Sakineh
Mohammadi Ashtian
O
Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou, nesta segunda-feira
(16 de de agosto de 2010), que seu país não vai enviar
para o Brasil a mulher acusada de adultério, que foi condenada
à morte por apedrejamento. O Presidente fez a declaração
em uma entrevista à TV do seu país, recusando publicamente
a oferta do Governo Brasileiro de receber Sakineh Mohammadi Ashtiani.
— Há
um juiz envolvido no caso, e os juízes são independentes.
Mas eu conversei com o chefe do Poder Judiciário, e ele também
não concorda com
a proposta do Brasil —
disse Ahmadinejad. — Eu
acho que não há necessidade de criar algum problema
para o Presidente Lula e levá-la para o Brasil —
acrescentou.
A
sentença de apedrejamento para Ashtiani –
uma mulher de 43 anos de idade e mãe de dois filhos –
havia sido temporariamente suspensa depois que provocou protestos
dos Estados Unidos e de outros Governos, bem como de grupos de direitos
humanos. O Brasil, que tem relações amistosas com
o Irã, ofereceu asilo para Ashtiani.
Embora o Irã tenha
suspendido a sentença de lapidação de Ashtiani,
a condenação não foi cancelada, e a mulher
é, agora, acusada de desempenhar um papel no assassinato
de seu marido, em 2005. Ela ainda pode ser enforcada.
Na
semana passada, a televisão estatal iraniana transmitiu uma
suposta confissão de uma mulher identificada como Ashtiani,
admitindo ter sido cúmplice no assassinato de seu marido.
Seu advogado disse que suspeita que ela foi torturada para fazer
a declaração, mas ele não foi autorizado a
se reunir com ela desde a transmissão para poder confirmar
isto.
A
Human Rights Watch (ONG americana que faz pesquisa
e advoga no campo dos direitos humanos, tendo a sua sede em New
York) disse que Ashtiani foi acusada em 2006 de ter uma relação
ilícita com dois homens após a morte do marido, tendo
sido condenada por um tribunal a 99 chibatadas. Mais tarde, neste
mesmo ano, ela foi novamente acusada de adultério e condenada
a ser apedrejada até a morte.
Apesar
de não haver menção ao apedrejamento no Sagrado
Alcorão – que estipula a pena de cem chibatadas ou
de prisão perpétua para adúlteros – defensores
deste tipo de condenação afirmam que ela está
no Hadith (exposição com autoridade dos significados
do Alcorão), uma compilação sagrada de leis,
lendas e histórias sobre Maomé e, por isto, faz parte
da Shari'a – o código de Leis do Islamismo.
No
entanto, não há consenso na comunidade islâmica
sobre a validade da prática do apedrejamento. Em 2002, o
então chefe do Judiciário iraniano, o Aiatolá
Mahmoud Hashemi-Shahroudi, ordenou a suspensão das execuções
por apedrejamento. Contudo, juízes locais ainda podem ordenar
apedrejamentos, enquanto as leis não forem integradas.
De
minha parte, só tenho uma coisa a dizer: acho tudo isto uma
descabida horrorosidade.
Matéria
editada das fontes:
http://www.estadao.com.br/
http://g1.globo.com/mundo/noticia