FOI
DURANTE UM PERDURANTE...
Rodolfo Domenico
Pizzinga
Muitos
acham que foi feita justiça, colocando alguns meliantes políticos
no xadrez. Na verdade, nada adianta condenar alguns indivíduos,
e conservar o sistema, endemicamente corrupto, que os produziu,
intato... O Supremo Tribunal Federal, condenando alguns mensaleiros,
apenas fez parte do que deveria ter sido feito. Condenou a parte
mais fraca em nosso sistema político, endemicamente corrupto.
Condenou indivíduos, mas, nada disse sobre o sistema que
corrompe os indivíduos. Os indivíduos são joguetes
nas garras de nosso sistema partidário, preocupado com a
posse ou a participação nas mordomias do poder, e
não com a justiça e com a real e total qualidade de
vida dos cidadãos. Neste sistema, as benesses do poder se
tornam usufruto de poucos apaniguados. Desta forma, na próxima
campanha política e no próximo Governo, seja que partido
levar a melhor, haverá mensalões, [haverá
petrolões], haverá
propinas, haverá corrupção. O nosso sistema
político, como está, só sobrevive assim…
E o povo, votando e acreditando em um bando de meliantes, é
ludibriado vergonhosamente por boa parte de nossos politiqueiros
profissionais. Os tribunais, fazendo como se estivessem interessados
em justiça, colocam alguns indivíduos atrás
das grades, deixando, no entanto, o sistema corrupto à solta.*
*Excerto
ligeiramente editado do texto Um Povo Ludibriado, de autoria
de Inácio Strieder.
|
—
oi
durante um perdurante,
que me
bateu um certo talante.
'Tais brincando?'
Eu nem pestanejei.
Rápido
como quem rouba, fui lá e afanei:
os Cavaleiros
da Távola Redonda,
a constrição
da anaconda,
o poder
da espada,
a azeitona
da empada,
a boa-fé
da moçada,
o néctar
da imaculada,
o caldo
do feijão,
a migalha
do pão,
a liberdade
de Jean Valjean,
o Robin
do Batman,
o racionalismo
do Javert,
a habilidade
do 'expert',
a mesquinharia
do Shylock,
as éguas
do 'paddock',
o 'Ruba'iyat'
do Omar Khayyam,
a lembrança
do 'in memoriam',
os algarismos
da tabuada,
a curva
da Estrada,
os 'Capitães
da Areia',
o canto
da sereia,
o 'nada
sei' do Sócrates,
o vinho
do Hipócrates,
o 'Cogito'
do Descartes,
as trapalhices
do malas-artes,
a 'República'
de Platão,
a horizontal
do cafetão,
a 'Ética
a Nicômaco' de Aristóteles,
os dois
lados iguais do isósceles,
o Quilombo
dos Palmares,
os prazeres
das preliminares,
as riquezas
da golconda,
a tranqüilidade
da Gioconda,
A Intranqüilidade da
Gioconda
a peruca
da comadre,
a batina
do tio padre,
as moedas
do ceguinho,
a bengala
do velhinho,
o quiquiqui
do gaguinho,
a profecia
do adivinho,
a ponte
de safena,
a Ilha da
Caiena,
a exoneração
do Diário Oficial,
a abundância
do abundancial,
o Domingão
do Faustão,
a roupa
suja do besuntão,
a prataria
da rainha,
o melhor
galo da rinha,
as bolas
do bicho-bola,
os feitos
do gabarola,
o rabicho
do Derico,
a alça
do penico,
a gargalhada
do Bira,
as folhas
verdes da macambira,
o 'Xangô
de Baker Street',
a inflamação
da artrite,
a 'medida'
de Protágoras,
o 'Teorema
de Pitágoras',
Teorema de Pitágoras
a lisura
da licitação,
a boa intenção
da ação,
o 'pilulito
' do Kojak,
o Boris
do Pasternak,
a bicanca
do fanhoso,
o Tavares
do Raposo,
o aqui do
Muhammad Ali,
o Cristo
Hipercúbico de Dalí,
Cristo Hipercúbico
o tumor
cheio de pus,
a velocidade
da luz,
o da Vinci
do Leonardo,
o eremita
do bernardo,
o Colosso
de Rodes,
a canalhice
do zé-godes,
as Pirâmides
do Egito,
o Popeye
da Olívia Palito,
a máscara
mortuária do Rei Tut,
o primeiro
lance do 'début',
a paúra
do armagedão,
o Priorado
de Sião,
Suposto Emblema Oficial
do Priorado de Sião
o granizo
da saraiva,
o torvo
do caga-raiva,
a sombra
do caga-baixinho,
o meio alberto
do albertinho,
o crucifixo
barroco do Aleijadinho,
as alterações
climáticas do El Niño,
as cobrinhas
da Medusa,
a desordem
da laúza,
as 42 Leis
de Maat,
a favorabilidade
do 'habitat',
o 'Poema
Sujo' do Ferreira Gullar,
o peculiar
do particular,
a escritura
do triplex,
o
do cabelo,
as corcovas
do camelo,
o Barco
do Caronte,
a beca do
arconte,
o descaramento
do 'cameraman',
a 'Kryptonite'
do Superman,
o depoimento
da testemunha,
a chave
da cadeia,
a abóbora
da baleia,
o sonho
do Morfeu,
a cara-de-pau
do asmodeu,
a cagüetagem
do arquiduque,
o mármore
do estuque,
a eloqüência
do tribuno,
o Tridente
de Netuno,
a ceceta
da Pandora,
o momento
do agora,
a 'Lenda
da Piroga de Cristal',
o tal qual
do tal e qual,
a pororoca
do Rio Amazonas,
o cano alto
das russilhonas,
os quindins
de Iaiá,
o elefante
da aliá,
o 'Ai, como
era grande!' do Frei Serapião,
a lubricidade
da tentação,
a continha
da miçanga,
a Buzina
do Chacrinha,
o Clube
do Bolinha,
o 'Big'
do 'Brother'.
o este aqui
do 'another',
a 'Selva
de Pedra',
a medrança
da desmedra,
o Hank Voight
de Chicago,
as Guerras
Púnicas de Cartago,
o 'My Way'
do Francis Albert,
o 'Feelings'
do Morris Albert,
o sermão
do cardeal,
a excelência
do ideal,
as Cataratas
do Niágara,
a braçadeira
da dágara,
a tonsura
do padreca,
o ranho
da meleca,
o massagista
da madame,
o ramerrão
do ramerrame,
o Arco do
Triunfo,
o resmugo
do refunfo,
a Torre
de Pisa,
o porta-seios
da pitonisa,
a bicicleta
da Dilma,
a motoneta
da Vilma,
o jato da
Lava Jato,
o bico do
bico-de-pato,
o chilrear
da cigarra,
o grito
da algazarra,
o recato
do decoro,
a faina
do Sérgio Moro,
Juiz Sérgio Fernando
Moro
a paciência
do brasileiro,
a barata
do bueiro,
o peido
do elefante,
o azedo
do adoçante,
a camisinha-de-vênus,
a excitabilidade
do tônus,
o filho-da-puta,
a batuta
do batuta,
a mufunfa
do mensalão,
o jabaculê
do petrolão,
a propina
do ministro,
o agouro
do sinistro,
a barriga
de freira,
o tambor
do zé-pereira,
a Voz do
Silêncio,
o 103 do
Laurêncio,
o 'Sorriso
do Lagarto',
a hora do
parto,
o Palácio
do Planalto,
o piche
do asfalto,
a ordem
do progresso,
a confissão
do réu confesso,
o prêmio
da delação,
o proveito
da ação,
o martelo
do juiz,
o coeficiente
angular da interpolatriz,
a cara da
coroa,
o monstro
da lagoa,
a asa-branca
da pomba sem asa,
o Palácio
de Potala de Lhasa,
Palácio de Potala
o bigodão
de Sir Ney,
o nariz
da Nora Ney,
as 'Manias'
do Flávio Cavalcanti,
o cocar
do canamanti,
a 'Fita
Amarela' do Noel Rosa,
a valentia
do tira-prosa,
a prerrogativa
do Supremo,
o Náutilus
do Capitão Nemo,
o Roletrando
do Silvio Santos,
o fideísmo
do papa-santos,
a medianimidade
do José Arigó,
a promessa
mal-intencionada do gogó,
as Profecias
de João XXIII,
a expectativa
do regra-três,
os malefícios
do 'Malleus Maleficarum',
a intumescência
do altarum,
a vergonha
do Boris Casoy,
a galhardia
do herói,
o fudelhufas
de cagahouse,
o cagalhufas
de fudehouse,
o Martelo
dos Hereges,
o nomadismo
dos léleges,
o papo-furado
do descuidista,
a reportagem
da revista,
o nome da
'Schindler's List',
o compasso
quaternário do 'twist',
a 'Summa
Theologiæ' de Aquino,
a Compreensão
do Pequenino,
o fogo do
inferno,
os sentimentos
afetuosos do terno,
a irregularidade
do aberrante,
a
'Divina Commedia' de Dante,
a Rosa da
Cruz,
a Luz da
LLuz,
a Paz Profunda
do Discípulo,
o himênio
do excípulo,
o zero da
inflação,
o desuso
da ab-rogação,
a balança
da justiça,
o desejo
da cobiça,
a esperança
da nação,
o esquadro
do mação,
o primeiro
de abril,
o futuro
do Brasil...
otei tudo num baú,
e quero
que todo mundo vá tomar no olho do cu,
que eu não
sou cachorro, não,
nem filhote
de anão!
Eu sou,
sim, é jararaca!
Eu sou o
supremo senhor inhaca!
Se eu puder,
eu roubo tudo,
até
o defeito na engrenagem do mudo!
—
Eu não sou cachorro, não,
nem filhote de anão!
Eu sou, sim, é jararaca!
Eu sou o supremo senhor inhaca!