ENCARNAÇÃO INÚTIL

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

A maioria das pessoas não deseja mudar, principalmente aquelas que se acham em relativa segurança social e econômica ou que conservam crenças dogmáticas e se satisfazem em aceitar a si próprias e às coisas tais como são ou, quando muito, em forma ligeiramente modificada. [In: Liberte-se do Passado (Freedom From the Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

Já disse e vou repetir:
como tá tá muitíssimo bom.
Não inste preu mudar o tom;
eu não dou bola pro devir.

Sou ricaço, tenho tudo
e curto a minha chibança.
Pra essa tal de mudança,
sou pitosga, mouco e mudo.

Mudar pra abrir mão?
Pra ter que compartir?
Pro meu karma diminuir?
Pra tudo isso digo não.

Eu adoro choppeidança
e uma mulata assanhada.
Não farei nenhuma mudada;
desfrutarei minha abastança.

Deus me fabricou assim,
e não posso decepcioná-Lo
nem tão-pouco enervá-Lo.
Sou carioca, não abissim.

Se minha vida for inútil,
pelo menos, eu a aproveitei,
e de montão eu saracoteei.
Não adirei nem tirarei um til.

 

 

Choppeidança

Choppeidança

 

Quando alguém nos oferece um sistema salvífico qualquer, e nós, tão sem juízo, o aceitamos e o seguimos, estamos meramente a copiar, a imitar, a nos ajustar e a aceitar, e, fazendo tal coisa, teremos estabelecido, em nós mesmos, a autoridade de outrem, da qual sempre resultará conflito entre nós e esta autoridade. Não há aquele que não tenha suas peculiares inclinações, tendências, preferências e pressões, que, inevitavelmente, colidirão com o sistema que julga dever seguir, e, por conseguinte, existirão sempre contradições. E, assim procedendo, levaremos uma vida dupla, entre a ideologia do sistema que nos oferecem ou impõem e a realidade de nossa existência interior e diária. No esforço para nos ajustarmos à ideologia, recalcamos a nós mesmos, e, no entanto, o que é realmente verdadeiro não é a ideologia, porém, o que somos. Enfim, se tentarmos nos compreender de acordo com o que dizem ou determinam os outros, permaneceremos sempre seres-humanos-aí-no-mundo sem nenhuma originalidade. Não esqueçamos jamais de que qualquer ordem imposta de fora, por outrem, gerará, sempre e necessariamente, desorganização, desorientação, contradição e escravização. [E, se aceitarmos e seguirmos qualquer ordem imposta de fora, nossa encarnação terá sido inútil.] [Ibidem.]

 

 

Disseram-me que fizesse
de um certo jeito,
senão eu não iria pro céu.
Então, obediente, eu fiz,
mas, entrei no maior conflito,
porque eu não queria fazer
e tinha que fazer.
E, embalsamado como múmia paralítica,
sofri o pão que o diabo amassou
e tomei o sopão que a bruxa preparou!

Disseram-me que não fizesse
de um certo jeito,
senão eu não iria pro céu.
Então, obediente, eu não fiz,
mas, entrei no maior conflito,
porque eu queria fazer
e tinha que não fazer.
E, embalsamado como múmia paralítica,
sofri o pão que o diabo amassou
e tomei o sopão que a bruxa preparou!

E, de conflito em conflito,
de cagaço em cagaço,
de não-sei-quê em não-sei-quê,
ora fui fazendo sem querer fazer,
ora não fui fazendo querendo fazer,
e minha vida inteirinha
foi de submissão à autoridade.
E, embalsamado como múmia paralítica,
sofri o pão que o diabo amassou
e tomei o sopão que a bruxa preparou!

Entretanto, não fui só eu
a obedecer as batinas e os solidéus,
os presépios, os crucifixos e as menorás.
Poucos foram os que conheci
que, submissos à autoridade,
não fizeram com vontade de fazer,
e fizeram sem querer fazer.
E, embalsamados como múmias paralíticas,
sofreram o pão que o diabo amassou
e tomaram o sopão que a bruxa preparou!

Escravidão não é apenas
direito de propriedade sobre outro
comumente designado escravo.
A escravidão se manifesta
travestida de diversas maneiras
e das formas mais insidiosas.
E, talvez, a mais medonha de todas
seja a escravidão religiosa,
que afirma e promete o impossível,
e impõe e obriga o inadmissível!

 

 

 

 

 

Canto Gregoriano de fundo:

Doxologia
Interpretação: Schola Cantorum do Pontifício Col. Intern. dos Beneditinos de S. Anselmo em Roma

Observação:

Doxologia, no Catolicismo, é uma fórmula litúrgica de arremate nas grandes orações católicas (hinos, preces, versículos etc.) em que são glorificadas a grandeza e a majestade divinas. Já segundo o polímata, filósofo, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (Leipzig, 1º de julho de 1646 – Hanôver, 14 de novembro de 1716), a doxologia é uma compreensão meramente superficial da realidade, já que se restringe a uma reprodução irreflexiva de sua aparência.

 

 

Aparência

 

 

Páginas da Internet consultadas:

https://peacelovearoundtheworld.blogspot.com/

https://francescalli.wordpress.com/

https://www.dylanswart.com/

http://augmented-irreality.fr/?p=192

https://www.bemparana.com.br/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o

https://www.picsunday.com/

https://gifer.com/en/VRdR

 

Direitos autorais:

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