PENSAMENTOS
DE EINSTEIN
Penso noventa e nove vezes e nada descubro. Deixo
de pensar, mergulho em profundo silêncio e eis que a verdade
se me revela. A mente avança até o ponto onde pode analisar,
mas depois passa para uma dimensão superior sem saber como
lá chegou. Todas as grandes revelações realizaram
este salto.
A imaginação é
mais importante do que o conhecimento.
A vida não dá nem empresta;
não se comove nem se apieda. Tudo quanto ela faz é retribuir
e transferir aquilo que nós oferecemos.
Tristes tempos os nossos. É
mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.
Sou, na verdade, um viajante solitário,
e os ideais que iluminaram meu caminho e que proporcionaram uma vez
ou outra novo valor para enfrentar a vida foram a beleza, a bondade
e a verdade.
A mecânica quântica está
a impor-se. Mas, uma voz interior me diz que ainda não é
a teoria certa. A teoria diz muito, mas não nos aproxima do
segredo do Velho (The Old One). Eu estou convencidode que
Ele não joga aos dados.
O direito de todo homem é escutar
sua consciência e atuar segundo o que ela lhe dita. [Eu não
diria que isso é um direito, mas um privilégio.]
Carta a Isaac Hirsch, presidente da
Congregação B'er Chaym:
Meu
caro Sr. Hirsch
Muito
obrigado pelo seu gentil convite. Apesar de eu ser uma espécie
de Santo Judeu, tenho estado ausente da Sinagoga há tanto tempo
que receio que Deus não me iria reconhecer, e se me reconhecesse
seria ainda pior.
Com
os meus melhores cumprimentos e votos de bons feriados para si e para
a sua congregação.
Agradecendo mais uma vez,
Albert
Einstein
Se eu tivesse a sorte de passar nos
meus exames, iria para Zurique. Ficaria lá durante quatro anos
para estudar Matemática e Física. Imagino-me tornando
professor naqueles ramos das ciências naturais, escolhendo a
parte teórica deles. Eis as razões que me levam a este
plano. Acima de tudo, esta é minha disposição
para pensamento abstrato e matemático, e minha falta de imaginação
e habilidade prática.
A monotonia da vida tranqüila
estimula a mente criativa.
Uma hora com uma jovem e bela mulher
passa como um minuto, mas um minuto sobre um forno quente parece uma
hora.
A ciência é uma tentativa
de conseguir que à caótica diversidade de nossas experiências
sensoriais corresponda um sistema de pensamento logicamente ordenado.
Não existe nenhum caminho lógico
para a descoberta das leis do Universo. O único caminho é
o da intuição.
Não entendes realmente algo
a menos que sejas capaz de explicá-lo a tua vovó.
Uma universidade é o lugar onde
a universalidade do espírito humano se manifesta.
Sem dúvida, temos que reconhecer
hoje, com horror, que os pilares da existência humana civilizada
têm perdido sua firmeza. Leis arbitrárias, opressão,
perseguição de indivíduos, de crenças
e de comunidades se praticam abertamente em muitos países e
são aceitos como justificáveis ou como inevitáveis.
Lendo livros científicos
populares, logo cheguei à conclusão de que muito nas
histórias da Bíblia não podia ser verdade. A
conseqüência foi uma explosão de livres pensamentos
positivamente fanáticos, associados à impressão
de que a juventude estava sendo intencionalmente enganada pelo Estado
através de mentiras. Era uma impressão enganadora.
Um cientista raramente se inclinará
a crer que o curso dos eventos possa ser influenciado pela oração,
ou seja, por um desejo dirigido a um ser sobrenatural.
Não posso conceber um Deus que recompensa e
pune as suas criaturas ou que tem uma vontade do tipo que nós
mesmos experimentamos. Eu estou satisfeito com o mistério da
eternidade da vida e com a consciência e o vislumbre da estrutura
maravilhosa do mundo existente.
Falando do espírito que informa
as investigações científicas modernas, sou da
opinião que todas as melhores especulações, no
âmbito da ciência, brotam de um sentimento religioso profundo,
e que esse tipo de religiosidade que se faz sentir hoje na investigação
científica é a única atividade religiosa criativa
de nosso tempo.
A ciência sem religião
é manca; a religião sem a ciência é cega.
Todos os nossos atos estão governados
por nossos impulsos e estes impulsos estão organizados de tal
maneira que nossas ações em geral servem para nossa
própria conservação e para a conservação
da espécie.
Todos os impulsos primários,
difíceis de expressar com palavras, são mananciais das
ações humanas.
Quando examino a mim mesmo e aos meus
métodos de pensamento, chego à conclusão de que
o dom da fantasia significou muito mais para mim do que meu talento
para absorver conhecimento positivo.
Sou um solitário que
ama a Humanidade.
Concordo plenamente quanto à
importância e ao valor educativo da Metodologia e bem assim
da História e da Filosofia da Ciência. Hoje, muitas pessoas
— e mesmo cientistas profissionais — parecem-me alguém
que viu milhares de árvores mas nunca uma floresta. Um conhecimento
das bases históricas e filosóficas fornece aquele tipo
de independência dos preconceitos da sua geração
que afetam muitos cientistas. Esta independência criada pelo
conhecimento filosófico é – na minha opinião
– a marca de distinção entre um mero artesão
ou especialista e um verdadeiro pesquisador da verdade.
Há duas coisas infinitas: o
Universo e a tolice dos homens. Mas não tenho certeza do que
afirmo sobre a questão do Universo. [Penso que o correto seria
falar de coisas ilimitadas.]
É característico da mentalidade
militar que fatores não humanos (bombas atômicas, bases
estratégicas, armas de todo o tipo, posse de matérias-primas
etc.) sejam considerados essenciais, enquanto o ser humano, seus desejos
e pensamentos – em resumo, os fatores psicológicos –
sejam considerados desimportantes e secundários. O indivíduo
é degradado a um mero instrumento; ele se torna material humano.
Os fins normais da aspiração humana se esvaem sob esse
ponto de vista. Ao invés disso, a mentalidade militar eleva
o “poder nu” como um fim em si mesmo – uma das mais
estranhas ilusões às quais o homem poderá sucumbir.
Hoje, a existência da mentalidade
militar é mais perigosa do que nunca, porque as armas ofensivas
se tornaram muito mais perigosas do que as defensivas. Esse fato inevitavelmente
produzirá o tipo de pensamento que leva a guerras preventivas.
A insegurança geral que resulta desses avanços resulta
no sacrifício dos direitos civis do cidadão em nome
do suposto bem-estar nacional. A caça às bruxas e os
controles governamentais de todos os tipos (como o controle do ensino
e da pesquisa, da imprensa, e assim por diante) parecem inevitáveis,
e, conseqüentemente, não encontram aquela resistência
popular que, não fosse a mentalidade militar, poderia servir
para proteger a população.
A relação recíproca
entre a epistemologia e a ciência é de uma espécie
notável. Dependem uma da outra. A epistemologia sem contato
com a ciência torna-se um esquema vazio. A ciência sem
epistemologia é – se sequer se puder pensar tal –
primitiva e confusa.
Tem-se dito freqüentemente, e
certamente não sem justificação, que o homem
de ciência é um fraco filósofo. Por que razão,
então, não deveria ser a atitude certa do físico
a de deixar o filosofar ao filósofo? Tal poderia, de fato,
ser a atitude certa a tomar numa altura em que o físico acredita
que tem à sua disposição um rígido sistema
de conceitos fundamentais e leis fundamentais tão bem estabelecidas
que ondas de dúvidas os não podem alcançar; mas
não pode ser certo em um momento em que os próprios
fundamentos da Física se tornaram problemáticos como
o são agora. Em um tempo como o presente, quando a experiência
nos força a procurar um mais novo e mais sólido fundamento,
o físico não pode simplesmente ceder ao filósofo
a contemplação crítica dos fundamentos teóricos;
pois ele próprio sabe melhor e sente mais seguramente onde
a porca torce o rabo. Na busca de um novo fundamento, ele deve tentar
tornar claro para si próprio até que ponto os conceitos
que usa são justificados e necessários.
Como se dá que um bem dotado
cientista natural se venha a preocupar com epistemologia? Não
existe trabalho mais valioso a ser feito na sua especialidade? É
o que eu ouço perguntar por muitos dos meus colegas e pressinto-o
de muitos mais. Mas não posso partilhar desse sentimento. Quando
penso nos estudantes mais capazes que encontrei no meu ensino —
isto é, aqueles que se distinguiam pela sua independência
de juízo e não apenas pela sua rapidez de raciocínio
— posso afirmar que tinham um interesse vigoroso pela epistemologia.
Encetavam alegremente discussões sobre os objetivos e os métodos
da ciência e demonstravam inequivocamente, através de
uma defesa tenaz das suas opiniões, que o tema lhes parecia
importante.
Os conceitos que demonstraram a sua
utilidade na ordenação das coisas facilmente atingem
uma tal autoridade sobre nós que nos esquecemos das suas origens
terrenas e os aceitamos como dados inalteráveis. Então
vêm a ser marcados como "necessidades do pensamento",
"dados a priori" etc. O caminho do progresso científico
torna-se freqüentemente intransitável por muito tempo
graças a esses erros. Por conseguinte, não é
de todo um jogo vão se nos tornarmos experimentados em analisar
os conceitos há muito tidos como lugares-comuns e em mostrar
as circunstâncias das quais depende a sua justificação
e a sua utilidade e como extravasaram, individualmente, dos dados
da experiência. Assim, a sua excessiva autoridade será
quebrada. Serão removidos se não puderem ser adequadamente
legitimados, corrigidos se a sua correlação com as coisas
dadas for demasiado supérflua ou substituídos se for
possível estabelecer um novo sistema preferido por uma qualquer
razão.
Quero apenas explicar o que quero dizer
quando digo que devemos tentar ater-nos à realidade física.
Todos temos […] consciência da situação
relativa do que virão a ser os conceitos básicos fundacionais
da Física: o ponto-massa ou a partícula não estão
certamente entre eles; o campo, no sentido de Faraday-Maxwell, pode
vir a estar, mas sem certezas. Mas aquilo que concebemos como existente
(real) deve, de alguma forma, estar localizado no tempo e no espaço.
Isto é, o real numa parte do espaço, isto é:
A deve (em teoria) "existir" de alguma forma independentemente
daquilo que é considerado real noutra parte do espaço
B. Se um sistema físico abrange A e B, então o que está
presente em B deve de alguma forma ter uma existência independente
do que está presente em A. O que está efetivamente presente
em B não deveria por isso depender do tipo de medição
levada a cabo na parte do espaço A; deveria também ser
independente do fato de se fazer ou não uma medição
em A. Se se aderir a este programa, então dificilmente se pode
encarar a descrição teórica quântica como
uma descrição completa do que é fisicamente real.
Se se tentar, ainda assim, encará-la como tal, então
tem de se pressupor que o fisicamente real em B sofre uma mudança
súbita por causa de uma medição feita em A. Os
meus instintos físicos ficam eriçados perante tal sugestão.
No entanto, se se renunciar ao pressuposto de que o que está
presente em diferentes partes do espaço tem uma existência
independente real, então não vislumbro sequer o que
a Física deve supostamente descrever. Pois o que é supostamente
"sistema" é, no fim de contas, apenas convencional,
e não vejo como se pode esperar dividir o mundo objetivamente
para se produzir afirmações sobre as partes.
A paz não pode ser mantida à
força. Somente pode ser atingida pelo entendimento.
Algumas pessoas não fazem jus
a possuírem um cérebro, pois se contentam com os estímulos
nervosos produzidos por sua coluna vertebral.
E cada dia, milhares de vezes, sinto
minha vida – corpo e alma – integralmente tributária
do trabalho dos vivos e dos mortos. Gostaria de dar tanto quanto recebo
e não paro de receber. Sinto ser acessível e desejável
para todos uma vida simples e natural, de corpo e de espírito.
Tudo deveria ser tornado tão
simples quanto possível, mas não mais simples do que
isso.
Todas as ações e todas
as imaginações humanas têm em vista satisfazer
as necessidades dos homens e trazer lenitivo às suas dores.
Recusar esta evidência é não compreender a vida
do espírito e o seu progresso. Porque experimentar e desejar
constituem os impulsos primários do ser, antes mesmo de considerar
a majestosa criação desejada.
Por enquanto sou um cientista alemão;
mas se me tornar involuntariamente em uma besta negra vou preferir
ser um judeu suíço.
Querida
Posteridade: se você não se tornou mais justa, mais pacífica
e mais racional do que nós somos (ou fomos) até agora,
então vá para o diabo!
Eu tratei minha mulher como uma empregada,
mas como uma empregada que não podia demitir.
O mistério da vida me
causa a mais forte emoção. É o sentimento que
suscita a beleza e a verdade e que cria a arte e a ciência.
Se alguém não conhece esta sensação ou
não pode mais experimentar espanto ou surpresa, já é
um morto-vivo e seus olhos se cegaram. Aureolada de temor, é
a realidade secreta do mistério que constitui também
a religião. Homens se confessam limitados e seu espírito
não pode compreender esta perfeição. E este conhecimento
e esta confissão tomam o nome de religião. Deste modo,
e somente deste modo, sou profundamente religioso, bem como esses
homens. Não posso imaginar Deus a recompensar e a castigar
o objeto de sua criação.
Sem cooperação honesta
com os árabes, não há paz, não há
prosperidade. Isso diz respeito a longo prazo, não ao momento
presente. [Não é o que estamos assistindo hoje meio
século depois?]
Não há nada que seja
maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia
após dia e esperar resultados diferentes.
O único lugar onde o
sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.
Aquele que só conhece a pesquisa
científica por seus efeitos práticos vê depressa
demais e incompletamente a mentalidade de homens que, rodeados de
contemporâneos céticos, indicaram caminhos aos indivíduos
que pensavam como eles. Em nossa época, instalada no materialismo,
reconhece-se nos sábios escrupulosamente honestos os únicos
espíritos profundamente religiosos.
A coisa mais dura de entender
no mundo é o Imposto de Renda.
Deus pode ser sutil, mas não
é maldoso.
A coisa mais bela que podemos
experimentar é o mistério. Essa é a fonte de
toda a arte e das ciências verdadeiras.
O mais incompreensível
do mundo é que ele seja compreensível.
Nunca me preocupo com o futuro,
muito em breve ele virá.
Nada beneficiará mais
a saúde da Humanidade e aumentará maiormente as chances
de sobrevivência da vida na Terra quanto a dieta vegetariana.
Se as pessoas são boas
só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então
realmente somos um grupo muito desprezível.
A mente que se abre a uma nova
idéia jamais voltará ao seu tamanho original. [Elucubrando
e especulando: obviamente o cérebro não é a mente;
apenas é o órgão físico do qual a mente
depende e não depende para se manifestar e interagir, pois
muitas manifestações podem acontecer sem a intermediação
do cérebro. Logo, a animação a seguir é
meramente pictorial e fruto das minhas enlouquecedoras fantasias,
pois se a cada nova idéia que acessamos ou se a cada entusiasmo
criador que nos inspira o cérebro aumentasse de tamanho, o
maior negócio do mundo não seria o petróleo e
nem o Iraque estaria de pernas para o ar como está, mas, sim,
as fábricas de pentes, de soluções saponáceas
para lavar os cabelos e o couro cabeludo, de xampus anticaspa, de
grampos e de similares. Essa fabulosa e desconhecida idéia
que estou divulgando não vale para cabeças que sofreram
perda de cabelos. Mas, quem sabe, se essa situação fosse
possível – isto é, para cabeças que sofreram
perda de cabelos em cérebros que aumentaram de tamanho em virtude
de novas idéias e de entusiasmos criadores – um outro
excelente negócio seria construir fábricas e mais fábricas
de chinós! E explorando os trabalhadores a mais não
poder, seria melhor ainda! Do jeito que a maior parte dos Estados
é, isso acabaria virando uma questão de segurança
nacional. De qualquer maneira, seria mesmo muito melhor fabricar perucas
para os cabeções do que construir bombas. Eu não
sei como o Einstein com toda a inteligência que ele tinha não
pensou nisso. O sem cabelos aí embaixo provavelmente seria
um potencial comprador dos chinós.]
A tradição é
a personalidade dos imbecis.
A liberação da
energia atômica mudou tudo, menos nossa maneira de pensar.
Falta de tempo é desculpa
daqueles que perdem tempo por falta de métodos.
Eu quero saber como Deus criou este mundo. Não
estou interessado neste ou naquele fenômeno, no espectro deste
ou daquele elemento. Eu quero conhecer os pensamentos Dele. O resto
são detalhes.
Não sei como será
a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com
pedras e paus.
Para me punir por meu desprezo
pela autoridade o destino fez de mim mesmo uma autoridade.
Se se verificar que a minha
Teoria da Relatividade é certa, a Alemanha dirá que
sou alemão e a França que sou um cidadão do mundo;
se se verificar que é errada, a França dirá que
sou alemão e a Alemanha que sou judeu.
O estudo e a busca da verdade
e da beleza são domínios em que nos é consentido
sermos crianças por toda a vida.
Não sei por que todos
me adoram se ninguém entende minhas idéias.
O casamento á a tentativa
malsucedida de extrair algo duradouro de um acidente.
A política serve a um
momento no presente, mas uma equação é eterna.
A anarquia econômica da sociedade
capitalista tal qual existe hoje é, em minha opinião,
a real fonte do mal...
A Natureza não esconde seus
segredos por malícia, mas sim por causa de sua própria
altivez.
Chamarei de "trabalhadores"
todos aqueles que não compartilhem da posse dos meios de produção.
Na medida em que o contrato de trabalho é "livre",
o que o trabalhador recebe é determinado não pelo real
valor dos bens que produz, mas pelo mínimo de que necessita
e pela busca dos capitalistas da força de trabalho em relação
ao número de operários competindo por empregos.
Sob as condições existentes,
capitalistas privados inevitavelmente controlam, direta ou indiretamente,
as principais fontes de informação (imprensa, rádio,
educação). É assim extremamente difícil
e, na verdade na maior parte dos casos, realmente impossível
para o cidadão chegar a conclusões objetivas e fazer
uso inteligente de seus direitos políticos.
A produção obedece à
lei do lucro e não se destina ao uso. Não tem a preocupação
de que todos aqueles capazes e dispostos a trabalhar sempre tenham
condições de encontrar emprego; um exército de
desempregados quase sempre existe.
A posse de meios de produção maravilhosos
não trouxe a liberdade, mas a preocupação e a
fome.
Algo
só é impossível até que alguém
duvide e acabe provando o contrário.
Eu considero a
invalidação do indivíduo o pior
dos males do Capitalismo. Inculca-se no estudante uma atitude competitiva
exagerada instruindo-o a adorar o êxito aquisitivo.
Estou convencido de que há apenas
um (itálico no original) meio de eliminar estes graves
males, ou seja, através do estabelecimento de uma economia
socialista acompanhada de um sistema educacional voltado para metas
sociais. Em tal economia, os meios de produção são
possuídos pela própria sociedade e utilizados de forma
planificada. Uma economia planificada, que ajusta a produção
às necessidades comunitárias, distribuiria o trabalho
a realizar entre todos aqueles capazes de trabalhar e garantiria a
subsistência a todos os seres humanos. A educação
do indivíduo, além de promover suas próprias
habilidades inatas, empenhar-se-ia em nele desenvolver senso de responsabilidade
por seus semelhantes em lugar da glorificação do poder
e do sucesso de nossa presente sociedade.
Se A é o sucesso então
é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é
o lazer; e Z é manter a boca fechada.
Sem a convicção de uma
harmonia íntima do Universo não poderia haver ciência.
Esta convicção é – e continuará
a ser – a base de toda a criação científica.
Em toda a extensão dos nossos esforços, nas lutas dramáticas
entre as velhas e as novas concepções, entrevemos a
ânsia eterna de compreensão, a intuição
inabalável da harmonia universal, que se robustece na própria
multiplicidade dos obstáculos que se oferecem ao nosso entendimento.
O mecanismo do descobrimento não
é lógico e intelectual; é uma iluminação
subitânea, quase um êxtase.
O mundo não está ameaçado
pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade.
Uma coisa eu aprendi na minha longa
vida: toda a nossa ciência comparada com a realidade é
primitiva e infantil, mesmo assim é a coisa mais preciosa que
nós temos.
Um arqueólogo de uma civilização
adiantada encontra um tratado de geometria euclidiana sem figuras.
Descobrirá em que sentido estão empregadas nos teoremas
as palavras ponto, reta e plano. Reconhecerá também
como esses teoremas são deduzidos uns dos outros. Poderá
até mesmo estabelecer novos teoremas segundo as regras reconhecidas.
Mas a formação dos teoremas continuará a ser
para ele um jogo de palavras vazias, enquanto não "puder
imaginar qualquer coisa" que corresponda às palavras ponto,
reta, plano etc. Só quando isso acontecer é que a geometria
passará a ter, para ele, um verdadeiro conteúdo. O mesmo
se passará com a mecânica analítica ou com quaisquer
outras exposições das ciências lógico-dedutivas.
[E com a própria idéia de Deus.]
Queridas crianças. Nós
não devemos perguntar "o que é um animal?",
mas sim, "que coisa chamamos de animal?" Bem, chamamos de
animal quando essa coisa tem certas características: alimenta-se,
descende de pais semelhantes a ela, cresce sozinha e morre quando
seu tempo se esgotou. É por isso que chamamos a minhoca, a
galinha, o cachorro e o macaco de animais. E nós, humanos?
Pensem nisso da maneira que eu propus anteriormente e então
decidam por vocês mesmas se é uma coisa natural nós
nos considerarmos animais.
As gerações futuras dificilmente
entenderão como passou na Terra uma pessoa como Mahatma Gandhi.
Perguntaram-me muitas vezes como eu
inventava as minhas teorias, de onde tirava as idéias e como
arranjava uma maneira de simplificar as coisas mais complicadas. A
resposta é simples: sempre afirmei que é preciso tentar
as coisas noventa e nove vezes para acabar por ser bem sucedido [talvez]
na centésima vez.
Por que esta ciência
aplicada, que economiza trabalho e torna a vida mais fácil,
traz a nós tão pouca felicidade? Resposta: porque nós
ainda não aprendemos a fazer uso sensível da mesma.
A Física é tão
subjetiva quanto qualquer outra empresa humana.
Manifesto contra a conscrição,
o alistamento forçado e o sistema militar
(assim como contra a privatização dos exércitos
e contra todos os mercenários) — assinado, entre outros,
por Annie Besant e Albert Einstein.
Em nome da Humanidade,
e para bem de todos os civis ameaçados pelos sistemáticos
e contínuos crimes de guerra, em particular para todas as mulheres
e crianças e em defesa da Mãe Natureza, lesada e maltratada
em todas as guerras, nós os signatários deste manifesto
afirmamos publicamente ser a favor da abolição do alistamento
militar como condição necessária e imprescindível,
até mesmo como um passo decisivo para um total e completo desarmamento.
Recordamos, por isso, a mensagem dos humanistas do século XX:
«Estamos convencidos de que o Exército, que se baseia
sobre o alistamento forçado, assim como de um grande número
de oficiais profissionais, representa uma pesada ameaça para
a paz. O serviço militar obrigatório comporta a degradação
da pessoa humana e a suspensão da liberdade. A arregimentação,
a militarização e a obediência cega às
ordens, quantas vezes injustas e insensatas, tal como a instrução
para o assassínio mais não faz que enterrar o respeito
que é devido à pessoa e ao individuo, à democracia
e à condição humana. Trata-se de uma verdadeira
humilhação da dignidade humana levar homens a roubar
vidas humanas, a forçá-los a matar contra sua vontade,
contra as suas convicções e contra todo o sentido de
justiça. Um Estado que se julga no direito de enviar os seus
cidadãos para a guerra, ainda que em tempo de paz, não
pode reconhecer o valor devido à vida e à alegria de
viver. Além disso, o serviço militar obrigatório
inculca em toda a população masculina um espírito
militar agressivo, e logo numa fase da vida que é a mais sugestionável
de todas. É justamente a preparação para a guerra
que faz da guerra como algo de inevitável e até mesmo
como um objetivo desejável! O serviço militar obrigatório
submete cada indivíduo ao militarismo. Trata-se de uma forma
de escravatura que as populações habitualmente toleram,
mas que é mais uma prova da nefasta influência do sistema
militarista. A instrução militar consiste na formação
do corpo e do espírito para a arte de matar. A instrução
militar mais não é que a educação para
a guerra. No fundo, ele é eternização do espírito
belicoso que entrava o desenvolvimento do desejo e da vontade de paz.»
Queremos encorajar todos e todas a se libertarem do sistema militar
utilizando os métodos de resistência não-violenta
na linha da tradição de Mahatma Gandhi e de Martin Luther
King: objeção de consciência ao serviço
militar (quer para os mobilizados quer para os soldados voluntários
e profissionais), a desobediência civil, a recusa de pagar imposto
para as guerras, a não-cooperação para a pesquisa
científica para fins militares, assim como para a produção
de armamento e a venda de armas.
Na atual era das guerras por comando eletrônico e de tremendas
manipulações midiáticas é nosso dever
agir segundo a nossa consciência. É chegado, assim, o
momento de pedir a desmilitarização das nossas sociedades,
das nossas atitudes e dos nossos pensamentos, e de nos pronunciarmos
contra a guerra e os seus preparativos. [Recomendo a leitura da obra
Pela Paz Perpétua (Zum Ewigen Frieden) que
Immanuel Kant (1724-1804) escreveu aos 71 anos de idade. A obra é
uma proposta de constituição republicana fundamentada
em três princípios: liberdade dos membros
de uma sociedade enquanto homens, dependência enquanto súditos
e igualdade enquanto cidadãos. O projeto visava
estabelecer uma paz perpétua entre os povos europeus e depois
esparramá-la por todo o mundo. Enfim, o livro é um manifesto
iluminista em favor do entendimento permanente entre os homens. Poderia
ter sido escrito hoje.]
Acredito no Deus de Spinoza, que se
revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não
no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos
homens.
Não consigo conceber um Deus
pessoal que influa diretamente sobre as ações dos indivíduos,
ou que julgue diretamente criaturas por Ele criadas. Não posso
fazer isto, apesar do fato de que a causalidade mecanicista foi, até
certo ponto, posta em dúvida pela ciência moderna. Minha
religiosidade consiste em uma humilde admiração pelo
espírito infinitamente superior que se revela no pouco que
nós, com nossa fraca e transitória compreensão,
podemos entender da realidade. A moral é da maior importância
para nós, porém, não para Deus. [Sim, porque
a moral é humana. O que é cósmico, eterno e imutável
é a Ética.]
Todos
podem atingir a religião em um último grau, raramente
acessível em sua pureza total. Dou a isto o nome de religiosidade
cósmica; mas não posso falar dela com facilidade, já
que se trata de uma noção muito novaà qual não
corresponde conceito algum de um Deus antropomórfico. Notam-se
exemplos desta religião cósmica nos primeiros momentos
da evolução em alguns salmos de Davi ou em alguns profetas.
Em grau infinitamente mais elevado, o Budismo organiza os dados do
cosmos... Ora, os gênios religiosos de todos os tempos se distinguiram
por esta religiosidade ante o cosmos. Ela não tem dogmas nem
um Deus concebido à imagem do homem, portanto nenhuma Igreja
ensina a religião cósmica. Tenho também a impressão
de que os hereges de todos os tempos da história humana se
nutriam com esta forma superior de religião. Contudo, seus
contemporâneos muitas vezes os tinham por suspeitos de ateísmo,
e às vezes, também, de santidade. Considerados deste
ponto de vista, homens como Demócrito, Francisco de Assis e
Spinoza se assemelham profundamente.
Uma
das forças do regime comunista no Oriente é que ele
tem um certo caráter de religião e inspira as emoções
da religião.
A pior das instituições
se intitula Exército. Eu o odeio. Se um homem puder sentir
qualquer prazer em desfilar aos sons de música, eu desprezo
este homem... Não merece um cérebro humano, já
que a medula espinhal o satisfaz. Deveríamos fazer desaparecer
o mais depressa possível este câncer da civilização.
Detesto com todas as forças o heroísmo obrigatório,
a violência gratuita e o nacionalismo débil. A guerra
é a coisa mais desprezível que existe. Preferia deixar-me
assassinar a participar desta ignomínia.
O nacionalismo é uma doença
infantil. É o sarampo da Humanidade.
O espírito
científico, fortemente armado com seu método, não
existe sem a religiosidade cósmica.
Minha condição humana
me fascina. Conheço o limite de minha existência e ignoro
porque estou nesta Terra, mas às vezes o pressinto. Pela experiência
cotidiana, concreta e intuitiva, eu me descubro vivo para alguns homens,
porque o sorriso e a felicidade deles me condicionam inteiramente,
mais ainda para outros que, por acaso, descobri terem emoções
iguais às minhas.
Tem um sentido a minha vida? A vida de um homem tem
sentido? Posso responder a essas perguntas se tenho um espírito
religioso. Mas fazer essas perguntas tem sentido? Respondo assim:
aquele que considera sua vida e a dos outros sem qualquer sentido
é fundamentalmente infeliz. Não tem motivos para viver.
É a pessoa humana – livre,
criadora e sensível –
que modela o belo e exalta o sublime, ao passo
que as massas continuam arrastadas por uma dança infernal de
imbecilidade e embrutecimento. [Por isso são facilmente manipuláveis.
Basta ver os negócios que são propostos para serem feitos
com Deus em todas as religiões eletrônicas. E as pessoas
fazem esses negócios. Não com Deus, óbvio (que
não negocia com ninguém), mas com quem os propõem.]
É quase um milagre que os métodos
modernos de ensino não tenham eliminado a sagrada curiosidade
que conduz à pesquisa; o que esta planta delicada necessita
mais do que qualquer outra coisa, além do estímulo,
é a liberdade.
As palavras ou a língua, escrita
ou falada, não creio que desempenhem qualquer papel no mecanismo
do meu pensamento. Os entes físicos que parecem servir de elementos
ao pensamento são certos signos e certas imagens, mais ou menos
claras, que podem ser “voluntariamente” reproduzidas e
combinadas. [Por isso Einstein considerava a imaginação
mais importante do que o conhecimento.]
O mundo é composto de acontecimentos
individuais onde cada um é determinado por quatro números,
a saber: três coordenadas de espaço x, y, z e uma coordenada
de tempo t. Não estamos habituados a considerar o mundo como
um continuum de quatro dimensões, porque na Física
pré-relativista o tempo preenchia, em relação
às coordenadas do espaço, um papel diferente e mais
independente. Graças à Teoria da Relatividade, a concepção
do "mundo" em quatro dimensões torna-se perfeitamente
natural, porque, nessa teoria, o tempo é privado da sua independência.
Os gênios religiosos de todas
as eras distinguiram-se por um tipo de sentimento religioso que não
conhece dogma ou Deus concebido à imagem do homem; assim não
pode haver igreja cujos ensinamentos centrais sejam baseados nele.
Por isso, é precisamente entre os hereges de cada era que encontramos
homens imbuídos deste elevado tipo de sentimento religioso,
homens como Demócrito, São Francisco de Assis e Spinoza
ficam proximamente ligados. Na minha opinião, a função
mais importante da arte e da ciência é despertar esse
sentimento e mantê-lo vivo naqueles que lhe são receptivos.
Ele não vê utilidade para a religião do medo,
e o mesmo para a religião social ou moral. É portanto
fácil ver porque as igrejas sempre combateram a ciência
e perseguiram os seus devotos. Por outro lado, defendo que o sentimento
cósmico é o motivo mais forte e mais nobre para a pesquisa
científica. Um contemporâneo disse, não injustamente,
que nesta era materialista os cientistas sérios são
as únicas pessoas profundamente religiosas.
Ao longo deste último século,
e parte do anterior, foi vastamente afirmado que havia um conflito
irreconciliável entre o conhecimento e a fé. Prevaleceu
a opinião entre as mentes avançadas de que era hora
de a fé ser substituída cada vez mais pelo conhecimento;
a fé que não se baseava em conhecimento era superstição,
e como tal devia ser combatida. O ponto fraco desta concepção,
contudo, é o de que aquelas convicções necessárias
e determinantes para a nossa conduta e os nossos julgamentos não
podem ser encontradas senão unicamente nesta trilha científica
sólida. Pois o método científico não pode
nos ensinar nada mais além de como os fatos se relacionam e
são condicionados entre si. A aspiração a tal
conhecimento objetivo pertence ao mais alto de que o homem é
capaz, e você, certamente, não estará desconfiado
de que eu queira minimizar as descobertas e os esforços heróicos
do homem nesta esfera. Podemos ter o conhecimento mais claro e completo
do que é, sem contudo sermos capazes de deduzir disso qual
deveria ser a meta das nossas aspirações humanas. O
conhecimento objetivo nos oferece poderosos instrumentos para o alcance
de certos fins, mas a própria meta máxima e o desejo
de alcançá-la devem vir de outra fonte. Aqui nos deparamos,
portanto, com os limites da concepção puramente racional
da nossa existência. Se perguntarmos de onde deriva a autoridade
de tais fins fundamentais – visto que eles não podem
ser afirmados e justificados meramente pela razão – podemos
apenas responder: eles existem em uma sociedade saudável na
forma de tradições vigorosas, que agem sobre a conduta
e as aspirações e os julgamentos dos indivíduos;
eles estão lá, ou seja, como algo vivo, sem que seja
necessário encontrar uma justificativa para a sua existência.
Eles passam a existir, não através da demonstração,
mas da revelação, através da mediação
de personalidades poderosas. Não devemos tentar justificá-los,
mas apenas sentir sua natureza simples e claramente.
É o conteúdo mítico,
ou melhor, simbólico das tradições religiosas
que pode entrar em conflito com a ciência. Isso ocorre sempre
que essa coleção de idéias religiosas contêm
afirmações estabelecidas dogmaticamente sobre assuntos
que pertencem ao domínio da ciência. Assim, é
de vital importância para a preservação da verdadeira
religião que esses conflitos sejam evitados quando nascem de
assuntos que, de fato, não são realmente essenciais
para a busca das metas religiosas.