EDGAR MORIN
(Reflexões Sociofilosóficas)

 

 

 

Edgar Morin

Edgar Morin

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo apresenta uma pequena coleção de reflexões sociofilosóficas de Edgar Morin.

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum (Paris, 8 de julho 1921), é um antropólogo, sociólogo e filósofo francês judeu de origem sefardita.

 

É pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. É autor de mais de trinta livros, entre eles: O Método (6 volumes), Introdução ao Pensamento Complexo, Ciência com Consciência e Os Sete Saberes Necessários para a Educação do Futuro.

 

Durante a Segunda Guerra Mundial, participou da Resistência Francesa.

 

É considerado um dos principais pensadores contemporâneos e um dos principais teóricos da complexidade.

 

No campo da Ecologia, Edgar Morin afirma a necessidade de ecologizar o pensamento, diante do fato de que a nossa cultura e a nossa civilização baseiam-se em valores e visões de mundo dissociadas das leis da Natureza (uma visão antropocêntrica, ou seja, o homem como o centro de tudo), o que resulta na crescente degradação ambiental, acumulação de resíduos, perda de sustentabilidade e extinção das espécies.

 

 

 

 

Reflexões Sociofilosóficas

 

 

 

Edgar Morin

Edgar Morin

 

 

 

 

Dizem-nos que a política 'deve' ser simplificadora e maniqueísta. Sim, claro, em sua concepção manipuladora que utiliza as pulsões cegas.

 

A reforma do pensamento é que permitiria o pleno emprego da inteligência para responder a esses desafios e permitiria a ligação de duas culturas dissociadas. Trata-se de uma reforma não-programática, mas paradigmática, concernente à nossa aptidão para organizar o conhecimento... A reforma do ensino deve levar à reforma do pensamento, e a reforma do pensamento deve levar à reforma do ensino.

 

O Pensamento Complexo está animado por uma tensão permanente entre a aspiração a um saber não parcelado, não-dividido, não-reducionista e o reconhecimento do inacabado e incompleto de todo conhecimento.

 

A transdisciplinaridade1 significa mais do que disciplinas que colaboram entre si sem projeto com um conhecimento comum a elas, mas significa também que há um modo de pensar organizador que pode atravessar as disciplinas e que pode dar uma espécie de unidade.

 

 

 

 

A Sabedoria deve saber que traz em si uma contradição: é louco viver muito sabiamente. Devemos reconhecer que, na loucura que é o amor, há a Sabedoria do Amor. O Amor da Sabedoria – ou Filosofia – tem falta de amor. O importante, na vida, é o Amor. Com todos os perigos que carrega. Isto não é suficiente. Se o mal de que sofremos e fazemos sofrer é a incompreensão de outrem, a autojustificação, a mentira de si próprio ('self-deception'), então a via da ética – e é aí que introduzirei a Sabedoria – está no esforço de compreensão e não na condenação, no auto-exame que comporta a autocrítica e que se esforça por reconhecer a mentira de si próprio.

 

 

 

O erro e a ilusão: a ciência se acostumou a sempre afastar o erro das suas concepções. Precisamos integrar os erros nas concepções para avançar no conhecimento.

 

Conhecimento pertinente: é preciso não aniquilar a idéia da disciplina, mas rearticulá-la em outros contextos.

 

Ensinar a condição humana: é reaprender que somos também naturais, físicos, psíquicos, míticos, imaginários.

 

Terra e pátria: devemos ensinar aos alunos que a Terra é um pequeno planeta que precisa ser sustentado a qualquer custo.

 

Enfrentar as incertezas: ensinar na escola a idéia da incerteza. Uma vez que o conhecimento científico nunca é um produto absoluto de certezas, devemos ser crivados pela idéia da incerteza.

 

Ensinar a compreensão: a compreensão deve ser o meio e o fim da comunicação humana. O Planeta também precisa de mais compreensão.

 

Ética do gênero humano: o ensino da antropoética precisa ser reintroduzido na escola; ela está ancorada em três elementos interligados: o indivíduo, a sociedade e a espécie, e não separados como se encontram nos dias atuais.

 

 

 

Todo ser físico – cuja atividade comporta trabalho, transformação e produção – pode ser concebido como máquina... Quando evoquei as estrelas, 'máquinas/motores em fogo', não era apenas uma imagem através da qual eu projetava no céu os reflexos flamejantes de nossos cadinhos, caldeiras e forjas. Já era para sugerir que a sua prodigiosa organização fazia dela a máquina-mãe da qual nossas máquinas industriais terrestres são os últimos abortos.

 

A energia, cumprindo de maneira absoluta a atomização do mundo físico, cumpre também a dominação da Natureza pelo homem. Todo progresso na manipulação da energia corresponde no mais a uma regressão do ser e da existência: o cavalo-vapor expulsa o cavalo-bosta.

 

 

 

A mensagem 'bons beijos', em tibetano, é ruído para meus ouvidos, mesmo representando informação tibetana. A língua chinesa é redundância para oitocentos milhões de chineses, entre os quais ela é o código comum; para mim, é ruído. Vê-se bem que informação e redundância viram ruídos assim que não há mais código comum entre receptor e emissor, já que a chave de sua distinção reside no código.

 

Competência: aptidão organizacional para condicionar ou determinar uma certa diversidade de ações de transformações e de produções.

 

Práxis: conjunto de atividades que efetuam transformações, produções, 'performances' a partir da competência.

 

Trazemos conosco personalidades potenciais que acontecimentos ou acidentes podem potencializar. Assim, a Revolução fez surgir o gênio político ou militar nos jovens destinados a uma carreira medíocre em uma época normal; a guerra provoca o advento de heróis e de carrascos; a ditadura totalitária transformou seres pálidos em monstros. O exercício incontrolado do poder pode «tornar o sábio louco» (Alain), mas pode tornar sábio o louco, e dar gênio ao medíocre, como no caso de Hitler e Stalin. E também as possibilidades de gênio ou de demência, de crueldade ou de bondade, de santidade ou de monstruosidade, virtuais em todos os seres, podem desenvolver-se em circunstâncias excepcionais. Inversamente, estas possibilidades nunca chegarão à luz do dia na chamada vida normal: nos nossos dias, César seria funcionário da CEE, Alexandre teria escrito uma vida de Aristóteles para uma coleção de divulgação, Robespierre seria adjunto de Pierre Mauroy na Câmara de Arras, e Bonaparte seria do séqüito de Pascua.

 

Homeostase: conjunto de processos orgânicos que agem para manter o estado estacionário.

 

Não há conhecimento «espelho» do mundo objetivo. O conhecimento é sempre tradução e construção. Resulta daí que todas as observações e todas as concepções devem incluir o conhecimento do observador-conceptualizador. Não ao conhecimento sem autoconhecimento. Todo o conhecimento supõe ao mesmo tempo separação e comunicação. Assim, as possibilidades e os limites do conhecimento relevam do mesmo princípio – o que permite o nosso conhecimento limita o nosso conhecimento, e o que limita o nosso conhecimento permite o nosso conhecimento. O conhecimento do conhecimento permite reconhecer as origens da incerteza do conhecimento e os limites da lógica dedutiva-identitária. O aparecimento de contradições e de antinomias em um desenvolvimento racional assinala-nos os estratos profundos do real.

 

Emergência: qualidade da parte enquanto 'controladora' do todo ou/(não) de diminuir a competência de certas partes.

 

Por mais diferentes que possam ser, os elementos ou indivíduos constituindo um sistema têm, pelo menos, uma identidade comum de vinculação à unidade global e de obediência às suas regras organizacionais.

 

Ser intelectual e fazer parte dos intelectuais são duas coisas que simultaneamente se identificam e se opõem. Há um determinismo de coletividade; assim, os gafanhotos isolados são insetos amáveis, cada um devotado aos seus pequenos assuntos, tendo cada um o seu comportamento. Mas, a partir de uma certa densidade, de resto demasiado fraca, tornam-se uma turba onde as individualidades desaparecem, perdem a sua cor esverdeada em troca de um uniforme e padronizado amarelo-acizentado, adquirem um comportamento estereotipado e se transformam em impiedosos devoradores, destruindo tudo o que for obstáculo ao seu frenesim. Da mesma forma, os intelectuais são, isoladamente, simpáticos indivíduos, cada um dedicado à sua obra, mas a sua reunião em sociedade faz deles monstros.

 

O que é um intelectual? Quando é que uma pessoa se torna intelectual? Quer se seja escritor, universitário, cientista, artista ou advogado, só se passa a ser intelectual, no meu sentido, quando se trata, por meio de ensaio, de texto de revista, de artigo de jornal, de forma especializada e para além do campo profissional estrito, dos problemas humanos, morais, filosóficos e políticos. É então que o escritor, o filósofo, o cientista se auto-instituem intelectuais. O termo intelectual tem um significado missionário, divulgador, eventualmente militante. Assim, a qualidade de intelectual não é determinada pela pertença profissional à 'intelligentsia', antes vem do uso ou da superação da profissão, nas e pelas idéias. Assim, Sartre é um intelectual quando escreve 'L'Existencialisme est un Humanisme' e anima a revista 'Les Temps Modernes'. Camus é um intelectual quando escreve 'L'Homme Revolté' e faz editoriais em 'Combat'. Aron é um intelectual quando participa no comitê pela liberdade da cultura e publica as suas análises no 'Le Figaro'. Na frente dos intelectuais há a raça bastarda dos escritores/escreventes (como mais ou menos dizia Barthes, o escritor escreve para a escrita, o escrevente escreve para as idéias). E o seu meio de expressão mais adequado é o ensaio, gênero híbrido entre a Filosofia, a Literatura o Jornalismo e a Sociologia.

 

Aquilo que porta o pior perigo traz também as melhores esperanças: é a própria mente humana, e é por isso que o problema do pensamento tornou-se vital.

 

Doravante, precisamos aprender a ser, viver, dividir e comunicar como humanos do planeta Terra, não mais somente pertencer a uma cultura, mas também precisamos ser terrenos.

 

Quem sou eu? A minha singularidade se dissolve quando a examino e, por fim, fico convencido de que a minha singularidade vem de uma ausência de singularidade. Tenho mesmo em mim algo de mimético que me impele de ser como os outros. Na Itália sinto-me italiano e gostaria que os italianos me sentissem como participante na sua italianidade. Outro dia, ao falar a um auditório da Champanha senti-me champanhizado. Ah! sim, gostaria de ser como eles! Adoro ser integrado e, contudo, não sou inteiramente de uns e dos outros. Poderia ser de todo o lado, mas nem por isso me sinto de alguma parte. Estou enraizado assim. Não é o exercício de um talento singular nem a posse de uma admirável verdade que me distinguem. Se me distingo é pelo uso não-inibido ou cristalizado de uma máquina cerebral comum e pela minha preocupação permanente em obedecer às regras primeiras desta máquina cognitiva: ligar todo o conhecimento separado, contextualizá-lo, situar todas as verdades parciais no conjunto de que fazem parte.

 

Todas as culturas têm virtudes, experiências, sabedorias, ao mesmo tempo em que carências e ignorâncias.

 

O conhecimento do conhecimento ensina-nos que apenas conhecemos uma pequena película da realidade. A única realidade que é cognoscível é co-produzida pelo espírito humano, com a ajuda do imaginário. O real e o imaginário estão entretecidos e formam o complexo dos nossos seres e das nossas vidas. A realidade humana, em si mesma, é semi-imaginária. A realidade é apenas humana, e apenas parcialmente real.

 

Civilizar e solidarizar a Terra, transformar a espécie humana em verdadeira Humanidade torna-se o objetivo fundamental e global de toda educação que aspira não apenas ao progresso, mas à sobrevida da Humanidade.

 

A crueldade é constitutiva do Universo. A crueldade é o preço a pagar pela grande solidariedade da biosfera. A crueldade é ineliminável da vida humana. Nascemos na crueldade do mundo e da vida, a que acrescentamos a crueldade do ser humano e a crueldade da sociedade humana. Os recém-nascidos nascem com gritos de dor. Os animais dotados de sistemas nervosos sofrem, talvez os vegetais também, mas foram os humanos que adquiriram as maiores aptidões para o sofrimento ao adquirirem as maiores aptidões para a fruição. A crueldade do mundo é sentida mais vivamente e mais violentamente pelas criaturas de carne, alma e espírito, que podem sofrer ao mesmo tempo com o sofrimento carnal, com o sofrimento da alma e com o sofrimento do espírito, e que, pelo espírito, podem conceber a crueldade do mundo e horrorizar-se com ela. A crueldade entre homens, indivíduos, grupos, etnias, religiões, raças é aterradora. O ser humano contém em si um ruído de monstros que liberta em todas as ocasiões favoráveis. O ódio desencadeia-se por um pequeno nada, por um esquecimento, pela sorte de outrem, por um favor que se julga perdido. O ódio abstrato por uma idéia ou por uma religião transforma-se em ódio concreto por um indivíduo ou um grupo; o ódio demente desencadeia-se por um erro de percepção ou de interpretação. O egoísmo, o desprezo, a indiferença, a desatenção agravam por todo o lado e sem tréguas a crueldade do mundo humano. E no subsolo das sociedades civilizadas torturam-se animais para o matadouro ou a experimentação. Por saturação, o excesso de crueldade alimenta a indiferença e a desatenção, e, de resto, ninguém poderia suportar a vida se não conservasse em si um calo de indiferença.

 

 

 

Agora que você viu essa animação horrenda aí, veja isto:

http://www.youtube.com/watch?v=P9F
yey4D5hg&feature=player_embedded

 

Continuando:

A inquietude não deve ser negada, mas remetida para novos horizontes e se tornar nosso próprio horizonte.

 

Todo conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão. A educação do futuro deve enfrentar o problema de dupla face do erro e da ilusão. O maior erro seria subestimar o problema do erro; a maior ilusão seria subestimar o problema da ilusão. O reconhecimento do erro e da ilusão é ainda mais difícil, porque o erro e a ilusão não se reconhecem como tal.

 

Um trabalho tem sentido para uma pessoa quando ela o acha importante, útil e legítimo.

 

Trindade humana: a trindade indivíduo-sociedade-espírito; a trindade cérebro-cultura-mente; a trindade razão-afetividade-pulsão; ela própria expressão e emergência da triunicidade do cérebro, que contém as heranças dos répteis e dos mamíferos.

 

O ser humano é complexo e traz em si, de modo bipolarizado, caracteres antagonistas: 'sapiens' e 'demens' (sábio e louco), 'faber' e 'ludens' (trabalhador e lúdico), 'empiricus' e 'imaginarius' (empírico e imaginário), 'economicus' e 'consumans' (econômico e consumista), 'prosaicus' e 'poeticus' (prosaico e poético).

 

Para que haja a religação dos saberes, é necessário: 1 - formar espíritos capazes de organizar seus conhecimentos em vez de armazená-los por uma acumulação de saberes; 2 - ensinar a condição humana; 3 - ensinar a viver; e 4 - refazer uma escola de cidadania.

 

O problema do conhecimento acha-se no coração do problema da vida.

 

A Humanidade deixou de constituir uma noção abstrata: é realidade vital, pois está, doravante, pela primeira vez ameaçada de morte; a Humanidade deixou de constituir uma noção somente ideal, tornou-se uma comunidade de vida; a Humanidade é, daqui em diante, sobretudo, uma noção ética: é o que deve ser realizado por todos em cada um.

 

É extraordinário que uma idéia tão fundamental como o sistema aberto tenha também tardia e localmente emergido (o que já mostra que o mais difícil de perceber é a evidência). Com efeito, está presente, mas não explicitamente liberta em certas teorias, particularmente em Freud, onde o Eu é um sistema aberto simultaneamente sobre o isso e o superego, apenas podendo se constituir a partir de um ou de outro, mantendo relações ambíguas, mas fundamentais com um e com outro.

 

Os elementos simples já não são mais a âncora onde apoiar conceitos. Já não há mais solo firme; a 'matéria' já não é a realidade maciça elementar e simples à qual se podia reduzir a 'physis'. O espaço e o tempo já não são mais entidades absolutas e independentes. Já não há mais não apenas uma base empírica simples, mas uma base lógica simples (noções claras e distintas, realidade não-ambivalente, não-contraditória, estritamente determinada) para constituir o substrato físico. Daí uma conseqüência capital: o simples (as categorias da física clássica que constituíam o modelo de qualquer ciência) não é mais o fundamento de todas as coisas, mas uma passagem, um momento entre complexidades, a complexidade microfísica e a complexidade macrocosmo-física.

 

O pensamento neoliberal fornece hoje um modelo de universidade que precisa ser revisto, para que a reforma educacional acompanhe uma reforma moral e melhore a qualidade de vida. Para isso, é preciso mudar nosso modo de pensar. No lugar de separar o conhecimento em compartimentos, devemos pensar como a complexidade pode levar a um conexão entre vários modos de pensar.

Não acredito em religiões de revelação, como o Cristianismo e o Islamismo, mas, além delas e das arcaicas, existe ainda uma terceira religião, que eu classificaria de laica ou a religião da fraternidade humana. Estamos perdidos em um pequeno planeta dentro de um sistema e, justamente por estarmos perdidos, precisamos ajudar uns aos outros.

 

Os trunfos do Brasil, em relação ao restante do mundo, estão na miscigenação cultural e na biodiversidade da Amazônia. Se o País souber aproveitar isso, poderá assumir a liderança mundial em um projeto reformista que implique uma mudança multidimensional conduzida por homens de boa vontade para criar uma nova civilização.

 

Eu prefiro trocar a palavra revolução, que está desgastada pelo uso, por metamorfose. E por quê? Porque a palavra revolução foi reduzida a uma dimensão violenta. Esta violência cria apenas sistemas autoritários, como bem provou a União Soviética. Já a metamorfose permite uma transformação natural e radical como a de uma borboleta, que se destrói e se constrói para se transformar, para adquirir novas habilidades, como a de voar.

 

Chegamos ao momento crítico da situação. Israel não abre mão de seu atual modelo de desenvolvimento econômico, que implica em expansão territorial e afirmação de sua marca colonizadora. O tempo da paz se desintegrou. Vale dizer: Israel passou de uma concessão sionista, socialista, de esquerda, para uma concepção nacionalista, com a religião ocupando cada vez mais o papel principal nessa história. Acho que essa desintegração impede que qualquer tipo de negociação de fato aconteça. Além disso, há o problema da Palestina, dividida em duas, sendo o Hamas outro grande obstáculo para a paz. Infelizmente, mesmo com a mudança da política americana após a saída de Bush, Obama ainda terá de enfrentar o conservadorismo de quem detém o poder em Israel. Temos a solução nas mãos, mas a política de Israel é contra ela. Só acredito em uma pressão internacional forte dos EUA e da Europa, que até agora se mostrou passiva.

 

Não diria que se trata propriamente de um conflito entre o mundo moderno e a ancestralidade. Seria um choque de civilizações, se o mundo muçulmano não estivesse ocidentalizado. O problema é a identificação da cultura islâmica com o radicalismo de organizações terroristas. No desespero dos países árabes-islâmicos, onde a Democracia fracassou, o povo se agarra na lei islâmica com tábua de salvação. Ocorre o mesmo do lado de Israel, onde a visão religiosa escamoteia um problema nacionalista. Não se trata, mais uma vez, de um choque das civilizações, mas de um retorno à barbárie.

 

É preciso, antes de consumir, recuperar o hábito de reparar os objetos, para que o mundo não vire um depósito de sucata.

 

 

 

A crise da Humanidade deve-se em parte a uma crise do pensamento. A Filosofia contemporânea está muito presa ao passado. O mundo dos intelectuais é, ao mesmo tempo, positivo e negativo. Nunca se precisou tanto deles e, ao mesmo tempo, nunca se viu tanta superficialidade nesse mundo.

 

Cada humano, homem ou mulher, traz consigo a presença mais ou menos abafada, mais ou menos forte, do outro sexo.

 

O amor frustrado transforma-se facilmente em ódio.

 

Ainda hoje, em uma sociedade de direito, o sentimento de justiça é vivido como vingança e castigo.

 

A experiência do totalitarismo destacou a natureza fundamental da Democracia: a sua ligação vital com a diversidade. A Democracia espera e nutre a diversidade de interesses e a diversidade de idéias. Respeito à diversidade significa que a Democracia não pode ser identificada com a ditadura da maioria sobre as minorias, que deve incluir o direito das minorias e dos manifestantes sobre a existência e a expressão, e deve permitir a expressão das idéias heréticas marginalizadas.

 

A política é a arte de incerteza, o que leva a um princípio de incerteza política generalizada.

 

Por si mesma, a experimentação científica é uma técnica de manipulação, bem como o desenvolvimento da ciência experimental desenvolve poderes de manipulação da ciência sobre as coisas físicas e os seres.

 

O câncer palestino-israelense se formou, alimentando-se, por um lado, da angústia histórica de um povo perseguido no passado e de sua insegurança geográfica; por outro, da infelicidade de um povo perseguido no seu presente e privado de direitos políticos.

 

É a consciência de ter sido vítima que permite a Israel se tornar opressor do povo palestino. A 'Shoah', que singulariza o destino vitimário judeu e banaliza todos os outros (do 'Gulag', dos ciganos, dos africanos escravizados, dos índios das Américas), torna-se a legitimação de um colonialismo, de um 'apartheid' e de uma guetificação para os palestinos.

 

Os judeus de Israel, descendentes das vítimas de um 'apartheid' denominado 'ghetto', guetificam os palestinos. Os judeus que foram humilhados, desprezados, perseguidos, humilham, desprezam e perseguem os palestinos. Os judeus, que foram vítimas de uma ordem impiedosa, impõem sua ordem impiedosa aos palestinos. Os judeus, vítimas da desumanidade, mostram uma terrível desumanidade.

 

Afinal, de que serviriam todos os saberes parciais senão para formar uma configuração que responda às nossas expectativas, aos nossos desejos, às nossas interrogações cognitivas?

 

Bases do pensamento complexo: Juntar coisas que estavam separadas, fazer circular o efeito sobre a causa e não dissociar a parte do todo. O todo está na parte assim como a parte está no todo.

 

Qualquer reforma do ensino e da educação começa com a reforma dos educadores. (Karl Heinrich Marx, apud Edgar Morin sempre que trata da questão do pensamento complexo e da reforma dos educadores no processo de criação de uma nova educação).







 

 

 

 

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Nota:

1. A transdisciplinaridade é uma abordagem científica que visa a unidade do conhecimento. Desta forma, procura estimular uma nova compreensão da realidade articulando elementos que passam entre, além e através das disciplinas, numa busca de compreensão da complexidade.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www-antenna.ee.titech.ac.jp/~hira/
hobby/edu/em/smalldipole/smalldipole.html

http://www.dartmouth.edu/~matc/math5.
pattern/lesson1studentMandalas.html

http://semanaholisticadeosasco.wordpress.com/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecologizar

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Transdisciplinaridade

http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Morin

http://www.frasesypensamientos.com.ar/
autor/edgar-morin.html

http://sitiodascitacoes.net/category/
autores/edgar-morin-autores/

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/
20090802/not_imp412201,0.php

http://blogs.universia.com.br/alfredopassos/
2009/08/03/o-pensamento-de-edgar-morin-frases/

http://www.sppa.org.br/
sumarios/vol_30/10.php

http://www.usjt.br/cursos/
direito/arquivos/ilusao.pdf

http://revistas.unipar.br/educere/
article/viewFile/1508/1326

http://www.construirnoticias.com.br/
asp/materia.asp?id=1631

http://pensador.uol.com.br/
autor/Edgar_Morin/

http://www.ronaud.com/frases-
pensamentos-citacoes-de/edgar-morin

http://www.citador.pt/pensar.php?op=
10&refid=200412231704&author=20462

http://www.citador.pt/pensar.php?op=
10&refid=200412301508&author=20462

http://www.citador.pt/pensar.php?op=
10&refid=200501061004&author=20462

http://www.citador.pt/pensar.php?op=
10&refid=200501081315&author=20462

http://www.citador.pt/pensar.php?op=
10&refid=200501161717&author=20462

http://www.citador.pt/pensar.php?op=
10&refid=200501221926&author=20462

http://www.citador.pt/pensar.php?op=
10&refid=200507070900&author=20462

http://www.citador.pt/pensar.php?op=
10&refid=200501262355&author=20462

http://pt.wikiquote.org/wiki/Os_Sete_saberes
_necess%C3%A1rios_%C3%A0_Educa

http://pt.wikiquote.org/wiki/Edgar_Morin

 

Música de fundo:

Et Maintenant
Compositores: Gilbert Bécaud & Pierre Delanoë
Interpretação: Gilbert Becaud

Fonte:

http://www.dilandau.eu/baixar_musica/
gilbert-becaud-et-maintenant-1.html