EGOÍSMO ESCLARECIDO

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Aprender efetivamente é observação observação sem acumulação, observação em liberdade, observação não dirigida pelo passado. [In: A Luz que Não se Apaga (em inglês: The Urgency of Change), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

Aprendendo

 

 

O nacionalismo é uma coisa mortífera. [Ibidem.]

 

A experiência religiosa, baseada em nosso condicionamento, separou o ser-humano-aí-no-mundo do ser-humano-aí-no-mundo. [Ibidem.]

 

A injustiça social impede o relacionamento entre o ser-humano-aí-no-mundo e o ser-humano-aí-no-mundo. [Ibidem.]

 

Só poderemos reconhecer uma coisa se a conhecermos antes. Esta coisa, por conseguinte, vem do passado; é, portanto, temporal, não atemporal. A chamada experiência religiosa não pode trazer benefícios, porém, apenas nos condicionar, conforme a nossa própria tradição, inclinação, tendência, cobiças, paixões e desejos, facilitando, assim, toda espécie de miragem, de ilusão e de isolamento. O que o nosso limitado e superficial ego experimenta é o "já conhecido". O começo da Sabedoria é a Compreensão de nós mesmos. [Ibidem.]

 

Quando, nas relações humanas, opera o "motivo de lucro", as relações são destruídas, já que ele provoca o isolamento e a divisão. [Para alguém lucrar, inevitavelmente, alguém terá que perder ou não conseguir, e isto não é unimultiplicidade fraterna nem aqui nem no raio que o parta.] Se, por um lado, o "egoísmo esclarecido" é lucrativo, por outro lado, é a própria fonte de muitos males, aflição, desespero e confusão. As relações não podem florescer se, onde e quando houver qualquer espécie de interesse egoísta, e esta é a razão de as relações não poderem florescer quando são guiadas pela experiência ou pela memória. [Ibidem.]

 

 

 

Lucro

 

 

 

Aprendi, concordei e acreditei

que se Roma locuta, causa finita,1

e que beati pauperes spiritu.2

 

Aprendi, concordei e acreditei

que São Longuinho ajuda a achar

e que Santo António ajuda a casar.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que Santa Luzia protege os oculistas

e que Santo Elígio protege os garagistas.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que Santa Lídia protege os tintureiros

e que Santa Marta protege os hoteleiros.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que Santo Ivo protege os advogados

e que Santa Edwiges protege os endividados.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que São Genésio protege os comediantes

e que Santa Francisca protege os emigrantes.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o John of God ajuda a curar

e que o Inri Cristo ajuda a salvar.

 

 

 

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o Senhor galardoa os bons

e que martiriza os filhos-da-mãe.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o Senhor aceita negociar

e que, por isto, devemos dizimar.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que precisamos ajoelhar e orar

e que também temos que nos ciliciar.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que não há nada melhor que o celibato

e que o eremitismo é o maior barato.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que é recomendável se autocapar

e que o Senhor irá nos agraciar.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que os bons irão para o éden

e que os cruéis para o Hades.

 

 

Hades

 

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o nosso passado é a base

e que a tradição é o alicerce.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o nosso passado é ouro puro

e que sem ele tudo seria escuro.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que sem o passado seríamos nada

e que com ele poderemos ser tudo.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o meu passado é a minha luz

e que só ele me tirará da cruz.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que devemos glorificar o passado

e que só dele depende nosso fado.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o nacionalismo é muito bom

e que o patriotismo é necessário.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que a religião nos resgatará

e que o ateísmo nos condenará.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que uns já foram escolhidos

e que outros já estão desgraçados.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que uns serão arrebatados

e que outros serão enxotados.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o lucro bruto é permitido

e que a pobreza é um castigo.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que saber enriquecer é fidúcia

e que levar vantagem é astúcia.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que os sabidos enriquecerão

e que os babacas empobrecerão.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o egoísmo esclarecido é lícito

e que marcar passo é trouxice.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o melhor é o despotismo esclarecido3

e que o déspota é um humanitário.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o interesse egoísta é a mola

e que o lucro nasce na cachola.

 

Mola

 

Aprendi, concordei e acreditei

que compartilhar é uma fraqueza

e que não ajudar é esperteza.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que sempreem 1º lugar eu

e que se danem os desvalidos.

 

Aprendi, concordei e acreditei

que o importante é vencer,

 

Aprendi, concordei e acreditei

que cobra boa come sapo

e que sapo bobo enche o papo.

 

 

 

______

Notas:

1. Roma falou, a questão acabou.

2. Bem-aventurados os pobres de espírito. (Vulgata, Mateus: V: 3).

3. O despotismo esclarecido ou absolutismo ilustrado é uma expressão que designa uma forma de governar característica da Europa continental da segunda metade do século XVIII que, embora partilhasse com o absolutismo a exaltação do Estado e do poder do soberano, era animada pelos ideais de progresso, reforma e filantropia do Iluminismo, mas, por outro, não eram aceitas todas as idéias do Iluminismo, com a definição entre a combinação destes diferentes ideais e a sua concretização pertencendo ao próprio déspota. A expressão despotismo esclarecido não foi contemporânea dos acontecimentos, tendo sido forjada mais tarde pelos pesquisadores. O despotismo esclarecido se desenvolveu, sobretudo, no leste europeu (Áustria, Prússia e Rússia), Estados então recentemente constituídos, de Economia em geral atrasada e essencialmente agrícola, nos quais a burguesia era muito fraca e, conseqüentemente, com pouco poder político. Em razão disto, o Estado teve que substituir a iniciativa privada, elaborando reformas administrativas e jurídicas, dirigindo a Economia e orientando a educação. O despotismo esclarecido contribuiu para acelerar a modernização de alguns países. Do ponto de vista religioso, o despotismo esclarecido não encontrou homogeneidade. Em alguns países, se caracterizou por um espírito secular e, em alguns casos dentre eles, foi hostil à religião. Em outros, o déspota manteve alianças com a religião. O argumento para legitimar o poder dos déspotas esclarecidos também não era uniforme. Grande parte deles legitimou o seu poder com base na Teoria do Contrato Social, do matemático, teórico político e filósofo inglês Thomas Hobbes (5 de abril de 1588 – 4 de dezembro de 1679), autor de Leviatã (1651) e Do Cidadão (1651), na qual se falava sobre a necessidade de um soberano se sobrepor a outras pessoas para assegurar a ordem e evitar a guerra de todos contra todos. Também legitimaram o seu poder com o argumento de que governavam por saberem como fazê-lo, e que, conseqüentemente, tinham que assegurar o progresso de seus povos, de acordo com o novo Ethos das Luzes. Em Portugal, o expoente máximo do despotismo esclarecido esteve no Governo de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Conde de Oeiras (Lisboa, 13 de maio de 1699 – Pombal, 8 de maio de 1782), ministro do rei D. José I (Lisboa, 6 de junho de 1714 – Sintra, 24 de fevereiro de 1777), apelidado de "o Reformador". Em particular, criou a Real Mesa Censória (por Alvará de 5 Abril de 1768), com o objetivo de transferir, na totalidade, para o Estado a fiscalização das obras que se pretendessem publicar ou divulgar no Reino, o que até então estava a cargo do Tribunal do Santo Ofício, do Desembargo do Paço e do Ordinário. Estimulou ainda as denúncias como forma de controle da sociedade. Alguns atos da sua governação foram considerados particularmente cruéis, como o Processo dos Távoras, o Incêndio das Cabanas de Monte Gordo ou o Incêndio da Trafaria, episódio que levou, depois, o escritor, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor português Camilo Castelo Branco (Mártires, Lisboa, 16 de março de 1825 – Vila Nova de Famalicão, São Miguel de Seide, 1º de Junho de 1890) a denominá-lo Nero da Trafaria. As principais experiências de despotismo esclarecido foram:

• Marquês de Pombal, em Portugal;
• Frederico II, na Prússia;
• Catarina II, na Rússia;
• Gustavo III, na Suécia;
• Maria Teresa e José II, na Áustria;
• Arquiduque Leopoldo de Habsburgo, grão-duque da Toscana e futuro imperador Leopoldo II, nos Estados italianos;
• Ministro Bernardo Tanucci, no Reino de Nápoles; e
• durante os reinados de Filipe V, de Fernando VI e de Carlos III, na Espanha.

 

Música de fundo:

Fanfares and Flourishes
Composição: James Curnow
Interpretação: desconheço

Fonte:

https://www.lucksmusic.net/CatalogEdu.aspx?Search=Y&Pub
Code=B2%7CL1%7CS2&WhatsNew2018=True&PageSize=100

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.pinterest.pt/pin/688206386782124942/

https://giphy.com/explore/take-a-look-at-yourself

https://br.pinterest.com/pin/30258628727828909/

https://giphy.com/explore/profit

https://pt.wikipedia.org/wiki/Despotismo_esclarecido

https://pt.wikipedia.org/wiki/Despotismo_esclarecido

https://br.freepik.com/

http://downloads.open4group.com/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.