ECKHART DE HOCHHEIM O.P.
(Pensamentos)

 

 

 

Eckhart de Hochheim

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo apresenta para reflexão uma coletânea de pensamentos de Eckhart de Hochheim – O.P. (Ordo Prædicatorum) – homem extraordinário, como escreveu Luiz Carlos Lisboa, que pedia a todos – a todos nós, ignorantes pretensiosos em nossa maioria – que olhassem diretamente a vida, sem palavras justificadoras, sem desculpas ideológicas, sem certezas filosóficas. E que desconfiassem da própria inclinação para a mentira.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Eckhart de Hochheim, O.P. (1260 – 1328), mais conhecido como Mestre Eckhart, foi um frade dominicano reconhecido por sua obra como teólogo e filósofo e por suas visões místicas.

 

Mestre Eckhart foi um dos mais fecundos pensadores da Filosofia Medieval alemã. Como tal, Eckhart insere-se na longa corrente de uma mística neoplatônica, repleta das reflexões de Agostinho e do Pseudo-Dionísio, o Areopagita.

 

Nesta tradição, Eckhart, embora cravado de balas inquisitórias em seu tempo, não sai dos referenciais cristãos e da tradição. Ocorre, portanto, que o Mestre renano tem a estatura que lhe é negada pela Igreja de Roma, sob os velhos ranços de suspeita de heresia.

 

O problema da linguagem em Eckhart, entretanto, levanta problemas: como geralmente acontece no idioma místico-negativo, tudo parece recender a Panteísmo. Não há, todavia, uma linguagem positiva que possa driblar a noção aparente de Panteísmo na mística que seja digna do nome: o texto principal eckhartiano, este também objeto de uma interminável discussão acerca de sua autenticidade, orbita em torno de um Deus que somente é alcançado pelo ser humano na medida em que este, assemelhando-se a Deus mesmo, se esvazia no desprendimento (abgeschiedenheit). Desprender-se é o movimento para o 'Nada'. Desprender-se provoca os interesses divinos na alma, que, assim, se faz vazia: uma gravidade divina tende, inevitavelmente, para todo cristão que assume uma atitude desprendida diante da vida, do sofrimento e da morte. De tal desprendimento, portanto, chegar-se-ia ao estágio necessário da gelassenheit: a plena serenidade não-estóica diante da existência.

 

Assim como Deus é 'Nada', segundo Eckhart, fazer-se nada é atrair Deus a si-mesmo sendo, assim, feitos como somos realmente: um com Deus, que só é Deus na dimensão da existência, porém, não da essência e, destarte, Eckhart nos remete à origem humana e nos leva a sermos o que já somos desde sempre.

 

 

 

Pensamentos Eckhartianos

 

 

 

O inteligir é o próprio Ser de Deus.

 

E, por isto, o inteligir é maior do que o Ser.

 

Deus é intelecto e inteligir, e o próprio inteligir é fundamento do próprio Ser.

 

O inteligir é mais elevado do que o Ser, e é de outra condição.

 

Por isto, Deus... é intelecto e inteligir...

 

Ele [Deus] é a riqueza em profusão porque é Um. Ele é o primeiro e o supremo porque é Um. Por isto, o Um penetra todas e cada uma das coisas, e permanece Um, unificando o separado. Por isto é que seis não são duas vezes três, mas seis vezes Um.

 

 

Se te amas a ti mesmo, ama os outros do mesmo modo. Enquanto amares uma única pessoa menos do que a ti mesmo, não conseguirás amar a ti mesmo.

 

Enquanto eu sou isto ou aquilo, eu não sou todas as coisas simultaneamente.

 

O Silêncio é a entrada predileta no Reino de Deus e na Vida Eterna.

 

Há um Silêncio enorme em nós que nos chama acenando, e a entrada neste Silêncio é o começo de um ensinamento sobre a linguagem do céu. Porque o Silêncio é, em si, uma linguagem de profundidade infinita, mais fácil de entender porque não contém palavras, mais rica em compaixão e em eternidade do que qualquer forma de expressão humana. Não há nada no mundo que se pareça tanto com Deus quanto o Silêncio.

 

Se 'obrigado' fosse sua única prece, seria suficiente.

 

Nada faz de alguém um verdadeiro ser humano, a não ser renúncia à sua vontade. Em verdade, sem renúncia à vontade própria em todas as coisas nada conseguiremos perante Deus.

 

Tu deves te entregar a Deus com absolutamente tudo, e não te preocupares com o que Ele faz do que é teu.

 

Só será uma vontade perfeita e verdadeira aquela que entrar inteiramente na Vontade de Deus, despojada de vontade própria. E quem mais longe tiver ido neste ponto, tanto mais e mais verdadeiramente terá ascendido a Deus.

 

Em verdade, um homem que se tenha despojado inteiramente do que é seu estará de tal modo envolvido por Deus, que nenhuma criatura o conseguirá tocar, sem tocar primeiro em Deus. E aquilo que chegar até ele, deverá primeiro passar por Deus; aí, receberá primeiro o Seu sabor e se tornará divino.

 

Pratique o jejum da fala.

 

Todo ser humano é de sangue real. Nasceu das profundezas mais íntimas da Natureza Divina e é representante de Deus para espalhar amor e recriar permanentemente toda a Criação Divina.

 

Na alma, há uma potência da qual já falei várias vezes… Se a alma inteira fosse ela, seria incrível e inacreditável.

 

A faísca da alma é criada ou incriada? É dada. A alma é presenteada por Deus; é um presente conjugal.

 

O homem humilde e Deus são um. O homem humilde tem tanto poder sobre Deus como sobre si mesmo.

 

O mesmo conhecimento no qual Deus se conhece a Si mesmo é o conhecimento de qualquer espírito desapegado, e não é outro.

 

O olho com o qual vejo Deus é o mesmo olho com o qual Ele me vê. Meu olho e o olho de Deus são um só olho, uma só visão, um só conhecer e um só amar.

 

Deus está em todas as criaturas [imanência], pois elas têm uma essência; mas, nem por isto Deus deixa de estar acima delas [transcendência]. E Ele, que está em todas as criaturas, é o mesmo que está acima delas, pois, aquilo que é uno em muitas coisas deve estar necessariamente acima das coisas.

 

Quando digo que Deus não é o Ser, mas que está acima do ser, com isto, eu não Lhe tirei o Ser. Ao contrário, eu O enobreci.

 

Isto é tudo o que um anjo é: uma idéia de Deus.

 

 

 

 

É verdade que Deus entra no entendimento à maneira e sob o véu do verdadeiro, e na vontade à maneira sob o véu do bem. Por Sua Essência nua, porém, que ultrapassa toda dominação, Ele entra e penetra na própria essência nua da alma, que carece, também ela, de nome próprio, e é superior à inteligência e à vontade, posto que Ela é Essência com relação às potências. É esta a cidadela em que Jesus entra antes pelo ser do que pelo obrar (o conhecer e o amar), conferindo à alma, pela graça, o Ser Divino e Deiforme, pois, a graça concerne à Essência, e o ser, segundo a Palavra. Pela graça de Deus, sou-o-que-sou.

 

Algo há no mundo, de natureza tal, que, se a alma o fora em sua totalidade, ela seria incriada. É o que considerei e que ainda continuo a considerar como certo. E, no mesmo sentido em que o fazem os meus doutos colegas, a saber: se a alma fosse essencialmente intelecto. Nunca, porém, tenho dito, haver algo na alma que pertença à alma, e que seja criado e incriado. Pois, neste caso, a alma seria um conglomerado de elementos criados e de elementos incriados. O que tenho escrito e ensinado é o contrário disto.

 

O homem livre é aquele que se aprofunda na amantíssima Vontade de Deus, renunciando à sua própria vontade.1

 

O homem verdadeiramente perfeito deve se habituar à morte, sair de si e se transformar de tal forma em Deus, que a sua única bem-aventurança seja não saber mais de si e de qualquer outra coisa, mas apenas de Deus, não conhecendo outro querer senão o querer de Deus e conhecer a Deus como Deus o conhece, conforme o que diz São Paulo.

 

A LLuz de Deus brilha no escuro. Deus é a verdadeira LLuz. Para ver isto, a pessoa deve estar cega e deve tirar para fora de Deus tudo o que é algo. Um mestre diz que aquele que falar de Deus através de qualquer semelhança, falará Dele de modo simplório. Mas, falar de Deus através do 'Nada' é falar Dele corretamente. Quando a alma unificada entra na total auto-abnegação, encontra Deus como um 'Nada'.

 

Deus apareceu ante um homem como um sonho. Foi um sonho acordado em que ele ficou grávido com o 'Nada', como uma mulher com um filho no ventre. E, de aquele 'Nada', um filho nasceu; este era o fruto do 'Nada'. Então, ele se levantou com os olhos abertos vendo 'Nada'.2

 

Quando a alma deseja experimentar algo, antes, ela gera uma imagem da experiência, e entra [mergulha] na própria imagem que gerou.

 

Em verdade, é nas trevas que se encontra a LLuz, de maneira que, quando sofremos, esta LLuz se acha mais próxima de nós.

 

A maneira mais poderosa e meritória de rezar é aquela que, por derivar de uma mente desimpedida, é capaz de obter qualquer coisa. Quanto mais desimpedida a mente, mais poderosa, útil e perfeita será a oração. E o que é uma mente desimpedida? É aquela que não é perturbada nem alterada por nada, que não se apegou a qualquer modo especial de vida ou de devoção, e que não procura o seu próprio bem em nada, mas, que está completamente imersa na preciosa Vontade de Deus, tendo saído daquilo que lhe é próprio. Por menor que seja, não há nenhuma obra que homens e mulheres possam executar, que não extraiam daí o seu poder e a sua força.

 

Tudo o que Deus quer do homem é um Coração pacífico.

 

Você deveria saber que o impulso para o pecado sempre traz grande benefício para uma pessoa íntegra. Imagine você dois indivíduos, sendo um deles o tipo de pessoa que experimenta pouca ou nenhuma tentação, enquanto o outro é muito perturbado por isso. Neste último, a simples presença de certas realidades atinge o seu eu exterior, de modo que ele é levado à cólera, à vaidade ou à sensualidade, de acordo com o estímulo que recebe. Mas, com seu discernimento mais alto, ele permanece firme e imóvel, decidido a não ceder à sua fraqueza, seja ela qual for. Talvez se trate de uma fraqueza enraizada no seu próprio temperamento, assim como algumas pessoas são irascíveis, ou vaidosas, ou qualquer outra coisa, mas não desejam cometer estes pecados. Estas são pessoas muito mais dignas de louvor, e merecem maior recompensa,3 do que as do primeiro tipo, pois a perfeição da virtude nasce na luta, e São Paulo já dizia que 'a virtude se aperfeiçoa na fraqueza' (II Coríntios XII: 19). Ser tentado não é defeito; defeito é consentir no pecado. De fato, se alguém que está na plena posse de suas faculdades tivesse a capacidade de fazer com que a tentação não existisse, esta pessoa deixaria de exercitar o poder de combater a tentação, pois, sem a tentação nós não seríamos testados em todas as coisas e em tudo o que nós fazemos, já que estaríamos inconscientes do perigo de certas coisas, e sem a honra da batalha e da vitória. A tentação nos faz trabalhar mais duramente na prática da virtude. A tentação é como um açoite que nos ensina a vigilância e a prudência, pois, quanto mais fraca for uma pessoa, tanto mais ela deverá se armar com a força que conduz à vitória. A virtude (como o vício) é uma questão de vontade.

 

 

De trambolhão em trambolhão,
vislumbraremos a Santa LLuz.

 

 

Estar vazio de toda criatura é estar cheio de Deus. E estar cheio de toda criatura é estar vazio de Deus.

 

A alma deve ansiar por Deus, a fim de se inflamar com o amor Dele. Mas, se ela ainda não puder ansiar pelo anseio, então, deverá ansiar pelo anseio. E o anseio pelo anseio também vem de Deus.

 

Se te amas, ama a todos os demais como a ti mesmo. Enquanto amares outra pessoa menos do que amas a ti mesmo, não conseguirás realmente amar a ti mesmo, mas se a todos amares igualmente, sem exclusão de ti, os amarás como uma só pessoa, e esta pessoa é tanto Deus4 quanto homem.

 

Embora o homem não possa saber o que Deus é, mesmo assim ele pode estar consciente do que Deus não é. Desta forma, satisfeita com o 'Nada', a mente clama pelo mais elevado de todos os bens.

 

Quando o Pai gerou todas as criaturas, gerou-me também a mim, e eu emanei com todas as criaturas e permaneci, apesar disto, no seio do Pai.

 

Mudei-me em Deus, e Ele me fez um com Ele, e, assim, não há distinção entre nós. Algumas pessoas imaginam que verão Deus como se Ele estivesse além e elas aquém, mas não é assim. Deus e eu somos um. Conhecendo Deus, tomo-O para mim. Amando a Deus, penetro-O.

 

Aquele que é sem nome é a negação de todos os nomes, pois, jamais teve um nome.

 

Tu deverás procurar Deus de forma que jamais O encontres; mas, se tu não O procurares, haverás de O encontrar.5

 

Bondade e justiça são um vestido que envolve Deus. Tirem de Deus tudo o que O reveste, e tomem-No puro em suas roupas íntimas, quando Ele, descoberto e desnudo, está em Si mesmo.6

 

Que Deus seja um – isto é a divindade completa de Deus. Se assim não fora, Deus não seria Deus. Todo número depende do um, mas o um não depende de nada.7

 

 

 

 

Deus não está em nenhum lugar. O menor de Deus repleta todas as criaturas, e Sua grandeza não se encontra em nenhum lugar.

 

No mesmo movimento em que o Pai gera o Filho Unigênito em mim, eu O gero de volta dentro do Pai.

 

Quando o homem libera e põe a descoberto a LLuz Divina que Deus, por Sua natureza criou nele, então, se revela a Imagem de Deus nele. Ao nascer, se conhece a revelação de Deus. Dizer que o Filho nasceu do Pai significa que o Pai, em forma paterna, revela seu Mistério ao Filho. Por isto, quanto mais e com maior claridade o homem põe a descoberto a imagem de Deus, com tanto mais claridade Deus nasce nele. O nascer de Deus se entende assim: o Pai põe a descoberto Sua Imagem e brilha no homem.

 

Na máxima disponibilidade (desprendimento) o conhecimento é sem conhecimento, o amor é sem amor e a luz é escuridão. Pobres de espírito8 são aqueles que entregaram todas as coisas a Deus, assim como Ele as possuía quando ainda não éramos.

 

Se um homem deixou um reino ou mesmo todas as coisas, mas, se não tiver deixado a si mesmo, não terá, na verdade, deixado nada. Se deixar a si mesmo, embora fique na honra e na riqueza ou continue a possuir o que quer que seja, o homem deixou efetivamente tudo.

 

Não precisamos pensar tanto no que devemos fazer; antes, se deve pensar no que se deve ser. Se alguém é bom, também boas serão suas obras. Todavia, as obras não nos santificam; nós é que santificamos as obras.

 

O homem não deve se contentar com um Deus pensado, pois, quando o pensamento passa, passa também Deus. Deve-se, antes, possuir um Deus essencial, que de muito ultrapasse os pensamentos dos homens e a todas as criaturas. Este Deus não passará.

 

Se alguém está, como esteve Paulo, em arrebatamento místico, e sabe que algum doente precisa de um prato de sopa, é melhor deixar o arrebatamento e ir atender ao enfermo necessitado.

 

Na contemplação você se serve a si mesmo; nas boas obras, serve a muita gente.9

 

Uma pessoa que dominou sua vida vale mais do que mil pessoas que dominaram somente o conteúdo de livros. Ninguém pode conseguir nada na vida sem Deus. Se eu estivese à procura de um mestre para aprender, eu deveria ir a Paris ou freqüentar as faculdades onde se fazem os mais altos estudos. Mas, se eu estiver interessado na perfeição da vida, o que lá me poderão informar? Aonde, pois, deveria eu ir? A alguém que tem uma natureza pura e livre, e a nenhum outro lugar. Nele, eu encontraria a resposta para aquilo que tão ansiosamente estou buscando. Homens, por que buscais ossos entre os mortos? Por que não buscais a vida eterna nos lugares santos da vida? Os mortos nada podem dar ou tomar. Se um anjo tivesse que buscar Deus fora de Deus, ele O buscaria em uma criatura pura, livre e plenamente disponível, e não em outro lugar. A perfeição depende somente do acolher a pobreza, a miséria, as durezas, os desapontamentos e tudo o que vier no decurso da vida, livremente, avidamente até a morte, como se a pessoa estivesse preparada para tal. Portanto, sem se emocionar nem sequer perguntar: por quê?

 

Um significa aquilo ao qual não se pode acrescentar nada. Um é a negação da negação. Todas as criaturas carregam uma negação em si; uma nega a outra. Um anjo tem em si uma negação pelo fato de não poder ser outro anjo. Deus, porém, é a negação da negação. Ele é um e nega todos os outros, pois nada existe fora de Deus. Todas as criaturas são em Deus e são sua própria divindade, e isto significa a plenitude.

 

In principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum. Hoc erat in principio apud Deum. Omnia per ipsum facta sunt, et sine ipso factum est nihil, quod factum est... (Evangelho Segundo Ioannem). Com estas palavras, nos é dado compreender que nós somos um único filho que o Pai gerou eternamente da escondida escuridão da eterna escondidade, mas, permanecendo no primeiro princípio da primeira pureza, que é a plenitude única de toda a pureza. Aqui, eu descansei e dormi eternamente no secreto conhecimento do Pai Eterno, ficando dentro e não sendo ainda proferido. Desta pureza, Ele me gerou eternamente como o seu Filho Unigênito, na imagem de Sua eterna paternidade, para que eu seja Pai e gere aquele do qual eu fui gerado.

 

Falei muitas vezes de uma Luz que está na alma, de uma Luz incriada e incriável... Assim, posso, em verdade, dizer outra vez que esta Luz tem mais unidade com Deus do que com qualquer outra força da alma, com a qual está em unidade de ser. Pois, deveis saber que esta Luz, no ser de minha alma, não é mais nobre do que a ínfima e a mais grosseira das forças, como o ouvir ou o ver ou qualquer outra força simples. Enquanto se tomam as forças da alma no ser, elas são todas um e igualmente nobres. Tomando-se, porém, estas forças no seu operar, uma é muito mais nobre e elevada do que a outra.

 

Uma imagem propriamente dita é uma emanação formal simples que transmite toda a essência nua e pura, uma emanação a partir das profundidades do Silêncio, excluindo tudo o que chega de fora. É uma forma de vida, como se estivéssemos a imaginar algo que inflasse por si próprio e em si próprio, e, depois, fervesse sem ferver por fora nesta ocasião compreendida.

 

Quando o homem se une totalmente a Deus com amor, desliga-se das imagens, formado e transformado na conformidade divina na qual é um com Deus.

 

O homem não tem necessidade de pedir a Deus. Pelo contrário: pode exigir de Deus,10 porque a altura da Deidade só pode olhar o fundo da humildade, já que o homem humilde e Deus são um e não dois.

 

Deus é como o Sol. Aquilo que é o mais alto na sua profundidade sem fundo responde àquilo que é o mais baixo no fundo da humildade. O homem verdadeiramente humilde não tem necessidade de pedir a Deus; pode obrigar Deus,10a porque a altura da Deidade só tem olhos para a profundidade da humildade.

 

Mais do que muitas outras virtudes, os mestres elogiam também a humildade. No entanto, eu tenho mais elogios para o desprendimento do que para a humildade, e este é o motivo: a humildade pode existir sem desprendimento, mas não pode haver desprendimento perfeito sem humildade perfeita, uma vez que a humildade perfeita visa o aniquilamento do próprio ego. Ora, o desprendimento está tão próximo do nada que entre o desprendimento perfeito e o nada não pode haver nada. É por isto que o desprendimento perfeito não pode existir sem humildade. Mas, duas virtudes são sempre melhores do que uma. A segunda razão pela qual elogio mais o desprendimento do que a humildade é o fato de que a humildade perfeita curva-se diante de todas as criaturas e, ao se curvar, o homem, saindo de si mesmo, dirige-se às criaturas, enquanto o desprendimento permanece dentro de si mesmo. Ora, nenhuma saída pode ser tão nobre quanto a permanência em si mesmo. Por isto, o profeta Davi afirmou: 'Omnis gloria ejus filiæ regis ab intus', o que quer dizer: 'Toda a honra da filha do rei vem de seu interior.' O desprendimento perfeito não visa a se sujeitar a nenhuma criatura nem a se elevar sobre criatura alguma – não quer estar abaixo nem acima de ninguém, antes, quer estar em-si-mesmo, não fazendo bem nem mal a ninguém, não querendo ser igual nem desigual em relação a nenhuma criatura, nem isto nem aquilo: quer apenas ser. O desprendimento não quer ser isto nem aquilo porque quem quer ser isto ou aquilo quer ser algo; ele, porém, não quer ser nada. Por isto, dispensa todas as coisas.

 

Deus Supra-Ente-'Nada' O 'Nada' Absoluto.

 

Desconstrução da vontade [fiat voluntas mea] Serenidade da união com Deus [Fiat Voluntas Tua].

 

Desconstrução Encontro com a Verdade Divina.

 

Positividade do Uno Negatio negationis [Negação da negação].

 

É pobre aquele que nada quer, que nada sabe e que nada tem, porque querer, saber e ter são modos fundamentais de ser no mundo do ter, em que a vontade apenas se quer a si mesma em tudo, o saber persegue em tudo a própria segurança e o ter anseia se apoderar e dispor de tudo.

 

 

 

 

O homem deve tentar se nivelar com o 'Nada', nada querendo, nada sabendo e nada tendo, a fim de atingir a serenidade.11

 

 

 

 

O homem pobre12 deve viver de tal modo a jamais satisfazer sua própria vontade em coisa alguma; antes, deve aspirar a satisfazer a tão querida Vontade de Deus.

 

Toda criatura é uma Palavra de Deus.

 

Apenas a mão que apaga pode escrever a coisa verdadeira.

 

Quanto mais tivermos, menos donos seremos.

 

O trabalho exterior nunca será insignificante se o Trabalho Interior for grande.

 

Existe apenas o instante presente. Não há ontem nem amanhã, só o agora, como foi há mil anos e como será daqui a mil anos.

 

Enquanto houver frustração não poderá haver ordem.

 

Todas as palavras derivam seu poder da Palavra Original.

 

O melhor nome para Deus é Compaixão.

 

Faça exatamente o que você faria se você se sentisse mais seguro.

 

Deus está em casa. Nós é que saímos para dar uma voltinha.

 

O que plantarmos no solo de contemplação iremos colher na safra de ação.

 

Verdadeiramente, é na escuridão que se encontra a LLuz. Então, quando estamos em sofrimento, esta LLuz está mais próxima de nós.

 

O conhecedor e o conhecido são um. Em matéria de conhecimento, o homem e Deus são um.

 

Deus espera de todos nós a mesma coisa: que Ele possa ser Deus em nós.

 

O preço da inércia [inação] é muito maior do que o custo de cometer um erro.

 

 

 

 

Se Deus deu uma alma à Sua criação, ela só poderia ser preenchida com Ele mesmo.

 

O homem exterior é a porta de vai-e-vem; o Homem Interior é a dobradiça.

 

 

 

 

 

 

Ser tentado não é defeito;

defeito é ceder à tentação.

Em nada há desproveito;

em tudo lateja uma lição.

 

Ser tentado é um Proveito

que leva à desimperfeição.

Ora, só se tornará escorreito

quem vencer o seu dragão.

 

Ser tentado dói no peito,

mas, favorece a libertação.

Só adquirirá auto-respeito

quem comutar sim em não.

 

Ser tentado é o Caminho

de ouvir a Voz do Coração.

Então, para o Pequenininho,

terminará a tirânica delusão.

 

 

 

 

 

 

 



 

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Notas:

1. Este é o sentido místico do Fiat Voluntas Tua (Faça-se a Tua Vontade) em contraposição ao fiat voluntas mea (faça-se a minha vontade).

2. Esta passagem, às avessas, se refere claramente ao antropomorfismo, que é a forma de pensamento comum a diversas crenças religiosas que atribui aos deuses, a Deus ou a seres sobrenaturais comportamentos e pensamentos característicos do ser humano ou, por outro lado, o antropomorfismo é uma visão de mundo que, buscando a compreensão da realidade circundante, atribui características e comportamentos típicos da condição humana às formas inanimadas da Natureza ou aos seres vivos irracionais. É por isto que o ser humano, geralmente, atribui aos deuses categorias que são meramente humanas, como, por exemplo, bondade, proteção, perdão, fidelidade, punição etc., e, também, as que não são usualmente humanas, que são atribuídas, basicamente, por necessidade de segurança e de amparo, como o fazimento de milagres, a onipotência, a onisciência, a ubiqüidade, a providência etc. Há também a ponderar a questão do antropopatismo, que é a atribuição de características humanas a elementos da Natureza, animais, divindades etc. Seja como for, não posso deixar de comentar, tudo isto deriva da ignorância humana, que necessita atribuir aos deuses que cria referências objetivas e humanas (porque, normalmente, só tem referências objetivas e humanas para atribuir) para tentar compreender o que jamais poderá ser compreendido antropomórfica, antropopática, fideística ou racionalmente.

3. Aí é que está o busilaço (aumentativo de busílis): acreditar em recompensa divina ou de sei-lá-quem em sei-lá-onde por sei-lá-o-quê. Ora, quando direcionamos um comportamento qualquer, esperando (no sentido de) uma recompensa, isto nada mais é do que uma hipoteticidade sesquipedal e fedorenta. E isto não vale absolutamente nada de nada, lhufas de lhufas e nicas de nicas, porque é incapaz de produzir o efeito pretendido (inocuidade). No Universo, tudo é categórico. Sem exceção. E por que tudo é categórico? Simplesmente, porque o Universo é inconsciente de si mesmo – de sua existência como Universo. É impossível que 2 + 2 não dê como resultado sempre 4. Ou seja: o Universo não faz escolhas e não muda os resultados, pois, para que pudesse mudar os resultados, teria que mudar as causas que produziram os resultados, o que é inconcebível de (poder) acontecer. Se isto é assim, a perfeição da virtude, como propõe Meister Eckhart, é algo que, preliminarmente, só interessa a nós. Enfim, um bom ponto para meditação é: como é possível e como realmente acontece a manifestação relativa da consciência da personalidade-alma em um Universo que é inconsciente de si mesmo?

4. Aqui está um outro busílis: admitir Deus como sendo uma pessoa.

5. Esta máxima está ligada ao querer temporâneo. É o querer temporário, passageiro, provisório e obscurante que gera as contradições, as frustrações e todas as dores. Todavia, há um outro tipo de querer que não se insere nesta ordem de equívocos de percepção ou de entendimento: o QUERER (para SERVIR). Axioma Zoroastriano: SABER, QUERER, OUSAR, CALAR.

6. Aqui está um bom exemplo do que tive a oportunidade de discutir na nota nº 2.

7. Um argumento parecido foi elaborado por Serge Raynaud de la Ferrière (1916 – 1962), fundador de uma organização à qual denominou Ordem de Aquarius, veículo, segundo afirmação do próprio fundador, da Grande Fraternidade Universal (GFU), qual seja: em qualquer tempo não podem coexistir harmoniosamente dois Princípios Constitutivos do Universo. Se houvesse, pois, dois Princípios, ou seriam diferentes, ou seriam iguais. Se fossem diferentes, anular-se-iam mutuamente; se fossem iguais, seriam idênticos como se um só houvesse.

8. Na verdade, o certo é: Makarioi hoi Ptokhoi tô Pneumati! Bem-aventurados são os Mendigos (Ptokhoi) do Espírito (Pneumati). Benditos os que procuram, por si, a elevação intelectual e moral – o Conhecimento Superior que levará, de vida em vida, à Imanência Divina. Já para o redator latino adulterador da Vulgata, os bem-aventurados são os pobres de espírito, são os que não sabem nem querem saber, são os que entregam sua salvação à vontade dos guias, dos imperantes e dos dominadores, submetendo-se resignadamente, por espírito de humildade e de renúncia, de medo e de servilismo, a todos os dogmas, ordens, doutrinas, leis e impositividades baculinas e absurdas. O Gnóstico não se conforma nem com a ignorância, nem com a submissão, nem com a pobreza de conhecimento, e, como Mendigo (Ptokhoi), busca o Espírito (Pneumati), procurando-O até encontrá-Lo (em seu interior). Tudo isto se resume a: pobreza de espírito é sinônimo de ignorância, que deve ser vencida e ultrapassada para que a LLuz se faça. E isto, normalmente (porque há exceções), só poderá acontecer pela Via Iniciática (que é uma e não é uma).

Esta nota foi editada da fonte:

http://www.fra.org.br/gnose/GNOSE-43.pdf

9. Depende do tipo de contemplação (meditação). Em Meditação Mística, poderemos Servir ao Universo inteiro.

10 e 10a. É isto o que, equivocadamente, pregam também algumas denominações evangélicas. Mas, eu pergunto: exigir de Deus? Obrigar Deus? Exigir o quê? Obrigar a quê? Ora, se o próprio Meister Eckhart admite que o homem humilde e Deus são um e não dois, como obrigar ou exigir de si mesmo? Isto é uma contradição. Obrigar-se, particularmente, é concordar, e, mesmo que a concordância seja absurda ou concertada, quem não quiser fazer não fará (livre-alvedrio). Pode até ser uma redundância, mas o fato é que só se compreende o que se compreende, e, quando se compreende, se faz acontecer.

11. Isto equivale ao que ensinou Santo Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 – Fossanova, 7 de março 1274): Convenire cum omni ente. Coincidir (convir) com tudo o que é. (De Veritate, q. 1, art. 1, Respondeo).

12. Há dois tipos básicos de pobreza: a pobreza de bens materiais e a Pobreza Mística consciente, digamos assim, em que o ente nada tem porque nada almeja e nada precisa. Este nada almejar, nada precisar ou mesmo nada querer não tem qualquer similitude com a abulia (incapacidade de tomar decisões voluntárias), mas tem, sim, por outro lado, como pensou Meister Eckhart, com não satisfazer minha própria vontade em coisa alguma, e somente querer satisfazer a tão querida vontade de Deus. Do Deus de nossos Corações! No âmbito do Cristianismo primitivo, o exemplo máximo, salvo melhor juízo, deste tipo de Pobreza Mística foi a que manifestaram volitivamente os Padres do Deserto ou Pais do Deserto, que foram eremitas, ascetas, monges e freiras que viviam majoritariamente no deserto da Nítria (Scetes), no Egito, a partir do século III d.C. O mais conhecido destes Padres do Deserto foi Santo Antão (251 – 356), que se mudou para o deserto em 270 – 271, e se tornou conhecido tanto como o Pai quanto o como fundador do monasticismo no deserto.

 

Santo Antão

Santo Antão
(Francisco de Zurbarán, 1598 – 1664)

 

Os Padres do Deserto tiveram uma enorme influência no desenvolvimento do Cristianismo primitivo. As comunidades monásticas do deserto, que cresceram a partir destes encontros informais de monges eremitas, se tornaram o modelo para o monasticismo cristão. A tradição monástica oriental, representada pela República de Monte Athos (entidade teocrática independente formalmente pertencente ao território da Grécia), e a ocidental, sob a Regra de São Bento, foram ambas fortemente influenciadas pelas tradições iniciadas no deserto.

 

Monte Athos

Monte Athos

 

Todos os renascimentos monásticos da Idade Média (período da história mundial, especialmente européia, que, por convenção, se estende da queda do Império Romano, no século V, até a queda de Constantinopla, em 1453) buscaram no deserto alguma inspiração e orientação. Muito da espiritualidade do Cristianismo Ortodoxo (Igrejas orientais que aceitam somente os primeiros sete Concílios Ecumênicos), incluindo o Movimento Hesicasta (tradição de oração solitária da Igreja Ortodoxa e de algumas Igrejas Católicas Orientais que seguem o rito bizantino, rito constantinopolitano ou rito grego), tem as suas raízes nas práticas dos Padres do Deserto. Mesmo renascimentos religiosos mais modernos, como os evangélicos alemães, os pietistas da Pensilvânia e o renascimento metodista na Inglaterra foram vistos por estudiosos atuais como tendo sido, em alguma medida, influenciados pelos Padres do Deserto. Bem, sobre tudo isto, direi apenas o seguinte: ninguém precisa se mandar para o deserto, se enclausurar ou subir uma montanha para ser Illuminado. A Illuminação não requer lugares físicos para acontecer; depende tão-somente da disponibilidade interna do ser-no-mundo. Afastar-se do convívio social e do mundo, que não deixa de ser uma forma de egoísmo, pelo contrário, obstaculizam a Illuminação. Clausura, vida retirada, reclusão ou recolhimento permanente prisão.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.threadbombing.com/
details.php?image_id=5498

http://www.iywib.com/
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http://www.rootsweb.ancestry.com/~mostfran/

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Mestre_Eckhart

http://www.brainyquote.com/quotes/
authors/m/meister_eckhart_2.html

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frases-de-meister-eckhart.html

http://forum.jogos.uol.com.br/o-melhor-pensador
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http://www.cruiseclues.com/animatedgifs.htm

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http://www.saoboaventura.edu.br/galeria/
getImage/45/4772974002588750.pdf

http://pt.wikipedia.org/wiki/Monte_Atos

http://pt.wikipedia.org/wiki/Padres_do_Deserto

http://www.theoria.com.br/edicao0109/
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http://www.uc.pt/fluc/dfci/publicacoes/
herm_desconstrucao

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1
517-24302008000100008&script=sci_arttext

http://dharmalog.com/2011/08/10/o-poder-maior-do-des
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http://www.sodahead.com/

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2007/12/mestre-eckhart-1260-1328.html

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http://culturageralsaibamais.wordpress.com/

http://pensador.uol.com.br/autor/
mestre_eckhart_mistico_medieval/

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autor/mestre_eckhart/

http://frasesparaguardar.blogspot.com.br/
2009/09/mestre-eckhart.html

http://www.revistamirabilia.com/nova/
images/numeros/2011_12/05.pdf

http://kdfrases.com/autor/mestre-eckhart

 

Música de fundo:

Lionheart - Virtutum Thronus Frangitur
Compositora: Hildegard Von Bingen

Fonte:

http://beemp3.com/

Observação:

Santa Hildegarda de Bingen, em alemão Hildegard von Bingen (Bermersheim vor der Höhe, verão de 1098 – Mosteiro de Rupertsberg, 17 de setembro de 1179), foi uma monja beneditina, mística, teóloga, compositora, pregadora, naturalista, médica informal, poetisa, dramaturga e escritora alemã, e mestra do Mosteiro de Rupertsberg, em Bingen am Rhein, na Alemanha. Personalidade muito citada, mas, de fato, pouco conhecida pelo grande público moderno, rompendo as barreiras dos preconceitos contra as mulheres que existiam em seu tempo, Santa Hildegarda se tornou respeitada como uma autoridade em assuntos teológicos, sendo louvada por seus contemporâneos em altos termos. Hoje, é considerada uma das figuras mais singulares e importantes do século XII europeu, e suas conquistas têm poucos paralelos, mesmo entre os homens mais ilustres e eruditos de sua geração. Seus vários e extensos escritos mostram que ela possuía uma concepção mística e integrada do Universo, ainda que esta concepção não excluísse o realismo e encontrasse no mundo muitos problemas. A solução para eles, de acordo com suas idéias, deveria advir de uma união cooperativa e harmoniosa entre corpo e espírito, entre a Natureza, a vontade humana e a Graça Divina. Mas, Santa Hildegarda não tentou inaugurar uma nova corrente de pensamento religioso; sempre permaneceu fiel à ortodoxia do Catolicismo, combatendo as heresias e a corrupção do clero. Quis, acima de tudo, desvelar para os seus semelhantes os mistérios da religião, do cosmos, do homem e da Natureza. Para ela, o Universo era a resposta para as dúvidas da Humanidade, e a Humanidade era a resposta para o enigma do Universo. Mas, como ela escreveu, se a Humanidade não fizesse a pergunta, o Espírito Santo não poderia respondê-la. Santa Hildegarda foi a primeira de uma longa série de mulheres influentes tanto na religião como na política, e uma representante típico da aristocracia cultural beneditina. Orgulhosa de pertencer a uma elite social e espiritual, mostrou-se, no entanto, humilde e submissa a Deus. Além de mística, teóloga e pregadora, foi poetisa e compositora talentosa, deixando obra de vulto e original. Também fez muitas observações da Natureza com uma objetividade científica até então desconhecida, especialmente sobre as plantas medicinais, compilando-as em tratados onde abordou ainda vários temas ligados à Medicina e ofereceu métodos de tratamento para várias doenças. Seus primeiros biógrafos a mencionaram como Santa, e lhe atribuíram alguns milagres, em vida e logo após a sua morte. Abriu-se um processo de canonização, mas sua causa parou na beatificação. Entretanto, em 1584, sem cerimônia oficial, seu nome foi incluído no Martirológio Romano como Santa, e, em 10 de maio de 2012, o papa Bento XVI reafirmou publicamente sua santidade, e seu dia é festejado em muitas dioceses alemãs. Depois de um longo período de obscuridade, desde a segunda metade do século XX, sua vida e sua obra vêm recebendo atenção crescente, e seus escritos começaram a ser traduzidos para várias línguas. Muitos livros e ensaios já lhe foram dedicados, e foram feitas diversas gravações com sua música.

Fonte desta observação:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hildegarda
_de_Bingen#M.C3.BAsica_e_poesia

 

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