A EDUCAÇÃO E O SIGNIFICADO DA VIDA
(2ª Parte)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Informação Preliminar

 

 

 

Este estudo se constitui da 2ª parte de um conjunto de fragmentos garimpados na obra A Educação e o Significado da Vida, de autoria de Jiddu Krishnamurti.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Jiddu Krishnamurti

Jiddu Krishnamurti

 

 

 

Jiddu Krishnamurti (Madanapalle, 11 de maio de 1895 – Ojai, 17 de fevereiro de 1986) foi um filósofo, escritor, orador e educador indiano. Proferiu discursos que envolveram temas como revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente, ressaltou a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano, e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, seja política, seja social. Uma revolução que só poderia ocorrer através do autoconhecimento, bem como da prática correta da meditação do ser-humano-aí-no-mundo liberto de toda e qualquer forma de autoridade psicológica.

 

O cerne dos seus ensinamentos consiste na afirmação de que a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade só poderá acontecer através da transformação da consciência individual. A necessidade do autoconhecimento e da compreensão das influências restritivas e separativas das religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos foram por ele constantemente realçadas.

 

 

 

Fragmentos Krishnamurtianos

 

 

 

No momento em que abolirmos a autoridade – [qualquer autoridade] – estaremos em parceria, e só então haverá cooperação e afeto.

 

 

Abolimento da Autoridade

Abolimento da Autoridade

 

 

Ao citarmos exemplos de autoridade para uma criança, estaremos apenas incentivando o temor, a imitação e várias formas de superstição.

 

O que chamamos religião não passa de crença organizada, com dogmas, rituais, mistérios e superstições. Cada religião tem seu livro sagrado, seu intermediário, seus sacerdotes e seus métodos próprios de ameaçar as pessoas e mantê-las sob seu domínio. Quase todos nós fomos condicionados para aceitar tudo isto, e tal condicionamento se chama educação religiosa, cujo resultado é pôr o ser-humano-aí-no-mundo contra o ser-humano-aí-no-mundo e criar antagonismos, não só entre os próprios crentes, mas, também contra aqueles de crenças diversas. Embora as religiões protestem adorar a Deus e ensinem o amor mútuo, todas elas instilam temor, com suas doutrinas de recompensa e punição e, com a rivalidade de seus dogmas, perpetuam a desconfiança e o antagonismo. Dogmas, mistérios e ritos não conduzem à Vida Espiritual. Educação religiosa, no seu verdadeiro sentido, consiste em levar a criança a compreender suas próprias relações com as pessoas, com as coisas e com a Natureza.

 

 

 

 

Para compreendermos o significado da vida, com seus conflitos e suas dores, precisamos pensar independentemente de qualquer autoridade, inclusive e particularmente da autoridade das religiões organizadas.

 

Pense-não-pense...
Pode-não-pode...
Permitido-não-proibido...
Vote-não-vote...
Apóie-não-apóie...
Deve-não-deve...
Faça-não-faça...
Leia-não-leia...
Creia-não-creia...
Ouça-não-ouça...
Diga-não-diga...
Queira-não-queira...
Fale-não-fale...
Vá-não-vá...
Fique-não-fique...
Seja-não-seja...
Ouse-não-ouse...
Mude-não-mude...
Siga-não-siga...
Pare-não-pare...
Viva-não-viva...
Morra-não-morra...
Pecado-não-perdão...
Culpa-não-desculpa...
Coragem-não-medo...
Deus-não-diabo...
Céu-não-inferno...
Sagrado-não-profano...
Claro-não-escuro...
----não-----...
-----não-----...
-----não-----...
-----não-----...
-----não-----...
-----não-----...

Todos nós queremos fazer nossos filhos aceitar nossa forma de devoção ou nossa ideologia predileta uma rede das imagens e das fórmulas inventadas por nós mesmos ou por outros, [que imitamos sem quê nem para quê].

 

Se a mente e o Coração da criança não forem moldados por prevenções e preconceitos, estará ela, então, livre para descobrir, pelo autoconhecimento, o que se encontra além e acima dela própria. [Entenda além e acima dela própria como sendo em seu próprio interior.]

 

A Verdadeira Religião não é um conjunto de crenças e ritos, de esperanças e temores.

 

Religião é o cultivo da Liberdade, na busca do Verdadeiro.

 

Liberdade parcial não é liberdade. Qualquer espécie de condicionamento, político ou religioso, impede a liberdade e nunca trará a paz.

 

 

Se a liberdade for parcial, adjetivada,
dentro ou fora, a prisão será a mesma!

 

 

O Estado de Quietude, em que reinam o Deus [de nosso Coração] e a Realidade [desde sempre e para sempre a mesma], só poderá se manifestar, se e quando houver autoconhecimento e liberdade.

 

Religião organizada é pensamento que se congelou [ou que se cristalizou], e com o qual o homem construiu seus templos, suas igrejas, [seus dogmas, seus absurdos, seus constrangimentos, suas violências etc.]. Ela se tornou um consolo para os tímidos, um narcótico para os que sofrem, [um sustentáculo para os temerosos e um meio de faturar um dindim para os sacanocratas]. Mas, Deus ou a Verdade estão muito além do pensamento e das necessidades emocionais.

 

Se estamos constantemente em guerra uns com os outros, se somos incapazes de implantar a ordem e a paz no mundo com a profunda transformação de nós mesmos, de que valem os livros sagrados e os mitos das várias religiões?

 

 

Peter Pan

Peter Pan

 

 

Mente tranqüila não é mente condicionada, não é mente disciplinada, não é mente exercitada em ficar e estar tranqüila. A Quietação só poderá vir quando a mente compreender seus próprios movimentos, que são os movimentos do ego.

 

As crianças, em geral, são curiosas, querem saber. Nós, porém, lhes embotamos o espírito de investigação com nossas asserções pontificais, com nossa impaciência superior e com o modo indiferente como nos livramos da sua curiosidade. Não encorajamos as indagações das crianças, porque temos certa apreensão relativamente ao que elas nos possam perguntar. E não lhes favorecemos o descontentamento, porque nós mesmos já desistimos de objetar. A maioria dos pais e dos professores teme o descontentamento, porque traz perturbações a todas as formas de segurança; por isto, induzem os jovens a sufocá-lo com empregos seguros, heranças, casamento e a consolação dos dogmas religiosos. Os mais velhos, que infelizmente conhecem muito bem todos os métodos de embotar a mente e o Coração, procuram tornar a criança tão embotada quanto eles próprios, inculcando-lhe o respeito às autoridades, às tradições e às crenças que eles mesmos aceitaram. Enfim, só estimulando a criança a duvidar do livro, não importa qual seja, a examinar a validade dos vigentes valores sociais, das tradições, das formas de Governo, das crenças religiosas etc., os educadores e os pais podem ter esperança de despertar e de manter vivos, nela, o senso crítico e o discernimento penetrante.

 

No escritório do pai:

O filho: — Pai, por que...
O pai: —
Agora não.
O filho: —
Por que agora não?
O pai: —
Porque estou ocupado.
O filho: —
Mas, você está sempre ocupado.
O pai: —
Você quer comer ou morrer de fome?
O filho: —
Claro que eu quero comer.
O pai: —
Então, me deixe trabalhar.
O filho: —
Mas, pai...
O pai: —
Não tem mas nem meio mas. Vá torrar o crânio da sua mãe.
O filho: —
Pô, pai...
O pai: —
Popai é o marido da Olivia Benson.
O filho: —
Primeiro, não é popai; é Popeye. Segundo, não é Olivia Benson; é Olive Oyl. Terceiro, você é o pai mais chato do pedaço. Quarto, não pergunto mais nada a você. A madre Firmina, pelo menos, diz que, se eu não fizer perguntas difíceis, Deus ficará contente, e eu irei para o céu!

Dez segundos depois:

O filho: — Eu irei para o céu?
O pai: —
Não sei; pergunte à madre Firmina.
O filho: — Pô, pai... Você é um saco mesmo!

 

 

 Popeye e Olive Oyl

Popeye e Olive Oyl

 

Dez segundos depois:

O filho: — E você, pai, irá para o céu?
O pai: —
Com certeza; eu não tenho a menor dúvida.
O filho: — E por que você não tem a menor dúvida?
O pai: —
Porque, só de ter que aturar essas suas perguntas, já paguei todos os meu pecados!
O filho: — Pô, pai...
O pai: — Pô, filho...

 

Deveríamos aprender a pensar com clareza, sem manias e sem preconceitos, para não sermos interiormente intolerantes, dependentes e tímidos. A independência não foi feita para aquela parte colorida do mapa a que chamamos nossa pátria, senão para nós mesmos como seres-humanos-aí-no-mundo. Embora, claro, exteriormente, dependamos uns dos outros, esta dependência mútua não se tornará nem cruel nem opressiva, se, interiormente, estivermos livres da ânsia de poder, da ânsia de posição, da ânsia de autoridade [e da ânsia de privilégios e de reconhecimento público].

 

 

Você sabe com quem está falando?

 

 

Devemos compreender o descontentamento temido pela maioria das pessoas. O descontentamento poderá gerar uma confusão aparente e momentânea; mas, se conduzir, como necessariamente deve conduzir, ao autoconhecimento e à negação do ego, haverá de criar uma nova ordem social e uma paz duradoura. Com a negação do ego, virá um júbilo imenso.

 

Para podermos investigar sem preconceitos o descontentamento, que é o caminho que leva à liberdade, não poderemos manifestar efusões emocionais, dessas que, muitas vezes, se traduzem em comícios políticos, proclamações de 'slogans', busca de gurus ou instrutores espirituais, e extravagâncias ideológicas e religiosas de toda ordem. Tais efusões embotam a mente e o Coração, tornando-os incapazes de discernimento e, por conseguinte, facilmente moldáveis pelas circunstâncias e pelo temor. É o desejo ardente de investigar, e não a fácil imitação da turba que trará uma nova compreensão das coisas da vida.

 

 

 

 

Seguir outra pessoa, por maior que seja, e aderir a uma ideologia agradável não produzirão jamais um mundo pacífico.

 

Enquanto o sucesso for o nosso alvo, não nos livraremos do temor, porque o desejo de bom êxito gera inevitavelmente o medo de insucesso. Eis porque não devemos ensinar os jovens a idolatrar o sucesso. A maioria das pessoas procura o sucesso de qualquer forma e a qualquer preço. Todos queremos estar por cima, e este desejo cria constante conflito dentro de nós mesmos e com o nosso próximo, e, inevitavelmente, leva à competição, à inveja, à animosidade e, por último, à guerra.

 

 

 

 

A madureza independe da idade. Ela vem com a compreensão.

 

Uma das nossas deploráveis fraquezas é desejar que alguém atue por nós e modifique o curso de nossas vidas. Esperamos que outros se revoltem e que reconstruam, enquanto permanecemos inativos, [neutros], até termos certeza dos resultados. [Mas, ninguém fará o dever de casa por nós. Ou mudamos ou nossa encarnação terá sido inútil, o que será uma lástima.]

 

 

Teorema de Pitágoras

 

 

Só poderá haver ação integrada se estivermos conscientes do nosso próprio condicionamento, dos nossos preconceitos raciais, nacionais, políticos e religiosos, isto é, se percebermos que as atividades do ego são sempre separativas.

 

 

DedoDedoDedoDedoDedoDedoDedo

Só há uma Estrada, e Nela estamos todos caminhando!

 

 

A integração só será possível se e quando houver grande simplicidade. Devemos nos tornar simples em nossa vida interior e em nossas necessidades exteriores.

 

Ao mesmo tempo que ministra conhecimentos e preparo técnico, a educação deve, sobretudo, estimular uma visão integrada da vida; deve ajudar o estudante a reconhecer e a quebrar, em si próprio, todas as distinções e todos os preconceitos, e demovê-lo da ávida busca de poder e de domínio. Deve incentivar a correta auto-observação e o experimentar da vida como um todo, quer dizer, não atribuir significação à parte, ao ego e ao meu, mas, sim, ajudar a mente a transcender a si própria, para descobrir o real.

 

É meu... É meu... É meu...
Eu me esforcei e conquistei.
É meu... É meu... É meu...
Não empresto e jamais darei.

 

A liberdade só nascerá com o autoconhecimento, e em nossas relações com as pessoas, com as coisas, com as idéias e com a Natureza.

 

Só a compreensão do processo total da existência possibilitará a integração.

 

Educação = Formação de indivíduos integrados.

 

O que poderá haver de pior do que nos cristalizarmos [coisificarmos] definitivamente em nossas idéias e maneira de ser?

 

Ora, eu já aprendi tudo;
eu sou assim e não mudo.
Nada mais eu quero saber;
eu serei o mesmo no vir-a-ser.
Eu... Eu... Eu... Eu... Eu...

 

Sem amor, não poderemos resolver nossos numerosos e contraditórios problemas. Sem amor, a aquisição de saber só servirá para aumentar a confusão e levar à autodestruição.

 

É essencial que se compreenda o dificultoso e complexo problema do domínio. Ele assume muitas formas sutis, e no seu aspecto “virtuoso” é sobremodo obstinado. O desejo de “servir”, com a inconsciente ambição de dominar, é difícil de compreender. Poderá haver amor onde houver espírito de posse? Poderemos estar em comunhão com aqueles que desejamos dominar? Dominar significa fazer uso de outrem para nossa satisfação própria, e, na utilização de outra pessoa, não poderá haver amor.

 

A grande verdade é que poucos de nós nos importamos de fato com o Amor, e nos contentamos apenas com uma aparência de amor.

 

Tanto os Governos como as religiões organizadas, com suas doutrinas contraditórias, agravam as confusões e os conflitos humanos.

 

É Monarquismo,
é Presidencialismo,
é Parlamentarismo,
é Aristocratismo...
É Catolicismo,
é Judaísmo,
é Islamismo,
é Budismo...
Quanto coisismo!
Quanto silogismo!
Quanto achismo!
Quanto abismo!

 

Tudo se resume em seres-humanos-aí-no-mundo integrados. Só assim acabarão a destruição pela guerra, a morte pela fome e a desarmonia pelos conflitos psicológicos.

 

A verdadeira salvação da Humanidade depende de os seres-humanos-aí-no-mundo aprenderem a ser compassivos, de se contentarem com pouco [com o necessário] e de buscarem o Supremo [em seus Corações].

 

A grande tristeza da vida é, sem mudar, continuarmos fazendo exatamente a mesma coisa que sempre fizemos.

 

Missa no domingo.
Amor? Só um pingo.
Morte aos incréus.
De heresia são réus.
Sempre ajoelho, sim.
Salvação? Para mim.
O dízimo? Toma-lá.
Recompensa? Dá-cá.
Milagre? Sim, acredito.
Mas, só para o contrito.
Martin Luther? Herético.
As 95 Teses? Ato anético.
Arrebatado? Eu serei.
Vocês? Eu não sei.
Para o céu? Eu irei.
Vocês? Também não sei.
Nutro estas opiniões.
Adoro estas ilusões.
Vocês? Só contradições!

 

Não poderemos nos tornar inteligentes apenas substituindo um Governo por outro, um partido por outro, uma religião por outra, um explorador por outro, [um guru por outro, um padre por outro, um líder por outro...] A revolução cruenta nunca resolverá nossos problemas. Só uma profunda revolução interior, que altere todos os nossos valores, poderá criar um ambiente diferente e uma estrutura social inteligente, e uma revolução deste gênero só poderá ser realizada por nós, [internamente]. Nenhuma ordem nova surgirá enquanto, individualmente, não derribarmos nossas barreiras psicológicas e nos tornarmos livres [de preconceitos, de fobias, de medos, de manias, de coisismos, de achismos, de fanatismos, de partidarismos, religiosismos, de crendeirices etc.]

 

Tomei um banho,
mas, não lavei o pinto;
continuei sebento.
Troquei de cueca,
mas, não lavei a bunda;
continuei porcalhão.
Troquei de relógio,
mas, não dei corda;
o relógio parou.
Fui à escola,
mas, não fiz os deveres;
conservei-me ignorantão.
Escovei os dentes,
mas, não passei fio dental;
arrumei zilhões de cáries.
Dei uma transada,
mas, não usei camisinha;
tornei-me soropositivo.
Troquei de partido,
mas, não me ilustrei;
perdurei inocente útil.
Fui ao Deserto do Saara,
mas, não usei chapéu;
tive uma helionose.
Votei no outro,
mas, sem convicção;
depois, me envergonhei.
Troquei de religião,
mas, não me Illuminei;
continuei de joelhos.
Dei uma esmolinha,
mas, para negociar com Deus;
o milagre não aconteceu.
Eu era diabético,
mas, nunca dei a menor bola;
acabei ficando ceguinho.
Eu já nasci intolerante,
mas, nunca mudei;
terminei inteiramente só.
Morri e reencarnei,
mas, fiquei na mesma.
Não me alforriei.
Morri e não reencarnei.
Fui parar em
não-sei-onde.
Agora, fumando, espero!

 

A eternidade não está no futuro; a eternidade é agora. Nossos problemas estão no presente, e só no presente podem ter solução.

 

O autoconhecimento é o começo da liberdade, e só quando nos conhecermos a nós mesmos faremos nascer a ordem e a paz.

 

Não devemos nos preocupar se conseguiremos sustar as guerras imediatas ou se poderemos criar uma instantânea compreensão entre as nações; mas, pelo menos, podemos suscitar, no mundo de nossas relações diárias, uma básica e efetiva transformação.

 

Enquanto só pensarmos em termos de ganhos, de resultados, de vantagens, de conforto e de segurança psicológica, a verdadeira transformação interior será impossível, e nossas atividades isolantes e escravizantes não serão compreendidas nem resolvidas.

 

 

Andando

 

 

Nossos inúmeros problemas só serão compreendidos e solucionados quando estivermos cônscios de nós mesmos como um processo total, isto é, se compreendermos toda a nossa estrutura psíquica. Nenhum guia político ou religioso poderá nos dar a chave desta compreensão.

 

De maneira geral, as pessoas, frustradas e melancólicas buscam uma fuga no sexo, na bebida, na política ou em uma religião de fantasia.

 

Nossa ignorância só se dissipará com o nosso constante percebimento dos movimentos e das reações do nosso ego em todas as suas relações. O que precisamos compreender é que não somos apenas condicionados pelo ambiente, mas, que somos o ambiente, e que não estamos separados dele. Nossos pensamentos e nossas reações são condicionados pelos valores que a sociedade, da qual somos uma parte, nos impõe.

 

 

Relação

 

 

Nunca percebemos que somos o ambiente integral, porque existem em nós diversas entidades que gravitam todas em redor do ego. O ego é constituído destas entidades, que são meros desejos, cobiças e paixões em várias formas. Deste conglomerado de desejos, de cobiças e de paixões surge a figura central o “pensador”, a vontade do ego estabelecendo-se, assim, uma divisão entre o ego e o não-ego, entre o ego e o ambiente ou a sociedade. Esta separação é o começo dos conflitos, tanto internos quanto externos. O percebimento deste processo integral tanto o processo consciente quanto o processo oculto só acontecerá pela meditação.

 

 

 

 

Só se houver Liberdade existirão a Criação, a Verdade, Deus ou Coisa equivalente. [Mas, para haver Liberdade, é necessário haver Compreensão, e para haver Compreensão é preciso haver Vontade de Compreender.]

 

As reações não têm fim, e uma reação sempre leva a outra reação.

 

 

 

 

Maria gosta do João,
que gosta da Soninha,
que gosta do Paulão,
que gosta da Isolina,
que gosta do Zequinha,
que gosta da Ana Clara,
que gosta do Rodolfo,
que gosta da Blanquinha,
que gosta do Pafúncio,
que gosta da Maria,
que gosta do João...

 

Se formos interiormente dependentes, a tradição exercerá forte domínio sobre nós, e a nossa mente, que pensa conforme as rotinas tradicionais, nunca poderá descobrir aquilo que é novo. E, quando tentamos nos ajustar, nos tornamos medíocres imitadores, simples dependentes de uma impiedosa engrenagem social.

 

 

Impiedosa Engrenagem Social

Impiedosa Engrenagem Social

 

 

A imitação daquilo que “deveríamos ser” gera medo, e o medo destrói o pensamento criador. O medo embota a mente e o Coração, de modo que não podemos estar despertos para sentir o inteiro significado da vida, e acabamos nos tornando insensíveis aos nossos próprios sofrimentos, aos movimentos dos pássaros e aos sorrisos e às lágrimas alheias. O medo, tanto consciente como inconsciente, tem muitas e diferentes causas, e a atenta vigilância é que nos livrará de todas elas. Não podemos eliminar o medo pela disciplina, pela sublimação ou por outro qualquer ato da vontade. Portanto, cumpre descobrir as causas e compreendê-las, e isto requer paciência, humildade e uma percepção isenta de julgamento.

 

 

 

 

É relativamente fácil compreender e dissipar nossos medos conscientes. Mas, os inconscientes nem sequer são descobertos pela maioria de nós, porque não os deixamos subir à superfície, e quando, em raras ocasiões, eles emergem, tratamos imediatamente de escondê-los, de fugir deles, [como o diabo foge da cruz]. Os medos ocultos, muitas vezes, se anunciam por meio de sonhos e de outras formas de sugestão, e são causadores de maiores danos e conflitos do que os medos superficiais. O fato é que nossa vida não está apenas na superfície; a maior parte se oculta à observação menos atenta. Se desejarmos que os nossos medos secretos saiam à luz e se dissipem, a mente consciente terá que estar tranqüila, e não perenemente agitada. Depois, quando esses medos surgirem à superfície, deverão ser observados sem resistência alguma, porque toda forma de condenação ou de justificação só fortalecerá mais ainda o medo. Para nos libertarmos inteiramente do temor, deveremos estar cônscios de sua influência perturbadora, e só uma vigilância constante poderá nos revelar as suas múltiplas causas.1

 

Nada que resulte do medo poderá nos ajudar a compreender nossos problemas, ainda que o medo assuma o aspecto de respeito e de submissão aos que são tidos por “sábios”. O medo, sob qualquer forma, impede a compreensão de nós mesmos e das nossas relações com todas as coisas, [mas, principalmente, impede, por nós, a compreensão de nós mesmos].

 

A obediência ou a submissão a qualquer autoridade é negação da inteligência e da liberdade individual.

 

Evitar um problema é apenas intensificá-lo e, quando o fazemos, renunciamos ao autoconhecimento e à liberdade.

 

 

 

 

 

Continua...

 

 

 

_____

Nota:

1. Tenho 73 anos, e, até hoje, nunca sofri uma violência direta. Sou grato por isto. Mas, há muitos anos, lá pelas 11 horas da noite, fui não me lembro onde, e já estava voltando para casa. De repente, observei que, em Botafogo, na Rua Farani, um carro, com três pessoas dentro, estava me seguindo, provavelmente, para me assaltar. Como eu dirijo direitinho, escapei da situação, e cheguei em casa incólume. Esqueci o assunto e fui dormir. Lá pelas 3 horas da madrugada, tive um baita pesadelo e mijei na cama. Este é um exemplo dos medos ocultos, que, muitas vezes, se anunciam por meio de sonhos e de outras formas de sugestão, como disse o Krishnamurti. Bem, nunca mais mijei na cama.

 

Música de fundo:

Symphony Nº 6 (Pastorale), em Fá Maior, opus 68
Compositor: Ludwig van Beethoven

Fonte:

http://www.kunstderfuge.com/beethoven/variae.htm#Symphonies

Observação:

A Sinfonia nº 6 em Fá Maior, opus 68, de Ludwig van Beethoven, também chamada Sinfonia Pastoral, é uma obra musical precursora da música programática. Esta Sinfonia foi completada em 1808, e teve a sua primeira apresentação no Theater an der Wien, em 22 de dezembro de 18081. Dividida em cinco andamentos, tem por propósito descrever a sensação experimentada nos ambientes rurais. Beethoven insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um quadro sonoro, mas, como uma expressão de sentimentos. É uma das mais conhecidas obras da fase romântica de Beethoven.

 

Páginas da Internet consultadas:

https://dribbble.com/

http://www.granma.cu/

http://sylvia0333.centerblog.net/

https://www.politicalanimalmagazine.com/

https://www.pinterest.com.mx/pin/47287864822623600/

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http://desperatehousewives.wikia.com/

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http://popeye.wikia.com/wiki/Popeye_the_Sailorpedia

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https://www.adweek.com/

https://krishnamurtibox.wordpress.com/downloads/livros/

 

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