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Notas
1.
O
que poderá ser um magistratus (magistrado)
investido pelo senatus (Senado) do poder de
ditar leis? Qual é a autoridade de um senator (senador)
para investir alguém como primus magistratus
(primeiro magistrado) com o poder para impor leis? Ainda que o povo,
efetivamente, nunca tenha jamais chegado ao poder, é dever de
todo cidadão lutar para que o poder só seja exercido em
nome do povo, para o povo, pelo povo e com o povo. Não para transportar
toneladas de dinheiro por aviões; não para receber mensalões;
não para locupletar anões. Não. O poder não
pode ser usado para isso. Os representantes do povo não estão
autorizados pelo povo a fazer essas coisas. Isso é, no mínimo,
um abuso. Para tudo isso: NÃO.
Mas,
enquanto isso, pergunto: haverá diferença essencial sensível
entre as pulhices autoritárias e totalitárias de ontem
e as de hoje? Haverá diferença essencial sensível
entre as locupletações e os nepotismos de ontem e os de
hoje? Haverá, por exemplo, diferença essencial sensível
entre Nero e Pinochet? Um mandou queimar; o outro mandou fuzilar. Se
isso é uma diferença sensível, então há
diferença; se não é, então não há
diferença. E entre o general Emílio e o generalíssimo
Francisco? Um falava português; o outro espanhol. Se isso é
uma diferença sensível, então há diferença;
se não é, então, novamente, não há
a mínima diferença. E entre Calígula, que nomeou
seu cavalo Incitatus cônsul de Roma, e Slobodan Milosevic que
determinou à cavalhada motorizada que esmagasse a população
a título de promover e executar uma política intencional
de limpeza étnica? Há, enfim, diferença essencial
sensível entre jogar cristãos aos leões e jogar
containers cheios de cadáveres no fundo do Rio Danúbio?
Não há. Mas, há mais, muito mais coisas. E muito
mais piores. Mas não há diferença alguma.
Não há diferença entre morte por leão, morte
por eletrocussão e morte por canhão. Não há
diferença entre morte por napalm, morte por gravata colorada
e morte por radiação. E não há diferença
entre morte por carta-bomba, morte por encomenda e morte por veneno.
Não há matança pior ou matança melhor. Morte
é morte. Matança é matança. Assassinato
é assassinato. Ditadura é ditadura. E matar um ou mil
é matar. Como também roubar um ou mil é roubar.
Matar é matar; roubar é roubar. Há, por causa dos
acontecimentos políticos recentes que estão acontecendo
no Brasil, um cheiro fétido no ar de saudade (aliás, sempre
houve, só que piorou conspiratoriamente), e eu, com esse soneto,
estou apenas alertando as consciências para que não se
deixem seduzir por mirabolâncias delirantes ou por excepcionalidades.
Só isso. Mas, ainda bem que é uma minoria que fede essas
idéias conspirativas. De qualquer forma, alertar é sempre
bom.
Se
se trocar o S por um P em LSD,
o Lindo Sonho Delirante
se tornará a realidade plúmbica de um Lastimável
Pesadelo Devorador. E o ±
animado do subtítulo deste trabalho
pretende significar e simbolizar que o +
e o –
dependem de nós — o povo. Não há ditadura
± dura; ditadura é ditadura. Nas ditaduras
prevalece o império do medo capador. No soneto isto está
simbolizado pela Jontex®,
que pode ser interpretado de duas maneiras: a horrível censura
ou a consciente ou inconsciente autocensura apocópica. Toda as
ditaduras são castradoras, isto é, impedem que os indivíduos
sejam profícuos ou efetivos. As leis podem ser frouxas, duras
ou interesseiras, mas são as leis; por isso devem ser respeitadas
e, quando for o caso, revogadas ou aprimoradas. Nas ditaduras isso é
quase impossível; só os regimes democráticos podem
fazer mudanças concertadas. Nas ditaduras o Estado é o
ditador (et caterva); nas democracias o Estado (com todas as
limitações conhecidas) é o povo. Enfim, as mudanças
podem ser lentas, mas acabam acontecendo. O que está ocorrendo
hoje no Brasil não pode ser motivo para pensamentos de exceção
– fora do direito comum. Sempre e sempre que prevaleça
o Estado de Direito – estamento em que o poder político
pauta suas ações em estrita observância
da ordem jurídica com perfeito equilíbrio entre o direito
e o arbítrio. Eu voto, tu votas, ele vota, nós votamos,
vós votais, eles votam. A cidadania só se efetivará
e só se cristalizará pelo voto. Ainda que se possa considerar
a Democracia um sistema falho — e é falho porque, entre
outras falhas, no Presidencialismo, por exemplo, o presidente tem poderes
quase imperiais — ele é o melhor sistema político
que a Humanidade tem à sua disposição para poder
viver e criar livremente. Em um sistema que não fosse democrático
o Website Pax Profundis (e muitos outros) não poderia
existir. Então, quanto mais se votar melhor. E não esqueçamos:
voto não se dá, se empresta por
um período determinado.
Por
tudo que argumentei penso que tenha ficado claro que sou visceralmente
contra toda e qualquer forma de arbítrio ou de poder absoluto.
Não aceito e não me conformo que o poder não seja
delegado pelo povo. No futuro será diferente. Essa coisa de dizer
que o povo não sabe votar... Ora, quem sabe? Você acredita,
confia e empresta seu voto. Se o político se mostra um filho
da puta, cabe a quem votou nele não votar de novo nas próximas
eleições, e auxiliar a que a legislação
(como um todo) seja melhorada. Isso é exercitar a cidadania.
Eu, por acaso, não votei nessa rataria que está emporcalhando
a política brasileira. Quem votou que não vote de novo.
Agora, golpe? Impeachment? Nunca. Nas quebras dos Estados de
Direito as merdas existentes são sempre torcadas por merdas insolentes.
Ponto.
Calígula/Nero
Há diferença essencial sensível?
2.
Para os que ignoram o que é uma ditadura (seja ela autoritária,
seja ela totalitária) e para os reaças saudosistas eu
proponho que brinquemos juntos de forca. Então, a brincadeira
brincante é a seguinte: arranjar um sinônimo (particípio
de um verbo transitivo direto) com 10 letras (no singular) para o vocábulo
prejudicado.
Se
você teve alguma dificuldade ou se se sentiu mais ou menos encaçapado
com essa forca, aponte o mouse para os tracinhos em movimento...
Agora, apenas simbolicamente, se você apontar o mouse
para a forca, verá simbolicamente um executor barrigudo
de atitudes e de práticas carrascais e ditatoriais – que
só produz objetivamente, com outros confrades da mesma caterva
negra, milhares de milhões de ais. São assim, simbolicamente,
os abomináveis. O que não é simbólico e
é real, é que todos os instrumentos (conscientes e inconscientes)
desses horrores são desfocados.
.
. . .
QUATRO
PENSAMENTOS PARA PENSAR
(Como eu sou cara-de-pau, meti um
pensamentozinho no meio (final)
dos pensamentozões desses cobras)
1º
- Um ditador não passa de uma ficção. Seu poder,
na verdade, se dissemina entre numerosos subditadores anônimos
e irresponsáveis cuja tirania e corrupção não
tardam a se tornar insuportáveis. Gustave Lebon (1841-1931).
2º
- [Um ditador é o] chefe de uma nação que prefere
a peste do despotismo à praga da anarquia. Ambrose Bierce
(1842-1914?).
3º
- A ditadura é o enfraquecimento nacional, porque é
o regime em que o poder pode tudo e em que o cidadão nada tem
[e pode]. Eduardo da Silva Prado (1860-1901).
4º
- A ditadura, que tudo piora esponencialmente com aparência de
melhora, é a madrasta maldita de todas as merdas bruxomaníacas
e de todas as 'mensalãozadas' políticas que se
possa imaginar. Rodolfo Domenico Pizzinga (1946-morto para apoiar ditaduras,
mas vivo e trabalhando muito para combatê-las).