Este
estudo se constitui da 2ª parte de um conjunto de fragmentos garimpados
e eventualmente comentados na obra A
Eliminação do Tempo Psicológico (em
inglês, The
Ending of Time) – transcrição
de um debate, ocorrido de abril a setembro de 1980, entre Jiddu Krishnamurti
e o físico estadunidense David Joseph Bohm (Wilkes-Barre, 20 de
dezembro de 1917 – Londres, 27 de outubro de 1992), que criou o
conceito de Ordem
Implícita, que expressa em linguagem científica
o antigo conceito esotérico de Akasha
ou Luz Astral.
Sua obra está toda alicerçada na Teoria Quântica,
na Relatividade e em questões filosóficas. A história
da vida de David Bohm e os altos e baixos enfrentados por ele constituem
um exemplo concreto de como mesmo um cidadão intelectualmente honesto,
inteligente e capaz de raciocinar filosoficamente deve enfrentar e aceitar
duras desilusões como parte da sua busca da Verdade. Como ensinava
Helena Petrovna Blavatsky (12 de agosto de 1831 – Londres, 8 de
maio de 1891), não
há possibilidade de pegar uma carona no caminho espiritual.
Toda aprendizagem autêntica é um processo autônomo,
ou seja, pessoal, no qual é necessário largar nossas ilusões
prediletas para descobrir pontos de vista novos e mais amplos. E mesmo
estas visões mais amplas da verdade ainda serão parciais,
e terão que ser continuamente questionadas no futuro, pois, todas
as verdades que apreendemos são e serão sempre relativas.
Breve
Biografia
Jiddu
Krishnamurti
Jiddu
Krishnamurti (Madanapalle, 11 de maio de 1895 – Ojai, 17 de fevereiro
de 1986) foi um filósofo, escritor, orador e educador indiano.
Proferiu discursos que envolveram temas como revolução psicológica,
meditação, conhecimento, liberdade, relações
humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização
de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente, ressaltou
a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano,
e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada
a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, seja política,
seja social. Uma revolução que só poderia ocorrer
através do autoconhecimento, bem como da prática correta
da meditação do ser-humano-aí-no-mundo liberto
de toda e qualquer forma de autoridade psicológica.
O
cerne dos seus ensinamentos consiste na afirmação de que
a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade
só poderá acontecer através da transformação
da consciência individual. A necessidade do autoconhecimento e da
compreensão das influências restritivas e separativas das
religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos
foram por ele constantemente realçadas.
Fragmentos
Krishnamurtianos
Jiddu
Krishnamurti:
Só se formos completamente racionais existirá uma visão
intuitiva total.
Jiddu
Krishnamurti:
Não é o pensamento que usa a visão intuitiva; é
a visão intuitiva que usa o pensamento. Portanto, pensamento não
é memória e não está baseado na memória.
David
Bohm e Jiddu Krishnamurti:
O
pensamento, por ser limitado, divisível e incompleto, nunca poderá
ser racional sem a visão intuitiva (racionalidade da percepção).
A grande questão é: como poderemos ter ou adquirir esta
visão intuitiva?
[Eu prefiro a palavra (conceito) transintuitivo – além da
intuição –
porque a intuição
é um processo noético, e só através da transnoesis,
que é
instantânea, que não pertence ao tempo, que não pertence
à memória, que não possui nenhuma causa e que não
está baseada na recompensa ou no castigo, poderemos,
de fato, Compreender as coisas e como elas efetivamente são. Então,
também, ao invés de racionalidade
da percepção, acho
melhor transracionalidade
da percepção. Acho que Krishnamurti
concordaria comigo.
O grande problema da
transintuição é
que ela envolve um estado de consciência intangível, que
só é alcançado
se a mente estiver liberta do tempo, porque
o tempo não é a Base, e isto é muito
difícil de ser explicado, e mais ainda de ser compreendido. E
Krishnamurti
não quis explicitamente ir tão longe assim (porque só
complicaria mais ainda a abordagem e a discussão do tema). Enfim,
abaixo, apresento um esquema da Epistemologia Platônica, fácil
de ser entendido, com o acréscimo necessário que acabei
de explicar.]
TRANSNOESIS
–
– – – –
– – – – –
NOESIS
(Inteligência ou
Razão Intuitiva)
DIANOIA
(Entendimento
ou Razão Discursiva)
PISTIS
(Fé)
EIKASIA
(Ilusão)
David
Bohm e Jiddu Krishnamurti:
O
futuro é uma espécie de tempo imaginário. [Tanto
quanto o passado.] O
que existe no tempo é o self. Se a nossa mente puder ficar livre
do tempo, ela poderá ter uma visão intuitiva que seja totalmente
racional, e depois, então, atuar sobre o pensamento.
Jiddu
Krishnamurti:
Todo ente começa sendo, para, depois, vir a ser.
Jiddu
Krishnamurti:
Para que a Base seja encontrada, o tempo tem de findar.
Jiddu
Krishnamurti:
O self, através da experiência, através da educação
e através do condicionamento, cria uma imagem de si mesmo, e é
esta imagem que, no tempo, fica magoada, e não 0 Eu Interior. O
ato é ficar livre de tudo isso imediatamente.
David
Bohm e Jiddu Krishnamurti:
Só
a racionalidade descobrirá que não existe separação.
É a ilusão de que a separação existe que ajuda
a manter a mágoa.
Jiddu
Krishnamurti:
O tempo psicológico é uma ilusão. Ficar
livre do tempo implica a visão intuitiva. A visão intuitiva,
por estar livre do tempo, não possui pensamento. Quando existe
visão intuitiva, há somente ação. Enfim, a
visão intuitiva não possui tempo, e, portanto, não
possui pensamentos, e, neste sentido, a visão intuitiva é
ação.
David
Bohm e Jiddu Krishnamurti:
O
condicionamento
multimilenar (social, religioso, educacional, a indigência, a riqueza,
o clima, a alimentação, o medo, as miragens, as ilusões,
as ideologias, as manias etc.) e as ações/atitudes
tremendamente egotistas dos seres-humanos-aí-no-mundo os impedem
de mudar. Isto porque o ser-humano-aí-no-mundo é basicamente
irracional [e cego]. Seja
como for, o jejum, a tortura de si mesmo sob diversas formas, a auto-abnegação
através da crença e a negação de si próprio
por meio da identificação com algo superior foram tentados
pelas pessoas religiosas, porém, o ego ou "mim" continuaram
presentes. O fato é que, por milhões de anos, nos acostumamos
com um determinado padrão (o condicionamento multimilenar), ou
seja, estamos numa prisão, mas, estamos habituados com ela, sem,
todavia, estarmos completamente conscientes de todo esse padrão
de pensamento que nos aprisiona. Só nos libertaremos se nos tornarmos
conscientes [compreendermos]
que possuímos esta tendência de prosseguir com
o condicionamento e dele depender. Logo, precisaremos estar extremamente
interessados nisto para podermos destruir completamente o condicionamento
multimilenar. Todavia, o céu como recompensa [ou
o inferno como castigo eterno] nunca descondicionou o ser-humano-aí-no-mundo.
As grandes perguntas são: o que precisaremos fazer para romper
esse padrão feio, destrutivo e aprisionador, e dele nos libertar?
O que fará com que nos tornemos seres-humanos-aí-no-mundo
tão alertas, tão conscientes e tão intensos, que
consigamos romper essa coisa esdrúxula chamada condicionamento
multimilenar? De fato, o padrão só poderá começar
a ser rompido se/quando as nossas necessidades imaginárias
– miraginais
e ilusórias –
deixarem de dominar as outras necessidades. Quando não mais
o 'self'
for o
centro da nossa existência, talvez, comecemos a caminhar na Senda
que conduz à LLuz. E, para que o 'self'
possa
vir a ser descartado, só há uma possibilidade: Compreendermos
as coisas como elas de fato são. Mas, precisaremos nos Compreender
primeiro, abandonando todo o conhecimento, todas as experiências
e todas as explicações que os seres-humanos-aí-no-mundo
criaram, e, corajosamente, jogar no lixo tudo isso, pois, tudo isso só
tem servido para uma coisa: gerar e manter o egocentrismo. E se/quando,
psicologicamente, abandonarmos tudo isso [toda
essa obsolescência, toda essa bolorência], nossa
mente terá mudado [porque
terá deixado de ser egocêntrica].
Precisaremos, enfim, deixar de prosseguir para o norte, como vimos fazendo
durante milênios, e nos dirigirmos para o Leste. Isto significa
romper por completo o padrão de condicionamento
multimilenar que nos foi imposto.
Quando deixarmos de ir para o norte e nos dirigirmos para o Leste, romperemos
o padrão.
Jiddu
Krishnamurti:
Se não existir um Barco [o
Barco da Compreensão], como poderemos atravessar para
a outra margem? Isto é impossível!
Jiddu
Krishnamurti:
Precisamos estar cientes e conscientes de que toda transformação
é dolorosa.
David Bohm e Jiddu
Krishnamurti:
Sistematicamente
e repetidamente, explicações nos são fornecidas [por
religiosos, gurus, filósofos, cientistas, conferencistas, políticos,
parentes, amigos etc.]. O que acontece? De maneira geral, escutamos,
mas, ou elas nos tornam apáticos ou começamos a perceber
que as explicações não têm qualquer valor.
E
nos tornamos alérgicos a todas as explicações!
[Por que, geralmente, as explicações que nos são
dadas não têm qualquer valor e não mudam nada? Porque
a uma explicação deverá se seguir uma realização
interior da coisa explicada, e, se não houver esta realização
interna, a explicação terá sido tão inútil
quanto querer acumular água com uma peneira. Isto tudo significa
que a nossa razão (dianóica ou noética, científica
ou filosófica) é insuficiente para nos Illuminar,
e que, portanto, a Illuminação
só poderá advir – se advier! –
de um processo ou de um estado
interior transracional, isto é, transdianóico + transnoético,
transcientífico
+ transfilosófico.
Este é o sentido esotérico da sentença bíblica
(Mateus, XXII: 14) muitos
são chamados, mas, poucos escolhidos, porque só
os escolhidos Compreenderam de fato. (Aqui, entenda escolhidos
como sendo aqueles que, interiormente,
se Libertaram e se Auto-realizaram.) Como exemplificou Krishnamurti, ouvir
um guru e ficar em silêncio para poder receber é uma ilusão,
porque o silêncio simplesmente racional não é Silêncio.
Qualquer conhecimento adquirido como simples conhecimento adquirido
torna o ser-humano-aí-no-mundo
indiferente e insensível (alérgico),
porque não soluciona os problemas psicológicos, e ele continuará
cada vez mais desamparado, tal qual cachorro vadio em terreno baldio.]
David
Bohm: Precisamos
estar conscientes de que a distinção entre as idéias
e o que está além das idéias não é
clara. As idéias são freqüentemente consideradas algo
mais do que idéias; sentimos que elas não são idéias,
e, sim, uma realidade [que,
de modo geral, desconhecemos].
Jiddu
Krishnamurti:
Mas, o que precisamos descobrir é se a Grande Base é
uma idéia ou se ela é uma imaginação, uma
ilusão, um conceito filosófico ou se, de fato, é
algo que é absoluto, no sentido de que não há nada
além Dela?
Jiddu
Krishnamurti:
Todas as perspectivas e crenças religiosas estão baseadas
em conceitos pensamentais. Deus é apenas uma idéia. Então,
se a Base [que costumamos
chamar Deus] não é criada pelo pensamento, não
podemos encontrá-la, sob quaisquer circunstâncias, através
de qualquer forma de manipulação do pensamento, que, em
si, é frágil e é um elemento de pouca importância.
Jiddu
Krishnamurti:
A Base não poderá ser encontrada enquanto existir qualquer
forma de ilusão, que é a projeção [no
tempo] do desejo, do prazer ou do medo. O fato é que
choramos, oramos, jejuamos, meditamos, renunciamos, nos sacrificamos,
nos esforçamos, nos culpamos, fazemos votos disto e votos daquilo,
e fizemos e continuamos a fazer todas estas coisas por milhões
de anos, e, no final destes milhões de anos, ainda estamos onde
estávamos: no começo, pois, percebemos que tudo o que fizemos
ou deixamos de fazer não teve absolutamente qualquer valor, qualquer
significado. Isto é uma grande descoberta [decepção]
para nós. Pensávamos que havíamos avançado
com relação ao início, por termos passado por tudo
isto, mas, repentinamente, descobrimos que estamos de volta ao mesmo ponto
onde começamos. [Na
verdade, por dois motivos principais, não estamos no mesmo
ponto onde começamos: 1º)
não há começo, não há meio, não
há fim; e 2º) na peregrinação ilimitada, sempre
há algum avanço, alguma compreensão, alguma mudança,
mas, estas coisas, para a maioria de nós, são tão
diminutas e tão imperceptíveis, que temos a sensação
de continuarmos na mesma. Na realidade, não iremos a lugar algum,
pois, não há meta alguma; nós somos o lugar, nós
somos a meta.] Todavia,
se a nossa mente puder estabelecer uma relação com Aquilo,
ela se tornará Aquilo, [pois,
Aquilo (ou a Grande Base) sempre esteve, está e estará em
nós, o que, no fundo, é apenas mais uma afirmação,
que precisará ser confirmada ou rejeitada por nós. Individualmente.
Entretanto, enquanto o ego prevalecer, enquanto o self
prevalecer, enquanto o centro prevalecer...]
Jiddu
Krishnamurti:
Os princípios dialéticos representam opiniões
que se opõem a outras opiniões. Os seres-humanos-aí-no-mundo,
de modo geral, esperam encontrar [imitando]
[o que acham que é] a Verdade a partir das opiniões
[venham de onde vier, faça
Sol ou faça chuva, sejam dadas por quem for]. Mas, com
relação à Grande Base, no fundo, eles não
estão tão interessados assim. Afinal, o que fez e o que
vem fazendo o conhecimento? O conhecimento [+
ou –] apenas nos impede de perceber a Verdade, pois,
não nos desembaraça das nossas miragens e das nossas ilusões.
O próprio conhecimento pode ser miraginal e/ou ilusório.
David
Bohm:
Só se nós renunciarmos às separações
poderemos perceber que a experiência é de toda a espécie
humana.
Jiddu
Krishnamurti:
A
não ser que exista uma mudança profunda ocorrendo dentro,
dentro da nossa mente, do cérebro, nós até poderemos
pensar que mudamos, mas, isto é apenas uma mudança superficial,
de pouca importância, e não uma mudança substancial
e efetiva. O cérebro tem estado organizado num padrão por
milênios! Portanto, não importa mais "o que" devemos
mudar. É imperativo que mudemos. E isto não é uma
questão de fé e de estarmos vinculados a uma religião.
Não é uma questão de transformar um padrão
em outro padrão. Logo, só a visão intuitiva transformará
e provocará uma mutação no cérebro. Mas, a
visão intuitiva não é o resultado de um conhecimento
progressivo, não é tempo progressivo, não é
uma recordação, não surge através de qualquer
exercício da vontade e não pode depender do pensamento.
Esta visão intuitiva, na verdade, é a verdadeira atividade
do cérebro, e apesar de ser independente dos processos materiais,
poderá atuar sobre ele. [Talvez,
isto possa ser denominado de Deus-em-nós,
porque, in potentia,
somos Deuses. Se ou quando descobrirmos isto... ]
Jiddu
Krishnamurti:
Violência e ausência de violência [ou
Satyagraha,
como recomendava o Mahatma Gandhi] são dois fatores
completamente diferentes. Um não pode agir sobre o outro. O Amor
é independente do ódio. Se existir ódio, o Amor não
poderá existir. Se existir violência, não poderá
haver paz. A paz, portanto, independe da violência.
David
Bohm:
Bem
e mal, amor e ódio, luz e escuridão... Quando existir um
o outro não poderá existir.
Jiddu
Krishnamurti:
O
Amor não tem nenhuma causa. O ódio tem uma causa. A visão
intuitiva não tem nenhuma causa. O processo material, como o pensamento,
tem uma causa. Seja como for, o fato é que a ação
da visão intuitiva tem um efeito extraordinário sobre o
processo material. Uma vez que a visão intuitiva não possui
causa, ela tem um efeito preciso sobre aquilo que tem causa. A visão
intuitiva é um lampejo, sempre total, nunca parcial ou limitada,
e este lampejo altera todo o padrão, pois, opera sobre ele.
David
Bohm:
A visão
intuitiva é uma energia que Illumina a atividade do cérebro,
e, nesta Illuminação, o próprio cérebro começa
a agir de maneira diferente. E a Fonte desta Illuminação
não tem causa.
Jiddu
Krishnamurti:
O processo
material atua na ignorância, na escuridão. E este lampejo
de visão intuitiva Illumina todo o campo, o que significa que a
ignorância e a escuridão são dissipadas.
David
Bohm e Jiddu Krishnamurti:
A escuridão
e a Luz não podem coexistir por razões óbvias. No
entanto, a própria existência da Luz significa mudar o processo
da escuridão. Ou seja: significa mudar o centro da escuridão,
que é o self. A visão intuitiva dissipa o self.
Self
Jiddu
Krishnamurti:
Mas,
por que não é natural que todo mundo tenha essa visão
intuitiva? Por que o amor não é natural para todo mundo?
David
Bohm: A
visão intuitiva é o lampejo de Luz que torna possível
a percepção.
Jiddu
Krishnamurti:
A visão
intuitiva é, pois, pura percepção, e a partir desta
percepção há ação, que é, então,
sustentada pela racionalidade. Visão intuitiva, portanto, não
está ligada ao tempo, sendo percepção, ação
e ordem. Neste sentido, enquanto o centro estiver criando a escuridão
e o pensamento estiver operando nela, haverá a desordem, e a sociedade
será como é agora. Para nos afastarmos disto tudo, teremos
de ter a visão intuitiva. A visão intuitiva só poderá
ocorrer se/quando houver um lampejo, uma luz repentina, que eliminará
não apenas a escuridão como também o seu criador
– [ o self].
Jiddu
Krishnamurti:
Milagres
e estranhos eventos fortuitos são contra a minha natureza. Eu não
aceito isso.
Jiddu
Krishnamurti:
Não
existe meia divisão; a divisão sempre é integral,
completa.
Você
já viu sobrar pedaço de
pizza?
David
Bohm e Jiddu Krishnamurti:
O fato
é que as pessoas simplesmente continuam a viver da mesma maneira,
tentando aproveitar a vida até o último momento, porque
não conseguem enxergar nada além da própria escuridão.
Na verdade, estamos dando o passo errado o tempo todo. Todavia, o ser-humano-aí-no-mundo,
que vive na escuridão, poderá ir, a qualquer momento, para
o outro lado. Poderá atravessar a ponte. Este é o ponto.
Em qualquer ocasião. Só basta querer. É o centro
– [ o self]
– que produz
a escuridão. É o pensamento que cria a divisão. Então,
o problema todo está em perceber a escuridão, em perceber
que o pensamento cria a divisão, e em compreender que o self é
a origem do deserto da escuridão e da divisão, e vice-versa.
Mas, só a partir da visão intuitiva é que perceberemos
que não há divisão, e que no deserto da escuridão
existe água! Tudo
isto só tem um significado: romper o padrão. Rompido o padrão
escravizante multimilenar, a divisão desaparece. E já não
existem mais Deus e o ser-humano-aí-no-mundo. Isto quer dizer que
a percepção disto é o final da Transformação.
E, com a Transformação,
a escuridão
e a divisão se extinguem inteiramente, o que nos conduz à
Grande Base.
David Bohm e Jiddu Krishnamurti:
A Base
é Movimento Interminável. Movimento sem ser daqui para ali,
sem estar vinculado ao tempo, sem passado nem devir psicológico,
sem começo, sem fim nem forma, sem distância, sem divisão,
sem vida nem morte, sem qualquer ação que seja divisora
nem limitativa. Este Movimento é o Universo, é o Cosmos,
é o Todo, é Eterno e, portanto, é Imortal. Então,
se/quando compreendermos que no Universo não existe divisão,
a morte não terá mais significado. Quando compreendermos
que no Universo não existe divisão, será dissolvido
o encantamento da nossa escuridão, e perceberemos que existe um
Movimento Incriado e Sempiterno. E o medo da morte se extinguirá.
Se/quando a nossa mente participar deste Movimento, ela, conscientemente,
será este Movimento, pois, compreenderá que tudo é
este Movimento, e não se moverá mais na escuridão
nem em meio às imagens criadas pela ignorância. Enfim, teremos
a certeza de que a Grande Base é Movimento sem tempo. E isto será
tudo.
Jiddu
Krishnamurti:
O
fato de não haver morte significa que a mente não envelhece.
David
Bohm: É
o conflito que faz com que as células cerebrais degenerem.
Jiddu
Krishnamurti:
A
visão intuitiva acarreta uma mudança nas células
cerebrais. O que significa que as células cerebrais não
pensam mais em termos de tempo psicológico.
David
Bohm: A
Base é movimento sem divisão.
Jiddu
Krishnamurti:
Não
quero viver em uma caverna!
—
Nada de caverna!
Nada de lanterna!
Nada de aparato!
Nada de celibato!
Nada de suplício!
Nada de cilício!
Nada de saudade!
Nada de vaidade!
Nada de ambição!
Nada de sofreguidão!
Nada de almejar!
Nada de ignorar!
Nada de inclinação!
Nada de vocação!
Nada de vir-a-ser!
Nada de não-ser!
Tão-somente ser!
Tão-somente Viver!
Jiddu
Krishnamurti:
Você
atingiu a meta e voltou –
esses são termos aproximados –
e eu sou um ser-humano-aí-no-mundo comum, que vive no mundo.
Qual é então sua relação comigo? Evidentemente
nenhuma, porque vivo num mundo de escuridão e você, não.
Então, nosso relacionamento só poderá existir quando
eu sair disto, isto é, quando a escuridão terminar.1
—
A Hierarquia quer
se aproximar de nós,
mas, precisamos merecer.
O Cristo quer
se aproximar de nós,
mas, precisamos merecer.
A Iniciação está
disponível para nós,
mas, precisamos merecer.
A LLuz está
disponível para nós,
mas, precisamos merecer.
A ShOPhIa está
disponível para nós,
mas, precisamos merecer.
A Meta de todos nós
é —› DEUSES CONSCIENTES,
mas, precisamos merecer.
Mas, merecer é pouco.
Precisamos querer
e lutar o BOM COMBATE!
Jiddu
Krishnamurti:
Não
poderemos compreender o que é compaixão a partir da nossa
escuridão. [Na verdade,
não
poderemos compreender nada a partir da nossa escuridão.]
Jiddu
Krishnamurti:
O mais
profundo de tudo é Aquilo, a Grande Base.
David Bohm e Jiddu Krishnamurti:
Há
vários graus de consciência. Há, portanto, diferentes
níveis ou graus de atuação.
Jiddu
Krishnamurti:
Se
houver dez pessoas na Terra com visão intuitiva, fundamentada na
inteligência e na compaixão, a sociedade será efetivamente
afetada...
Jiddu
Krishnamurti:
Quando
reduzimos a Imensidade a uma insignificância, colocando-a, por exemplo,
em um templo, esta imensidade, por isto, para nós, perde completamente
sua Significância. Por que isto costuma acontecer? Porque vemos
a Imensidade somente como uma coisa muito pequena; todavia, esta Imensidade
é todo o Universo, [finito,
porém, ilimitado, que está em nós e nós Nele.]
Continua...
_____
Nota:
1.
Se és
capaz de arriscar, em uma única parada, tudo quanto ganhaste em
toda a tua vida, e perder, e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado,
tornar ao ponto de partida... Tua é a Terra com tudo o que existe
no mundo, e – o que ainda é muito mais – és
um Homem, meu filho! [In: If, Joseph Rudyard Kipling.]
Música
de fundo:
Symphony
Nº 6 (Pastorale), em Fá Maior, opus 68
Compositor: Ludwig van Beethoven
Fonte:
http://www.kunstderfuge.com/beethoven/variae.htm#Symphonies
Observação:
A Sinfonia nº
6 em Fá Maior, opus 68, de Ludwig van Beethoven, também
chamada Sinfonia Pastoral, é uma obra musical precursora da música
programática. Esta Sinfonia foi completada em 1808, e teve a sua
primeira apresentação no Theater an der Wien, em 22 de dezembro
de 18081. Dividida em cinco andamentos, tem por propósito descrever
a sensação experimentada nos ambientes rurais. Beethoven
insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um
quadro sonoro, mas, como uma expressão de sentimentos. É
uma das mais conhecidas obras da fase romântica de Beethoven.
Páginas
da Internet consultadas:
http://clipart-library.com/
https://making-the-web.com/pizza-vector
https://giphy.com/
http://rebloggy.com/
https://www.splcosceola.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mau_ladr%C3%A3o
https://dia-da-terra.blogspot.com/
https://www.filosofiaesoterica.com/david-bohm-brasil-krishnamurti/
https://krishnamurtibox.wordpress.com/downloads/livros/
Direitos
autorais:
As animações,
as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por
empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de
ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright
são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei
a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las,
se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar
que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei
do ar imediatamente.