Fernando
Pessoa
e
Rodolfo Domenico Pizzinga
O
Paradoxo de Epimênides (poeta, filósofo e
místico grego que viveu em meados dos anos 600 a.C.) é
um enigma sem resposta que forma um paradoxo, semelhante ao Paradoxo
do Mentiroso. Ao tentar responder ao enigma, encontram-se informações
que se ligam umas às outras, mas não levam a resposta
alguma. O Paradoxo de Epimênides pode ser enunciado
de várias formas. Uma delas é a enunciada a seguir:
Era
uma vez um acusado que disse: — Enquanto
a minha mentira não for desvendada, continuarei mentindo.
Em seguida o
juiz disse: — Se
o acusado mentir, seu advogado também mentirá.
Por fim o advogado
disse: — Quem
for capaz de desvendar a minha mentira dirá a verdade.
Afinal, quem
está a mentir?
|
O
poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.1
Oh!,
somos todos fingidores!
Fingimos
ao sabor do cagar,
Se, talvez,
prazeres ou dores
Fazemos
nos outros brotar.
E vivemos
como amadores!
Se chega
ao fim a chalaça
E neblinam
as colores,
Rogamos
ao Pai uma graça!
Depois,
seguimos andores.
Interrompidos,
contristados,
Humilíssimos
pedidores,
De joelhos:
abaixados.
..................................
No
sem-fim, mil vapores?
E
rogamos a Deus uma graça!