A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO
(2ª Parte)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Informação Preliminar

 

 

 

Este estudo se constitui da 2ª parte de um conjunto de fragmentos garimpados e eventualmente comentados na obra A Eliminação do Tempo Psicológico (em inglês, The Ending of Time) – transcrição de um debate, ocorrido de abril a setembro de 1980, entre Jiddu Krishnamurti e o físico estadunidense David Joseph Bohm (Wilkes-Barre, 20 de dezembro de 1917 – Londres, 27 de outubro de 1992), que criou o conceito de Ordem Implícita, que expressa em linguagem científica o antigo conceito esotérico de Akasha ou Luz Astral. Sua obra está toda alicerçada na Teoria Quântica, na Relatividade e em questões filosóficas. A história da vida de David Bohm e os altos e baixos enfrentados por ele constituem um exemplo concreto de como mesmo um cidadão intelectualmente honesto, inteligente e capaz de raciocinar filosoficamente deve enfrentar e aceitar duras desilusões como parte da sua busca da Verdade. Como ensinava Helena Petrovna Blavatsky (12 de agosto de 1831 – Londres, 8 de maio de 1891), não há possibilidade de pegar uma carona no caminho espiritual. Toda aprendizagem autêntica é um processo autônomo, ou seja, pessoal, no qual é necessário largar nossas ilusões prediletas para descobrir pontos de vista novos e mais amplos. E mesmo estas visões mais amplas da verdade ainda serão parciais, e terão que ser continuamente questionadas no futuro, pois, todas as verdades que apreendemos são e serão sempre relativas.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Jiddu Krishnamurti

Jiddu Krishnamurti

 

 

 

Jiddu Krishnamurti (Madanapalle, 11 de maio de 1895 – Ojai, 17 de fevereiro de 1986) foi um filósofo, escritor, orador e educador indiano. Proferiu discursos que envolveram temas como revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente, ressaltou a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano, e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, seja política, seja social. Uma revolução que só poderia ocorrer através do autoconhecimento, bem como da prática correta da meditação do ser-humano-aí-no-mundo liberto de toda e qualquer forma de autoridade psicológica.

 

O cerne dos seus ensinamentos consiste na afirmação de que a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade só poderá acontecer através da transformação da consciência individual. A necessidade do autoconhecimento e da compreensão das influências restritivas e separativas das religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos foram por ele constantemente realçadas.

 

 

 

Fragmentos Krishnamurtianos

 

 

 

Jiddu Krishnamurti: Só se formos completamente racionais existirá uma visão intuitiva total.

 

Jiddu Krishnamurti: Não é o pensamento que usa a visão intuitiva; é a visão intuitiva que usa o pensamento. Portanto, pensamento não é memória e não está baseado na memória.

 

David Bohm e Jiddu Krishnamurti: O pensamento, por ser limitado, divisível e incompleto, nunca poderá ser racional sem a visão intuitiva (racionalidade da percepção). A grande questão é: como poderemos ter ou adquirir esta visão intuitiva? [Eu prefiro a palavra (conceito) transintuitivo – além da intuição porque a intuição é um processo noético, e só através da transnoesis, que é instantânea, que não pertence ao tempo, que não pertence à memória, que não possui nenhuma causa e que não está baseada na recompensa ou no castigo, poderemos, de fato, Compreender as coisas e como elas efetivamente são. Então, também, ao invés de racionalidade da percepção, acho melhor transracionalidade da percepção. Acho que Krishnamurti concordaria comigo. O grande problema da transintuição é que ela envolve um estado de consciência intangível, que só é alcançado se a mente estiver liberta do tempo, porque o tempo não é a Base, e isto é muito difícil de ser explicado, e mais ainda de ser compreendido. E Krishnamurti não quis explicitamente ir tão longe assim (porque só complicaria mais ainda a abordagem e a discussão do tema). Enfim, abaixo, apresento um esquema da Epistemologia Platônica, fácil de ser entendido, com o acréscimo necessário que acabei de explicar.]

 


TRANSNOESIS

 

– – – – – – – – – –

 

NOESIS
(Inteligência ou
Razão Intuitiva)

 


DIANOIA
(Entendimento
ou Razão Discursiva)

 


PISTIS
(Fé)

 


EIKASIA
(Ilusão)

 

David Bohm e Jiddu Krishnamurti: O futuro é uma espécie de tempo imaginário. [Tanto quanto o passado.] O que existe no tempo é o self. Se a nossa mente puder ficar livre do tempo, ela poderá ter uma visão intuitiva que seja totalmente racional, e depois, então, atuar sobre o pensamento.

 

Jiddu Krishnamurti: Todo ente começa sendo, para, depois, vir a ser.

 

Jiddu Krishnamurti: Para que a Base seja encontrada, o tempo tem de findar.

 

Jiddu Krishnamurti: O self, através da experiência, através da educação e através do condicionamento, cria uma imagem de si mesmo, e é esta imagem que, no tempo, fica magoada, e não 0 Eu Interior. O ato é ficar livre de tudo isso imediatamente.

 

David Bohm e Jiddu Krishnamurti: Só a racionalidade descobrirá que não existe separação. É a ilusão de que a separação existe que ajuda a manter a mágoa.

 

Jiddu Krishnamurti: O tempo psicológico é uma ilusão. Ficar livre do tempo implica a visão intuitiva. A visão intuitiva, por estar livre do tempo, não possui pensamento. Quando existe visão intuitiva, há somente ação. Enfim, a visão intuitiva não possui tempo, e, portanto, não possui pensamentos, e, neste sentido, a visão intuitiva é ação.

 

David Bohm e Jiddu Krishnamurti: O condicionamento multimilenar (social, religioso, educacional, a indigência, a riqueza, o clima, a alimentação, o medo, as miragens, as ilusões, as ideologias, as manias etc.) e as ações/atitudes tremendamente egotistas dos seres-humanos-aí-no-mundo os impedem de mudar. Isto porque o ser-humano-aí-no-mundo é basicamente irracional [e cego]. Seja como for, o jejum, a tortura de si mesmo sob diversas formas, a auto-abnegação através da crença e a negação de si próprio por meio da identificação com algo superior foram tentados pelas pessoas religiosas, porém, o ego ou "mim" continuaram presentes. O fato é que, por milhões de anos, nos acostumamos com um determinado padrão (o condicionamento multimilenar), ou seja, estamos numa prisão, mas, estamos habituados com ela, sem, todavia, estarmos completamente conscientes de todo esse padrão de pensamento que nos aprisiona. Só nos libertaremos se nos tornarmos conscientes [compreendermos] que possuímos esta tendência de prosseguir com o condicionamento e dele depender. Logo, precisaremos estar extremamente interessados nisto para podermos destruir completamente o condicionamento multimilenar. Todavia, o céu como recompensa [ou o inferno como castigo eterno] nunca descondicionou o ser-humano-aí-no-mundo. As grandes perguntas são: o que precisaremos fazer para romper esse padrão feio, destrutivo e aprisionador, e dele nos libertar? O que fará com que nos tornemos seres-humanos-aí-no-mundo tão alertas, tão conscientes e tão intensos, que consigamos romper essa coisa esdrúxula chamada condicionamento multimilenar? De fato, o padrão só poderá começar a ser rompido se/quando as nossas necessidades imaginárias miraginais e ilusórias deixarem de dominar as outras necessidades. Quando não mais o 'self' for o centro da nossa existência, talvez, comecemos a caminhar na Senda que conduz à LLuz. E, para que o 'self' possa vir a ser descartado, só há uma possibilidade: Compreendermos as coisas como elas de fato são. Mas, precisaremos nos Compreender primeiro, abandonando todo o conhecimento, todas as experiências e todas as explicações que os seres-humanos-aí-no-mundo criaram, e, corajosamente, jogar no lixo tudo isso, pois, tudo isso só tem servido para uma coisa: gerar e manter o egocentrismo. E se/quando, psicologicamente, abandonarmos tudo isso [toda essa obsolescência, toda essa bolorência], nossa mente terá mudado [porque terá deixado de ser egocêntrica]. Precisaremos, enfim, deixar de prosseguir para o norte, como vimos fazendo durante milênios, e nos dirigirmos para o Leste. Isto significa romper por completo o padrão de condicionamento multimilenar que nos foi imposto. Quando deixarmos de ir para o norte e nos dirigirmos para o Leste, romperemos o padrão.

 

Jiddu Krishnamurti: Se não existir um Barco [o Barco da Compreensão], como poderemos atravessar para a outra margem? Isto é impossível!

 

Jiddu Krishnamurti: Precisamos estar cientes e conscientes de que toda transformação é dolorosa.

 

David Bohm e Jiddu Krishnamurti: Sistematicamente e repetidamente, explicações nos são fornecidas [por religiosos, gurus, filósofos, cientistas, conferencistas, políticos, parentes, amigos etc.]. O que acontece? De maneira geral, escutamos, mas, ou elas nos tornam apáticos ou começamos a perceber que as explicações não têm qualquer valor. E nos tornamos alérgicos a todas as explicações! [Por que, geralmente, as explicações que nos são dadas não têm qualquer valor e não mudam nada? Porque a uma explicação deverá se seguir uma realização interior da coisa explicada, e, se não houver esta realização interna, a explicação terá sido tão inútil quanto querer acumular água com uma peneira. Isto tudo significa que a nossa razão (dianóica ou noética, científica ou filosófica) é insuficiente para nos Illuminar, e que, portanto, a Illuminação só poderá advir – se advier! de um processo ou de um estado interior transracional, isto é, transdianóico + transnoético, transcientífico + transfilosófico. Este é o sentido esotérico da sentença bíblica (Mateus, XXII: 14) muitos são chamados, mas, poucos escolhidos, porque só os escolhidos Compreenderam de fato. (Aqui, entenda escolhidos como sendo aqueles que, interiormente, se Libertaram e se Auto-realizaram.) Como exemplificou Krishnamurti, ouvir um guru e ficar em silêncio para poder receber é uma ilusão, porque o silêncio simplesmente racional não é Silêncio. Qualquer conhecimento adquirido como simples conhecimento adquirido torna o ser-humano-aí-no-mundo indiferente e insensível (alérgico), porque não soluciona os problemas psicológicos, e ele continuará cada vez mais desamparado, tal qual cachorro vadio em terreno baldio.]

 

David Bohm: Precisamos estar conscientes de que a distinção entre as idéias e o que está além das idéias não é clara. As idéias são freqüentemente consideradas algo mais do que idéias; sentimos que elas não são idéias, e, sim, uma realidade [que, de modo geral, desconhecemos].

 

Jiddu Krishnamurti: Mas, o que precisamos descobrir é se a Grande Base é uma idéia ou se ela é uma imaginação, uma ilusão, um conceito filosófico ou se, de fato, é algo que é absoluto, no sentido de que não há nada além Dela?

 

Jiddu Krishnamurti: Todas as perspectivas e crenças religiosas estão baseadas em conceitos pensamentais. Deus é apenas uma idéia. Então, se a Base [que costumamos chamar Deus] não é criada pelo pensamento, não podemos encontrá-la, sob quaisquer circunstâncias, através de qualquer forma de manipulação do pensamento, que, em si, é frágil e é um elemento de pouca importância.

 

Jiddu Krishnamurti: A Base não poderá ser encontrada enquanto existir qualquer forma de ilusão, que é a projeção [no tempo] do desejo, do prazer ou do medo. O fato é que choramos, oramos, jejuamos, meditamos, renunciamos, nos sacrificamos, nos esforçamos, nos culpamos, fazemos votos disto e votos daquilo, e fizemos e continuamos a fazer todas estas coisas por milhões de anos, e, no final destes milhões de anos, ainda estamos onde estávamos: no começo, pois, percebemos que tudo o que fizemos ou deixamos de fazer não teve absolutamente qualquer valor, qualquer significado. Isto é uma grande descoberta [decepção] para nós. Pensávamos que havíamos avançado com relação ao início, por termos passado por tudo isto, mas, repentinamente, descobrimos que estamos de volta ao mesmo ponto onde começamos. [Na verdade, por dois motivos principais, não estamos no mesmo ponto onde começamos: 1º) não há começo, não há meio, não há fim; e 2º) na peregrinação ilimitada, sempre há algum avanço, alguma compreensão, alguma mudança, mas, estas coisas, para a maioria de nós, são tão diminutas e tão imperceptíveis, que temos a sensação de continuarmos na mesma. Na realidade, não iremos a lugar algum, pois, não há meta alguma; nós somos o lugar, nós somos a meta.] Todavia, se a nossa mente puder estabelecer uma relação com Aquilo, ela se tornará Aquilo, [pois, Aquilo (ou a Grande Base) sempre esteve, está e estará em nós, o que, no fundo, é apenas mais uma afirmação, que precisará ser confirmada ou rejeitada por nós. Individualmente. Entretanto, enquanto o ego prevalecer, enquanto o self prevalecer, enquanto o centro prevalecer...]

 

Jiddu Krishnamurti: Os princípios dialéticos representam opiniões que se opõem a outras opiniões. Os seres-humanos-aí-no-mundo, de modo geral, esperam encontrar [imitando] [o que acham que é] a Verdade a partir das opiniões [venham de onde vier, faça Sol ou faça chuva, sejam dadas por quem for]. Mas, com relação à Grande Base, no fundo, eles não estão tão interessados assim. Afinal, o que fez e o que vem fazendo o conhecimento? O conhecimento [+ ou –] apenas nos impede de perceber a Verdade, pois, não nos desembaraça das nossas miragens e das nossas ilusões. O próprio conhecimento pode ser miraginal e/ou ilusório.

 

David Bohm: Só se nós renunciarmos às separações poderemos perceber que a experiência é de toda a espécie humana.

 

Jiddu Krishnamurti: A não ser que exista uma mudança profunda ocorrendo dentro, dentro da nossa mente, do cérebro, nós até poderemos pensar que mudamos, mas, isto é apenas uma mudança superficial, de pouca importância, e não uma mudança substancial e efetiva. O cérebro tem estado organizado num padrão por milênios! Portanto, não importa mais "o que" devemos mudar. É imperativo que mudemos. E isto não é uma questão de fé e de estarmos vinculados a uma religião. Não é uma questão de transformar um padrão em outro padrão. Logo, só a visão intuitiva transformará e provocará uma mutação no cérebro. Mas, a visão intuitiva não é o resultado de um conhecimento progressivo, não é tempo progressivo, não é uma recordação, não surge através de qualquer exercício da vontade e não pode depender do pensamento. Esta visão intuitiva, na verdade, é a verdadeira atividade do cérebro, e apesar de ser independente dos processos materiais, poderá atuar sobre ele. [Talvez, isto possa ser denominado de Deus-em-nós, porque, in potentia, somos Deuses. Se ou quando descobrirmos isto... ]

 

Jiddu Krishnamurti: Violência e ausência de violência [ou Satyagraha, como recomendava o Mahatma Gandhi] são dois fatores completamente diferentes. Um não pode agir sobre o outro. O Amor é independente do ódio. Se existir ódio, o Amor não poderá existir. Se existir violência, não poderá haver paz. A paz, portanto, independe da violência.

 

David Bohm: Bem e mal, amor e ódio, luz e escuridão... Quando existir um o outro não poderá existir.

 

Jiddu Krishnamurti: O Amor não tem nenhuma causa. O ódio tem uma causa. A visão intuitiva não tem nenhuma causa. O processo material, como o pensamento, tem uma causa. Seja como for, o fato é que a ação da visão intuitiva tem um efeito extraordinário sobre o processo material. Uma vez que a visão intuitiva não possui causa, ela tem um efeito preciso sobre aquilo que tem causa. A visão intuitiva é um lampejo, sempre total, nunca parcial ou limitada, e este lampejo altera todo o padrão, pois, opera sobre ele.

 

 

Olhando

 

 

David Bohm: A visão intuitiva é uma energia que Illumina a atividade do cérebro, e, nesta Illuminação, o próprio cérebro começa a agir de maneira diferente. E a Fonte desta Illuminação não tem causa.

 

Jiddu Krishnamurti: O processo material atua na ignorância, na escuridão. E este lampejo de visão intuitiva Illumina todo o campo, o que significa que a ignorância e a escuridão são dissipadas.

 

David Bohm e Jiddu Krishnamurti: A escuridão e a Luz não podem coexistir por razões óbvias. No entanto, a própria existência da Luz significa mudar o processo da escuridão. Ou seja: significa mudar o centro da escuridão, que é o self. A visão intuitiva dissipa o self.

 

 

Self

Self

 

 

Jiddu Krishnamurti: Mas, por que não é natural que todo mundo tenha essa visão intuitiva? Por que o amor não é natural para todo mundo?

 

David Bohm: A visão intuitiva é o lampejo de Luz que torna possível a percepção.

 

Jiddu Krishnamurti: A visão intuitiva é, pois, pura percepção, e a partir desta percepção há ação, que é, então, sustentada pela racionalidade. Visão intuitiva, portanto, não está ligada ao tempo, sendo percepção, ação e ordem. Neste sentido, enquanto o centro estiver criando a escuridão e o pensamento estiver operando nela, haverá a desordem, e a sociedade será como é agora. Para nos afastarmos disto tudo, teremos de ter a visão intuitiva. A visão intuitiva só poderá ocorrer se/quando houver um lampejo, uma luz repentina, que eliminará não apenas a escuridão como também o seu criador – [ o self].

 

Jiddu Krishnamurti: Milagres e estranhos eventos fortuitos são contra a minha natureza. Eu não aceito isso.

 

Jiddu Krishnamurti: Não existe meia divisão; a divisão sempre é integral, completa.

 

 

Pizza

Você já viu sobrar pedaço de pizza?

 

 

David Bohm e Jiddu Krishnamurti: O fato é que as pessoas simplesmente continuam a viver da mesma maneira, tentando aproveitar a vida até o último momento, porque não conseguem enxergar nada além da própria escuridão. Na verdade, estamos dando o passo errado o tempo todo. Todavia, o ser-humano-aí-no-mundo, que vive na escuridão, poderá ir, a qualquer momento, para o outro lado. Poderá atravessar a ponte. Este é o ponto. Em qualquer ocasião. Só basta querer. É o centro – [ o self] que produz a escuridão. É o pensamento que cria a divisão. Então, o problema todo está em perceber a escuridão, em perceber que o pensamento cria a divisão, e em compreender que o self é a origem do deserto da escuridão e da divisão, e vice-versa. Mas, só a partir da visão intuitiva é que perceberemos que não há divisão, e que no deserto da escuridão existe água! Tudo isto só tem um significado: romper o padrão. Rompido o padrão escravizante multimilenar, a divisão desaparece. E já não existem mais Deus e o ser-humano-aí-no-mundo. Isto quer dizer que a percepção disto é o final da Transformação. E, com a Transformação, a escuridão e a divisão se extinguem inteiramente, o que nos conduz à Grande Base.

 

 

 

Pedaço

 

 

David Bohm e Jiddu Krishnamurti: A Base é Movimento Interminável. Movimento sem ser daqui para ali, sem estar vinculado ao tempo, sem passado nem devir psicológico, sem começo, sem fim nem forma, sem distância, sem divisão, sem vida nem morte, sem qualquer ação que seja divisora nem limitativa. Este Movimento é o Universo, é o Cosmos, é o Todo, é Eterno e, portanto, é Imortal. Então, se/quando compreendermos que no Universo não existe divisão, a morte não terá mais significado. Quando compreendermos que no Universo não existe divisão, será dissolvido o encantamento da nossa escuridão, e perceberemos que existe um Movimento Incriado e Sempiterno. E o medo da morte se extinguirá. Se/quando a nossa mente participar deste Movimento, ela, conscientemente, será este Movimento, pois, compreenderá que tudo é este Movimento, e não se moverá mais na escuridão nem em meio às imagens criadas pela ignorância. Enfim, teremos a certeza de que a Grande Base é Movimento sem tempo. E isto será tudo.

 

Jiddu Krishnamurti: O fato de não haver morte significa que a mente não envelhece.

 

David Bohm: É o conflito que faz com que as células cerebrais degenerem.

 

Jiddu Krishnamurti: A visão intuitiva acarreta uma mudança nas células cerebrais. O que significa que as células cerebrais não pensam mais em termos de tempo psicológico.

 

David Bohm: A Base é movimento sem divisão.

 

Jiddu Krishnamurti: Não quero viver em uma caverna!

 

Nada de caverna!
Nada de lanterna!
Nada de aparato!
Nada de celibato!
Nada de suplício!
Nada de cilício!
Nada de saudade!
Nada de vaidade!
Nada de ambição!
Nada de sofreguidão!
Nada de almejar!
Nada de ignorar!
Nada de inclinação!
Nada de vocação!
Nada de vir-a-ser!
Nada de não-ser!
Tão-somente ser!
Tão-somente Viver!

 

Jiddu Krishnamurti: Você atingiu a meta e voltou esses são termos aproximados e eu sou um ser-humano-aí-no-mundo comum, que vive no mundo. Qual é então sua relação comigo? Evidentemente nenhuma, porque vivo num mundo de escuridão e você, não. Então, nosso relacionamento só poderá existir quando eu sair disto, isto é, quando a escuridão terminar.1

 

A Hierarquia quer
se aproximar de nós,
mas, precisamos merecer.
O Cristo quer
se aproximar de nós,
mas, precisamos merecer.
A Iniciação está
disponível para nós,
mas, precisamos merecer.
A LLuz está
disponível para nós,
mas, precisamos merecer.
A ShOPhIa está
disponível para nós,
mas, precisamos merecer.
A Meta de todos nós
é
—› DEUSES CONSCIENTES,
mas, precisamos merecer.
Mas, merecer é pouco.
Precisamos querer
e lutar o BOM COMBATE!

 

Jiddu Krishnamurti: Não poderemos compreender o que é compaixão a partir da nossa escuridão. [Na verdade, não poderemos compreender nada a partir da nossa escuridão.]

 

Jiddu Krishnamurti: O mais profundo de tudo é Aquilo, a Grande Base.

 

David Bohm e Jiddu Krishnamurti: Há vários graus de consciência. Há, portanto, diferentes níveis ou graus de atuação.

 

 

Espiral

 

 

Jiddu Krishnamurti: Se houver dez pessoas na Terra com visão intuitiva, fundamentada na inteligência e na compaixão, a sociedade será efetivamente afetada...

 

Jiddu Krishnamurti: Quando reduzimos a Imensidade a uma insignificância, colocando-a, por exemplo, em um templo, esta imensidade, por isto, para nós, perde completamente sua Significância. Por que isto costuma acontecer? Porque vemos a Imensidade somente como uma coisa muito pequena; todavia, esta Imensidade é todo o Universo, [finito, porém, ilimitado, que está em nós e nós Nele.]

 

 

 

Continua...

 

 

 

_____

Nota:

1. Se és capaz de arriscar, em uma única parada, tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, e perder, e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida... Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo, e – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho! [In: If, Joseph Rudyard Kipling.]

 

Música de fundo:

Symphony Nº 6 (Pastorale), em Fá Maior, opus 68
Compositor: Ludwig van Beethoven

Fonte:

http://www.kunstderfuge.com/beethoven/variae.htm#Symphonies

Observação:

A Sinfonia nº 6 em Fá Maior, opus 68, de Ludwig van Beethoven, também chamada Sinfonia Pastoral, é uma obra musical precursora da música programática. Esta Sinfonia foi completada em 1808, e teve a sua primeira apresentação no Theater an der Wien, em 22 de dezembro de 18081. Dividida em cinco andamentos, tem por propósito descrever a sensação experimentada nos ambientes rurais. Beethoven insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um quadro sonoro, mas, como uma expressão de sentimentos. É uma das mais conhecidas obras da fase romântica de Beethoven.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://clipart-library.com/

https://making-the-web.com/pizza-vector

https://giphy.com/

http://rebloggy.com/

https://www.splcosceola.com/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mau_ladr%C3%A3o

https://dia-da-terra.blogspot.com/

https://www.filosofiaesoterica.com/david-bohm-brasil-krishnamurti/

https://krishnamurtibox.wordpress.com/downloads/livros/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.