DÉCIMA QUARTA ENÉADA
(
Sobre o que está em Potência e o que está em Atividade)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Introdução e Objetivo do Texto

 

 

 

 

As Enéadas, por vezes abreviada para Enéadas (em grego clássico: ) é uma coleção de escritos do filósofo neoplatônico Plotino (nascido em Lycopolis, Egito, Império Romano, provavelmente, em 204/205, e falecido em Campânia, Império Romano, em 270), que foi editada e compilada por seu discípulo Porfírio (Tiro, na Fenícia, atual Líbano, cerca de 234 – Roma, cerca de 305), também um filósofo neoplatônico. A obra é formada por 54 tratados divididos em seis capítulos, compostos de nove partes cada um e, por isso, chamados Enéadas, pois, nove, em grego, é ennéa cujas três hipóstases (realidade permanente, concreta e fundamental), baseadas em Platão, são: Uno-Bem, Inteligência e Alma Cósmica. Este estudo que estou divulgando se compõe de uma pequena coletânea de excertos (eventualmente comentados e, em alguns casos, didaticamente adaptados) da Enéada II, Livro V, (tradução de Juvino A. Maia), Sobre o que está em Potência e o que está em Atividade.

 

 

Sobre o que está em Potência e o que está em Atividade
(Fragmentos)

 

 

O ser em potência não é ser de nada. Por exemplo: em potência, o bronze é uma estátua humana. [Um outro exemplo disto – na verdade, um exemplo medonho, terrível, hediondo e inverso – é o de um indivíduo extremamente cruel, impiedoso, anti-humano, que, em potência, (talvez, até, mesmo já em ato), seja (ou esteja em caminho de se tornar) um ser-humano-sem-alma. Ai dos que tentam prejudicar, danificar e destruir a Anima Mundi!1 Ai dos que prejudicam, danificam e destroem a 4ª Hierarquia (a Humanidade)! Ai dos que prejudicam, danificam e destroem a 3ª Hierarquia (os animais)! Ai dos que prejudicam, danificam e destroem a 2ª Hierarquia (os vegetais)! Ai dos que prejudicam, danificam e destroem a 1ª Hierarquia (os minerais)! Como ensinou o Augusto Mestre Ascensionado Kut Hu Mi, esses cruéis prejudicadores, danificadores e destruidores, definitivamente, serão abandonados pelo seu Sexto Princípio [Alma Espiritual ou Buddhi], e seu Quinto Princípio [Alma Animal ou Manas], naturalmente, descerá ao poço sem fundo, para ser completamente remodelado na Oitava Esfera. Isto é medonho, terrível, hediondo e inverso ou não é? Pois é. Mas, é assim que acontecerá, e não há milagre que altere isto, até porque milagres não existem.]

 

Por cupidez, cobiça e ambição,
dilapidei e arruinei a 1ª Hierarquia-irmã.
Hoje, na Oitava Esfera, serei remodelado!

Por ignorância, boçalidade e insânia,
devastei e horizontalizei a 2ª Hierarquia-irmã.
Hoje, na Oitava Esfera, serei remodelado!

Por crueldade, degeneração e hediondez,
massacrei e mortifiquei a 3ª Hierarquia-irmã.
Hoje, na Oitava Esfera, serei remodelado!

Por selvageria e perversidade sem limites,
assassinei e chacinei a 4ª Hierarquia-irmã.
Hoje, na Oitava Esfera, serei remodelado!


Imisericórdia? Inclemência? Impiedade?
. Ação da Lei da Causa e do Efeito.

Definitivamente, precisamos compreender
que nós somos responsáveis por tudo.
Não há . Não há . Há Leis.

Ou nós aprendemos a viver em harmonia
com as Leis que regem o Unimultiverso ou
degradaremos no 2 parido por nós!

 

Gráfico Animado Simbólico

 

Imagem Simbólica

 

É preciso que o ser em potência seja algo, para que possa ser capaz de vir-a-ser outro depois de ser ele mesmo.

 

O ser em potência é tal como subjazendo algo a impressões, tanto a figuras quanto a formas, que está por receber e ser por natureza, ou mesmo o ser em potência se esforça por chegar tanto a algo como o melhor, quanto a algo para o pior e corruptivo dentre as impressões, cada uma das quais mesmo em atividade é outra coisa.

 

Aristóteles dizia que o Quinto Elemento é imaterial.

 

A [personalidade-]alma é um vivente em potência, quando ainda não é. [Quando ainda não é = Quando ainda não está encarnada.]

 

O que está em potência quer ser conduzido à atividade. [Não penso que, propriamente, os entes queiram ser conduzidos à atividade, mas, sim, que, obrigatoriamente, pela Lei da Causa e do Efeito, necessitam, para poderem compensar educativamente seus desconcertos, e, digamos assim, evoluir (reintegrar-se). A encarnação (que poderá ser volitiva ou impositiva, desejada ou indesejada, consciente ou inconsciente) é a Escola que permitirá a todos os entes ascensionar na Spira Legis, e, na verdade, em última instância, isto nada tem a ver com potência ou com ato (atividade). Bem, precisamos compreender que não há um estado puro, absoluto, de qualquer coisa anestesiada, sonolenta e imóvel em potência. Como o Unimultiverso está, entre outras qualidades e características, em permanente movimento e mudança, sempre haverá alguma espécie de ato ou de atividade (consciente ou inconsciente) em cada um e para cada um dos entes unimultiversais. Por isto, Plotino afirmou: em potência não é algo, mas, em potência é tudo. Então, em atividade é uma visagem; em atividade é um engano, igual ao verdadeiramente falso, e isso é realmente o-que-não-é. Talvez, o melhor exemplo deste conceito seja o de cada ser-humano-aí-no-mundo, que, sendo um Deus-em-Potência, como simples ser-humano-aí-no-mundo, em atividade, é o-que-não-é.]

 

A é o Princípio e a Fonte da Verdadeira Alma [Anima Mundi] e da Inteligência.

 

A Matéria das Coisas Eternas é indestrutível; ela é apenas e sempre em potência, para que não deixe de ser o-que-sempre-foi, para que seja o-que-é e para que continue a ser o-que-jamais-deixará-de-ser. [Volto, uma vez mais, a repetir: se, como afirmou Parmênides de Eléia (530 a.C. – 460 a.C.), ex nihilo nihil fit (nada surge do nada), então, por analogia, nihil convertam in nihilum (nada se transformará em nada).]

 

Em potência, unificados, somos-todos-;
em atividade, somos inconscientes, diversos e separados:

 

 

Em potência, somos ;
em atividade, somos vidas eusistas + egoístas + personalistas.

 

Em potência, somos ;
em atividade, somos morte de repente... E pimba!

 

Em potência, somos ;
em atividade, somos transitoriedade.

 

Em potência, somos o ;
em atividade, somos apenas mais uma encarnação.

 

Em potência, somos um ;
em atividade, somos um ..

 

Em potência, somos ;
em atividade, somos, às vezes, .

 

Em potência, somos ;
em atividade, somos guerra, destruição, aflição, dolor e matança.

 

Em potência, somos ;
em atividade, somos cruéis magos negros.

 

Em potência, somos ;
em atividade, somos demônios fedorentos mortais.

 

Em potência, somos ;
em atividade, somos      .

 

 

 

 

______

Notas:

1. A trajetória história da Teoria da Alma do Mundo remonta aos pré-socráticos, e esteve presente nas Filosofias de Platão, Plotino, Plutarco, Virgílio, Cícero e outros, sendo considerada tão antiga quanto a própria Filosofia Ocidental. Alma do Mundo [do latim, Anima Mundi; em grego clássico: (Psyché Tou Pantós)] é um conceito cosmológico da sempre-existência (incriada e perpétua) de uma Alma Compartilhada ou Força Regente do Unimultiverso, pela qual a Consciência Cósmica pode se manifestar através de Leis Regedoras que afetam e predispõem a matéria, ou, ainda, por outro lado, a hipótese de uma Força Imaterial, inseparável da matéria, mas, que a provê de forma, de movimento e de possibilidade. O termo foi cunhado por Platão, e aparece nas obras A República, Timeu e no Livro X das Leis. A Doutrina, não endossada explicitamente por Aristóteles – exceto por implicações da sua Teoria do Intelecto Ativo, descrito em De Anima (Da Alma) – recebeu considerável ênfase filosófica das escolas estóicas e neoplatônicas, que modificaram essencialmente seu conceito, de acordo com suas respectivas instituições. Seja como for, penso que a melhor maneira de compreendermos o conceito de Anima Mundi seja, pela Transcompreensão Iniciática, passarmos a admitir que Tudo + Todos = Entrelaçamento = 1.

2. No Website Ciberdúvidas da Língua Portuguesa há a seguinte explicação: A expressão «saco de gatos» é usada informalmente com o sentido de «grande desorganização ou confusão» (Priberam). Não nos foi possível neste espaço aferir com certeza a origem da expressão. No entanto, identificamos registos que apontam para o facto de a sua origem poder estar relacionada com a bula do Papa Inocêncio VIII, promulgada em 1484, contra os feiticeiros [Bula Summis Desiderantis Affectibus, 5 de dezembro de 1484]. Este documento levou à perseguição, tortura e morte de milhares de pessoas, muitas das quais acusadas simplesmente por terem um gato, animal ligado à adoração a Satanás. Este facto levou a que no Dia de Todos os Santos se criasse a tradição de atirar sacos de gatos vivos para as fogueiras, como forma de esconjurar os males. Não é difícil imaginar a confusão criada pelos pobres animais dentro do saco. Deste cenário poderá ter advindo o significado que ainda hoje se guarda.

 

Música de fundo:

Medieval: Rejoicing

Fonte:

https://www.chosic.com/free-music/medieval/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://pngtree.com/free-png-vectors/white-skull

https://www.redbubble.com/shop/popcat+tote-bags

https://tenor.com/pt-BR/view/nao-dedo-gif-22391744

https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/pe
rguntas/a-expressao-saco-de-gatos/36781

https://pt.wikipedia.org/wiki/Anima_mundi

https://www.lletresbarbares.cat/creacio/carta
-de-porfirio-contra-los-difamadores-de-plotino

https://pt.wikipedia.org/wiki/Plotino

 

Direitos autorais:

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