DOGMA E RITUAL DA ALTA MAGIA
(Segunda Parte)

 

 

 

Éliphas Lèvy

Éliphas Lèvy

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo se constitui da segunda parte de um pequeno conjunto de fragmentos retirados da obra Dogma e Ritual da Alta Magia, de autoria do escritor, ocultista e Mago Cerimonialista francês Éliphas Lèvy.

 

Dizem que conselho, se fosse bom, não seria dado, seria vendido. Bem, eu não vou aconselhar nada nem ninguém, mas, antes, devo recomendar que ninguém se meta a fogueteiro, e saia por aí a fazer coisas de magia ou de Magia: o cano poderá ser escuro, longo, doloroso e não reversível, e o pândego poderá acabar ficando birutinha da silva. Com Magia, não se bole e não se brinca: nem à vera nem à brinca. A Alta Magia tem uma e apenas uma finalidade: libertar da ilusão. Todavia, pagará um preço caríssimo aquele que penetrar em seus meandros sem a devida expertise e sem uma bússola adequada. Isto dito, se você não conhece o Dogma de Éliphas, leia (estude) os fragmentos que selecionei, mas, principalmente, se não for um Iniciado, evite pôr em execução os ensinamentos (Leis Mágicas). Conhecer as coisas é um dever; pô-las em prática sem saber é uma irresponsabilidade.

 

 

 

 

 

 

Nota Biográfica

 

 

 

Éliphas Lèvy

Éliphas Lèvy

 

 

 

Éliphas Lèvi Zahed, nome de batismo Alphonse Louis Constant, (8 de fevereiro de 1810 – 31 de maio de 1875) foi um escritor, ocultista e Mago Cerimonialista francês.

 

O seu pseudônimo "Éliphas Lèvi," sob o qual publicava seus livros, resultou de pretender ter um nome adotado de origem hebraica, associando-o mais facilmente a outros KaBaListas famosos.

 

O maior ocultista do século XIX, como muitos o consideram, Éliphas era filho de um modesto sapateiro, Jean Joseph Constant, e de Jeanne-Agnès Beaupurt, de afazeres domésticos. Tinha uma irmã, Paulina-Louise, que era quatro anos mais velha. Desde sua infância, demonstrou um grande talento para o desenho. Todavia, seus pais escolheram para ele o caminho religioso.

 

Aos dez anos de idade, ingressou na comunidade do presbitério da Igreja de Saint-Louis, em Lille, uma cidade no norte da França, onde aprendeu o catecismo com o seu primeiro mestre, o abade Hubault, que fazia seleções dos garotos mais inteligentes. Éliphas foi encaminhado por Hubault ao seminário de Saint-Nicolas Du Chardonnet, para concluir seus estudos preparatórios. A vida familiar, para ele, havia acabado neste momento. No seminário, teve a oportunidade de se aprofundar nos estudos de Filologia, e, quando completara dezoito anos, já estava apto para ler a Bíblia no seu contexto original.

 

Em 1830, foi transferido para o seminário de Issy, para estudar Filosofia. Dois anos depois, ingressou em Saint-Sulpice para estudar Teologia. Foi nesse tempo que esteve em Issy que escreveu seu primeiro drama bíblico, Nemrod. No Seminário de Saint-Sulpice, criou seus primeiros poemas religiosos, considerados de demasiada beleza.

 

Éliphas Lèvi foi ordenado diácono em 19 de dezembro de 1835. Em maio de 1836, teria sido ordenado sacerdote, se não tivesse confessado ao seu superior o amor por Adelle Allenbach, que havia realizado a primeira comunhão com ele. Suas convicções causaram um choque tão grande, que Éliphas sentiu que deveria abandonar a carreira eclesiástica.

 

Como resultado da publicação da sua Bíblia da Liberdade, foi posto preso durante oito meses, tendo que pagar, inclusive, 300 francos de multa, acusado de profanar o santuário da religião, de atentar contras as bases que sustentam a sociedade, de espalhar ódio e a insubordinação. Mais ou menos foi acusado da mesma impiedade que levou Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.) a ser condenado e a ter que tomar a cicuta.

 

Depois de tanto constrangimento e de tantos parênteses na sua vida, enquanto esteve preso, teve contato com os estudos do polímata e espiritualista sueco Emanuel Swedenborg (29 de janeiro de 16881 – 29 de março de 17721). Segundo Éliphas, os escritos de Swedenborg não contêm toda a verdade, mas, conduzem os neófitos com segurança em uma suposta senda esotérica.

 

Muitos estudiosos e a maioria dos leitores não compreendem as obras de Éliphas Lèvy. O que estas pessoas não sabem, é que para compreender a Sabedoria veiculada nos seus livros, é fundamental e indispensável possuir os ensinamentos Gnósticos. Somente a Sabedoria Gnóstica oferece as chaves para decifrar a Alta Magia revelada por Éliphas.

 

Cumprida a sua missão, Éliphas transcende tranqüilamente aos Planos Superiores no dia 31 de maio de 1875, em sua residência.

 

 

 

Fragmentos da Obra

 

 

 

A Divindade, una na Sua Essência, tem duas condições essenciais, base fundamental do Ser: necessidade e liberdade.

Na dinâmica analógica e universal, só há apoio no que resiste.

 

 

 

 

Jachin e Boaz

Jachin e Boaz

 

 

O Verbum é duplo ou supõe dois.

No domínio moral, há duas forças: uma que tenta e outra que reprime e que expia. Estas duas forças são figuradas nos mitos do Gênese pelos personagens típicos de Caim e Abel.

 

 

 

A volta à virtude está na razão direta da energia dos desvios.

Verbum Perfectum Ternário Princípio Inteligente + Princípio Verbalizante + Princípio Falado.

Selo de Salomão O mais simples e o mais completo resumo da Ciência de todas as coisas.

 

 

 

O Ternário é o Dogma Universal.

A Verdadeira Religião é aquela que humaniza Deus e diviniza o homem, a que conserva intacto o Dogma do Ternário...

A Causa Primeira – Equilíbrio Universal – vivifica e destrói

No Homem-Deus, a divindade é humana e a humanidade é divina.

O Verdadeiro Mago não eleva nem instiga altar contra altar.1

No inferno [pessoal] as almas nunca são precipitadas nem retidas contra sua vontade.2

As quatro operações filosóficas do espírito humano são: afirmação, negação, discussão e solução.

Conforme o dizer dos KaBaListas, o nome do demônio ou do mal se compõe das letras invertidas do próprio nome de Deus ou do bem – reflexo perdido ou a miragem imperfeita da luz na sombra.3

 

 

O ternário se explica pelo binário e se resolve pelo quaternário.

As causas segundas são todas proporcionais e análogas às manifestações da Causa Primeira.

 

 

 

O Grande Agente Mágico se revela por quatro espécies de fenômenos, e foi classificado, pelas experiências das ciências profanas, sob quatro nomes: Calor, Luz, Eletricidade, Magnetismo.

Se o ente existe, o nada não existe.

O Movimento Absoluto da Vida é o resultado [incriado e] perpétuo de duas tendências contrárias que nunca são opostas.

 

 

 

Toda idéia que aparece no horizonte social embute um oriente e um ocidente, um zênite e um nadir.4

Analogia Dogma Único da Religião Verdadeiramente Universal, Chave da Ciência e Lei Inviolável da Natureza.

Nada se produz do nada.

Do mesmo modo que o ente-aí não pode cessar de existir, o nada não pode cessar de não existir. Ente-aí e nada são duas idéias absolutamente inconciliáveis. A idéia do nada (idéia inteiramente negativa) sai da própria idéia do ente, e nem mesmo pode ser compreendida como uma negação absoluta. A idéia de ente não pode se aproximar do nada, e ainda menos sair dele.5

O Fogo, o Ar, a Água e a Terra são os Quatro Elementos positivos e visíveis da Magia. [Esta é a ordem correta do desenvolvimento dos Quatro Elementos, de acordo com os Ensinamentos Secretos, segundo Helena Petrovna Blavatsky]. O Ar e a Terra representam o princípio masculino; o Fogo e a Água se referem ao princípio feminino.

 

 

Quatro Elementos


Mundo Divino: KeTheR, ChoKMaH e BINaH. Mundo Moral: CheSeD, GeBURaH e ThiPhAReTh. Mundo Físico: NeTzaCh, HOD e IeSOD. Mundo Moral + Mundo Moral: MaLKhUTh.

Demônios Elementares Espíritos não-emancipados, viciosos e imperfeitos, escravos dos Quatro Elementos.

O Pentagrama exprime a dominação do Espírito sobre os Elementos, e é por este signo que são encadeados as Salamandras do Fogo, os Silfos do Ar, as Ondinas da Água e os Gnomos da Terra. O império da Vontade sobre a Luz Astral – que é a alma física dos Quatro Elementos – em Magia, é figurado pelo Pentagrama.

 

 

Pentagrama

Pentagrama

 

Para o Sábio, imaginar é ver; para o Mago, falar é criar.

Não há barreira intransponível, porque, em a Natureza, não há nem interrupções repentinas nem muralhas abruptas que possam separar as coisas.6

A Luz Astral ou o Fluido Terrestre, que chamamos o Grande Agente Mágico, está saturado de imagens ou reflexos de toda espécie, os quais a nossa alma pode evocar e submeter.

Supremo Triângulo dos KaBaListas (Ternário Divino): KeTheR (Razão), ChoKMaH (Necessidade) e BINaH (Liberdade).

Fatalidade Encadeamento inevitável de causas e efeitos em uma dada ordem.7

 

Encadeamento de Causas e Efeitos

 

Poder Sábio Emprego da Vontade.

Existe uma Lei; o vulgo a ignora; o Iniciado Dela se serve. Assim, por exemplo, o vulgo crê na simpatia dos semelhantes e na guerra dos contrários; é a Lei oposta que é a verdadeira.

O que é operado no corpo da Terra é repetido [repicado] em nós.8

 

 

 

 

É realmente tão contagioso e depauperante respirar o mesmo ar que os doentes quanto estar no círculo de atração e de expansão dos malvados.

O Amor é um dos grandes instrumentos do Poder Mágico; mas, é formalmente interdito ao Mago, ao menos como embebedamento ou como paixão. Desgraçado do Sansão da KaBaLa, se se deixar adormecer por Dalila!

O amor sexual é sempre uma ilusão, porque é o resultado de uma miragem imaginária.9

Passes magnéticos e palavras sacramentais têm por fim fixar a imaginação e determinar a ação da Vontade.

O equilíbrio produz a estabilidade e a duração. Nada é inútil ou perdido. Toda palavra e todo movimento são pró ou contra o equilíbrio, pró ou contra a verdade; porque o equilíbrio representa a verdade, que se compõe do pró e do contra conciliados, ou, ao menos, mutuamente equilibrados.

 

 

 

 

A liberdade não poderá existir sem um equilíbrio perfeito. O Equilíbrio Mágico é, pois, uma das condições primárias do sucesso nas Operações da Ciência.

 

 

 

Alerta aos Neófitos

 

 

 

om Magia,

não se bole nem se brinca:

nem à vera nem à brinca.

Em Magia,

poderá suceder o inesperado,

e comprometer o Quadrado!

 

 

 

Continua...

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Isto não significa que as coisas não devam ser ditas, confrontadas e, quando for o caso, rechaçadas. Neste caso, calar é uma covardia contraproducente.

2. Por ignorância, criamos o nosso inferno pessoal e gelado e fabricamos os nossos demônios. Por inépcia, os conservamos. Por fraqueza, deles não conseguimos nos livrar. Por covardia, no inferno enregelamos e nos desesperamos, e pelos demônios nos deixamos dominar. Depois da transição (morte), a eles ficamos ligados, até conseguirmos nos libertar, mas, não sem esforços inauditos e, como diz Éliphas, com o auxílio dos justos que nos dão a mão. Este estado terrível post-mortem, até a libertação, é como um pesadelo de repetição.

3. Dæmon est Deus inversus. (Deus est Dæmon inversus).

4. Por isto, todas as religiões e todos os deuses criados (zênite) pelo ser-aí-no-mundo tendem a dormir (nadir).

 

 

5. Logo, a idéia teológica de que um deus, do nada, crie almas, anjos, demônios e sei lá mais o quê ao seu bel-prazer é inidônea, inconseqüente e não tem amparo na Lei. Em última análise, no ilimitado Universo, nada é criado nem descriado; tudo é transformado, como, há milênios, o nosso DNA foi gradualmente mudançado para podermos chegar à condição de Homo sapiens. O Teclado Cósmico foi, desde sempre, um e somente um; é, presentemente, um e somente um; e será, ad æternum, um e somente um. Como disse Éliphas, dizer que o mundo saiu do nada é proferir um monstruoso absurdo. Tudo o que existe procede do que sempre existiu; por conseguinte, tudo que existe nunca poderá deixar de existir. No Universo não há inexistência, não existe vácuo; tudo é existência, tudo está vivo. Até o buraco negro (região do espaço da qual nada, nem mesmo objetos que se movam na velocidade da luz, podem escapar) é uma forma de existência. Enfim, quando costumo dizer que nós somos os criadores do nosso inferno pessoal e dos nossos demônios, na verdade, este processo de criação nada mais é do que uma transformação vibratória. Por isto, para dar fim a esta ilusão basta destransformar o que foi criado.

 

 

6. Todos os impedimentos nada mais são do que inadequações e inadaptações.

7. Fatalidade = Compensações Inevitáveis. Um exemplo disto foi o desenrolar da trama fictícia da novela da Rede Globo de Televisão Amor à Vida, encerrada em 31 de janeiro de 2014, de autoria de Walcyr Carrasco. No último capítulo, foi dita a seguinte frase: A vida é feita de escolhas. E assim, não cai um fio de cabelo do cocuruto que não tenha mesmo que cair. Cada fio é uma escolha, cada escolha é um fio!

8. Na realidade, o que acontece em qualquer parte do Universo, de uma forma ou de outra, afeta o Universo inteiro. E assim, o Efeito Borboleta – termo que se refere à dependência sensível às condições iniciais no âmbito da Teoria do Caos – justifica a afirmação que tanto tenho feito: somos responsáveis por tudo, tanto no que se refere a nós, como seres-aí-no-mundo individuais, quanto no que se refere ao todo unitário. E assim, acredite, se quiser: um simples pensamento destrambelhado de um Homo vulgaris perneta, aqui, no Rio de Janeiro, poderá afetar o funcionamento intestinal de uma Scolopendra cingulata lá em Lhasa, no Tibete! É por isto que, às vezes, quando temos uma carreirinha, não atinamos com o motivo! Quando acontece comigo, eu sempre desconfio do mau comportamento mental de uma Scolopendra.

 

 

Efeito Borboleta

 

 

9. Se o sentimento derivado de uma atração sexual desenfreada é uma miragem imaginária, não é amor; é paixão.

 

Música de fundo:

Jesus Of Nazareth
Compositor: Maurice Jarre

Fonte:

http://www.loudtronix.me/search/Maurice-Jarre-Jesus-Of-Nazareth

 

Páginas da Internet consultadas:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_borboleta

http://www.quimlab.com.br/
guiadoselementos/conceito_elemento.htm

http://www.digitalbusstop.com/cool-animated-gifs/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Buraco_negro

http://www.netanimations.net/Spinning-turning-revolving
-gears-and-cog-wheel-animated-gif-images.htm

http://bible-library.com/imageresults?currentpage
=2&searchtext=cain,abel&translation=kjv

http://bible-library.com/imageresults
?searchtext=cain,abel

http://www.les-attentats-du-11-septembre-
vus-par-une-conspirationniste.com/

http://www.sca.org.br/uploads/news/
id184/Dogma-e-Ritual-da-Alta-Magia.pdf

 

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