Eu
quero, neste momento, me dirigir ao povo brasileiro para dizer algumas
das matérias que, penso, devam ser por mim agora enfrentadas.
E eu o faço, naturalmente, com muita cautela, porque, na verdade,
sabem todos que, há mais de um mês, eu me recolhi exata
e precisamente para não aparentar que eu estaria cometendo
algum ato, praticando algum gesto com vistas a ocupar o lugar da Senhora
Presidente da República. Recolhi-me o quanto pude, mas, evidentemente,
nesse período, fui procurado por muitos que estão aflitos
com a situação do nosso País.
Mas,
agora, quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação
significativa declarar a autorização para a instauração
de processo de impedimento contra a Senhora Presidente, muitos me
procuraram para que eu desse, pelo menos, uma palavra preliminar à
Nação Brasileira, o que eu faço com muita modéstia,
com muita cautela, com muita moderação, mas, também,
em face da minha condição de vice-presidente, e, naturalmente,
de substituto constitucional da Senhora Presidente da República.
E,
desde logo, eu quero afirmar que temos ainda um longo processo pela
frente, passando pelo Senado Federal. Então todas as minhas
palavras levarão em conta apenas a decisão da Câmara
dos Deputados. Portanto, também as minhas palavras são
provisórias, já que nós temos que aguardar e
respeitar a decisão soberana que o Senado Federal proferirá
a respeito desse tema, seja quanto à admissibilidade da autorização,
seja quanto, ao final, o julgamento propriamente dito.
Portanto,
eu quero, neste momento, prestar uma homenagem ao Poder Legislativo,
tanto à Câmara dos Deputados, que já debateu amplamente
este assunto, como ao Senado Federal, que irá debatê-lo.
E desde logo, eu quero comunicar aos amigos e colegas, homens públicos,
senadores da melhor cepa, da melhor sabedoria, que aguardarei, naturalmente,
a decisão – aguardarei respeitosamente a decisão
do Senado Federal. Não quero avançar o sinal. Até
imaginaria que eu poderia falar depois da decisão do Senado,
mas, evidentemente, sabem todos os que me ouvem que quando houver
a decisão definitiva – a decisão do Senado –
eu preciso estar preparado para enfrentar os graves problemas que
hoje afligem o nosso País.
E,
desde logo, quero dizer aos que me ouvem, repetir, na verdade, o que
tenho empregado ao longo do tempo. Os senhores sabem, os brasileiros
sabem, que há mais de oito, dez meses tenho feito pronunciamentos
referentes à pacificação do País, à
unificação do País, porque é chocante,
para não dizer tristíssimo, verificar os brasileiros
controvertendo-se entre si e disputando idéias e espaços.
Até aí, tudo bem, mas, mas, quando partem para uma coisa
quase física, isto não pode acontecer no nosso País.
Portanto,
ao dizer agora que a grande missão, a partir deste momento,
é a da pacificação do País, da reunificação
do País, eu quero dizer que estou repetindo o que venho pregando
há muito tempo como responsável por uma parcela da vida
pública nacional. Devo dizer também, e isto fica para
o aconteça o que acontecer no futuro, que é preciso
um Governo de salvação nacional e, portanto, de união
nacional. É preciso que se reúnam todos os partidos
políticos que estejam dispostos a dar a sua colaboração
para tirar o País da crise. Sem esta unidade nacional, penso
que será difícil tirar o País da crise em que
nos encontramos.
Para tanto, é preciso
diálogo. O fundamental, agora, é o diálogo. Em
segundo lugar, a compreensão. E em terceiro lugar, para não
enganar ninguém, a idéia de que nós vamos ter
muitos sacrifícios pela frente. Sem sacrifícios, nós
não conseguiremos também avançar para retomar
o crescimento e o desenvolvimento que pautaram a atividade do nosso
País nos últimos tempos, antes desta última gestão.
Então,
é preciso retomar o crescimento. E eu não quero que
isto fique em palavras vazias. Tenho absoluta convicção,
como muitos me dizem, que a mudança pode gerar esperança,
e que gerando esperança, isto gerará investimentos.
Não só investimentos nacionais, mas, investimentos estrangeiros,
porque precisamos restabelecer a crença no Estado Brasileiro,
nas potencialidades do Estado.
Devo
dizer aos que me ouvem que eu fiz muitas viagens internacionais no
primeiro mandato. E verifiquei o quanto os outros países que
têm muito dinheiro em suas mãos querem fazer aplicando
no Brasil. Ou seja, querem acreditar no Brasil. O que aconteceu nos
últimos tempos foi um descrédito no nosso País,
e o descrédito é que leva à ausência do
crescimento, à ausência do desenvolvimento e que faz
retomar a inflação. Por outro lado, nós temos
a absoluta convicção de que é preciso prestigiar
a iniciativa privada. É preciso que os empresários do
setor industrial, dos setores de serviços, do setor agrícola,
do agronegócio, portanto, dos vários setores da nacionalidade,
se entusiasmem novamente com estes investimentos.
Mas, ao dizer isto, eu estou
pensando apenas naqueles que possam investir? Não. Diferentemente,
estou pensando em manter as conquistas sociais obtidas nos últimos
tempos. Por exemplo, o emprego é uma coisa fundamental para
todos os brasileiros. Para que haja emprego, é preciso uma
conjugação dos empregadores com os trabalhadores: você
só tem emprego se a indústria, o comércio e as
atividades de serviços, todos, estiverem caminhando bem. É
a partir daí que você tem emprego, e, com isto, você
pode retomar o emprego.
De
outro lado, eu devo dizer também que, afora a parte de um projeto
de empregabilidade plena, é preciso manter certas matérias
sociais, porque nós todos sabemos que o Brasil ainda é
um País pobre. E, portanto, e eu sei que dizem que, de vez
em quando, que se outrem assumir, nós vamos acabar com o Bolsa
Família, vamos acabar com o PRONATEC, vamos acabar com o FIES,
isto é falso. É mentiroso e é fruto desta política
mais rasteira que tomou conta do País. Portanto, neste particular,
eu quero dizer que nós deveremos manter estes programas, e
até, se possível, revalorizá-los e ampliá-los,
até que, e isto eu quero deixar claro, o Bolsa Família,
por exemplo, há de ser um estágio do Estado Brasileiro.
Daqui a alguns anos, é possível que a empregabilidade
tenha atingido um tal nível, que não haja mais necessidade
do Bolsa Família. Mas, isto, enquanto persistir a necessidade,
nós manteremos, assim como o PRONATEC, o FIES, PROUNI, todos
esses projetos que acabaram dando certo no País.
Portanto, eu lanço uma
mensagem àqueles que têm o Capital, e lanço àqueles
que querem uma mensagem do trabalho e lanço uma mensagem para
aqueles que sequer trabalho ainda conseguiram.
É
claro que nós vamos incentivar enormemente as parcerias público-privadas,
na medida que isto possa trazer emprego ao País. Nós
temos absoluta convicção de que hoje, mais do que nunca,
o Estado não pode tudo fazer; o Estado depende da atuação
dos setores produtivos do País. Empregadores de um lado, trabalhadores
de outro lado. Estes setores produtivos é que, aliançados,
vão fazer a prosperidade do Estado Brasileiro. O Estado Brasileiro
tem que cuidar de segurança, da saúde, da educação,
enfim, de alguns temas fundamentais que não podem sair da órbita
pública, mas, o mais tem que ser entregue à iniciativa
privada – e iniciativa privada no sentido da conjugação
da ação entre trabalhadores e empregadores. E, neste
particular, nós pretendemos fazer várias reformas que
incentivem esta harmonia entre estes dois setores da produção
brasileira.
Tudo
isto o que estou a dizer, significará, devo registrar, sacrifícios
iniciais para o povo brasileiro, em primeiro lugar. Em segundo lugar,
não quero gerar nenhuma expectativa falsa. Na verdade, não
pensemos que se houver uma mudança no Governo, em três,
quatro meses estará tudo resolvido. Em três, quatro meses,
pode começar a ser encaminhado, para resolvermos a matéria
ao longo do tempo. Se houver este Governo de transição
ou se não houver, fica esta sugestão que estou fazendo
para o Governo que vier a se manter, ficam estas sugestões
que, reitero, não são sugestões por mim formuladas
ou formatadas neste momento, mas, que foram feitas ao longo do tempo.
Há
reformas que são fundamentais para o país. Nós
todos sabemos: não é possível... Agora, toda
e qualquer reforma não alterará os direitos já
formatados, já adquiridos pelos cidadãos, mas, nós
temos que preparar o País do futuro. Muitas matérias
até estão em tramitação no Congresso Nacional,
e nós queremos ter uma base parlamentar muito sólida
que nos permita conversar com a classe política, mas, conversar
também com a sociedade.
Os
senhores sabem, os que assistiram às minhas palestras nos últimos
tempos, que eu faço uma distinção e uma conjugação
entre Governo, governança e governabilidade, para dizer que
o Governo são os órgãos constituídos,
não tenho a menor dúvida: executivo, Legislativo, Judiciário.
A governança vem exatamente pelo apoio político que
o Governo consegue dos partidos políticos e do Congresso Nacional.
Mas,
é preciso mais do que isso. É preciso a governabilidade.
E a governabilidade exige que haja uma aprovação popular
do próprio Governo. Portanto, a classe política, unida
com o povo, levará ao crescimento do País e, portanto,
ao apoio ao Governo. É com estes três fatores que nós
vamos lidar.
É
claro que não vou falar aqui sobre reformas que são
fundamentais, porque isto será fruto do desdobramento ao longo
do tempo. Mas, como não pensar numa reforma política?
Como não pensar numa reforma tributária? E, evidentemente,
que a reforma tributária envolve um outro tema, que é
a revisão do pacto federativo, porque toda vez que você
pensa em uma reforma tributária, você está pensando
numa distribuição de competências e de recursos
para as entidades federativas. É preciso mais do que nunca
que as entidades federativas tenham uma autonomia verdadeira. Ou seja,
que nós tenhamos uma federação real, e não
uma federação artificial, como tem acontecido nos últimos
tempos.
Sei, por exemplo, no tópico
da federação, da grande dificuldade dos Estados e municípios
nos dias atuais. Há estudos referentes à eventual anistia
ou perdão de uma parte das dívidas, e até uma
revisão dos juros que são pagos pelas unidades federadas.
Nós vamos levar isso adiante. Nós vamos estudar isso
com muita detença e vamos levar isso adiante, porque a força
da União também deriva da força dos Estados e
da força dos municípios. E a força destas entidades
federativas depende da vontade, da boa vontade e do apoio da classe
política e do povo brasileiro.
Há
matérias controvertidas, como a matéria referente à
legislação trabalhista e à legislação
previdenciária, que nós vamos fazer com grande diálogo
nacional, onde nenhum setor será esquecido. Nem dos trabalhadores,
nem dos empresários, nem do povo brasileiro. Mas, toda e qualquer
modificação que vier a ser feita será para garantir
o futuro mesmo daqueles que já recebem salário, daqueles
que recebem aposentadoria. É nestes termos que nós vamos
trabalhar. Ou seja, o diálogo de um lado e a conjugação
de esforços de outro lado serão os alicerces, digamos
assim, do nosso trabalho. É esta a manifestação
que eu queria deixar ao povo brasileiro.
....................................................
Resumidamente,
eis o que eu penso desta falação: com todo o respeito
que tenho pelo senhor Michel Miguel Elias Temer Lulia (Tietê,
23 de setembro de 1940), a quem sinceramente admiro, eu, no lugar
dele, não teria dito
nada. Faria exatamente como fez o Sr. Presidente Itamar Augusto Cautiero
Franco (28 de junho de 1930 – São Paulo, 2 de julho de
2011) no affaire
do impeachment
do Sr. Presidente Fernando Affonso Collor de Mello (12 de agosto de
1949): ficaria absolutamente mudo. Como uma pedra! Seja como for,
o fato é que o Brasil precisa de muitíssimo mais do
que apenas portantos,
que aparecem portantizando
dez vezes no comunicado. Mas, se, pelo menos, o
Sr. Presidente-interino Michel implementar o que disse nesta fala,
vazada, na época, acidentalmente ou não – mais
para calculada e volitiva do que para impremeditada
e nolitiva
–
para começar, já
será muito bom. Meu caminhão não carrega areia;
está cheiinho de vaselina. Para facilitar as coisas. Portanto...
Bem, para concluir, lembro uma parte de A
Grande Invocação: Que
o Espírito de Cooperação una os homens de boa
vontade, onde quer que estejam... Cumpramos
a nossa parte. Que assim seja. Enfim,
se quisermos nos Libertar, se quisermos Ascensionar, precisa(re)mos
ouvir e seguir a advertência do Mestre Ascensionado Tibetano
Djwhal Khul – um Iniciado da Sabedoria Eterna – que está
registrada na obra Os Raios e as Iniciações,
tema transmitido telepaticamente por Ele à Alice Ann Bailey,
que o publicou: Todos
nós, como Jesus, precisa(re)mos atravessar a Crise Espiritual
do Getsêmani da Renúncia! Então:
Enquanto
apegos,
caverna e morcegos!
Enquanto desejos,
desvarios sobejos!
Enquanto cobiças,
conquistas postiças!
Enquanto paixões,
tão-só alucinações!
Enquanto portantos,
só ramos anantos!
Sem haver renúncia,
existência fedúncia!
Fonte
da matéria:
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/
11/politica/1460409229_403530.html