Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Resumir, condensar, sumarizar, sintetizar, concentrar, consubstanciar o pensamento de Eduardo Suplicy? Impossível; o homem fala pelos ossos que, com os rádios, formam os esqueletos dos dois antebraços, configurando-lhes os bordos internos! Não há cotovelos que possam disputar com ele! Nem o ilusionista Chris Angel ou o Harry Houdini, se vivo estivesse, conseguiriam. E eu muito menos, pois não sou prestidigitador nem prestímano, o que é, mais ou menos a mesma coisa. Acho que se o Senador Eduardo tivesse que dizer cobra que não anda não engole sapo, diria, explicando pormenorizada e suplicyorizadamente: réptil escamado, carnívoro, da subordem das serpentes, de corpo alongado, membros e aberturas dos ouvidos ausentes, olhos imóveis e sem pálpebras, cobertos por escamas transparentes, língua delgada, bífida e protrátil, e dentes cônicos, presentes na maxila, na mandíbula e no teto da boca que não desliza pelo chão das florestas e não sobe nas ávores, por força de seus múculos e por vontade própria, não desloca o anfíbio alimentício terrestre do gênero Bufo, da família dos bufonídeos, da abertura inicial do tubo digestivo para o órgão oco do mesmíssimo tubo digestivo, de estrutura musculomembranosa, situado abaixo do diafragma, entre o esôfago e o duodeno, onde os alimentos são depositados, pré-digeridos e esterilizados antes de serem enviados ao intestino, para ali serem absorvidos. O que não é absorvido no tubo digestivo que se estende do estômago ao ânus é dejetado, quer sob a forma de líquido orgânico que contém substâncias catabólitas a serem eliminadas, quer sob a forma de resíduos sólidos da alimentação constituídos de material excrementício que não é digerível. Reinaldo Polito, professor de oratória, conta: — Em nossa primeira sessão, pedi que ele explicasse o Renda Básica em três minutos. Ele falou durante 48 minutos.

 

Então, este breve estudo é apenas uma recordação de alguns momentos interessantes e históricos da vida do Senador Eduardo, que, em certas ocasiões – quando está a declamar, rápida e ritmadamente, um Rhythm And Poetry, com alturas aproximadas, na base do deixa que pensem, deixa que resmunguem o que quiser, pois eu não tô fazendo nada que possa, no futuro, vir a me envergonhar – prefere ser chamado de Mano Suplicy.

 

 

 

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Eduardo Matarazzo Suplicy (São Paulo, 21 de junho de 1941) é um economista, PhD em Economia pela Michigan State University, escritor, professor universitário e político brasileiro. Atualmente, Eduardo Suplicy exerce o cargo de Senador do estado de São Paulo pelo PT, do qual foi um dos fundadores.

 

Suplicy casou-se com Marta Teresa Smith de Vasconcelos, conhecida como Marta Suplicy, em 1964, e teve com ela três filhos: João, André e Eduardo (o cantor Supla). Em 2001, o casal divorciou-se e atualmente o Senador tem uma nova companheira, a jornalista Monica Dallari, de quem disse: — É a mulher que Deus criou para mim. Àquelas pertinacíssimas que descobrem o número do seu celular ou que o encurralam no corpo-a-corpo, mamilo com maminha, ele gentilmente agradece e, com voz suave, educadíssimo, avisa que é comprometido, deixando bem claro: Eduardo & Mônica. Desamparado e solito, o fã-clube feminino do Senador parece que anda meio retraído e abichornado. Este ano, ao menos por enquanto, somente duas cartas tiveram o privilégio de ir para a pasta vermelha – a pasta das Correspondências Pessoais Femininas!

 

 

Eduardo & Monica

 

Desde o início de seu primeiro mandato, defende a implementação de um programa de transferência de renda conhecido como Renda Básica de Cidadania, o qual garantiria a todos os cidadãos do País o direito a uma renda igualitária e incondicional. Esta renda teria como objetivo garantir as necessidades básicas de todos os cidadãos. Aprovada em 2004, a Lei 10.835 que instituiu a Renda Mínima ainda carece de regulamentação. Em seu livro intitulado Renda de Cidadania - A Saída é Pela Porta, Suplicy relata sua trajetória política junto ao PT e demonstra como a Renda Básica de Cidadania apresenta vantagens diante todos os programas de transferência de renda.

 

 

 

 

Em 2003, quando um grupo de deputados federais e Senadores do PT (a maioria constituída de fundadores do partido), liderados pela Senadora de Alagoas Heloísa Helena e composto pelos deputados Babá e Luciana Genro foi expulso do partido, por serem contrários aos caminhos por ele tomados, Suplicy foi um dos seus poucos filiados notórios que defendeu publicamente os dissidentes, o que provocou a ira de outros dirigentes do PT, como José Dirceu, e o risco de não ser mais candidato ao senado numa próxima legislatura. Este grupo de dissidentes viria mais tarde a fundar o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

 

Em 2005, quando foi passado um abaixo-assinado no Senado para a formação de uma CPI que acabaria por desvendar esquemas de corrupção presentes no governo Lula, Suplicy chegou a chorar quando assinou a lista, provocando conflito com outras alas e facções do Partido.


 

 

 

Sobre Eduardo

 

 

 

 

 

O Suplicy cria mais dificuldade do que 20 jornalistas juntos. (Antônio Palocci).

 

Quando ele gosta de um filme, quer ver de novo... Estamos nos gostando muito, é um relacionamento especial. (Mônica Dallari).

 

Ele é um homem impoluto. (Maria Cecília Matarazzo).

 

O sereno e obstinado Senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é um homem apaixonado. Quando fala do Projeto de Renda Mínima, sua voz se torna mais firme. Não há quem possa interrompê-lo. (Florência Costa).

 

Este é o meu amigo Suplicy. Enquanto alguns políticos se especializaram em atirar pedras e em quebrar o teto de vidro dos outros, a especialidade dele é mostrar suas idéias, seus pensamentos. (Pedro Simon).

 

Eduardo Matarazzo Suplicy é um homem diferenciado. Já o vi recitando Racionais em um discurso no Senado Federal, já o vi passar o Dia dos Pais junto com o Supla e a turma do Pânico, já o vi indo ao Iraque em plena guerra, mesmo com todas as recomendações de que não fosse, já o vi apoiando a oposição contra o Governo e até mesmo insistindo em disputar as prévias com Lula para ver quem seria o candidato do PT à Presidência, em 2003. Este ano não vi, mas fiquei sabendo que nosso Senador desfilou no Carnaval de São Paulo pela Vai-Vai. Mais uma faceta de Suplicy. Será? (Hugo Luz).

 

Ele não tem apenas eleitores, mas fãs. Suplicy criou no imaginário popular a figura de um político incorruptível e honesto. (Vera Lúcia Horta).

 

Em nossa primeira sessão, pedi que ele explicasse o Renda Básica em três minutos. Ele falou durante 48 minutos. (Reinaldo Polito, professor de oratória).

 

Como pai e como amigo, ele sempre nos ensinou a ter respeito pelos outros. Na minha vida inteira, eu levei palmada uma única vez, quando fui muito mal-educado com a minha mãe. E, ainda assim, ele foi democrático e perguntou antes se eu merecia a palmada. (Supla).


 

 

 

A Rainha da Inglaterra...
Lula...
Tony Blair...
Zé Alencar...
Eduardo Suplicy...

— O Teste de QI —

 

 

 

Lula, em uma visita à Europa, foi convidaddo para jantar com a Rainha da Inglaterra. De repente, ele pergunta:

Vossa Majestade, a senhora me impressiona sobremaneira. Como pode Vossa Majestade estar sempre cercada de pessoas tão inteligentes? Como a Senhora faz?

Ela responde:

Muito simples, Senhor Presidente Lula. Eu os deixo em alerta sempre. Faço um teste de 'intelligence quotient' regularmente, só para ver se a inteligência deles ainda está bem viva, ativa e funcionante.

Lula, surpreso:

E como Vossa Majestade faz isto?

A Rainha concorda em lhe mostrar um exemplo. Pega o telefone e liga para o Anthony Charles Lynton Blair:

Bom dia, Tony. Tenho um pequeno teste para você. Fique atento porque o Excelentíssimo Senhor Presidente do Brasil está a ouvir nossa conversa.

Tony, todo educado:

Bom dia, Majestade. Pois não. Estou atento e pronto para ser testado. Pode perguntar.

Muito bem, Tony. Bom, o teste é o seguinte: é filho do seu pai e da sua mãe, mas não é seu irmão nem sua irmã. Quem é?

Muito simples, Majestade. Sou eu mesmo.

Bravo, Tony. Como sempre, inteligente. Até a próxima.

Lula fica impressionadíssimo.

Uau!!! — exclama o Presidente Lula. — Agora eu entendo o porquê de ele ser o Primeiro-ministro do 'United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland'!!!

De volta ao Brasil, ele decide pôr em prática a técnica que aprendeu com a Rainha. Telefona para José Alencar e pergunta:

Zé, é o Lula, companheiro. Tenho aqui um pequeno teste de inteligência pra você que aprendi com a Rainha da Inglaterra.

Com a Rainha Elizabeth Alexandra Mary de Windsor? Tudo bem; pode mandar — responde o Vice.

Seguinte: é filho da sua mãe e do seu pai, mas não é seu irmão nem sua irmã. Quem é?

Ah!, Lula! Eu não esperava um teste régio assim tão de supetão. Tenho que pensar alguns minutos. Te telefono depois, certo?

Sem problemas, Zé. Vai pensando aí. Até logo.

Em seguida, José Alencar liga para o Eduardo Suplicy, pois ele tem fama de ser inteligente. Faz a mesma pergunta que lhe foi feita por Lula, ao que o Senador petista responde:

Ora bolas, sou eu mesmo, Zé. Quem poderia ser?

Muito bem, perfeito, Senador! Obrigado, Eduardo. Eu sabia que você não me decepcionaria.

E José Alencar liga novamente pra Lula:

Senhor Presidente, poderia reformular sua pergunta novamente, por favor? Creio que tenho a resposta.

Muito bem, Zé: é filho da sua mãe e do seu pai, mas não é seu irmão nem sua irmã. Quem é?

E o Zé, vitorioso e exultante:

Simples, Presidente. Ora bolas! É o Eduardo Suplicy! Quem poderia ser?

Não, Zé. Você tem que treinar mais. É o Tony Blair, homem de Deus!

 

 

 

 

 

 

 

Uma Maldade Suplicyana

 

 

 

Em 2003, o Senador teve seu celular roubado na Avenida República do Líbano. Correu atrás do ladrão e convenceu-o a devolver o aparelho. Depois de meia hora de conversa, deu-lhe de presente um exemplar de seu livro Renda de Cidadania: a Saída É pela Porta. Segundo uma piada, fez isso para castigar o assaltante. Maldade pura.

 

 

 

 

O Boné

 

 

 

Em 1992, durante um comício na Freguesia do Ó, Suplicy, candidato à prefeitura de São Paulo, teve seu boné afanado. Ele voltou ao palanque, que já estava sendo desmontado, e ligou o microfone. Solicito que a pessoa que emprestou meu boné o devolva. Ganhei de meu pai e ele tem grande valor sentimental, disse. Esperou... Esperou... Mas o boné não apareceu.

 

 

 

 

Morando na Favela

 

 

 

Em 2000, quando foi pré-candidato à Presidência, o Senador decidiu morar por três dias na favela de Heliópolis, no Ipiranga. Ali dividiu o teto com os cinco membros da família do agente comunitário José Geraldo de Paula Pinto. Segundo Suplicy, a experiência serviu para que ele recolhesse impressões para finalizar seu livro Renda de Cidadania: a Saída É pela Porta.

 

 

 

 

Pensamentos e Reflexões Suplicyanas

 

 

 

Desde a minha mocidade, tenho procurado saber quais seriam os instrumentos importantes para a realização da justiça. E este tem sido o tema principal do meu trabalho como Senador, economista e professor de Economia.

 

Compartilhar a riqueza da nossa terra é um direito de todos. Até mesmo para o Pelé, para a Xuxa ou para Antônio Ermínio de Moraes – o mais bem sucedido empresário brasileiro. Ou, ainda, para os jogadores de futebol Ronaldo e Ronaldinho ou, até mesmo, o para o Presidente Lula e para o Senador Suplicy. O objetivo é pagar para todos uma renda básica. O Programa Bolsa-Família é um passo na direção da instituição da renda básica de cidadania.

 

Desenvolvimento deve significar a expressão do grau de liberdade do ser humano.

 

No Alasca, um dos 50 Estados norte-americanos, foi instituída uma renda básica de cidadania. No início dos anos 50, Jay Hammond (1922 – 2005), prefeito de Bristol Bay, uma pequena vila de pescadores no Alasca, observou que de lá saía uma grande riqueza, na forma da pesca. Mas, boa parte da sua população ainda continuava pobre. Então, ele disse: 'vamos criar um imposto de 3% do valor da pesca, para instituir um fundo que a todos pertencerá'. Evidentemente, sua idéia teve enorme resistência. Demorou cinco anos para persuadir a todos. E deu tão certo que, dez anos depois, ele se tornou governador do Estado do Alasca. Além disso, nos anos sessenta, o Alasca havia descoberto enorme reserva petrolífera. E então ele disse aos 300 mil concidadãos: 'Nós precisamos pensar na geração presente, mas também nas gerações vindouras. Vamos separar 50% da arrecadação decorrente da exploração de recursos naturais, como o petróleo, para instituir um fundo comum'. Esta idéia foi aprovada não apenas pela Assembléia Legislativa como emenda da Constituição, mas também foi aprovada em referendo popular. Cada residente no Alasca recebe anualmente, desde 1980, primeiro 300 dólares, depois 400 e assim por diante. Hoje em dia, cada residente legal ali recebe cerca de mil dólares, independentemente da sua origem, sexo, raça, estado civil ou condição socioeconômica. Isto fez do Alasca o mais igualitário dos 50 Estados norte-americanos.

 

Para um país como o Brasil, que deseja melhorar significativamente a sua distribuição da renda, ao lado de outros instrumentos que são importantes, como a realização da Reforma Agrária – que se está fazendo, mas precisa ser feita em um ritmo mais acelerado – a instituição de uma renda básica de cidadania constitui um dos instrumentos de maior eficácia e racionalidade para, ao menos, se garantir Democracia, dignidade e liberdade real para todos.

 

Hitler foi eleito pela maioria alemã. Há ocasiões em que mesmo a maioria pode errar.

 

 

Eduardo e Muhammad Yunus

Eduardo e Muhammad Yunus1

 

Passar a mulher para trás é fácil; o difícil é passar adiante.

 

Durmo pouco, de quatro a seis horas, e muitas vezes não tenho tempo para almoçar, mas, se eu consigo fazer minhas caminhadas matinais, tudo fica bem com meu corpo e minha mente.

 

As pessoas gostam de ser ouvidas. Acho que esta é a função do político, um funcionário do povo.

 

 


 

Desde o boxe até o Senado, tudo foi um notável aprendizado.

 

Sou um Matarazzo, mas minha vida é dedicada aos trabalhadores.

 

Ao se completarem os 20 anos de Anistia, convém lembrar a corajosa luta de familiares, companheiros/as de ideais e luta por justiça em nosso País, para que se compreendessem as razões de profundidade que moveram tantos na tentativa de afastar todos os obstáculos e desobstruir os caminhos da Democracia, da ética, da liberdade e da eqüidade. Para as novas gerações, é fundamental se recordar que, não faz muito tempo, no Brasil, houve a proibição da livre manifestação do pensamento, a censura à imprensa, a proibição de eleições livres e diretas, o fechamento dos partidos políticos, a intervenção nos sindicatos de trabalhadores e tantas outras restrições às liberdades. Por essa razão, muitos resolveram lutar e resistir, mas sofreram a perseguição do regime. Para sua superação, a Anistia foi fundamental.

 

Não me chame de 'Senador Eduardo Suplicy'. Vamos falar de 'rap' nesta entrevista, quero ser tratado de 'Mano Suplicy' – meu nome artístico.

 

Eu já penso nisso [lançar um CD de rap] há muito tempo. Desde a época que eu era casado com a Marta, mas ela ficava dizendo que eu não devia gravar um CD, que eu não cantava direito. Aliás, tudo que eu fazia ela falava que eu não fazia direito. Algumas coisas eu até deixava passar, afinal ela é sexóloga, né? Exigente... Mas cantar eu sei que eu canto bem. Aí comecei a conversar com uns manos lá da periferia, falei com o meu amigo e irmão de cor MV Bill...

 

Ser negro é mais do que uma questão tola de melanina – é um estado de espírito.

 

 

 

Sorriso Negro

 

 

Trecho de um rap suplicyano: Tava na boa, lá no senado/com os deputado, os aloprado/vieram os homi, da oposição/maior tensão, maior tensão/falei pra eles: 'fica parado/não te preocupa, tô do seu lado'/mas se mexer... com as minha quebrada/os mano do Jardim Europa vão te dar porrada...

 

A partir de agora, é indispensável que haja mais transparência em todas as ações do Senado, desde contratações até licitações. É para isto que serve o Portal da Transparência, para que as pessoas possam saber em detalhes tudo o que é feito com o dinheiro público.

 

Sobre os escândalos políticos, como o caso da cota de passagens aéreas: Eu sempre fui contra essas cotas. Inclusive devolvi uma grande parte delas no final de 2008. Tenho certeza de que com a pressão pública isto vai mudar radicalmente. Aliás, já está mudando.

 

Sobre o destino do atual presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP): Eu mesmo enviei na sexta-feira (26/6) uma carta a ele sugerindo que se afastasse por um tempo do cargo. O Senador Pedro Simon, que é do mesmo Partido que Sarney, também pediu.

 

A pressão da sociedade é indispensável para que não haja impunidade.

 

Sobre o apoio ao voto em lista de candidatos: As pessoas gostam de votar nos próprios candidatos. Serei favorável apenas se houver voto popular para os eleitores escolherem a ordem dos candidatos na lista.

 

Sobre o sobre o financiamento público de campanha: Se o financiamento for privado, deve ser limitado a pessoas físicas, em quantidade moderada e com contribuição via Internet.

 

A procura da verdade é, para mim, uma coisa importante. Não devemos escondê-la, nem ter medo de procurá-la, seja em que plano for.

 

Sobre Deus: Bem, minha formação é católica. Às vezes eu vou à igreja, participo de uma comunhão – especialmente quando vejo que ela tem um sentido de fraternidade entre os homens. Acho que Deus é ter amor ao próximo.

 

Sobre o diabo: Eu não me incomodo muito com este conceito. O que eu vejo é que existem pessoas que agem sem escrúpulos.

 

Sou a favor da construção do Socialismo por formas democráticas, pela conscientização das pessoas. O Socialismo se dá na transformação dos valores humanos, que mudam através de exemplos, de nossas atitudes cotidianas. Relações menos autoritárias contribuem para a construção do Socialismo.

 

Sempre foi importante para o Partido dos Trabalhadores o estudo das experiências de construção do Socialismo em Cuba, na União Soviética, na China etc. Acho que o PT deve examinar com atenção o que está ocorrendo na Alemanha unificada, avaliar o que houve de positivo e negativo nos países do Leste Europeu. Precisamos manter um diálogo fraterno e ao mesmo tempo franco com Cuba, manifestando nossas concordâncias e discordâncias. Isto é saudável e não significa uma aprovação a regimes totalitários. No programa do PT está claro que queremos construir o Socialismo com Democracia.

 

A luta de classes, no Brasil, é um fato evidente; nós somos um dos países com maior disparidade social e um dos mais intensos graus de exploração do trabalho. Isto é parte de nossa interação com o Primeiro Mundo capitalista. Não se pode negar a existência do processo de luta de classes e do imperialismo. Tais coisas não se apagam de uma hora para outra.

 

Sobre o processo (golpe militar de 1964) que levou à supressão das liberdades democráticas, de reunião, de expressão e de manifestação da imprensa, além de suspender o direito ao voto e desencadear a tortura: O Brasil não estava efetivamente ameaçado de se tornar um regime ditatorial de natureza marxista, a exemplo dos implantados na China, em Cuba e em países do Leste Europeu.... Ficou claro, na natureza do regime, que quem tinha mais recursos mantinha influência sobre as decisões do poder público.

 

A renda básica é paga em dinheiro, e não na forma de bens e serviços. Não envolve qualquer restrição quanto à natureza ou ao ritmo do consumo ou investimento que ela ajuda a financiar. A expectativa é que ela complemente, em vez de substituir, transferências na forma de bens e serviços existentes, tais como ensino gratuito ou seguro de saúde básico... Importante é notar que a renda básica não torna os ricos mais ricos, pois os relativamente mais ricos contribuem mais para o seu financiamento do que os relativamente mais pobres.

 

Por que será melhor para os pobres que se dê também aos ricos? A experiência e a reflexão acumuladas estão a indicar que a renda básica será melhor para os pobres do que a alternativa de uma renda garantida condicionada à verificação financeira dos beneficiários. Eis as três razões explicadas por Van Parijs:

1ª - É provável que a taxa de resgate de benefícios seja mais alta em um sistema universal do que se houver uma renda garantida com base em uma verificação financeira do beneficiário. Mais pessoas entre os pobres estarão informadas sobre seus direitos e farão uso dos benefícios a que têm direito.

2ª - Nada há de humilhante em benefícios concedidos a todos por uma questão de cidadania. Isto não pode ser dito, nem mesmo com os procedimentos menos humilhantes e intrusivos, a respeito dos benefícios reservados para os necessitados – os destituídos – aqueles identificados como incapazes de prover a própria subsistência. Do ponto de vista dos pobres, isto pode ser visto como uma vantagem em si, devido ao estigma menor associado a uma renda básica universal.

3ª - Em um sistema de renda básica, o pagamento regular e confiável do benefício não é interrompido ao se aceitar um emprego, como seria um sistema convencional condicionado à situação financeira dos beneficiários. Comparado a sistemas condicionados à verificação da situação financeira dos beneficiários que garantem o mesmo nível de renda mínima, este abre perspectivas reais para pessoas pobres que têm motivos para não assumir riscos. Isto significa remover um aspecto da armadilha do desemprego comumente associado a sistemas convencionais de benefícios.

 

Paradoxalmente, no sistema de renda básica, é possível que dar a todos não seja mais caro, e, sim, mais barato do que dar somente aos pobres. Em havendo uma tecnologia informatizada e eficiente de coleta de impostos e pagamento de transferências, é provável que os custos sejam mais baixos em um sistema universal 'ex ante' [de antemão, desde o começo, antecipadamente], do que em um sistema 'ex post' [após os fatos] sujeito à verificação da situação financeira dos beneficiários, pelo menos para um determinado nível de eficácia em alcançar os pobres.

 

Acredito que o MST consegue obter muito mais apoio do povo brasileiro para sua causa sempre que utiliza meios pacíficos, não-violentos, e de respeito aos seres humanos e ao que tiver sido construído honestamente por outros... O MST tem sido muitas vezes criativo. E, assim, granjeou forte apoio do povo para a justa causa da reforma agrária, quando, por exemplo, organizou as marchas para Brasília em memória das vítimas do massacre de Eldorado do Carajás ou em memória da irmã Dorothy Stang, morta no ano passado pelos interesses do latifúndio. Para mostrar sua solidariedade aos índios guaranis, tenho a convicção de que as mulheres da Via Campesina poderiam – e podem ainda – escolher uma forma pacífica, criativa, utilizando muito mais a força da alma do que a força física. De outra forma, daremos razão aos que, em pleno século XXI, preferem utilizar os instrumentos bélicos em vez dos instrumentos civilizatórios do bom senso e da inteligência.

 

Sobre seu livro A Saída Pela Porta – Em Direção à Renda de Cidadania: Procuro mostrar os fundamentos – na história da Humanidade do direito de todas as pessoas participarem da riqueza de cada nação. Este direito está baseado nos pensamentos do mestre chinês Confúcio, é consistente com as recomendações de Aristóteles, com o grande anseio do povo judeu expresso no Antigo Testamento, e no Novo Testamento pelas palavras de Jesus. E também é consistente com o que está no Alcorão, no Budismo e com as idéias de Karl Marx. Ele observou que os seres humanos, em uma sociedade mais amadurecida, irão ter como lema: 'De cada um de acordo com a sua capacidade, a cada um de acordo com as suas necessidades.' Estas dezoito palavras, segundo o economista John Kenneth Galbraith, tiveram maior efeito revolucionário do que os três volumes de 'O Capital'. No século XX, economistas e filósofos do mais variado espectro defendem a proposta. Procuro demonstrar no livro que foram justamente os economistas mais progressistas os que melhor fundamentaram o direito a uma renda garantida para todos. Proponho no livro, cujo título será 'A Saída Pela Porta – Em Direção à Renda de Cidadania', um novo passo, que todos os 170 milhões de brasileiros tenham direito à renda mínima.

 

A privação de liberdade econômica pode gerar a privação de liberdade social, assim como a privação de liberdade social ou política pode, da mesma forma, gerar a privação de liberdade econômica. (Amartya Sen, apud Eduardo Suplicy).

 

Sou obstinado. Eu acredito muito nessa proposta da renda mínima, e poderei dedicar muito mais a minha energia a outras proposições quando tiver alcançado o objetivo de instituir a garantia de renda básica para todos os brasileiros. Uma das coisas que mais aprendi a admirar, na minha formação, foram os grandes cientistas, como Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Albert Einstein, Giordano Bruno e outros. Mexeu muito comigo ler a biografia de Galileu Galilei e o diálogo de Nicolau Copérnico com sua filha. Ela perguntou ao pai por que ele insistia em dizer que a Terra não era o centro do mundo e que era redonda. Constatou que ele estava incomodando a Igreja. Ele respondeu que queria saber a verdade, porque essa busca pela verdade é uma característica humana. Batalhar tanto pelo o que eu acredito pode ter me custado a perda de algo extremamente precioso ou do que mais eu amo, mas espero que, um dia, isto ainda possa ser mais bem compreendido.

 

Indagado a respeito dos interesses femininos que desperta, o Senador desconversa: Minha mãe poderia responder. Ela gosta muito de mim.

 

Sobre a resistência do PT em relação ao Projeto de Renda Mínima: Essa resistência hoje está muito diminuída. No início do debate interno, houve preocupações de economistas do Partido, e eu cito o Aloizio Mercadante. Hoje ele tem tido um diálogo muito construtivo sobre esse assunto comigo. Markus Sokol, que representa a corrente trotskista O Trabalho, considera o programa de renda mínima, o orçamento participativo e outras proposições do PT políticas insuficientes e inadequadas. Mas é um segmento do Partido. Eu considero o debate com Sokol estimulante.

 

Sobre o Projeto Fome Zero: Acho muito mais eficiente o programa de renda mínima; dar o direito às pessoas de escolher no que gastar do que completar a renda das famílias pobres com cupons de alimentação. A prova disto é o que a gente vê em São Paulo, por exemplo, onde as pessoas comercializam vale transporte, vale-refeição e tíquete de metrô. A pergunta que vou fazer para o Lula, no debate que haverá no próximo dia 20 sobre o Projeto Fome Zero, é por que as pessoas trocam seus cupons por dinheiro. O fato é que as pessoas pobres necessitam comprar alimentos, mas também têm outras necessidades.

 

O Senado deve atuar, cada vez mais, com maior transparência em seus atos administrativos, e deve dar seu exemplo. É urgente que o Parlamento realize as reformas políticas e eleitorais para que o Senado possa desempenhar seu real papel de defesa dos interesses da população. Se os Senadores não estiverem atuando de maneira que efetivamente justifique a existência do Senado, cada vez mais aparecerão vozes defendendo o seu desaparecimento. Na medida em que nós estivermos justificando nossas ações e o nosso objetivo maior de bem legislar, de bem fiscalizar e dando o exemplo em nossa própria Casa, de como bem administrar a coisa pública, melhor estaremos justificando a existência do Senado.






Rhythm And Poetry Final

 

 

 

Eduardo Suplicy!

Eta Matarazzo porreta!

Do boxe ao Senado,

tudo foi muito suado.

Eduardo Suplicy,

se preciso, mete a marreta.

Sorridente, mas calado,

Eduardo Suplicy,

de calção ou farfalleta,2

pelos pobres, consternado,

é um político engajado.

Eduardo Suplicy

– que não topa uma mutreta –

pelas mulheres é amado;

pelos homens – pudera! – é invejado.

Matarazzo Suplicy!

Sor Eduardo porreta!

Só dizendo: muito bem!

Homem limpo; este é do bem!

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Muhammad Yunus (Chittagong, 28 de junho de 1940) é um economista e banqueiro de Bangladesh. Em 2006, foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz. É autor do livro Banker to the Poor (O Banqueiro dos Pobres). Muhammad pretende acabar com a pobreza através do banco que fundou, do qual é presidente e o governo de Bangladesh é o principal acionista, o Grameen Bank, que oferece ativamente microcrédito para milhões de famílias. Muhammad afirma que é impossível haver paz com pobreza.

2. Farfalla, em italiano, significa borboleta. Então, de sacanagem, inventei o neologismo farfalleta – que nada tem a ver com caixinha redonda, oval ou oblonga, feita de materiais diversos e usada para guardar pequenos objetos, com bolsa de borracha para guardar fumo ou com o conduto musculomembranoso que vai do útero ao orifício externo do canal genital – para substituir gravata-borboleta e fazer uma riminha. Seja lá como for, acho que o Senador Suplicy não é lá muito chegado às farfalletas. Eu, lá pelos meus vinte anos, de vez em quando, usava como acessório de um summer (smoking branco) que eu tinha: a farfalleta era vermelha!

 

Páginas da Internet acessadas:

http://blog.estadao.com.br/blog/padiglione
/?title=title_183&more=1&c=1&tb=1&pb=1

http://vejasaopaulo.abril.com.br/
revista/vejasp/edicoes/1977/m0113488.html

http://www.revistapiaui.com.br/
edicao_30/artigo_903/Suplicy_sensual.aspx

http://seubrasil.blogspot.com/
2008/04/eduardo-suplicy-unnime.html

http://zequinhabarreto.org.br/?p=97

http://www.dhnet.org.br/w3/fsmrn/
fsm2002/paineis/suplicypor.html

http://74.125.47.132/

http://leituradiaria.com.br/?p=294

http://www.direito2.com.br/asen/2007/nov/
28/eduardo-suplicy-lanca-coletanea-de-artigos

http://wwwterra.com.br/istoe/
1664/1664vermelhas_03.htm

http://proc.direito2.com.br/asen/2004/mar/31/
eduardo-suplicy-comenta-40-anos-do-golpe-militar

http://www2.fpa.org.br/portal
/modules/news/article.php?storyid=662

http://www.jornaldeitupeva.com.br/
noticia.php?id=090612221715

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Muhammad_Yunus

http://www1.ethos.org.br/

http://www.terra.com.br/istoegente/
257/urgente/urgente_01.htm

http://videolog.uol.com.br/
video.php?id=318095

http://pensamosgrandemasnaocabeaqui.blogspot.com/
2008/07/eduardo-suplicy-lanar-cd.html

http://www2.fpa.org.br/portal/modules/
news/article.php?storyid=1836

http://www.frasesfamosas.com.br/
de/eduardo-suplicy.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Suplicy

http://pt.wikiquote.org/wiki/Eduardo_Suplicy

 

Fundo musical:

O homem na Estrada
Racionais Mc's
Composição: Mano Brown

Fonte:

http://www.portalnet.net/midbrasil/funk.htm