Rodolfo
Domenico Pizzinga
Dá
na mesma e na mesma dá
ver e
fazer de conta que não viu,
exortar
o Frajola a comer o Piu-piu,
dizer
que Conium maculatum
é abiu.
Dá
na mesma e na mesma dá
soltar
um pum e dizer que foi o gato,
trapacear
em jogo a leite de pato,
dizer
que viu mula-de-padre no mato.
Dá
na mesma e na mesma dá
fazer
ouvidos de mercador,
fazer
ouvidos de marcador,
fazer
ouvidos de mau credor.
Dá
na mesma e na mesma dá
preconceituar
um muçulmano,
fazer
pouco caso de um lusitano,
Dá
na mesma e na mesma dá
exterminar
com atiradeira,
matar
com lancha-canhoneira,
odiar
e retalhar com peixeira.
Dá
na mesma e na mesma dá
acreditar
em pecado original,
acreditar
em pecado venial,
acreditar
em pecado mortal.
Dá
na mesma e na mesma dá
andar
de ré que nem Caranguejo,
não
ter vergonha, pudor ou pejo,
regozijar-se
em ser malfazejo.
Dá
na mesma e na mesma dá
transmutar
conticínio em Aurora,
tentar
escutar a Santa Voz Insonora,
meritosamente,
conquistar o Panton
Dora.
Não
dá
na mesma e na mesma não dá,
se a esposa
é Luíza chamá-la de Bianca,
dizer
que urubu-preto é mocinha-branca,
servir às Grandes Lojas Negra e Branca.