DOGMA E RITUAL DA ALTA MAGIA
(Sétima Parte)

 

 

 

Éliphas Lèvy

Éliphas Lèvy

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo se constitui da sétima parte de um pequeno conjunto de fragmentos retirados da obra Dogma e Ritual da Alta Magia, de autoria do escritor, ocultista e Mago Cerimonialista francês Éliphas Lèvy.

 

Dizem que conselho, se fosse bom, não seria dado, seria vendido. Bem, eu não vou aconselhar nada nem ninguém, mas, antes, devo recomendar que ninguém se meta a fogueteiro, e saia por aí a fazer coisas de magia ou de Magia: o cano poderá ser escuro, longo, doloroso e não reversível, e o pândego poderá acabar ficando birutinha da silva. Com Magia, não se bole e não se brinca: nem à vera nem à brinca. A Alta Magia tem uma e apenas uma finalidade: libertar da ilusão. Todavia, pagará um preço caríssimo aquele que penetrar em seus meandros sem a devida expertise e sem uma bússola adequada. Isto dito, se você não conhece o Dogma de Éliphas, leia (estude) os fragmentos que selecionei, mas, principalmente, se não for um Iniciado, evite pôr em execução os ensinamentos (Leis Mágicas). Conhecer as coisas é um dever; pô-las em prática sem saber é uma irresponsabilidade.

 

 

 

 

 

 

Nota Biográfica

 

 

 

Éliphas Lèvy

Éliphas Lèvy

 

 

 

Éliphas Lèvi Zahed, nome de batismo Alphonse Louis Constant, (8 de fevereiro de 1810 – 31 de maio de 1875) foi um escritor, ocultista e Mago Cerimonialista francês.

 

O seu pseudônimo "Éliphas Lèvi," sob o qual publicava seus livros, resultou de pretender ter um nome adotado de origem hebraica, associando-o mais facilmente a outros KaBaListas famosos.

 

O maior ocultista do século XIX, como muitos o consideram, Éliphas era filho de um modesto sapateiro, Jean Joseph Constant, e de Jeanne-Agnès Beaupurt, de afazeres domésticos. Tinha uma irmã, Paulina-Louise, que era quatro anos mais velha. Desde sua infância, demonstrou um grande talento para o desenho. Todavia, seus pais escolheram para ele o caminho religioso.

 

Aos dez anos de idade, ingressou na comunidade do presbitério da Igreja de Saint-Louis, em Lille, uma cidade no norte da França, onde aprendeu o catecismo com o seu primeiro mestre, o abade Hubault, que fazia seleções dos garotos mais inteligentes. Éliphas foi encaminhado por Hubault ao seminário de Saint-Nicolas Du Chardonnet, para concluir seus estudos preparatórios. A vida familiar, para ele, havia acabado neste momento. No seminário, teve a oportunidade de se aprofundar nos estudos de Filologia, e, quando completara dezoito anos, já estava apto para ler a Bíblia no seu contexto original.

 

Em 1830, foi transferido para o seminário de Issy, para estudar Filosofia. Dois anos depois, ingressou em Saint-Sulpice para estudar Teologia. Foi nesse tempo que esteve em Issy que escreveu seu primeiro drama bíblico, Nemrod. No Seminário de Saint-Sulpice, criou seus primeiros poemas religiosos, considerados de demasiada beleza.

 

Éliphas Lèvi foi ordenado diácono em 19 de dezembro de 1835. Em maio de 1836, teria sido ordenado sacerdote, se não tivesse confessado ao seu superior o amor por Adelle Allenbach, que havia realizado a primeira comunhão com ele. Suas convicções causaram um choque tão grande, que Éliphas sentiu que deveria abandonar a carreira eclesiástica.

 

Como resultado da publicação da sua Bíblia da Liberdade, foi posto preso durante oito meses, tendo que pagar, inclusive, 300 francos de multa, acusado de profanar o santuário da religião, de atentar contras as bases que sustentam a sociedade, de espalhar ódio e a insubordinação. Mais ou menos foi acusado da mesma impiedade que levou Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.) a ser condenado e a ter que tomar a cicuta.

 

Depois de tanto constrangimento e de tantos parênteses na sua vida, enquanto esteve preso, teve contato com os estudos do polímata e espiritualista sueco Emanuel Swedenborg (29 de janeiro de 16881 – 29 de março de 17721). Segundo Éliphas, os escritos de Swedenborg não contêm toda a verdade, mas, conduzem os neófitos com segurança em uma suposta senda esotérica.

 

Muitos estudiosos e a maioria dos leitores não compreendem as obras de Éliphas Lèvy. O que estas pessoas não sabem, é que para compreender a Sabedoria veiculada nos seus livros, é fundamental e indispensável possuir os ensinamentos Gnósticos. Somente a Sabedoria Gnóstica oferece as chaves para decifrar a Alta Magia revelada por Éliphas.

 

Cumprida a sua missão, Éliphas transcende tranqüilamente aos Planos Superiores no dia 31 de maio de 1875, em sua residência.

 

 

 

Fragmentos da Obra

 

 

 

O mal deve ser educado pelo bem e de opor a bondade à violência. Se o exercício da virtude é um flagelo para o vício, ninguém tem o direito de pedir que lhe perdoem ou que tenham piedade das suas fraquezas e dores.1

Aquele que se entrega às Obras da Ciência deve fazer, cada dia, um exercício moderado, abster-se das vigílias muito prolongadas e seguir um regime são e regular. O meio de ver bem não é olhar sempre, ininterruptamente; e aquele que passasse a sua vida visando sempre um mesmo fim acabaria por nunca o atingir.

Precaução: se estivermos adoentados, nunca deveremos praticar qualquer ato de Magia.

 

 

 

 

As cerimônias e os exercícios, sendo meios artificiais para criar os hábitos da Vontade, deixam de ser necessários, quando estes hábitos foram efetivamente adquiridos.

A Alta Ciência – que só pode ser transmitida pela Palavra – é conservada pelo Silêncio e perpetuada pela Iniciação.

Divisa de François Rabelais: 'Noli ire; fac venire.'2

O destino do homem é se recriar a si próprio; no tempo e na eternidade, ele é e será filho de suas obras.

 

 

 

 

Os homens que são senhores de si próprios facilmente se tornam senhores dos outros; mas, poderão criar um obstáculo mútuo, se não reconheceram as Leis de uma Disciplina e de uma Hierarquia Universal.

 

 

 

Uma Religião infalível, indefectível e verdadeiramente universal é a que demonstra o Ser pelo Ser, a Vontade pela Razão e a Razão pela Evidência. Mas, esta Religião razoável não poderia ser a da multidão, que precisa de fábulas, mistérios, esperanças definidas e terrores materialmente motivados.

Não pode ser pela fé que dois mais um façam mais ou menos do que três. Não pode ser pela fé que o contido seja maior do que aquilo que o contém. Não pode ser pela fé que um corpo sólido possa se comportar como um corpo líquido ou um corpo gasoso. Não pode ser pela fé que o ser-aí-no-mundo possa passar através de uma porta fechada sem operar nem solução nem abertura.

O Verdadeiro Sacerdócio só pode ser alcançado pela Iniciação.

Quando a Iniciação cessa no Santuário – quer pela divulgação, quer pela negligência, quer pelo esquecimento dos mistérios sagrados – então, prosperam e se multiplicam as religiões públicas. E aí, quando cegos se tornam guias dos outros cegos, são produzidos grandes obscuridades, abismais quedas e deploráveis escândalos.3

Os Livros Sagrados – cujas chaves são todas KaBaLísticas – se forem tomados ao pé da letra e entendidos materialmente, serão como um tecido de absurdidades e de perplexidades.

Não há ignorância maior do que acreditar em um tríplice Deus, que se compõe de um velho, de um supliciado e de uma pomba. A incompreensão dos símbolos é sempre caluniadora.

A Inteligência é a razão de ser da Imortalidade, e a Justiça é a sua Lei.

Só impondo Silêncio aos desejos, às cobiças, às paixões e ao temor será possível escutar a Voz da Razão [a Voz do Deus de nossos Corações].

Super-homem = Rei Natural + Sacerdote.

As Iniciações Antigas se chamavam indiferentemente Arte Real ou Arte Sacerdotal.

Não será o exercício mais perfeito da Liberdade momentaneamente abjurar a sua própria liberdade para chegar a uma Emancipação – o Sanctum Regnum da Onipotência Mágica?

A Força não é dada; é preciso conquistá-la.

O caos intelectual e social, no meio do qual perecemos, tem por causa a negligência da Iniciação, das suas Provas e dos seus Mistérios.

Pregar a igualdade àqueles que estão embaixo, sem lhes dizer como se elevarem, é se obrigar a descer.4

Para a Humanidade, só há uma saída: reconstituir, pela Iniciação, a Vida, no meio da morte e da decomposição.

 

 

 

 

Nos Pantáculos está toda a Virtude Mágica, pois o Segredo da Força está na Inteligência que a dirige.

Um Pantáculo é o resultado perfeito de um espírito, e cada Magista pode e deve ter seu Pantáculo particular.

Um Pantáculo é como que um ponto de apoio para projetar a Vontade.

Todas as efusões de sangue cerimonialmente operadas são abomináveis e ímpias. Os Verdadeiros Adeptos têm horror ao sangue. Ecclesia abhorret a sanguine. A Igreja tem horror ao sangue.5

Lei de todas as Iniciações e de todas as Provas (as mesmas em todos os Santuários do mundo): Regeneração pelo Trabalho e Parturição pela Dor.

 

 

 

 

O Ser é o Ser. AHIH ASheR AHIH. .

O Iniciador vestido de branco – de pé entre os Sete Candelabros de Ouro e tendo na sua mão Sete Estrelas – representa o Dogma Único de Hermes e as Analogias Universais a LLuz.

A Besta de Sete Cabeças, no simbolismo de São João, representa a negação material, e é antagonista do Setenário Luminoso.

 

 

Besta de Sete Cabeças

 

 

Apenas pela Iniciação Universal os Sete Selos do Livro Oculto poderão ser abertos.

A Grande Obra, em Magia Prática, depois da educação da Vontade e da criação pessoal do Mago, é a formação da Cadeia Magnética, – Segredo Verdadeiro do Sacerdócio e da Realeza. Uma Cadeia bem formada é como um turbilhão que arrasta e absorve tudo.

A imaginação é criadora, não somente em nós, mas, também, fora de nós, pelas nossas projeções fluídicas.

A Vontade mais forte não tarda em absorver as outras.

Como todos os Mistérios Mágicos, os Segredos da Grande Obra têm uma tríplice significação: são religiosos, filosóficos e naturais.

O Ouro Filosofal, em religião, é a Razão Absoluta e Suprema; em Filosofia, é a Verdade; em a Natureza visível, é o Sol; no mundo subterrâneo e mineral, é o ouro mais perfeito e mais puro. É por isto que a busca da Grande Obra a investigação do Absoluto são designadas por Obra do Sol.

A Medicina Universal, para a alma, é a Razão Suprema e a Justiça Absoluta; para o espírito, é a Verdade Matemática e Prática; para o corpo, é a Quintessência, que é uma combinação de Luz e de Ouro.

 

 

Teorema de Pitágoras

 

 

 

Alerta aos Neófitos

 

 

 

om Magia,

não se bole nem se brinca:

nem à vera nem à brinca.

Em Magia,

poderá suceder o inesperado,

e comprometer o Quadrado!

Com Magia,

não se mexe nem se remexe:

Em Magia,

para o que se quiser realizar,

deve-se Saber como operar.

Com Magia,

só aquele que for Iniciado,

e, mesmo assim: Cuidado!

Em Magia,

o medo sempre devastará;

a dúvida sempre malucará!

Com Magia,

 

 

 

Continua...

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Simplesmente perdoar, como já expliquei em outros textos, é um ato de onipotência, e até, em certo sentido, de vaidade. Devemos nos esforçar para compreender o porquê dos descaminhos trilhados pelos outros (e por nós). Mas, se isto não for possível, então, deveremos perdoar. O que não poderemos jamais é interferir na ação da Lei da Causa e do Efeito, que é sempre educativa. Não se deve tentar modificar a bangu o carma de ninguém, porque duas coisas acontecerão: 1ª) o processo educativo é interrompido, e o educando não apre(e)nde o que deveria apre(e)nder; e 2ª) compramos, por assim dizer, uma parte do carma do outro. Ajudar? Sempre. Obstaculizar a ação cármica ou fazer pelo outro? Nunca. Um exemplo simples disto que acabei de comentar é emprestar dinheiro a um gastador compulsivo para que pague suas dívidas. Ora, fazendo isto, o emprestador estará impedindo que o gastador sinta os efeitos da suas dívidas com o gastamento. Se estes efeitos forem suprimidos pelo empréstimo, como o gastador entenderá que deve se controlar? Bem, seja como for, a compulsão de gastar e de comprar só será resolvida (se for) com terapia. Empréstimo não adianta nada.

2. Não vá; faça com que venham. Não force os outros para que ajam contra a sua própria vontade. É o suficiente estar um passo à frente deles e incentivá-los: talvez, eles aprendam. Se não aprenderem, obrigar não adianta nada.

3. Um simples exemplo disto são os escândalos de pedofilia que têm devastado e vergastado a Igreja Católica. Eles vêm de longe, mas, só recentemente se tornaram públicos. Penso que, talvez, este caos só seja resolvido, ou, pelo menos, minimizado, se e quando os dirigentes do Catolicismo abolirem a excrescência do celibato obrigatório. Celibato obrigatório Magia Negra.

4. Se viemos de Planos e Dimensões distintas, como poderá haver igualdade absoluta aqui na Terra? A verdadeira Fraternidade não é tratar a todos com igualdade, pois, isto seria, ao mesmo tempo, a mais absurda injustiça e a mais ingênua inutilidade; mas, sim, de uma forma ou de outra, devemos oportunizar a cada um e a todos que se Libertem de si-mesmos. O esforço rumo à Libertação não é e nunca poderá ser coletivo; sempre haverá de ser pessoal e voluntário. Entretanto, a Verdadeira Libertação só ocorrerá pela Iniciação. Enfim, como ensinou Éliphas, a emancipação simultânea e a igualdade absoluta de todos os homens supõem a cessação do progresso e, por conseguinte, da vida. Na terra dos iguais não pode haver crianças nem velhos; o nascimento e a morte não poderiam, pois, ser nela admitidos. E isto, claro, não tem o menor cabimento.

5. Aqui, entenda Igreja como Congregação de Adeptos.

Música de fundo:

Jesus Of Nazareth
Compositor: Maurice Jarre

Fonte:

http://www.loudtronix.me/search/Maurice-Jarre-Jesus-Of-Nazareth

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.nachtkabarett.com/
theThirdAndFinalBeast/TheAntichrist/pt

http://educar.sc.usp.br/otica/mf4_2.htm

http://www.presentermedia.com/index.php?
target=closeup&maincat=animsp&id=2020

http://www.inlibroveritas.net/lire/
oeuvre18615-chapitre92352.html

http://www.masonicforum.ro/
archive/en/nr31/tolerance.html

http://www.netanimations.net/Skeletons_Skulls
_Bones_Skeletal_Body_Part_Animations.htm

http://www.sca.org.br/uploads/news/
id184/Dogma-e-Ritual-da-Alta-Magia.pdf

 

Direitos autorais:

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