Em um monastério himalaico, no Tibete, havia três dias que o chela apenas orava. Imóvel, ele apenas orava.

 

Seu Mestre, que o vinha observando, ficou um pouco preocupado, e decidiu interromper aquela meditação.

 

O Mestre: — Você está há três dias meditando. Posso saber qual é o motivo?

 

O chela: — Mestre, eu estou duplamente angustiado. Pela Humanidade e por mim. Essa PanCOVIDmia parece não ter fim. No Brasil, por exemplo, ela está se tornando mais mortal a cada dia. Quanto a mim, estou inquieto porque posso ser contaminado, e não sei como o meu corpo reagirá a esse SARS-CoV-2. Posso morrer, e eu não me sinto preparado ainda para deixar o corpo físico.

 

O Mestre: — Você sabe que esta doença terrível, que tomou conta da Raça Humana, é o resultado e o cumprimento de um karma coletivo acumulado, produzido pela própria Humanidade, e que precisa ser compensado. Ninguém pode interferir no seu cumprimento, e ele será executado até o fim. Nunca se esqueça de que o karma não castiga; sua finalidade é educativa. A maioria da Humanidade ainda se encontra em uma Oitava da Spira Legis em que o karma se manifesta e é cumprido pela dor, pelo desespero e pelas perdas. No futuro, será diferente. Quanto mais o ser avançar em Compreensão, menos ele padecerá fisicamente, pois, realizará que a separatividade é antagônica, oposta e incompatível com a Unimultiplicidade. Com relação ao Brasil, ao qual você fez referência, como acontece com todas as nações, o Governo Central do País sintetiza a média do estado de consciência da sua população. Ele não é melhor nem pior do que essa média.

 

O Mestre parou alguns minutos para obervar o chela, e, então disse: — Quanto a você, não fique apreensivo. E tirando do bolso do seu balandrau um pequeno frasco contendo um Elixir rosado, disse: — Beba este Elixir, e você ficará imunizado contra o SARS-CoV-2 e todos os futuros possíveis vírus que poderão surgir. E deu o pequeno frasco com o Elixir ao chela.

 

O chela agradeceu e ficou em silêncio por algum tempo. O Mestre, também em silêncio, apenas o observava. Então, o chela disse: — Mestre, eu não posso imaginar você se entristecendo comigo, e pior, me abandonando. Eu não me imagino ofendendo você de nenhuma forma. Mas, eu não posso aceitar este Elixir. Se a Humanidade não pode tê-Lo, eu também não posso. Se eu tomasse este Elixir, eu me sentiria como uma espécie de traidor da Humanidade. Você mesmo me ensinou: 'ou todos ou ninguém'. Perdoe-me, com humildade, agradeço, porém, eu não posso tomar o Elixir.

 

O Mestre sorriu, e falou: — Meu filho, para mim, este é um momento de muita alegria, que eu adicionarei à minha coleção de momentos muito alegres. Tudo o que você ponderou está irrepreensivelmente correto. Se você tivesse optado por beber o Elixir, o que seria um direito irreprochável seu, porque eu ofereci, certamente, você ficaria imunizado da forma como expliquei. De maneira alguma, eu me aborreceria com você, não o criticaria, nem o abandonaria. Mas, uma coisa aconteceria, na qual eu não poderia intervir: por um tempo incalculável, você retardaria a sua Emancipação. Nada é mais retardante e entravante do que o eusismo. E são tanto os pequenos quanto os grandes eusismos que têm mantido a Humanidade agrilhoada à Roda do Samsara – uma conseqüência inevitável da ignorância da existência do Verdadeiro Eu Interior, que está unificado com todos os outros Eus existentes nos ilimitados Sistemas do Unimultiverso. Não somos seres individuais, separados, e não estamos sozinhos. A Vida é Una. Portanto, é esta ignorância a geratriz da Grande Heresia da Separatividade, que não só separa os homens entre si, como das outras Hierarquias. O Materialismo cego e egoísta é o verdugo da Raça Humana, e, na atualidade, o Novo Coronavírus é o seu instrumento educacional. A Humanidade só ficará livre dessas tragédias quando exercitar o Triângulo Primordial: Amor-Solidariedade-Altruísmo. Repito: só há um Teclado Cósmico, só há uma Spira Legis, e, por isto, no Unimultiverso, todos os Eus estão unificados, e, de fato, amalgamados. Om Mani Padme Hum simboliza esta Lei, que expressa muito mais do que a idéia de unidade entre o corpo, a mente e a palavra, e representa Amor, Misericórdia e Sabedoria. Amor Impessoal, Misericórdia Geral e Sabedoria Universal.

 

 

O Instrumento do Verdugo

 

 

O chela agradeceu, encerrou a sua meditação e convidou o seu Mestre para tomar um chazinho com rosquinhas. O Mestre, que adorava chá com rosquinhas, rapidinho aceitou o convite.