O
medo é um dos mais formidáveis problemas da vida. A mente
que está nas garras do medo vive na confusão, no conflito,
e, portanto, tem de ser violenta, tortuosa e agressiva. Não ousa
se afastar de seus próprios padrões de pensamento, e isto
gera a hipocrisia. Enquanto não nos livrarmos do medo, ainda que
galguemos o mais alto cume, ainda que inventemos toda espécie de
deuses, ficaremos sempre na escuridão. O medo é uma coisa
terrível que torce, deforma e ensombra os nossos dias.
[In: Liberte-se do Passado
(Freedom From the
Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
—
Eu
tinha um baita cagaço de perder,
então, rezava pro São Longuinho.
Eu tinha um baita cagaço de não ganhar,
então, rezava pro Frade Ganhinho.
Eu tinha um baita cagaço de parar,
então, rezava pro Monge Rapidinho.
Eu tinha um baita cagaço de não chegar,
então, rezava pro Pai Lestinho.
Eu tinha um baita cagaço de não casar,
então, rezava pro Santo António.
Eu tinha um baita cagaço de negar fogo,
então, rezava pro Beato Brochildo A. Pino.
Eu tinha um baita cagaço do Maniqueísmo,
então, rezava pro Santo Agostinho.
Eu tinha um baita cagaço de dragão,
então, rezava pro São Jorge.
Eu tinha um baita cagaço da guerra,
então, rezava pra Nossa Senhora de Fátima.
Eu tinha um baita cagaço da injustiça,
então, rezava pro Santo Expedito.
Eu tinha um baita cagaço da desesperação,
então, rezava pro São Judas Tadeu.
Eu tinha um baita cagaço do que pensavam de mim,
então, eu não pisava na bola.
Eu tinha um baita cagaço de morrer,
então, como o Oscar Niemeyer, eu fazia pilates.1
Eu tinha um baita cagaço de 'pecar',
então, nem sequer via televisão.
Eu tinha um baita cagaço do inferno,
então, rezava dia e noite e noite e dia.
Eu tinha um baita cagaço do demônio,
então, me benzia a toda hora.
Eu tinha um baita cagaço de deus,
então, era muitíssimo bem-comportado.
Eu tinha um baita cagaço de vampiro,
então, andava com três cabeças de alho no bolso.
Eu tinha um baita cagaço de palhaço,
então, não fui nunca a um circo.
Eu tinha um baita cagaço da pobreza,
então, aplicava todo o meu dindim num fundo DI.
Eu tinha um baita cagaço de cobra,
então, nem a pau fazia trilha.
Eu tinha um baita cagaço de megalodonte,
então, nem a pau ia à praia.
Eu tinha um baita cagaço da G.'. L.'. B.'.,
então, me filiei à G.'. L.'. N.'.
Eu tinha um baita cagaço de Shamballa,
então, fui parar na Oitava Esfera.
Eu tinha um baita cagaço de ladrão,
então, comprei uma Pistola Glock G25.
Eu tinha um baita cagaço de bala perdida,
então, usava um colete balístico.
Eu tinha um baita cagaço de doença,
então, me tornei vegetariano.
Eu tinha um baita cagaço de ter entupimento arterial,
então, vivia tomando lecitina de soja.
Eu tinha um baita cagaço de ter um infarto,
então, todo dia, tomava Somalgin®
Cardio.
Eu tinha um baita cagaço de trovoada,
então, me metia dentro do armário.
Eu tinha um baita cagaço de alma penada,
então, não ia a cemitério nem a porrada.
Eu tinha um baita cagaço de gatos pretos,
então, fugia deles como diabo da cruz.
Eu tinha um baita cagaço de sexta-feira 13,
então, não saía de casa e ficava na cama.
Eu tinha um baita cagaço de chinelo virado,
então, nunca comprei sapatos de quarto.
Eu tinha um baita cagaço de as minhas orelhas esquentarem,
então, vivia abanando as orelhas.
Eu tinha um baita cagaço de tempestade,
então, cobria os espelhos da casa.
Eu tinha um baita cagaço de tomar café no Sol,
então, só tomava café na sombra.
Eu tinha um baita cagaço de fazer xixi na cama,
então, só dormia de fraldão.
Eu tinha um baita cagaço de comunista,
então, nunca comi Citrullus lanatus.
Eu tinha um baita cagaço de capitalista,
então, nunca fui a Nova Iorque.
Eu tinha um baita cagaço da Santeria,
então, nunca fui a Cuba.
Eu tinha um baita cagaço de Sèvis Gine,
então, nunca fui ao Haiti.
Eu tinha um baita cagaço do Torquemada,
então, nem podia ouvir falar dele.
Eu tinha um baita cagaço do dr. Tibiriçá,
então, também nem podia ouvir falar dele.
Eu tinha um baita cagaço de tortura,
então, tinha horror de Estado de exceção.
Eu tinha um baita cagaço de mau-olhado e de inveja,
então, pendurava uma malagueta no pescoço.
Eu tinha um baita cagaço das crianças de rua,
então, dava meia-volta.
Eu tinha um baita cagaço de sem-teto,
então, também dava meia-volta.
Eu tinha um baita cagaço de ser livre e de caminhar,
então, nunca jamais segui a canção.
Eu tinha um baita cagaço de fazer a hora,
então, eu sempre esperava acontecer.
Eu tinha um baita cagaço do perfume das flores,
então, sempre preferi cheiro pólvora de canhão.
Eu tinha um baita cagaço dos partidos políticos,
então, vivia totalmente sem razão.
Eu tinha um baita cagaço de entender e de me libertar,
então, nunca quis aprender nenhuma nova lição.
Eu tinha um baita cagaço de mula-sem-cabeça,
então, carregava um extintor de incêndio.
Eu tinha um baita cagaço do Capitão Gancho,
então, nunca viajei à Terra do Nunca.
Eu tinha um baita cagaço do Zico Rosado,
então, nunca estive em Saramandaia.
Eu tinha um baita cagaço do Kim Jong-un,
então, nunca fiz turismo na Coréia do Norte.
Eu tinha um baita cagaço de OVNI e de ET,
então, não olhava pro céu.
Eu tinha um baita cagaço de ser traído,
então, nunca me casei.
Eu tinha um baita cagaço do Sr. Fernando Haddad,
então, votei no
Sr. Jair
Bolsonaro.
Eu tinha um baita cagaço do
Sr. Jair
Bolsonaro,
então, votei no
Sr. Fernando
Haddad.
Eu tinha um baita cagaço do João de Deus,
então, nunca fui a Abadiânia.
Eu tinha um baita cagaço da mãe-d'água,
então, nunca tirei férias em Pasárgada.
Eu tinha um baita cagaço de terrorista,
então, nunca viajei à Europa.
Eu tinha um baita cagaço do Krishnamurti,
então, nunca li os livros dele.
Eu tinha um baita cagaço do futuro,
então, vivia preso ao passado.
Eu tinha um baita cagaço do passado,
então, vivia sonhando com o futuro.
Eu tinha um baita cagaço do presente,
então, quase fiquei maluquete.
Eu tinha um baita cagaço do Quasímodo,2
então, nunca entrei na Catedral de Notre-Dame.
Eu tinha um baita cagaço de tudo,
então, vivia me mijando todinho.
Eu tinha um baita cagaço de ter um baita cagaço,
então, meu baita cagaço foi 'baita-cagaçando' até
o fim.
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Notas:
1. Frase
do arquiteto brasileiro Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho (Rio
de Janeiro, 15 de dezembro de 1907 – Rio de Janeiro, 5 de dezembro
de 2012): Todos
ficam falando que o Zé Alencar é isto, que o Zé Alencar
é aquilo. Mas, quem fez pilates e caminhou na praia hoje? Eu!
Oscar
Niemeyer
2. Quasimodo
é um corcunda de nascença que habita o campanário da
Catedral de Norte-Dame, afastado da sociedade e temido pelos habitantes
locais, e é o personagem central do livro Notre-Dame de Paris,
também conhecido como O Corcunda de Notre-Dame, publicado
em 1831 e de autoria do romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta,
artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês Victor-Marie
Hugo (Besançon, 26 de fevereiro de 1802 – Paris, 22 de maio
de 1885).
Victor-Marie
Hugo
Música
de fundo:
Pra
não Dizer que não Falei das Flores (também conhecida
como Caminhando)
Composição: Geraldo Vandré
Interpretação: Simone
Fonte:
http://www.verdetalles.info/?dows=b14Q59tPcK0
Páginas
da Internet consultadas:
https://www.causaoperaria.org.br/
http://moonbh.com.br/
https://iguinho.com.br/arte-gifs-animados.html
https://www.tumblr.com/tagged/animacao
https://pt.wikipedia.org/wiki/Quasimodo
Direitos
autorais:
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neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar
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