Estou
sendo considerado um escritor democrático, simpatizante do Socialismo,
mas não gosto de rótulos. Se quiserem me classificar, digam
que sou naturalista. Vocês se espantam com as cores verdadeiras e
tristes que uso para pintar a classe operária, mas elas expressam
a realidade. Eu apenas traduzo em palavras o que vejo; deixo para os moralistas
a necessidade de extrair lições. Minha obra não é
publicitária nem representa um partido político. Minha obra
representa a verdade.
O
observador apresenta os fatos tal qual os observou, define o ponto de partida,
estabelece o terreno sólido no qual os personagens irão andar
e os fenômenos se desenvolver. Depois, o experimentador surge e institui
a experiência, quer dizer, faz os personagens evoluírem em
uma história particular, para mostrar que a sucessão dos fatos
será tal qual a exige o determinismo dos fenômenos estudados.
Trata-se, quase sempre, de uma experiência “para ver”,
como a designa Claude Bernard. O romancista sai em busca de uma verdade.
Os
Governos suspeitam da Literatura porque é uma
força que lhes escapa.
Com
o romance naturalista, o romance de observação e de análise,
as condições mudam imediatamente. O romancista inventa ainda
mais. Inventa um plano, um drama; apenas é a ponta do drama, a primeira
história surgida, que a vida cotidiana sempre lhe fornece. Em seguida,
na estruturação da obra, isto tem bem pouca importância.
Os fatos só estão lá como desenvolvimentos lógicos
dos personagens. O grande negócio é colocar em pé criaturas
vivas, representando diante dos leitores a comédia humana com a maior
naturalidade possível. Todos os esforços do escritor tendem
a ocultar o imaginário sob o real.
Eu
tenho uma paixão: iluminar aqueles que estão no escuro, que
têm sofrido muito e que têm direito à felicidade. Meu
protesto de fogo é simplesmente o grito da minha alma.
O
destino dos animais é muito mais importante para mim do que o medo
de parecer ridículo.
Por
que é que o sofrimento dos animais me comove tanto? Porque os
animais fazem parte da mesma comunidade
a que pertenço, da mesma forma que meus próprios semelhantes.1
No
decorrer dos séculos, a História dos povos não passa
de uma lição de mútua tolerância, e assim, o
sonho último será envolver todos os sonhos em uma ternura
comum para os salvar, o mais possível, da dor comum. No nosso tempo,
detestar-se e ferir-se porque não se tem o crânio construído
exatamente da mesma maneira, começa a se tornar a mais monstruosa
das loucuras.
Que
patifes, as pessoas honestas!
Não somos nós que introduzimos
o método científico; ele se introduziu sozinho, e o movimento
continuaria, mesmo que se quisesse eliminá-lo. Apenas constatamos
o que acontece em nossas letras modernas. O personagem já não
é uma abstração psicológica, eis o que todo
mundo pode ver. O personagem se tornou um produto do ar e do solo, como
a planta; é a concepção científica.
Fiz
simplesmente em corpos vivos o trabalho analítico que os cirurgiões
fazem em cadáveres.
Já não descrevemos
por descrever, por um capricho e um prazer de retóricos. Achamos
que o homem não pode ser separado de seu meio, que ele é completado
por sua roupa, por sua casa, por sua cidade, por sua província; e,
desta forma, não notaremos um único fenômeno de seu
cérebro ou de seu coração sem procurar as causas ou
as conseqüências no meio. Daí o que se chama nossas eternas
descrições.
Fui
movido pela vontade de ajudar no teatro o enorme movimento de verdade e
de ciência experimental que desde o século passado se propaga
e cresce em todos os atos da inteligência humana.
O
espectador, considerado individualmente, é, por vezes, um homem inteligente;
mas, os espectadores, considerados em massa, são um rebanho que o
gênio ou até o simples talento têm de ser conduzidos
de chicote em punho.
Se
eu a formulasse, a minha definição de obra de arte seria:
'Uma obra de arte é um ângulo da criação vista
através de um temperamento'.
O
sofrimento é o melhor remédio para acordar o espírito.
O
que é o amor? Um conto simples dito de muitas maneiras.
A
verdade marcha e nada conseguirá detê-la.
Um
romancista é constituído por um observador e por um experimentador.
Sou
um artista. Estou aqui para viver com intensidade.
Estou
pouco preocupado com a beleza ou a perfeição. Eu não
ligo para os séculos magistrais. Importo-me, somente, com a vida,
com a luta e com a intensidade.
Penso
que você não pode dizer que tenha visto algo, até que
você o tenha fotografado.
O
artista não é nada sem o dom. Mas, o dom não é
nada sem o trabalho.
Se
você calar a verdade e enterrá-la, ela ficará por lá.
Mas, pode ter certeza que, um dia, ela germinará.
A
civilização não encontrará a perfeição
até que a última pedra, do último templo, caia sobre
o último sacerdote.
O
amor, como as andorinhas, dá felicidade às casas.
Vocês
me tratam como um escritor democrático e algo socialista, e se surpreendem
que eu pinte a classe operária com cores verdadeiras e entristecedoras.
De início, não aceito as etiquetas que vocês me colam
nas costas. Creio ser um escritor sem epíteto; se desejam classificar-me,
digam que sou um romancista naturalista, o que não me desagradará.
Minhas opiniões políticas não contam. Quanto à
pintura de certa classe operária, ela é tal como a expressei:
sem sombra, sem atenuação. Eu digo o que vejo, verbalizado
simplesmente, e deixo aos moralistas a preocupação de tirar
lições. Desnudei as chagas do alto, logo, não iria
esconder as debaixo. Minha obra não é obra de partido e de
propaganda. Ela é obra de verdade.
As
dificuldades, como as montanhas, aplainam-se quando avançamos por
elas.
Privado
de uma paixão, o homem ficaria mutilado como se o privassem de um
dos sentidos.2
Hereditariedade,
como a gravidade, tem suas leis.
A
ciência prometeu a felicidade? Creio que não. Prometeu a verdade,
e a questão é saber se com a verdade se fará mais felicidade.
Meu
dever é falar. Não quero ser cúmplice.
Mas
com um milhão de diabos! Isto não pode ser assim, não,
não, não; é demais, não pode ser assim!
Instrumento
de amor, instrumento de morte.
Mas,
os animais silvestres continuarão a ser animais silvestres. Podem
ser inventadas máquinas melhores ainda, que,
sempre, haverá de haver animais
silvestres.
Apague
a vela. Eu não preciso ver a cor das minhas idéias.
Era
uma espera sem esperança, pois sabia que a morte não perdoaria.
Nada
nunca está acabado. Basta apenas um pouco de felicidade para que
tudo recomece.
Débâcle
= Assassinato da nação.
Sorte
sua por ter tanto sangue-frio. Eu tenho momentos em que fico louco.
Não
se pode esquecer o maravilhoso poder de teatro, seu efeito imediato sobre
o espectador. Não há melhor instrumento de propaganda.
Em
seguida, teve a convicção súbita de que o dinheiro
era o estrume no meio do qual surgiria a Humanidade de amanhã.
As
pessoas não são tão más como dizem.
Quem
diz disciplina diz
obediência.
Não há
honradez
absoluta tanto quanto não há
saúde perfeita. Há uma certa animalidade em todos nós,
como, mais ou menos, há um pouco de enfermidade.
Denuncio,
ante da consciência das pessoas decentes, a pressão que as
autoridades públicas exercem sobre a justiça do país.
São abomináveis costumes políticos
que desonram uma nação livre.
O
espetáculo foi inaudito. Superou em brutalidade, em insolência
e em declarações indignas as maiores baixezas e os
piores instintos jamais confessados por
uma besta humana.
Anti-semitismo:
campanha terrível que nos faz retroceder milhares de anos, indigna
o meu desejo de fraternidade e o meu afã de tolerância e de
emancipação humana.
Um
escritor que emitiu juízos e assumiu responsabilidades tem o dever
de disponibilizar para o público o conjunto de sua atuação
e os documentos autênticos – os únicos que poderão
ser usados para julgá-lo.
A
realidade e a miséria me oprimem; no entanto, eu sonho.
Não
há nada que desconcerte mais um espírito do que uma educação
desconexa: ela o torna vaidoso e presunçoso.
Não
sou otimista; mas, eu quero ser otimista.
Se
você me perguntar o que eu vim
fazer nesta vida, eu lhe direi: eu vim para viver em voz alta.
Se
eu não puder sobrecarregar com a minha qualidade, sobrecarregarei
com a minha quantidade.
A
perfeição é um estorvo, tanto que, muitas vezes, eu
me arrependo de ter abandonado o uso do tabaco.3
Há
dois homens no interior do artista: o poeta e artesão. Um já
nasce poeta; o outro se torna artesão.
A
alegria de viver desaparece quando não há mais esperança.
O
pecado deve ser algo requintado, meu caro.
Por que havia tanta miséria
de um lado e tanta riqueza de outro? Por que os miseráveis tinham
de viver escravizados àqueles sem a menor esperança de um
dia mudarem de posição?
A
igualdade entre os homens e a justiça exigem que os bens da Terra
sejam repartidos entre todos.
Viver
amontoado deste jeito sempre termina com homens bêbados e mulheres
grávidas.
O
passado é o cemitério das nossas ilusões.
Era
a febre da esperanças dos primeiros cristãos da Igreja esperando
o reino próximo da justiça.
O
dia não está muito longe quando uma cenoura comum estiver
grávida da revolução.
Um homem pode ser valente, mas, uma
multidão que morre de fome não tem força para nada.
Quando
você tem uma dor muito grande, ela não deixa espaço
para qualquer outra.
Por
que o dinheiro deve ser responsabilizado por toda a sujeira e por todos
os crimes?
A
estrada para Lourdes está repleta de muletas...
A
violência nunca prosperou, mas ninguém pode refazer o mundo
em um dia. Qualquer um que prometa mudar tudo de uma vez ou é tolo
ou é desonesto.
O
pecado se tornou um luxo...
No
amor, geralmente, as pessoas só pensam em sua própria gratificação,
ainda que, sem amor, não haveria vida e o mundo chegaria ao fim.
Tudo
é apenas um sonho.
Dreyfus4
é inocente. Eu juro! Eu aposto a
minha honra e a minha
vida nisso!
É
sempre melhor sondar as profundezas da unidade do que arranhar a superfície
da variedade.
No
início de uma pintura nunca se pode dizer como ela irá ficar.
Não
me olhe assim; você está usando os seus olhos exteriores.
Meu
papel foi recolocar o homem no seu lugar dentro da criação,
como um produto da terra, submetido, ainda, a todas as influências
do meio. E, no próprio homem, coloquei em seu lugar o cérebro
– um órgão entre outros órgãos –
porque não creio que o pensamento seja outra coisa
além de uma função de matéria.5
Cederam
às paixões religiosas da comunidade e ao preconceito corporativista.
Permitiram que a estupidez acontecesse.
Escondem-se
atrás da legítima emoção, fazem calar as bocas
confundindo os corações, pervertem os espíritos. Não
conheço crime cívico maior.
A
perseguição aos 'judeus sujos' desonra a nossa época.
Ah!,
que agitação de demência e imbecilidade, de imaginações
estúpidas, de práticas de políticas mesquinhas, de
costumes inquisitoriais e tirânicos, a satisfação de
alguns oficiais agaloados esmagando a nação com suas botas,
enfiando goela abaixo seu grito de verdade e justiça, sob o pretexto
mentiroso e sacrílego da razão de Estado!
É
essa canalha que triunfa insolentemente, diante da derrota
do direito e da simples probidade.
É
um crime envenenar os pequenos e humildes, exasperar as paixões de
reação e de intolerância, abrigando-se atrás
de um odioso anti-semitismo, de que a grande França liberal dos direitos
do homem sucumbirá, se não for curada. É um crime explorar
o patriotismo para as obras do ódio. É um crime, por fim,
fazer do sabre o deus moderno, quando toda a ciência humana está
a serviço da obra iminente da verdade e da justiça.
Ponham-se em guarda, olhai sobre
a Terra, vejam esses miseráveis que trabalham e que sofrem. Há,
talvez, ainda, tempo para evitar as catástrofes finais. Atentem,
porém, em ser justos, de outro modo eis o perigo: a Terra se abrirá
e as nações submergirão em uma das mais apavorantes
transformações da história.
Não
duvido, aliás, nem um pouco, que a verdade triunfará.
O homem não dita as Leis da
Natureza.
Por
que não abrir o caminho à força e vencer de uma vez
por todas?
Apenas
um Sonho
Apenas
um sonho,
sonhado,
tristonho.
De dia,
lenteando;
à
noite, simulando.
De
dia, lenteando;
à
noite, simulando.
Homem
morrendo...
Infecundo,
horrendo.
Homem
morrendo...
Infecundo,
horrendo.
Encarnar...
Retornar...
Retornar...
Encarnar...
Encarnar...
Retornar...
Retornar...
Encarnar...
São
ciclos... Sem-fim.
Sem começo
nem fim.
São
ciclos... Sem-fim.
Sem começo
nem fim.
E o Sol,
onde estará?