A VIRGÍNEA HISTÓRIA DA DONA BARATINHA
Rodolfo Domenico Pizzinga
— Pela
estrada afora,
eu vou bem sozinha... —
ia trovando e dançando
a balzaquiana Baratinha.
Entrada
em anos, ermitona,
a donzelíssima Baratinha
rogava a Deus por um marido,
para não acabar apertadinha.
Tinha
cagaço de ,
mas, muito pior era o tal do .
E pensava: será
que o meu fado
é não casar de vestido de chiffon?
Vestido de Noiva com Babados de Chiffon
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que tem fita no cabelo
e dinheiro na caixinha?
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que não sabe o que é tristeza
e está sempre alegrinha?
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que é carinhosa, é festeira
e adora bailar um sambinha?
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que se amarra pra chuchu
em brincar de amarelinha?
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que é sincera pra caramba
e detesta uma trancinha?
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que não entrou nessa peta
que a COVID-19 é gripezinha?
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que respeita a
e tomou vacina na bundinha?
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que não nega a Ciência
e nunquinha foi daninha?
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que não foi à Festa da Selma
e não prega mentirinha?
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que morreu de vergonha
com aquela minutinha?
— Quem
quer casar
com a Dona Baratinha,
que sempre foi democrática
e jamais foi fantochinha?
— Fantochinha? Eu? Nem morta!
— Eu
quero, eu quero —
se apresentou logo o fuinha,
que era um baita artimanhista
e queria tirar uma casquinha.
O Fuinha Artimanhista
— Com
você eu não me caso,
seu fuinha marca barbante.
Eu prefiro desocupar o beco
do que casar com um farsante.
Depois
foi um jacaré-de-óculos...
E apareceu um baita pernilongo...
Dragão-de-komodo... Pulgão... Sapo...
O último foi um camundongo-do-mato...
Muitos
pretendentes pintaram,
mas, a resposta sempre era não.
E assim, a Dona Baratinha
encarquilhou na maior solidão.
— É
melhor ficar indisponível
—
dizia a Dona Baratinha —
do que levar um golpe do baú
e acabar virando outra zinha.
— Seja
uma barata esperta!
Cuidado
com a sua caixinha!
Não dê
mole pra sacanocrata!
Ensinava a Dona Baratinha.
Esta
é a virgínea história
da balzaquiana Baratinha,
que acabou mumificando donzela,
mas... Com dinheiro na caixinha!
Lá
no céu, Pessoa perguntou:
— E aí, Baratinha,
valeu a pena?
A Baratinha sorriu, e respondeu:
—
Sim,
minh'alma nunca foi pequena!
—
Mas,
não consegui passar além do Bojador;
vaguei por por ceca e meca e olivais de Santarém.
A minha dolor foi tanta, bom Pessoa,
que, pela vida, só perambulei e fiquei a neném!
—
Pois
é — comentou
Pessoa —
para o futuro, aprenda uma coisa:
não junte bulhufas na caixinha;
toda caixinha é sinônimo de loisa!
A caixinha é
um apego
de todos os babaquaras.
É masmorra de tolo ego,
que só faz parir escaras!
Observação:
As três maiores desgraças da Humanidade, que partejam todas as outras, são: 1ª) apego incontrolado ao dinheiro e aos bens materiais; 2ª) volúpia desenfreada por sexo; e 3ª) desejo desgovernado de poder e de dominação. Na verdade, todos esses apegos derivam do apego a si mesmo. Quando nos desapegarmos de nós mesmos, nos desapegaremos de tudo.
Apego
Música de fundo:
Dona Baratinha
Interpretação: Patati PatatáFonte:
https://www.youtube.com/watch?v=Bq7iOIBo6To
Páginas da Internet consultadas:
https://www.magazineluiza.com.br/
https://pngtree.com/freepng/grave-vector-illustration_6703696.html
https://www.istockphoto.com/br
https://jundiagora.com.br/apego/
https://www.imagensanimadas.com/cat-vassouras-1023.htm
https://br.depositphotos.com/vector-images/barata.html
https://www.freeiconspng.com/images/money-png
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