Rodolfo Domenico
Pizzinga
Oh!
Sumiu a minha bossa!
Um
dromedário sem corcova
pintou e me contou a boa-nova:
—
Batalhei e me livrei da troça;
e,
então, sumiu a minha
bossa!
—
Fui eu que pari aquela giba;
e a cada
deslize, virava muxiba.
O pior é
que ela ia aumentando,
e só
desaparecia desencarnando.
—
Mas, ao encarnar de novo,
maior se
tornava aquele ovo.
Um dia,
no deserto, vi um anjo
muito gracioso,
tocando banjo.
—
Ele disse: 'Drome, se manca;
bobeou,
nasce outra giba na anca!
Aí,
você voltará a ser alticamelo,
só
que mouco, fanho e sem cabelo.'
—
Tiritei com aquele deslouvor,
e senti
um desmesurado pavor.
Já
pensou surdo, nasal e careca?
E voltar
como alticamelo? Eca!
—
Foi assim que eu me manquei;
como
alticamelo eu não voltarei.
Não
ligo se voltar como abre-cu,
e até
se eu tiver que ser um urubu.1
—
Ô meu chapinha —
disse eu:
Transmigrar?
Nem você nem eu.
no Universo,
não há retrocessão!
— Eu
sei que você combateu,
que a
doída bossa
desapareceu.
Mas, toda
vitória é temporária;
é
preciso laborar como operária.
— A
vitória de hoje vale só hoje;
amanhã
exordiará um outro hoje.
O mérito
não é como a poupança,
que vai
engordando a ganhança.
E
assim...
— Hoje,
drome;
depois, homem!
Um dia,
você será super-homem!
Há
um longo caminho a trilhar!
Viver é
se nobilitar... E continuar!
— Drome,
esta Lei é inexorável,
e por ninguém-aí
é ab-rogável.
Escreveu
não leu, o pau comeu!
Leu, enrubesceu,
o Cubo rompeu!
E a Pedra Cúbica
Apareceu!
(Ideal de Perfeição; Retidão Humana)