NONA ENÉADA
(
Sobre a Razoável Saída da Vida)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Introdução e Objetivo do Texto

 

 

 

 

As Enéadas, por vezes abreviada para Enéadas (em grego clássico: ) é uma coleção de escritos do filósofo neoplatônico Plotino (nascido em Lycopolis, Egito, Império Romano, provavelmente, em 204/205, e falecido em Campânia, Império Romano, em 270), que foi editada e compilada por seu discípulo Porfírio (Tiro, na Fenícia, atual Líbano, cerca de 234 – Roma, cerca de 305), também um filósofo neoplatônico. A obra é formada por 54 tratados divididos em seis capítulos, compostos de nove partes cada um e, por isso, chamados Enéadas, pois, nove, em grego, é ennéa cujas três hipóstases (realidade permanente, concreta e fundamental), baseadas em Platão, são: Uno-Bem, Inteligência e Alma Cósmica. Este estudo que estou divulgando se compõe de uma pequena coletânea de excertos (eventualmente comentados e, em alguns casos, didaticamente adaptados) da Enéada I, Livro VI, (tradução de Juvino A. Maia), Sobre a Razoável Saída da Vida.

 

 

Sobre a Razoável Saída da Vida
(Fragmentos)

 

 

Há dois tipos de morte: a morte natural e a morte filosófica. A primeira é quando o corpo abandona naturalmente a [personalidade-]alma [melhor é considerar o inverso, isto é, quando a personalidade-alma abandona o corpo] por não ser mais capaz de continuar a se mover com os impulsos dela; a segunda é quando o homem deixa de fazer concessões ao corpo, anulando os desejos, [as cobiças, as paixões, as miragens, as ilusões, os apegos, as delirações etc.] e passa a se dedicar à contemplação, para alcançar a visão do Bem-em-si. [Qualquer forma auto-imposta de não-participação do e no mundo (da e na vida), primeiro, no sentido de tentar alcançar uma reunificação unilateral (reintegração pessoal) e, segundo, de não auxiliar, de alguma forma, a Humanidade a evoluir (reintegração coletiva), é a mais nociva, execrável e medonha forma de egoísmo delirioso. Portanto, neste sentido, o eremitismo religioso celibatarista é inteiramente estúpido, insalubre, doentio e inócuo para promover a pretendida reunificação e a desejada Illuminação. Não promoverá. Nem uma nem a outra. Precisamos compreender que a encarnação educativa de todos nós embute, pelo menos, um duplo Compromisso de Serviço: conosco e com todos, de sorte que devemos sempre estar e permanecer operando (servindo) no mundo, porém, sem ser do mundo (sem vinculação miraginal/ilusória com o mundo). Qualquer coisa diferente disto é uma convicção errônea cousista e retrogressiva.]

 

Se alguém decidir apressar o momento da Transição [Grande Aventura], na esperança de poder entrar em contato com o Inteligível mais cedo, incorrerá no erro de acrescentar algo a ser futuramente compensado [karma] nesse processo. [Suicídio Assassinato.]

 

Tal como não se deve temer a morte natural [porque, de fato, não existe morte], não se deve forçar que ela aconteça de modo não-natural, isto é, que o corpo, por qualquer meio, libere extemporaneamente a [personalidade-]alma.

 

Todo homem deve cumprir seu Número, que, geralmente, é denominado destino. [No Nuctemeron – obra esotérica do século I a. C. atribuída a Apolônio de Tiana  a Nona Hora é caracterizada pelo Número que não deve ser revelado. Ora, tudo deve ser e será revelado, tudo deve ser e será conhecido. Mas, para que a Revelação possa acontecer e a Sabedoria (ShOPhIa) possa ser alcançada, precisa(re)mos nos esforçar e merecer. Muito! Não existem milagres; não existem privilégios; não existem deleções. A Lei sempre se cumpre. O Número se cumprirá.]

 

Para as perdas, paciência e humildade.
P
ara as privações, paciência e humildade.
Para as apócopes, paciência e humildade.
Para as catástrofes, naturais e antrópicas, paciência e humildade.
Para a devastação ambiental, paciência e humildade.
Para a poluição irresponsável, paciência e humildade.
Para o aquecimento global, paciência e humildade.
Para o
novo [a]normal do clima, paciência e humildade.
Para as injustiças, paciência e humildade.
Para as traições, paciência e humildade.
Para as manipulações, paciência e humildade.
Para as covardias, paciência e humildade.
Para os desarrazoamentos, paciência e humildade.
Para as
news, paciência e humildade.
Para os jacarés, paciência e humildade.

Para a entressafra, paciência e humildade.
Para as aflições, paciência e humildade.
Para a pobreza, paciência e humildade.
Para as dificuldades da encarnação, paciência e humildade.
Para os reveses da encarnação, paciência e humildade.
Para os momentos adversos, paciência e humildade.

Para a vanidade, paciência e humildade.
Para a falsidade, paciência e humildade.

Para a fome, paciência e humildade.
Para a sede, paciência e humildade.
Para o frio alasquiano, paciência e humildade.
Para o calor saariano, paciência e humildade.
Para a lombeira tropical, paciência e humildade.
Para o nevoeiro que não se dissipa, paciência e humildade.
Para as fronteiras intermináveis, paciência e humildade.
Para as insciências, paciência e humildade.
Para as dúvidas, paciência e humildade.
Para as incertezas, paciência e humildade.
Para o esquecimento, paciência e humildade.
Para as impossibilidades, paciência e humildade.
Para as contradições, paciência e humildade.
Para o inesperado, paciência e humildade.
Para o não-alcançamento, paciência e humildade.
Para os desbotamentos, paciência e humildade.
Para as miragens + ilusões que nos aprisionam, paciência e humildade.
Para os desejos + as cobiças + as paixões que nos deformam, paciência e humildade.
Para o não, paciência e humildade.
Para o sim, paciência e humildade.
Para a escuridão, paciência e humildade.
Para a caverna desértica, paciência e humildade.
Para o deserto cavernoso, paciência e humildade.
Para a incompreensão, paciência e humildade.
Para a separatividade mundial, paciência e humildade.
Para as guerras e os conflitos, paciência e humildade.
Para as , paciência e humildade.
Para os
pagers e walkie-talkies que explodem, paciência e humildade.
Para a desfraternidade assassina, paciência e humildade.

Para o abandono, paciência e humildade.

Para o descaso, paciência e humildade.
Para o
deixa-pra-lá, paciência e humildade.
Para a falência, paciência e humildade.
Para as doenças, paciência e humildade.
Para as irreversibilidades, paciência e humildade.
Para o número que já se cumpriu, paciência e humildade.

Para o número que está se cumprindo, paciência e humildade.
Para o número que ainda não se cumpriu, paciência e humildade.
Para tudo, sem exceção, paciência e humildade.
Precisamos nos esforçar e lutar o Bom Combate até o
fim-sem-fim.
Quem dorme é um irresponsável; quem desiste é um suicida.

 

 

 

 

Música de fundo:

Medieval: Rejoicing

Fonte:

https://www.chosic.com/free-music/medieval/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.lletresbarbares.cat/creacio/carta-de-porfirio-contra-los-difamadores-de-plotino

https://pt.wikipedia.org/wiki/Plotino

 

Direitos autorais:

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