um charivari, já era!

O antilema desta Coronamia é:

Cloroquina – um defunto em cada esquina.

Exagero? Só um pouquinho.

Mas, bem-intencionado.

 

Plagiando Ibrahim Sued

– o imortal sem fardão –

que tinha licença poética

para criar palavras e frases:

— Bola petra pra essa estricnina!

— Essa estricnina é xangai e vai dar rebu!

— Ademã, que eu fico em casa!

— Gigi, a Humanidade chegará lá!

A caravana passa e os cães ladram,

mas, a Lei da Causa e Efeito não dorme.

Para toda essa zaragalhada,

só mesmo Alegria + Pata Pata!

A vida é mesmo do balacobaco;

o negócio é sorrir e patapatar!

A Coronamia haverá de passar!

A Humanidade haverá de continuar!

Está feito. Está selado. A.'. U.'. M.'.