Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

dia 21 de setembro de 2011, manhã de quarta-feira, a Senhora Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, abriu a reunião de outono da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, tornando-se a primeira mulher a abrir a reunião. Eu vi e ouvi o discurso integralmente, e penso que vale a pena que seja conhecido. Por isto, eu o estou divulgando, para que quem não o pôde assistir possa lê-lo.

 

Segundo Miriam Leitão, o discurso de Dilma foi denso, mas apresentou contradições. Sobre o discurso, Miriam Leitão comentou no Bom Dia Brasil: O discurso de Dilma Rousseff na ONU foi um discurso bonito, que começou e terminou falando das mulheres, o que foi importante. Estes foram os momentos em que ela foi mais aplaudida. No final, Dilma Rousseff lembrou que, como mulher que foi torturada no cárcere, tem compromissos profundos com os direitos humanos, com a liberdade e com a justiça. Este ponto foi muito bonito. O discurso foi denso e em alguns pontos previsível, o que é reflexo da política externa do Brasil, que não muda de um Governo para o outro. O discurso trouxe algumas contradições, que são as contradições da diplomacia brasileira. Dilma pediu, por exemplo, a participação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU e usou um bom argumento: há 140 anos o Brasil vive em paz com seus vizinhos. Mas, nas últimas vezes que teve chance de votar no Conselho de Segurança como membro rotativo, o Brasil se absteve. O Brasil se absteve, por exemplo, no caso da Líbia, sobre a Zona de Exclusão Aérea, o que foi fundamental para pôr fim à repressão brutal, que ela também criticou, na Líbia. Para se ter uma idéia, ela sequer deu boas-vindas ao Governo Líbio que está chegando, coisa que todos os outros fizeram. Ou seja, há essas contradições da política externa brasileira, que apareceram no discurso. A Presidente falou muito bem sobre a crise e deu o tom da gravidade dela, chamando-a de gravíssima. Ela falou que esta é uma crise sem precedentes, que pode provocar uma ruptura política e social. Ela criticou a falta de regulação dos mercados, o que disse ser uma fonte inesgotável de problemas para o mundo. Dilma disse também que o Brasil está preparado para participar desta ajuda internacional, mas quer que os países ricos façam suas partes.

 

Contradições à parte, pois, também, entre outras coisas, faltou falar sobre os problemas da República da Somália, penso que o ponto alto do discurso de Dilma tenha sido a defesa da criação de um Estado Palestino independente, situação que não se resolve há décadas – há mais de 60 anos! – situação que é meio que empurrada com a barriga, sem solução, pois, até agora, nem Israel nem o povo palestino encontraram pontos comuns de contato para pôr fim ao litígio, e o resto do mundo tem se mantido, mais ou menos, na posição confortável de resto do mundo.

 

O Estado de Israel foi proclamado em 1948. Os países árabes, em particular o Egito, a Síria e a Jordânia, consideraram que a decisão da ONU feria seus direitos. A partir de então, a ilogicidade das confrontações levou à várias guerras e intifadas (rebelião popular palestina contra as forças de ocupação de Israel na faixa de Gaza e na Cisjordânia), ao fanatismo, ao terrorismo, à retaliações (desproporcionais, na maioria das vezes, como se proporção possa haver em uma retaliação) e à mortes em ambos os lados. Vidas vêm sendo ceifadas inutilmente! Todavia, os acontecimentos mais trágicos foram os da guerra de 1967, quando o mundo árabe perdeu uma grande parte de seus territórios. A comunidade internacional vem condenando a ocupação dos territórios árabes, e confirmou reiteradas vezes o direito dos palestinos à sua pátria, mas de efetivo e concertado nada é feito. Lembremos que já se passaram quase 23 anos desde que o falecido líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, leu, em Argel, em 15 de novembro de 1988, a Declaração de Independência do novo Estado Palestino, algo que ficou apenas no papel. Arafat deixou para a história a frase: Hoje, eu estou segurando um ramo de oliveira e a arma de um lutador pela liberdade. Não deixem o ramo de oliveira cair de minhas mãos.

 

Cansados de tanto esperar, os palestinos decidiram fazer um lance forte: pedir à ONU para os reconhecer como membros de plenos direitos da Organização, o que automaticamente levará ao reconhecimento de sua independência. Curiosamente, a Rússia pretende apoiar os palestinos, mas os EUA farão de tudo para bloquear a solicitação. Quem pode entender um treco destes? Enfim, as palavras de Dilma (com as quais concordo) foram: É chegado o momento de termos a Palestina representada aqui a pleno título.

 

O fato irredutível e indecomponível é que jamais poderá haver paz duradoura e sustentável na Terra enquanto o cobertor cobrir a cabeça, mas descobrir os pés. Tudo é tão simples; basta deixar de ser Shylock e aumentar o tamanho do cobertor! Seja como for, se eu tivesse que dar um conselho aos grandes do mundo, recomendaria a leitura e a aplicação (ajustada à contemporaneidade) do conteúdo da obra A Paz Perpétua, escrita em 1795 e de autoria do filósofo prussiano Immanuel Kant (Königsberg, 22 de abril de 1724 – Königsberg, 12 de fevereiro de 1804) – uma proposta de constituição republicana fundamentada em três princípios: liberdade (com amor e responsabilidade) dos membros de uma sociedade enquanto homens, dependência enquanto súditos (dependência no sentido de fraterna convivência) e igualdade (eqüidade) enquanto cidadãos, obra na qual Kant afirma que o Direito Cosmopolita deve se circunscrever às condições de uma hospitalidade universal permanente. A singularidade da contribuição de Kant está na sua fé/confiança/certeza em uma paz perpétua a ser construída pela razão porque a razão tem mais força do que o poder. Escreveu Kant: a razão condena absolutamente a guerra como procedimento de Direito, e torna, ao contrário, o estado de paz um dever imediato, que, porém, não pode ser instituído ou assegurado sem um contrato dos povos entre si. Infelizmente, a ONU, que deveria ser a mãe destes contratos, tem irresponsavelmente falhado.

 

Fontes desta matéria:

http://revistaseletronicas.pucrs.br/oj
s/index.php/faced/article/viewFile/407/304

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/

http://portuguese.ruvr.ru/
2011/09/22/56539377.html

 

 

 

 

Discurso de Dilma Rousseff na ONU

 


Senhor Presidente da Assembléia Geral, Nassir Abdulaziz Al-Nasser,

Senhor Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,

Senhoras e senhores chefes de Estado e de Governo,

Senhoras e senhores:

Pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o Debate Geral. É a voz da Democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna, que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo.

É com humildade pessoal, mas com justificado orgulho de mulher, que vivo este momento histórico.

Divido esta emoção com mais da metade dos seres humanos deste Planeta, que, como eu, nasceram mulher, e que, com tenacidade, estão ocupando o lugar que merecem no mundo. Tenho certeza, senhoras e senhores, de que este será o século das mulheres.

Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao gênero feminino, e são também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje.

Senhor Presidente:

O mundo vive um momento extremamente delicado e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade histórica. Enfrentamos uma crise econômica que, se não debelada, poderá se transformar em uma grave ruptura política e social. Uma ruptura sem precedentes, capaz de provocar sérios desequilíbrios na convivência entre as pessoas e as nações.

Mais do que nunca, o destino do mundo está nas mãos de todos os seus governantes, sem exceção. Ou nos unimos todos e saímos, juntos, vencedores ou sairemos todos derrotados.

Agora, menos importante é saber quais foram os causadores da situação que enfrentamos, até porque isto já está suficientemente claro. Importa, sim, encontrarmos soluções coletivas, rápidas e verdadeiras.

Esta crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países. Seus Governos e bancos centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem as conseqüências da crise, todos têm o direito de participar das soluções.

Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise. É – permitam-me dizer – por falta de recursos políticos e, algumas vezes, de clareza de idéias.

Uma parte do mundo não encontrou ainda o equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e estímulos fiscais corretos e precisos para a demanda e o crescimento. Ficam presos na armadilha que não separa interesses partidários daqueles interesses legítimos da sociedade.

O desafio colocado pela crise é substituir teorias defasadas de um mundo velho, por novas formulações para um mundo novo. Enquanto muitos Governos se encolhem, a face mais amarga da crise – a do desemprego – se amplia. Já temos 205 milhões de desempregados no mundo – 44 milhões na Europa, 14 milhões nos Estados Unidos. É vital combater esta praga e impedir que se alastre para outras regiões do Planeta.

Nós, mulheres, sabemos – mais do que ninguém – que o desemprego não é apenas uma estatística. Golpeia as famílias, nossos filhos e nossos maridos. Tira a esperança e deixa a violência e a dor.

Senhor Presidente:

É significativo que seja a presidente de um País emergente – um País que vive praticamente um ambiente de pleno emprego – que venha falar, aqui, hoje, com cores tão vívidas, desta tragédia que assola, em especial, os países desenvolvidos.

Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial. Mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada. Queremos – e podemos – ajudar, enquanto há tempo, os países onde a crise já é aguda.

Um novo tipo de cooperação, entre países emergentes e países desenvolvidos, é a oportunidade histórica para redefinir, de forma solidária e responsável, os compromissos que regem as relações internacionais.

O mundo se defronta com uma crise que é, ao mesmo tempo, econômica, de governança e de coordenação política.

Não haverá retomada da confiança e do crescimento enquanto não se intensificarem os esforços de coordenação entre os países integrantes da ONU e as demais instituições multilaterais, como o G-20, o Fundo Monetário, o Banco Mundial e outros organismos. A ONU e essas organizações precisam emitir, com a máxima urgência, sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica.

As políticas fiscais e monetárias, por exemplo, devem ser objeto de avaliação mútua, de forma a impedir efeitos indesejáveis sobre os outros países, evitando reações defensivas que, por sua vez, levam a um círculo vicioso.

Já a solução do problema da dívida deve ser combinada com o crescimento econômico. Há sinais evidentes de que várias Economias avançadas se encontram no limiar da recessão, o que dificultará, sobremaneira, a resolução dos problemas fiscais.

Está claro que a prioridade da Economia mundial, neste momento, deve ser solucionar o problema dos países em crise de dívida soberana e reverter o presente quadro recessivo. Os países mais desenvolvidos precisam praticar políticas coordenadas de estímulo às Economias extremamente debilitadas pela crise. Os países emergentes podem ajudar.

Países altamente superavitários devem estimular seus mercados internos e, quando for o caso, flexibilizar suas políticas cambiais, de maneira a cooperar para o reequilíbrio da demanda global.

Urge aprofundar a regulamentação do sistema financeiro e controlar esta fonte inesgotável de instabilidade. É preciso impor controles à guerra cambial, com a adoção de regimes de câmbio flutuante. Trata-se, senhoras e senhores, de impedir a manipulação do câmbio, tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo.

A reforma das instituições financeiras multilaterais deve, sem sombra de dúvida, prosseguir, aumentando a participação dos países emergentes, principais responsáveis pelo crescimento da Economia mundial.

O protecionismo e todas as formas de manipulação comercial devem ser combatidos, pois conferem maior competitividade, de maneira espúria e fraudulenta.

Senhor Presidente:

O Brasil está fazendo a sua parte. Com sacrifício, mas com discernimento, mantemos os gastos do Governo sob rigoroso controle, a ponto de gerar vultoso 'superavit' nas contas públicas, sem que isto comprometa o êxito das políticas sociais nem nosso ritmo de investimento e de crescimento.

Estamos tomando precauções adicionais para reforçar nossa capacidade de resistência à crise, fortalecendo nosso mercado interno com políticas de distribuição de renda e inovação tecnológica.

Há pelo menos três anos, senhor Presidente, o Brasil repete, nesta mesma tribuna, que é preciso combater as causas, e não só as conseqüências da instabilidade global.

Temos insistido na inter-relação entre desenvolvimento, paz e segurança, e que as políticas de desenvolvimento sejam, cada vez mais, associadas às estratégias do Conselho de Segurança na busca por uma paz sustentável.

É assim que agimos em nosso compromisso com o Haiti e com a Guiné-Bissau. Na liderança da Minustah temos promovido, desde 2004, no Haiti, projetos humanitários, que integram segurança e desenvolvimento. Com profundo respeito à soberania haitiana, o Brasil tem o orgulho de cooperar para a consolidação da Democracia naquele País.

Estamos aptos a prestar também uma contribuição solidária aos países irmãos do mundo em desenvolvimento, em matéria de segurança alimentar, tecnologia agrícola, geração de energia limpa e renovável e no combate à pobreza e à fome.

Senhor Presidente:

Desde o final de 2010 assistimos a uma sucessão de manifestações populares, que se convencionou denominar 'Primavera Árabe'. O Brasil é pátria de adoção de muitos imigrantes daquela parte do mundo. Os brasileiros se solidarizam com a busca de um ideal que não pertence a nenhuma cultura, porque é universal: a liberdade.

É preciso que as nações aqui reunidas encontrem uma forma legítima e eficaz de ajudar as sociedades que clamam por reforma, sem retirar de seus cidadãos a condução do processo.

Repudiamos com veemência as repressões brutais que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade internacional, o recurso à força deve ser sempre a última alternativa. A busca da paz e da segurança no mundo não pode se limitar à intervenções em situações extremas.

Apoiamos o Secretário-geral no seu esforço de engajar as Nações Unidas na prevenção de conflitos, por meio do exercício incansável da Democracia e da promoção do desenvolvimento.

O mundo sofre, hoje, as dolorosas conseqüências de intervenções que agravaram os conflitos, possibilitando a infiltração do terrorismo onde ele não existia, inaugurando novos ciclos de violência, multiplicando os números de vítimas civis.

Muito se fala sobre a responsabilidade de proteger, pouco se fala sobre a responsabilidade ao proteger. São conceitos que precisamos amadurecer juntos. Para isto, a atuação do Conselho de Segurança é essencial, e ela será tão mais acertada quanto mais legítimas forem suas decisões, e a legitimidade do próprio Conselho depende, cada dia mais, de sua reforma.

Senhor Presidente:

A cada ano que passa, mais urgente se faz uma solução para a falta de representatividade do Conselho de Segurança, o que corrói sua eficácia. O ex-Presidente Joseph Deiss recordou-me um fato impressionante: o debate em torno da reforma do Conselho já entra em seu 18º ano. Não é possível, senhor Presidente, protelar mais.

O mundo precisa de um Conselho de Segurança que venha a refletir a realidade contemporânea, um Conselho que incorpore novos membros permanentes e não-permanentes, em especial representantes dos países em desenvolvimento.

O Brasil está pronto a assumir suas responsabilidades como membro permanente do Conselho. Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos. Temos promovido com eles bem-sucedidos processos de integração e de cooperação. Abdicamos, por compromisso constitucional, do uso da energia nuclear para fins que não sejam pacíficos. Tenho orgulho de dizer que o Brasil é um vetor de paz, de estabilidade e de prosperidade em sua região, e até mesmo fora dela.

No Conselho de Direitos Humanos, atuamos inspirados por nossa própria história de superação. Queremos para os outros países o que queremos para nós mesmos.

O autoritarismo, a xenofobia, a miséria, a pena capital, a discriminação, todos são algozes dos direitos humanos. Há violações em todos os países, sem exceção. Reconheçamos esta realidade e aceitemos, todos, as críticas. Devemos nos beneficiar delas e criticar, sem meias-palavras, os casos flagrantes de violação, onde quer que ocorram.

Senhor Presidente:

Quero estender ao Sudão do Sul as boas-vindas à nossa família de nações. O Brasil está pronto a cooperar com o mais jovem membro das Nações Unidas e contribuir para seu desenvolvimento soberano.

Mas, lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas. O Brasil já reconhece o Estado Palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim, como a maioria dos países nesta Assembléia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título.

 

 

 

 

O reconhecimento ao direito legítimo do povo palestino à soberania e à autodeterminação amplia as possibilidades de uma paz duradoura no Oriente Médio. Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional.

Venho de um País onde descendentes de árabes e judeus são compatriotas e convivem em harmonia, como deve ser.

Senhor Presidente:

O Brasil defende um acordo global, abrangente e ambicioso para combater a mudança do clima no marco das Nações Unidas. Para tanto, é preciso que os países assumam as responsabilidades que lhes cabem.

Apresentamos uma proposta concreta, voluntária e significativa de redução [de emissões], durante a Cúpula de Copenhague, em 2009. Esperamos poder avançar, já na reunião de Durban, apoiando os países em desenvolvimento nos seus esforços de redução de emissões, e garantindo que os países desenvolvidos cumprirão suas obrigações – com novas metas no Protocolo de Quioto – para além de 2012.

Teremos a honra de sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho do ano que vem. Juntamente com o Secretário-geral Ban Ki-moon, reitero aqui o convite para que todos os chefes de Estado e de Governo compareçam.

Senhor Presidente e minhas companheiras mulheres de todo mundo:

O Brasil descobriu que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza, e que uma verdadeira política de direitos humanos tem por base a diminuição da desigualdade e da discriminação entre as pessoas, entre as regiões e entre os gêneros.

O Brasil avançou política, econômica e socialmente sem comprometer sequer uma das liberdades democráticas. Cumprimos quase todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, antes de 2015. Saíram da pobreza e ascenderam para a classe média quase 40 milhões de brasileiras e brasileiros. Tenho plena convicção de que cumpriremos nossa meta de, até o final do meu Governo, erradicar a pobreza extrema no Brasil.

No meu País, a mulher tem sido fundamental na superação das desigualdades sociais. Nossos programas de distribuição de renda têm, nas mães, a figura central. São elas que cuidam dos recursos que permitem às famílias investir na saúde e na educação de seus filhos.

Mas o meu País, como todos os países do mundo, ainda precisa fazer muito mais pela valorização e afirmação da mulher. Ao falar disso, cumprimento o Secretário-geral Ban Ki-moon pela prioridade que tem conferido às mulheres em sua gestão à frente das Nações Unidas.

Saúdo, em especial, a criação da ONU Mulher e sua diretora-executiva, Michelle Bachelet.

Senhor Presidente:

Além do meu querido Brasil, sinto-me aqui também representando todas as mulheres do mundo. As mulheres anônimas, aquelas que passam fome e não podem dar de comer aos seus filhos; aquelas que padecem de doenças e não podem se tratar; aquelas que sofrem violência e são discriminadas no emprego, na sociedade e na vida familiar; aquelas cujo trabalho no lar cria as gerações futuras.

Junto minha voz às vozes das mulheres que ousaram lutar, que ousaram participar da vida política e da vida profissional, e que conquistaram o espaço de poder que me permite estar aqui hoje.

Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da Democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade.

E é com a esperança de que estes valores continuem inspirando o trabalho desta Casa das Nações, que tenho a honra de iniciar o Debate Geral da 66ª Assembléia Geral da ONU.

Muito obrigada.

 

 

 

 

E eu, digo assim:

 

 

O que hoje ainda degrada

deverá ter sua ação sustada.

O que hoje ainda causa dor

deverá se converter em amor.

 

O que hoje ainda é abjeção

deverá impulsar o Coração.

O que hoje ainda é avareza

deverá incentivar a Beleza.

 

O que hoje ainda é deixapralá

deverá se tornar vempracá.

O que hoje ainda é multiplicidade

deverá se comutar em Unidade.

 

O que hoje ainda é adjetivo

substantivar é imperativo.

O que hoje ainda acocora

precisa receber uma escora.

 

Como podemos continuar

a simplesmente não ligar?

Nem nos buracos negros há

o inexismérico1 lado de lá!

 

 

 

Nem nos buracos negros há...

 

 

 

_____

Nota:

1. Inexismérico = inexistente + quimérico.

 

Música de fundo:

Aquarela
Composição e interpretação: Toquinho e Vinicius de Moraes

Fonte:

http://beemp3.com/