Dizem-nos
que a política 'deve' ser simplificadora e maniqueísta. Sim,
claro, em sua concepção manipuladora que utiliza as pulsões
cegas.
A reforma do pensamento é
que permitiria o pleno emprego da inteligência para responder a esses
desafios e permitiria a ligação de duas culturas dissociadas.
Trata-se de uma reforma não-programática, mas paradigmática,
concernente à nossa aptidão para organizar o conhecimento...
A reforma do ensino deve levar à reforma do pensamento, e a reforma
do pensamento deve levar à reforma do ensino.
O Pensamento Complexo está
animado por uma tensão permanente entre a aspiração
a um saber não parcelado, não-dividido, não-reducionista
e o reconhecimento do inacabado e incompleto de todo conhecimento.
A
transdisciplinaridade1
significa mais do que disciplinas que colaboram entre si sem projeto com
um conhecimento comum a elas, mas significa também que há
um modo de pensar organizador que pode atravessar as disciplinas e que pode
dar uma espécie de unidade.
A
Sabedoria deve saber que traz em si uma contradição: é
louco viver muito sabiamente. Devemos reconhecer que, na loucura que é
o amor, há a Sabedoria do Amor. O Amor da Sabedoria – ou Filosofia
– tem falta de amor. O importante, na vida, é o Amor. Com todos
os perigos que carrega. Isto não é suficiente. Se o mal de
que sofremos e fazemos sofrer é a incompreensão de outrem,
a autojustificação, a mentira de si próprio ('self-deception'),
então a via da ética – e é aí que introduzirei
a Sabedoria – está no esforço de compreensão
e não na condenação, no auto-exame que comporta a autocrítica
e que se esforça por reconhecer a mentira de si próprio.
•
O erro e a ilusão:
a ciência se acostumou a sempre afastar o erro das suas
concepções. Precisamos integrar os erros nas concepções
para avançar no conhecimento.
• Conhecimento pertinente:
é preciso não aniquilar a idéia da disciplina,
mas rearticulá-la em outros contextos.
•
Ensinar a condição
humana: é reaprender que somos também naturais,
físicos, psíquicos, míticos, imaginários.
• Terra e pátria:
devemos ensinar aos alunos que a Terra é um pequeno planeta
que precisa ser sustentado a qualquer custo.
• Enfrentar as incertezas:
ensinar na escola a idéia da incerteza. Uma vez que o conhecimento
científico nunca é um produto absoluto de certezas,
devemos ser crivados pela idéia da incerteza.
• Ensinar a compreensão:
a compreensão deve ser o meio e o fim da comunicação
humana. O Planeta também precisa de mais compreensão.
• Ética do
gênero humano: o ensino da antropoética precisa ser
reintroduzido na escola; ela está ancorada em três
elementos interligados: o indivíduo, a sociedade e a espécie,
e não separados como se encontram nos dias atuais.
|
Todo
ser físico – cuja atividade comporta trabalho, transformação
e produção – pode ser concebido como máquina...
Quando evoquei as estrelas, 'máquinas/motores em fogo', não
era apenas uma imagem através da qual eu projetava no céu
os reflexos flamejantes de nossos cadinhos, caldeiras e forjas. Já
era para sugerir que a sua prodigiosa organização fazia dela
a máquina-mãe da qual nossas máquinas industriais terrestres
são os últimos abortos.
A
energia, cumprindo de maneira absoluta a atomização do mundo
físico, cumpre também a dominação da Natureza
pelo homem. Todo progresso na manipulação da energia corresponde
no mais a uma regressão do ser e da existência: o cavalo-vapor
expulsa o cavalo-bosta.
A
mensagem 'bons beijos', em tibetano, é ruído para meus ouvidos,
mesmo representando informação tibetana. A língua chinesa
é redundância para oitocentos milhões de chineses, entre
os quais ela é o código comum; para mim, é ruído.
Vê-se bem que informação e redundância viram ruídos
assim que não há mais código comum entre receptor e
emissor, já que a chave de sua distinção reside no
código.
Competência: aptidão
organizacional para condicionar ou determinar uma certa diversidade de ações
de transformações e de produções.
Práxis: conjunto de atividades
que efetuam transformações, produções, 'performances'
a partir da competência.
Trazemos conosco personalidades potenciais
que acontecimentos ou acidentes podem potencializar. Assim, a Revolução
fez surgir o gênio político ou militar nos jovens destinados
a uma carreira medíocre em uma época normal; a guerra provoca
o advento de heróis e de carrascos; a ditadura totalitária
transformou seres pálidos em monstros. O exercício incontrolado
do poder pode «tornar o sábio louco» (Alain), mas pode
tornar sábio o louco, e dar gênio ao medíocre, como
no caso de Hitler e Stalin. E também as possibilidades de gênio
ou de demência, de crueldade ou de bondade, de santidade ou de monstruosidade,
virtuais em todos os seres, podem desenvolver-se em circunstâncias
excepcionais. Inversamente, estas possibilidades nunca chegarão à
luz do dia na chamada vida normal: nos nossos dias, César seria funcionário
da CEE, Alexandre teria escrito uma vida de Aristóteles para uma
coleção de divulgação, Robespierre seria adjunto
de Pierre Mauroy na Câmara de Arras, e Bonaparte seria do séqüito
de Pascua.
Homeostase:
conjunto de processos orgânicos que agem para manter o estado estacionário.
Não
há conhecimento «espelho» do mundo objetivo. O conhecimento
é sempre tradução e construção. Resulta
daí que todas as observações e todas as concepções
devem incluir o conhecimento do observador-conceptualizador. Não
ao conhecimento sem autoconhecimento. Todo o conhecimento supõe ao
mesmo tempo separação e comunicação. Assim,
as possibilidades e os limites do conhecimento relevam do mesmo princípio
– o que permite o nosso conhecimento limita o nosso conhecimento,
e o que limita o nosso conhecimento permite o nosso conhecimento. O conhecimento
do conhecimento permite reconhecer as origens da incerteza do conhecimento
e os limites da lógica dedutiva-identitária. O aparecimento
de contradições e de antinomias em um desenvolvimento racional
assinala-nos os estratos profundos do real.
Emergência:
qualidade da parte enquanto 'controladora' do todo ou/(não) de diminuir
a competência de certas partes.
Por
mais diferentes que possam ser, os elementos ou indivíduos constituindo
um sistema têm, pelo menos, uma identidade comum de vinculação
à unidade global e de obediência às suas regras organizacionais.
Ser intelectual e fazer parte dos
intelectuais são duas coisas que simultaneamente se identificam e
se opõem. Há um determinismo de coletividade; assim, os gafanhotos
isolados são insetos amáveis, cada um devotado aos seus pequenos
assuntos, tendo cada um o seu comportamento. Mas, a partir de uma certa
densidade, de resto demasiado fraca, tornam-se uma turba onde as individualidades
desaparecem, perdem a sua cor esverdeada em troca de um uniforme e padronizado
amarelo-acizentado, adquirem um comportamento estereotipado e se transformam
em impiedosos devoradores, destruindo tudo o que for obstáculo ao
seu frenesim. Da mesma forma, os intelectuais são, isoladamente,
simpáticos indivíduos, cada um dedicado à sua obra,
mas a sua reunião em sociedade faz deles monstros.
O
que é um intelectual? Quando é que uma pessoa se torna intelectual?
Quer se seja escritor, universitário, cientista, artista ou advogado,
só se passa a ser intelectual, no meu sentido, quando se trata, por
meio de ensaio, de texto de revista, de artigo de jornal, de forma especializada
e para além do campo profissional estrito, dos problemas humanos,
morais, filosóficos e políticos. É então que
o escritor, o filósofo, o cientista se auto-instituem intelectuais.
O termo intelectual tem um significado missionário, divulgador, eventualmente
militante. Assim, a qualidade de intelectual não é determinada
pela pertença profissional à 'intelligentsia', antes vem do
uso ou da superação da profissão, nas e pelas idéias.
Assim, Sartre é um intelectual quando escreve 'L'Existencialisme
est un Humanisme' e anima a revista 'Les Temps Modernes'. Camus é
um intelectual quando escreve 'L'Homme Revolté' e faz editoriais
em 'Combat'. Aron é um intelectual quando participa no comitê
pela liberdade da cultura e publica as suas análises no 'Le Figaro'.
Na frente dos intelectuais há a raça bastarda dos escritores/escreventes
(como mais ou menos dizia Barthes, o escritor escreve para a escrita, o
escrevente escreve para as idéias). E o seu meio de expressão
mais adequado é o ensaio, gênero híbrido entre a Filosofia,
a Literatura o Jornalismo e a Sociologia.
Aquilo
que porta o pior perigo traz também as melhores esperanças:
é a própria mente humana, e é por isso que o problema
do pensamento tornou-se vital.
Doravante, precisamos aprender a
ser, viver, dividir e comunicar como humanos do planeta Terra, não
mais somente pertencer a uma cultura, mas também precisamos ser terrenos.
Quem
sou eu? A minha singularidade se dissolve quando a examino e, por fim, fico
convencido de que a minha singularidade vem de uma ausência de singularidade.
Tenho mesmo em mim algo de mimético que me impele de ser como os
outros. Na Itália sinto-me italiano e gostaria que os italianos me
sentissem como participante na sua italianidade. Outro dia, ao falar a um
auditório da Champanha senti-me champanhizado. Ah! sim, gostaria
de ser como eles! Adoro ser integrado e, contudo, não sou inteiramente
de uns e dos outros. Poderia ser de todo o lado, mas nem por isso me sinto
de alguma parte. Estou enraizado assim. Não
é o exercício de um talento singular nem a posse de uma admirável
verdade que me distinguem. Se me distingo é pelo uso não-inibido
ou cristalizado de uma máquina cerebral comum e pela minha preocupação
permanente em obedecer às regras primeiras desta máquina cognitiva:
ligar todo o conhecimento separado, contextualizá-lo, situar todas
as verdades parciais no conjunto de que fazem parte.
Todas
as culturas têm virtudes, experiências, sabedorias, ao mesmo
tempo em que carências e ignorâncias.
O
conhecimento do conhecimento ensina-nos que apenas conhecemos uma pequena
película da realidade. A única realidade que é cognoscível
é co-produzida pelo espírito humano, com a ajuda do imaginário.
O real e o imaginário estão entretecidos e formam o complexo
dos nossos seres e das nossas vidas. A realidade humana, em si mesma, é
semi-imaginária. A realidade é apenas humana, e apenas parcialmente
real.
Civilizar
e solidarizar a Terra, transformar a espécie humana em verdadeira
Humanidade torna-se o objetivo fundamental e global de toda educação
que aspira não apenas ao progresso, mas à sobrevida da Humanidade.
A crueldade é constitutiva
do Universo. A crueldade é o preço a pagar pela grande solidariedade
da biosfera. A crueldade é ineliminável da vida humana. Nascemos
na crueldade do mundo e da vida, a que acrescentamos a crueldade do ser
humano e a crueldade da sociedade humana. Os recém-nascidos nascem
com gritos de dor. Os animais dotados de sistemas nervosos sofrem, talvez
os vegetais também, mas foram os humanos que adquiriram as maiores
aptidões para o sofrimento ao adquirirem as maiores aptidões
para a fruição. A crueldade do mundo é sentida mais
vivamente e mais violentamente pelas criaturas de carne, alma e espírito,
que podem sofrer ao mesmo tempo com o sofrimento carnal, com o sofrimento
da alma e com o sofrimento do espírito, e que, pelo espírito,
podem conceber a crueldade do mundo e horrorizar-se com ela. A crueldade
entre homens, indivíduos, grupos, etnias, religiões, raças
é aterradora. O ser humano contém em si um ruído de
monstros que liberta em todas as ocasiões favoráveis. O ódio
desencadeia-se por um pequeno nada, por um esquecimento, pela sorte de outrem,
por um favor que se julga perdido. O ódio abstrato por uma idéia
ou por uma religião transforma-se em ódio concreto por um
indivíduo ou um grupo; o ódio demente desencadeia-se por um
erro de percepção ou de interpretação. O egoísmo,
o desprezo, a indiferença, a desatenção agravam por
todo o lado e sem tréguas a crueldade do mundo humano. E no subsolo
das sociedades civilizadas torturam-se animais para o matadouro ou a experimentação.
Por saturação, o excesso de crueldade alimenta a indiferença
e a desatenção, e, de resto, ninguém poderia suportar
a vida se não conservasse em si um calo de indiferença.
Agora
que você viu essa animação horrenda aí, veja
isto:
http://www.youtube.com/watch?v=P9F
yey4D5hg&feature=player_embedded
Continuando:
A
inquietude não deve ser negada, mas remetida para novos horizontes
e se tornar nosso próprio horizonte.
Todo
conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão. A educação
do futuro deve enfrentar o problema de dupla face do erro e da ilusão.
O maior erro seria subestimar o problema do erro; a maior ilusão
seria subestimar o problema da ilusão. O reconhecimento do erro e
da ilusão é ainda mais difícil, porque o erro e a ilusão
não se reconhecem como tal.
Um
trabalho tem sentido para uma pessoa quando ela o acha importante, útil
e legítimo.
Trindade
humana:
a trindade indivíduo-sociedade-espírito; a trindade cérebro-cultura-mente;
a trindade razão-afetividade-pulsão; ela própria expressão
e emergência da triunicidade do cérebro, que contém
as heranças dos répteis e dos mamíferos.
O
ser humano é complexo e traz em si, de modo bipolarizado, caracteres
antagonistas: 'sapiens' e 'demens' (sábio e louco), 'faber' e 'ludens'
(trabalhador e lúdico), 'empiricus' e 'imaginarius' (empírico
e imaginário), 'economicus' e 'consumans' (econômico e consumista),
'prosaicus' e 'poeticus' (prosaico e poético).
Para
que haja a religação dos saberes, é necessário:
1 - formar espíritos capazes de organizar seus conhecimentos em vez
de armazená-los por uma acumulação de saberes; 2 -
ensinar a condição humana; 3 - ensinar a viver; e 4 - refazer
uma escola de cidadania.
O problema do conhecimento acha-se
no coração do problema da vida.
A Humanidade deixou de constituir
uma noção abstrata: é realidade vital, pois está,
doravante, pela primeira vez ameaçada de morte; a Humanidade deixou
de constituir uma noção somente ideal, tornou-se uma comunidade
de vida; a Humanidade é, daqui em diante, sobretudo, uma noção
ética: é o que deve ser realizado por todos em cada um.
É extraordinário que
uma idéia tão fundamental como o sistema aberto tenha também
tardia e localmente emergido (o que já mostra que o mais difícil
de perceber é a evidência). Com efeito, está presente,
mas não explicitamente liberta em certas teorias, particularmente
em Freud, onde o Eu é um sistema aberto simultaneamente sobre o isso
e o superego, apenas podendo se constituir a partir de um ou de outro, mantendo
relações ambíguas, mas fundamentais com um e com outro.
Os elementos simples já não
são mais a âncora onde apoiar conceitos. Já não
há mais solo firme; a 'matéria' já não é
a realidade maciça elementar e simples à qual se podia reduzir
a 'physis'. O espaço e o tempo já não são mais
entidades absolutas e independentes. Já não há mais
não apenas uma base empírica simples, mas uma base lógica
simples (noções claras e distintas, realidade não-ambivalente,
não-contraditória, estritamente determinada) para constituir
o substrato físico. Daí uma conseqüência capital:
o simples (as categorias da física clássica que constituíam
o modelo de qualquer ciência) não é mais o fundamento
de todas as coisas, mas uma passagem, um momento entre complexidades, a
complexidade microfísica e a complexidade macrocosmo-física.
O
pensamento neoliberal fornece hoje um modelo de universidade que precisa
ser revisto, para que a reforma educacional acompanhe uma reforma moral
e melhore a qualidade de vida. Para isso, é preciso mudar nosso modo
de pensar. No lugar de separar o conhecimento em compartimentos, devemos
pensar como a complexidade pode levar a um conexão entre vários
modos de pensar.
Não acredito em religiões
de revelação, como o Cristianismo e o Islamismo, mas, além
delas e das arcaicas, existe ainda uma terceira religião, que eu
classificaria de laica ou a religião da fraternidade humana. Estamos
perdidos em um pequeno planeta dentro de um sistema e, justamente por estarmos
perdidos, precisamos ajudar uns aos outros.
Os
trunfos do Brasil, em relação ao restante do mundo, estão
na miscigenação cultural e na biodiversidade da Amazônia.
Se o País souber aproveitar isso, poderá assumir a liderança
mundial em um projeto reformista que implique uma mudança multidimensional
conduzida por homens de boa vontade para criar uma nova civilização.
Eu
prefiro trocar a palavra revolução, que está desgastada
pelo uso, por metamorfose. E por quê? Porque a palavra revolução
foi reduzida a uma dimensão violenta. Esta violência cria apenas
sistemas autoritários, como bem provou a União Soviética.
Já a metamorfose permite uma transformação natural
e radical como a de uma borboleta, que se destrói e se constrói
para se transformar, para adquirir novas habilidades, como a de voar.
Chegamos
ao momento crítico da situação. Israel não abre
mão de seu atual modelo de desenvolvimento econômico, que implica
em expansão territorial e afirmação de sua marca colonizadora.
O tempo da paz se desintegrou. Vale dizer: Israel passou de uma concessão
sionista, socialista, de esquerda, para uma concepção nacionalista,
com a religião ocupando cada vez mais o papel principal nessa história.
Acho que essa desintegração impede que qualquer tipo de negociação
de fato aconteça. Além disso, há o problema da Palestina,
dividida em duas, sendo o Hamas outro grande obstáculo para a paz.
Infelizmente, mesmo com a mudança da política americana após
a saída de Bush, Obama ainda terá de enfrentar o conservadorismo
de quem detém o poder em Israel. Temos a solução nas
mãos, mas a política de Israel é contra ela. Só
acredito em uma pressão internacional forte dos EUA e da Europa,
que até agora se mostrou passiva.
Não diria que se trata propriamente
de um conflito entre o mundo moderno e a ancestralidade. Seria um choque
de civilizações, se o mundo muçulmano não estivesse
ocidentalizado. O problema é a identificação da cultura
islâmica com o radicalismo de organizações terroristas.
No desespero dos países árabes-islâmicos, onde a Democracia
fracassou, o povo se agarra na lei islâmica com tábua de salvação.
Ocorre o mesmo do lado de Israel, onde a visão religiosa escamoteia
um problema nacionalista. Não se trata, mais uma vez, de um choque
das civilizações, mas de um retorno à barbárie.
É
preciso, antes de consumir, recuperar o hábito de reparar os objetos,
para que o mundo não vire um depósito de sucata.
A
crise da Humanidade deve-se em parte a uma crise do pensamento. A Filosofia
contemporânea está muito presa ao passado. O mundo dos intelectuais
é, ao mesmo tempo, positivo e negativo. Nunca se precisou tanto deles
e, ao mesmo tempo, nunca se viu tanta superficialidade nesse mundo.
Cada
humano, homem ou mulher, traz consigo a presença mais ou menos abafada,
mais ou menos forte, do outro sexo.
O amor frustrado transforma-se facilmente
em ódio.
Ainda
hoje, em uma sociedade de direito, o sentimento de justiça é
vivido como vingança e castigo.
A
experiência do totalitarismo destacou a natureza fundamental da Democracia:
a sua ligação vital com a diversidade. A Democracia espera
e nutre a diversidade de interesses e a diversidade de idéias. Respeito
à diversidade significa que a Democracia não pode ser identificada
com a ditadura da maioria sobre as minorias, que deve incluir o direito
das minorias e dos manifestantes sobre a existência e a expressão,
e deve permitir a expressão das idéias heréticas marginalizadas.
A
política é a arte de incerteza, o que leva a um princípio
de incerteza política generalizada.
Por
si mesma, a experimentação científica é uma
técnica de manipulação, bem como o desenvolvimento
da ciência experimental desenvolve poderes de manipulação
da ciência sobre as coisas físicas e os seres.
O
câncer palestino-israelense se formou, alimentando-se, por um lado,
da angústia histórica de um povo perseguido no passado e de
sua insegurança geográfica; por outro, da infelicidade de
um povo perseguido no seu presente e privado de direitos políticos.
É
a consciência de ter sido vítima que permite a Israel se tornar
opressor do povo palestino. A 'Shoah', que singulariza o destino vitimário
judeu e banaliza todos os outros (do 'Gulag', dos ciganos, dos africanos
escravizados, dos índios das Américas), torna-se a legitimação
de um colonialismo, de um 'apartheid' e de uma guetificação
para os palestinos.
Os
judeus de Israel, descendentes das vítimas de um 'apartheid' denominado
'ghetto', guetificam os palestinos. Os judeus que foram humilhados, desprezados,
perseguidos, humilham, desprezam e perseguem os palestinos. Os judeus, que
foram vítimas de uma ordem impiedosa, impõem sua ordem impiedosa
aos palestinos. Os judeus, vítimas da desumanidade, mostram uma terrível
desumanidade.
Afinal,
de que serviriam todos os saberes parciais senão para formar uma
configuração que responda às nossas expectativas, aos
nossos desejos, às nossas interrogações cognitivas?
Bases
do pensamento complexo: Juntar coisas que estavam separadas,
fazer circular o efeito sobre a causa e não dissociar a parte do
todo. O todo está na parte assim como a parte está no todo.
Qualquer
reforma do ensino e da educação começa com a reforma
dos educadores. (Karl Heinrich
Marx, apud Edgar Morin sempre que trata da questão do pensamento
complexo e da reforma dos educadores no processo de criação
de uma nova educação).