As Enéadas, por vezes abreviada para Enéadas (em grego clássico:
) é uma coleção de escritos do filósofo neoplatônico Plotino (nascido em Lycopolis, Egito, Império Romano, provavelmente, em 204/205, e falecido em Campânia, Império Romano, em 270), que foi editada e compilada por seu discípulo Porfírio (Tiro, na Fenícia, atual Líbano, cerca de 234 – Roma, cerca de 305), também um filósofo neoplatônico. A obra é formada por 54 tratados divididos em seis capítulos, compostos de nove partes cada um e, por isso, chamados Enéadas, pois, nove, em grego, é ennéa – cujas três hipóstases (realidade permanente, concreta e fundamental), baseadas em Platão, são: Uno-Bem, Inteligência e Alma Cósmica. Este estudo que estou divulgando se compõe de uma pequena coletânea de excertos (eventualmente comentados e, em alguns casos, didaticamente adaptados) da Enéada II, Livro I, (tradução de Juvino A. Maia), Do Cosmo.
Do Cosmo
(Fragmentos)
Sempre houve o [Unimulti]Cosmo [Unimultiverso] e sempre haverá. A criação do Demiurgo (Platão, Timeu 41a) deve ser interpretada como alegórica, porque não se deve entendê-la como que tenha ocorrido em um espaço-tempo, pois, o espaço-tempo [que não é ESPAÇO-TEMPO] é apenas uma imagem que se move, refletindo a ordem dos elementos que compõem o [Unimulti]Cosmo, ou seja, é uma imitação da eternidade. A criação, então, deve ser entendida como se fosse uma figura geométrica, para demonstrar pela razão tais propriedades, que de outro modo não se veriam. Os desvios do que é verdadeiro vêm da interpretação sensível, que, dependendo do que é perecível, não consegue alcançar a Verdade [ainda que sempre relativa] como ela é. A questão do espaço-tempo sendo metafórica, resta entender como a vontade do Demiurgo garante a continuidade do todo, diferente da continuidade das coisas, que têm origem e perecem; a Alma do [Unimulti]Cosmo sendo infinita [prefiro dizer ilimitada] alcança até as profundezas do sensível, e lá as coisas são vistas como formas [miraginais e ilusórias], que nossos sentidos tentam apreender. Assim, as formas são mais como alegorias da Verdade, que tentam ordenar o todo até onde possamos entender, sendo, de fato, simulacros sensíveis de imagens inteligíveis.
Homem e cavalo são, mas, não permanecem os mesmos. [Tudo muda. Tudo evolui. Tudo ascensiona. Nada permanece exatamente como é.] [Ibidem.]