Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

No começo é o UM. Incriado, que não tem começo nem fim. O UM tem múltiplas imagens no mundo, e estas imagens são a Unidade. É unidade o ponto, mas é também o átomo ou a unidade de distância absoluta, definida como a distância mínima entre dois pontos. A Unidade – a imagem do UM – é o que não tem igual, o princípio do ímpar. A Unidade será, portanto, considerada como não sendo um número. O UM se divide para criar Dois. Dois será o princípio da paridade, e os pitagoricianos também não lhe reconhecerão a qualidade de número. Um unido a Dois formará Três, que será o primeiro de todos os números e o primeiro número ímpar. Colocados estes dois princípios, os números podem ser representados por dois pontos alinhados sobre um plano ou em um espaço de três dimensões.

 

 

 

Os números assim representados darão, por figuras que formarão espontaneamente, imagens inteligíveis da ação das Leis Divinas nos mundos materiais e imateriais. As leis que poderão ser deduzidas da formação destas figuras serão traduções da Lei Divina compreensíveis para o homem. O UM será, ao mesmo tempo, exterior (transcendente) à sua criação, contido no mundo, contendo o mundo e fonte imanente de toda a criação.[a] Todo o Universo se desenvolverá a partir dos princípios de unidade e de dualidade, entre o ímpar e o par. Uma vez expostos estes princípios, o intelecto atinge o seu limite. As conseqüências destes conceitos não podem mais ser assimiladas diretamente, senão apreendidas através de uma verdadeira experimentação matemática; e esta experimentação permitirá estabelecer o que chamaríamos hoje de campos de coerência. É através desses campos de coerência, símbolos por vezes contraditórios de uma mesma Lei Divina, que o discípulo apreenderá progressivamente as Leis Divinas; em seguida a coerência interna dessas Leis; e, depois, enfim, a própria Divindade.

 

O mundo material, em seu conjunto, não será senão uma imagem imperfeita, uma aplicação imperfeita dessas Leis Divinas reconhecidas através do processo matemático. Esta imperfeição deve-se apenas a uma única coisa: imperfeição ou impureza da matéria.

 

 

 

 

CARADEAU, Jean-Luc. Deus matemático. In: Nossos ancestrais os dedálidos. L'Initiation (Cadernos de Documentação Esotérica e Tradicional: Publicação do Martinismo e das Diversas Correntes Iniciáticas). Gnosis Editorial Ltda. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, nº 16, 4 - 31.

 

[a] Notem que é apenas sendo tudo isto a um só tempo que Deus pode ser infinito e eterno. (Nota do autor).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se no começo é o SEMPRE-UM,

o que havia antes do UM?1

Se no princípio é o SEMPER-VERBUM,

o que havia antes do VERBUM?2

 

 

Houve, de fato, um ponto-começo

O começo embute, de feito, um fim

 

 

Ora, explicar Deus pela Matemática

é uma inabilidade estática!3

Não há pelo sim; não há pelo não.

A Vox Dei4 fala no Coração!

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Mística e simbolicamente, tudo era trevas antes de surgir a Luz.

2. O desde sempre Dimissum et Inenarrabile Æternum Verbum.

3. Sim. Tentar explicar Deus pelo que quer que seja é uma inabilidade estática ou uma estaticidade inábil, o que dá na mesma e na mesma dá. Bolas! O homem sempre criou, continua a criar e, provavelmente e renitentemente, criará 'zilhões' de 'quilhões' deuses! Depois, sem saber como dar uma explicação coerente para estas criações teoesquizofrênicas, inventou de tudo, inventa de tudo e continuará a inventar de tudo para ajustar o que criou, o que cria e o que continuará a criar – se persistir na ignorância – ao que não conseguia, ao que não consegue e ao que, muito certamente, não conseguirá jamais compreender sensorialmente ou pela ratìo (com ou sem Matemática). Mutatis mutandis, não há mesmo, por exemplo, seja lá do jeito que for, seja do jeito que for lá, como compreender e acreditar na existência de um 'hipomigaletaxis falantissimus' – uma 'frankensteinização' fantasmagórica engendrada esquizofrenicamente a partir de um Hippopotamus amphibius, de uma formica e de uma belbellita. Só a Iniciação Illumina! Fora da Iniciação é crendeirice ou fé, o que, novamente, dá na mesma e na mesma dá.

 

 

 

Hipomigaletaxis falantissimus

 

 

4. In Corde loquitur nostro Vox Dei. Em nosso Coração fala a Voz de Deus.

 

Fundo musical:

Only Time (Enya)

Fonte:

http://www.angelfire.com/
ny5/davesworld56/EnyaMidis.html

 

Observação:

A animação em flash do Hipomigaletaxis falantissimus foi produzida e editada a partir de um GIF animado disponibilizado no Website Mediavault abaixo referenciado. Neste sentido, o web designer que produziu o GIF animado mantém os direitos autorais da animação em flash. O endereço do Website é:

http://www.watelevision.com/site/viewall.php