(Precisamos Mudar de Cruz)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Ajudará muito saber a diferença entre felicidade, alegria e bem-aventurança. Primeiro, a felicidade tem sua sede e está ancorada nas emoções e, portanto, é uma reação sentimental do ego. Segundo, a alegria é uma qualidade [ou um atributo] da [personalidade-]alma, sentida mentalmente quando o alinhamento é realizado [ou em vias de ser realizado]. E terceiro, a bem-aventurança [ou beatitude] é a natureza do Espírito, sobre O qual é inútil especular, até que a [personalidade-]alma se dê conta da sua unicidade com o Pai [ou o Todo-Tudo-Desde-Sempre-e-Para-Sempre-Um]. Esta compreensão superior só virá depois de uma fase anterior, em que o eu pessoal [ou ego] se unifica [ou se fusiona] com a [personalidade-]alma. Portanto, qualquer especulação sobre a natureza da bem-aventurança não trará nenhum benefício para o homem comum [não-Iniciado], cujas metáforas e terminologias são obrigatoriamente pessoais e estão relacionadas com o mundo dos sentidos.

 

 

 

 

In: Reflexionem Sobre Isto, uma compilação de 185 conceitos esotéricos diligentemente elaborada por um estudante anônimo, que trata de diversos assuntos telepatizados para Alice Ann Bailey pelo Mestre Ascensionado Tibetano Djwhal Khul – um Iniciado da Sabedoria Eterna e um Transmissor da LLuz a qualquer preço.

 

 

 

 

 

Antahkarana

 

 

 

 

Como uma H2Ozinha de orvalho

em uma pétala de flor,

eu queria tanto ser feliz.

para reencontrar o seu amor,

eu queria muito ser feliz.

 

 

Como o saudoso Palhaço ,

que divertia as crianças,

eu queria me tornar glorioso.

Como um Alto Iniciado,

que se livrou das alabanças,

eu queria me tornar luminoso.

 

 

Como Angelo Giuseppe Roncalli1

o Papa que quis fazer a Igreja mudar

eu queria ser um bem-aventurado.

Como Omar Khayyam

que escreveu o Rubaiyat2 para o Sufismo divulgar

eu queria ser um bem-afortunado.

 

 

Angelo Giuseppe Roncalli
Omar Khayyam

 

 

Porém, continuo querendo

estas e mil outras coisas.

Por quê? Ainda não adquiri o Mérito.

Samsarizando e (re)encarnando,

sempre acabo sob as loisas,

repetindo o repeteco do pretérito.

 

 

Mas, não há combate desútil

nem modo de proceder olvidado.

Disto eu tenho soberana certeza.

Presente em todo o Universo,

porque tenho me esforçado,

um dia, conhecerei a Beleza.

 

 

Estou saturado desse meu não-Viver!

Oh!, chega de tanta Saudade!

Oh!, chega de tanto sofrimento!

Oh!, chega de tanta infelicidade!

Oh!, chega de tanto desalento!

 

 

Eu preciso mudar de Cruz!3

O que hoje ainda é horário

escraviza e tiraniza o meu ego.

Eu tenho que lutar e me alinhar,

converter horário em anti-horário

e arrancar prego por prego!

 

 

Não quero mais essa maçada

de compensar erros babilônios,

grasnando como corvo vadio (em terreno baldio).

Vou acabar com esse negócio

de ficar parindo demônios,

e sentindo quentura misturada com frio.

 

 

 

 

INRI
(Sentido Anti-horário)

 

 

 

 

______

Notas:

1.

2. Ghiyath al-Din Abu'l-Fath Umar ibn Ibrahim Al-Nishapuri al-Khayyami (Nixapur, Pérsia, 18 de maio de 1048 – 4 de dezembro de 1131) foi um poeta, matemático e astrônomo persa dos séculos XI e XII que se tornou conhecido no Ocidente como autor do Rubaiyat, obra que ficaria famosa a partir da tradução do poeta inglês, de ascendência irlandesa, Edward Fitzgerald (Bredfield, Suffolk, 31 de Março de 1809 – Merton, Norfolk, 14 de Junho de 1883), em 1839. Já o interesse do poeta, escritor, publicitário, astrólogo, crítico literário, inventor, empresário, tradutor, correspondente comercial, filósofo e comentarista político português Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de 1888 – Lisboa, 30 de novembro de 1935) por Umar (ou Omar), como acentuou Ivo Castro, não se limitou à tradução de quartetos, mas, também, o levou a uma produtiva criação própria de rubais, uma vez que Pessoa era um apaixonado pela Filosofia Árabe-islâmica. A seguir, estão reproduzidos alguns rubais pessoanos, esparsos, inspirados no Rubaiyat omariano. Observe que em cada rubai (cujo plural é rubaiyat, que quer dizer quadras, quartetos) o primeiro, o segundo e o quarto versos são rimados, o terceiro é branco.

O fim do longo, inútil dia ensombra.
A mesma esperança que não deu se escombra.
Prolixa... A vida é um mendigo bêbado
Que estende a mão à sua própria sombra.

Dormimos o universo. A extensa massa
Da confusão das coisas nos enlaça.
Sonhos; e a ébria confluência humana
Vazia ecoa-se de raça em raça.

Ao gozo segue a dor, e o gozo a esta.
Ora o vinho bebemos porque é festa,
Ora o vinho bebemos porque há dor.
Mas de um e de outro vinho nada resta.

Contem o fruto inteiro tantos gomos
Quantos são os que nele. Mudos pomos
A fé em mãos que nada têm com ela.
Viver é nos tornar o que já somos.

Vimos de nada e vamos para onde.
Perguntamos, e nada nos responde,
A verdade e a mentira são irmãs:
O que é que o evidente nos esconde?

Bordei a conclusões a externa prova.
Minha memória emudeceu de nova.
Não fui rei, nem fui pária, nem estive entre,
Corcunda, o fado não me deu corcova.

Amei ou não amei? Não sei dizer.
Quis ou não quis? Recordo sem saber.
O que foi, e o que fora se se dera,
Na mesma cova estão. Mas que é morrer?

Os doze signos de seu régio curso
Passou o sol, no imposto seu percurso.
Sem mágoa morre o que nasceu sem esperança,
E o resto é amor ou vinho, ou vão discurso.

Entre gente que é vil, e outra que é serva,
Passam meus dias, como um verme entre erva.
Humilde absurdo exótico dos deuses,
Arrasto-me, mas sinto o deus que observa.

A esperança, como um fósforo inda aceso,
Deitei, e entardeceu no chão ileso.
A falha social do meu destino
Reconheci, como um mendigo preso.

Cada dia me traz com que esperar
O que dia nenhum poderá dar.
Cada dia me cansa da esperança…
Mas viver é esperar e se cansar.

O prometido nunca será dado
Porque no prometer cumpriu-se o fado.
O que se espera, se a esperança é gosto,
Gostou-se no esperá-lo, e está acabado.

Quanta nobre vingança contra o fado
Me deu o verso que a dissesse, e o dado
Rolou da mesa abaixo, oculta a conta,
Nem o buscou o jogador cansado.

Não me digas mais nada. O resto é vida.
Sob onde a uva está amadurecida
Moram os meus sonos, que não querem nada.
Que é o mundo? Uma ilusão vista e sentida.

A vida é terra e o vivê-la é lodo.
Tudo é maneira, diferença ou modo.
Em tudo quanto faças sê só tu,
Em tudo quanto faças sê tu todo.

Bem, aproveito a chance para contribuir com estes quatro rubaizinhos otimistas, pois, minha natureza intrínseca é sempre estar disposto para ver as coisas pelo lado bom, e esperar a cada instante, sem exceção, uma solução favorável, mesmo nas situações mais difíceis:

Na Lemúria, descolei.
Como atlante, continuei.
Peregrinando sem parar,
hoje, luto para ser meu Rei.

Bebo Vinho, vivo a Vida.
Seco a dor, limpo a ferida.
Vai a Noite... Vem o Dia...
Venço a queda, na Subida!

Lá no Alto, vejo a LLuz!
Cá em baixo, troco de Cruz.
Compreendo, vou mudando:
e, em mim, meu Cristo reluz.

Em mim, meu Cristo reluz,
emparelhado a cada lapuz.
Sem o outro não sou nada.
Sem o outro, quem tira o capuz?

3. Mais uma vez, lembro o que ensinou Alice Ann Bailey na obra Astrologia Esotérica: As Três Cruzes do Gólgota são símbolos bíblicos das Três Cruzes Astrológicas: 1ª) Cruz Comum, Cruz Mutável ou Cruz da Experiência Mutável e Adquirida (Crise da Encarnação); 2ª) Cruz Fixa ou Cruz da Transmutação (Crise da Reorientação); e 3ª) Cruz Cardinal ou Cruz da Transcendência [Fundamental] (Crise da Iniciação). Nesta terceira e última Cruz, a vida do ego, a vida na forma e a vida planetária já não mais controlam o ser-humano-aí-no-mundo. [O mau ladrão – Gestas – representa a Cruz Mutável. O bom ladrão – Dimas – manifesta a Cruz Fixa. Jesus – o Cristo – simboliza a Cruz Cardinal.]

 

 

As Três Cruzes do Gólgota

As Três Cruzes do Gólgota

 

 

Música de fundo:

Chega de Saudade
Compositores: Vinicius de Moraes & Tom Jobim
Interpretação: Tom Jobim (Ao Vivo em Montreal)

Fonte:

http://mp3downloadfree.pro/download.php?v=5LfaYKdqfnY

 

Páginas da Internet consultadas:

https://aviagemdosargonautas.net/2013/05/18/de-omar-khayyam-
a-fernando-pessoa-em-louvor-do-tintol-por-carlos-loures/

https://aventar.eu/2009/10/23/a-maquina-do-tempo-cancoes
-de-beber-de-omar-khayyam-a-fernando-pessoa/

http://alfredo-braga.pro.br/poesia/rubaiyat.html

https://www.incm.pt/portal/bo/produtos/
anexos/10169420100430164438154.pdf

http://www.escritas.org/pt/t/731/rubaiyat

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Jo%C3%A3o_XXIII

https://pt.wikipedia.org/wiki/Omar_Khayyam

http://www.conceptdraw.com/examples/boat-ship-vector

https://br.depositphotos.com/

http://www.wlym.com/antidummies/part51.html

http://www.redesemfronteiras.com.br/noticia_ver.php?id=822

http://kr.vonvon.me/loading/quiz/2836

https://www.dreamstime.com/

http://namo-narayan.blogspot.com.br/

http://vitoriatudodebom2023.blogspot.com.br/

 

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