Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Cascavel

 

 

 

— Era de dia...

Era de noite...

Só agonia...

Só açoite...

O mesmo TOC...

O mesmo coisismo...

Não saía do ...

Não saía do abismo...

Era o enxofre do dragão...

Era o dente do vampiro...

E eu não via a solução...

Um bocejo... Um suspiro...

Era o guizo da cascavel...

Era o Vôo do Besouro...

E não adoçava o fel...

E eu só pensando em ouro...

 

 

 

 

— Era dormindo...

Era acordado...

Pesadelo infindo...

Pesadelo dobrado...

Era masturbação mental...

Era mental dissonância...

Sempre inaptidão ambiental...

Não mudava a aberrância...

Era imitando...

Era diminuindo...

Eu ia levando...

Eu ia submergindo...

Era ignorância consentida...

Era preconceito alimentado...

E não cicatrizava a ferida...

E meu Deus vivia velado...

 

 

 

 

— Era todo tempo...

Era toda hora...

Contratempo...

A mesma espora...

Era o tempo todo...

Tudo era fedo...

Tudo era descômodo...

E eu só vivia com medo...

 

 

 

 

— Era sem descanso...

Era o mesmo repeteco...

E eu sempre canso...

E repetia xaveco...

Era prego... Era pau...

Era loquete... Era aldrava...

Era bosta de apitau...

E a alforria não medrava...

Era no inverno...

Era no verão...

Subalterno...

Tentação...

 

 

 

 

— Era no trabalho...

Era na igreja...

Gargalhada do dialho...

Horário... Ora-veja...

Era a mesma Cruz...

Era a mesma inana...

Tumor de pus...

E eu sempre lapantana...

Era em casa...

Era na rua...

Sempre vasa...

Luz da Lua...

Era andando...

Era parado...

Só chorando...

Desesperado...

Era pretendendo...

Um milagre...

E recebendo...

Só vinagre...

Era vivendo...

Sem Viver...

Era morrendo...

Sem Morrer...

E não passei...

Da cepa torta...

Sofri... Compensei...

E não choveu na minha horta...

Vivi acreditando...

Na salvação...

Vivi implorando...

Por redenção...

E não se abriu a Porta...

E chegou a Hora...

De partir...

E fui embora...

Sem sorrir...

 

 

 

 

— Para onde?

E eu lá sei?

Num 'demi-monde'?

E de lá, revoltarei?

Plano Astral?

Devachan?

Terremoto? Temporal?

Tchan-tchan-tchan-tchaaan...

E Deus?

Por que não me ajudou?

Adeus.

Vivi sem saber quem sou.

O responsável?

Ora, fui eu.

Foi desagradável?

Foi. Mas, eu fui um fariseu.

No futuro...

Sim, eu mudarei.

Derrubarei o muro...

Enfim, S(h)OP(h)Iarei.

Esta é historinha

de todos nós.

Esta é

com os seus entrós.

 

 

 

S(h)OP(h)Ia