Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

É mais ou menos assim que eles fazem!

 

 

De forma irrefutabilíssima,

(quase) todas as religiões

sempre foram fabricadas

pelas falsídicas fabulações

– muito bem engendradas –

dos (ainda) bichos-homens

sem-vergonha no focinho,

para, sacanocraticamente,

de desavisados-ingênuos-homens

porque, cegos, ainda não vislumbraram

o santo e introcável Caminho.

 

De forma generalíssima,

sempre foram encaçanetrados1

pelos logros e urdimentos

muito bem arquitetados

de engrupidores sem-sentimentos,

que – devagar, devagarinho –

e ardilosamente, estupram suas almas,

geralmente bondadosas e humildosas,

mas, sempre, imagéticas e hipotéticas,

por, inditosamente, terem ab-rogado o Ninho.

 

De forma inflexibilíssima,

não há bruxedo nem pedição que dêem jeito

em quem no confessionário diz uma coisa

e às escondidas orquestra outra.

Ou, agora, o caboclo se faz sincero a eito

ou, depois, chorará e rangerá sob a loisa.

Requestar para santo fazer milagre,

pedir que água vire vinho (e não vinagre),

mandingar para que o time do coração

não cause uma decepção

e mais sei lá o quê

é pior do que patrocinar um jabaculê.

 

Enfim, de forma irredutibilíssima,

há uma Divindade Imanente

e uma sempre audível Voz Silente

que falam no Coração do homem.

Por que, em um troca-troca sem-fim, fora,

buscar o que dentro está ao dispor à toda hora?

Por que sair à cata do extraordinário,

se cada um de nós é o próprio Abezedário?2

e não lutar para alforriar o Quadrado?

Por que, entra noite sai noite, entra dia sai dia,

respirar e se alimentar da mesma inserventia?

 

 

 

O Arqueômetro3

 

 

 

______

Notas:

1. Encaçanetrados = encaçapados + penetrados.

2. Abezedário = A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z1, Z2, Z3, Z4, Z5, Z6, Z7...

3. O Arqueômetro é um instrumento que serve a todos os campos da humana especulação. Pode ser aplicado em todas as artes e também na ciência, na música e na arquitetura; é a chave de toda a Tradição, quer religiosa, quer Iniciática. É um convite ao Trabalho. Por seu intermédio, o artista mantém sua originalidade; todavia, ao consultá-lo, apóia-se em uma base científica arcana. Enfim, enfatizou o pensador Joseph Alexandre Saint-Yves D’Alveydre (1842 – 1909), o Arqueômetro reintegra todas as medidas às unidades métricas atuais: o metro e o círculo, ou seja, 10³ mm e 360º.

 

Observação:

Escrevi esta irritabilidadezinha inspirado na máxima de Ludwig Andreas Feuerbach (1804 – 1872): a religião não expressa a vontade de nenhum deus ou de outro ser metafísico: a religião é criada pela fabulação dos homens.

 

 

 

 

Música de fundo:

Devagar, Devagarinho
Composição: Eraldo Divagar
Interpretação: Martinho da Vila

Fonte:

http://www.4shared.com/
get/Gx3ahTko/Martinho_da_Vila

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.crystalinks.com/archeometre.html

http://my.opera.com/community/