1. Dialética?
É muito difícil e pode ser pecado. Nem pensar.
2. No
fundo, no fundo, não podem ter sido porque nunca foram. Revisitarei
um exemplo conhecido. A história aconteceu mais ou menos assim: por
causa do Salmo CIII, 5 da Bíblia [Fundaste a Terra
sobre as suas bases, e não vacilará pelos séculos dos
séculos (que não podia ser contestado)] e por outros
motivos não confessados, Galileu Galilei (Pisa, 15 de fevereiro de
1564 – Florença, 8 de janeiro de 1642), que havia juntado grande
quantidade de evidências em favor da teoria heliocêntrica (impugnando,
inclusive, diversas afirmações de Aristóteles), foi
perseguido e acusado de heresia pela Inquisição. Após
um longo processo, o Santo Ofício o adverte e o proibe em 19 de fevereiro
de 1616 de difundir as maluquices da Teoria Heliocêntrica
de Copérnico. Mas, em agosto de 1623 o Cardeal Maffeo Barberini (1568-1644)
(Pontificado 1623-1644), amigo e patrono de Galileo, foi eleito papa e assumiu
o papado com o nome de Urbano VIII. Em 1624 Urbano VIII liberou Galileo
para divulgar suas idéias, desde que fossem tratadas apenas como
hipóteses matemáticas. Em 1980, o Papa João Paulo II
ordenou um reexame do processo contra Galileo, mas o notável
astrônomo só foi formal e tardiamente perdoado e reabilitado
em 1992. Eppur si Muove! (Mas ela se move!). João Paulo
II também pediu perdão, entre outros erros cometidos pela
Igreja Católica, pelas Cruzadas, pela Inquisição, pelas
injustiças contra as mulheres, pelas omissões ante os negros
e indígenas escravizados, pela tolerância com as ditaduras
e pelas guerras de que participaram muitos católicos. Também
convidou os muçulmanos a um recíproco perdão. Antes
de falecer admitiu a validade das teorias da evolução desenvolvidas
por Darwin e seus sucessores, que foram finalmente absolvidos.
Mas, por que os padres continuam interditados de casar? Por que tanto preconceito
contra os homossexuais? Por que tanta discriminação contra
as Fraternidades Iniciáticas? Qual será, enfim, o papa que
pedirá perdão por essas coisas (e por tantas outras que não
citei), e que a Igreja ainda se posiciona preconceituosamente como dona
exclusiva da verdade? Também fico pensando em quando a Igreja haverá
de reconhecer o papel real de Maria Madalena na existência de Jesus
e na própria formulação do Cristianismo primitivo.
Na hipótese, inclusive, de Jesus ter sido Casado,
isso em nada diminui a Sua Sacrossanta Santidade, até porque –
ou principalmente porque – os Casamentos
desses Illuminados em nada são semelhantes aos casamentos dos mortais
comuns. Os mortais comuns normalmente derramam; os Illuminados rarissimamente
derramam.
3.
Na mitologia escatológica grega, Hades (filho de Cronos e de Réia,
irmão de Zeus e de Poseidon) é o lendário deus do mundo
inferior (o Hades) – o soberano dos mortos. O nome Hades era usado
para designar tanto o deus como os seus domínios avernosos. O Hades
(Orcus, em latim) era conhecido como o reino dos mortos ou simplesmente
o submundo, lugar onde reinava Hades em companhia de sua esposa Perséfone
sobre as forças avernais – região onde imperavam tristeza
e dor. O Hades era uma região formada por cinco grandes rios: o rio
das penalidades ou das aflições (Aqueronte, o primeiro dos
rios do inferno), o rio das trevas (Estige), o rio do fogo (Flégeton),
o rio das lamentações (Cocito, onde estão imersos os
traidores) e o rio do esquecimento (Lete). As almas dos mortos que desciam
ao Hades eram conduzidas pelo barqueiro Caronte (figura mitológica
do mundo inferior grego, filho de Érebo e da Noite, transportava
os recém-mortos através do pantanoso rio Estige). Era um costume
grego colocar uma moeda junto com o corpo do morto para que ele pudesse
pagar ao idoso Caronte por essa viagem fluvial tenebrosa só de ida.
Explicando: o barqueiro Caronte pedia pagamento adiantado em moedas de ouro
por seu serviço de transporte; por isso os gregos enterravam seus
mortos com uma moeda debaixo da língua para terem a garantia de que
eles (os mortos) teriam assegurada a devida passagem. Se uma alma não
pudesse pagar, era mantida no lado do Rio em que não deveria estar,
como em suspenso; temia-se, assim, que ela regressasse do lado de lá
para torrar a paciência e perturbar tranqüilidade dos vivos
do lado de cá. Acreditava-se que o Hades fora trancado por
Plutão e que de lá seria impossível voltar. Por isso,
só se podia comprar bilhete de ida. Algo assim mais ou menos parecido
com o inferno. O fato é que mudou o nome do lugar, mas não
a descabida idéia. Idéia que muitos acreditam! E como muitos
acreditam no inferno e têm medo de ir parar lá, outros tantos
se aproveitam desavergonhadamente dessa persuasão infantil. Estão
todos ricos. Os aproveitadores, claro. Os crédulos estão todos
pobres ou em vias de empobrecimento. Simbolicamente, o Hades está
dentro de cada um de nós, porque foi criado por cada um nós.
Bem devagarzinho! E assim – devagar, devagarzinho – cada um
foi projetando e construindo o seu Hades particular e personalizado –
planejado e fabricado para atender o gosto do cliente pelo próprio
cliente – que, repito, somos nós. Logo, os 'zilhões'
de Carontes somos cada um de nós.
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Caronte
Lucas Jordán (1684-1686)
Palácio Medici Riccardi, Florença (Itália) |
Websites
consultados:
http://www.proconcil.org/document/Amorin.htm
http://www.cacp.org.br/cat-inquisicao.htm
http://astro.if.ufrgs.br/bib/bibkepler.htm
http://www.grieksegids.nl/mythologie/hades.htm
http://www.adccta.com.br/areas/cultural/grecia5.htm
http://webpages.ull.es/users/fradive/mastertanatologia2004/master2005.html
http://www.stelle.com.br/pt/inferno/notas_7.html
http://www.kinleymacgregor.com/dream/temple.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caronte_(mitologia)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hades
Música
de fundo:
Hades
Fonte:
http://www.artemotore.com/midi/midi15501.htm