DIDEROT
(Pensamentos)

 

 

 

Denis Diderot

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Texto

 

 

 

Este texto apresenta para reflexão alguns pensamentos de Denis Diderot – humanista francês de formação jesuítica que, à sua maneira, acreditava na existência de Deus, mas que, segundo ele, vivia muito feliz com os ateus, apesar de, aos treze anos, ter vestido a batina e recebido a tonsura – que acabou não as mantendo.

 

 

 

Breve Biografia de Diderot

 

 

 

O filósofo e escritor francês Denis Diderot nasceu em Langres, na França, em 5 de outubro de 1713, e morreu em Paris, em 31 de julho de 1784. Educado em colégio de jesuítas, recebeu sólida instrução humanística. Em 1732, instalou-se em Paris. Viveu apenas de traduções. Depois, dedicou-se à direção editorial da Enciclopédia ou Dicionário Lógico das Ciências, Artes e Ofícios, obra gigantesca que preparará ideologicamente a Revolução Francesa.

 

Encarregado pelo livreiro Lebreton de traduzir para o francês a enciclopédia inglesa Cyclopædia, de Ephraim Chambers, Diderot transformou o projeto em obra autônoma, suma das tendências científicas, sociais, econômicas e políticas do Século das Luzes (século XVIII). Em 1750, surge o Prospecto da Enciclopédia, de autoria de Diderot, para incentivar a subscrição popular da obra, sendo mais um manifesto do que um programa editorial.

 

Compartilhando a direção da Enciclopédia com d'Alembert, cujo Discurso Preliminar, no início do primeiro volume, é uma exposição de princípios filosóficos, Diderot se entregou a uma tarefa que o absorveria durante dezesseis anos.

 

Diderot tinha fé no progresso contínuo; tinha a certeza de que a ciência fornece a chave dos enigmas do mundo, de que a religião deve se circunscrever a uma modesta tarefa de regrar o comportamento prático do homem, de que a tecnologia irá construir o futuro econômico das sociedades e de que a política é a arte de eliminar as desigualdades sociais.

 

A maior parte da obra de Diderot só foi publicada depois de sua morte, inclusive a correspondência com Sophie Volland (1759 – 1774), sua última namorada, publicada em 1830, um dos melhores epistolários da Literatura Francesa.

 

Enfim, existe uma anedota sobre Leonhard Paul Euler (1707 – 1783) – um dos mais proeminentes matemáticos do século XVIII – e Denis Diderot, quando este estava em São Petersburgo tentando influenciar a corte russa com o seu ateísmo, e Euler foi chamado a intervir. Euler afirmou ter uma prova matemática irrefutável da existência de Deus, e teria dito: 'Monsieur, , donc, Dieu existe.' Respondez! Senhor, , portanto, Deus existe. Respondei! Diderot não teria conseguido responder, e retirou-se humilhado sob os risos da corte. Esta anedota é completamente falsa. Ora, se esta sacanagem matemática tivesse sido feita comigo, em São Petersburgo ou no raio que o parta, eu teria respondido:Grande Euler: como a = 0 e b = 0, valha n o quanto valer, então, x = 0. Logo, um Deus onipotente, como querem vosselência e os teólogos de plantão, não existe, porque, seja em termos matemáticos, seja em termos teológicos, Deus nunca existiu nem poderá existir. Deus só existe – e existe, sim em nossos Corações, porque, neste caso, diferente da vossa propositura, a e b . Logo, em cada um de nós, Deus . Homo Deus est. Deus Homo est. Faz outra gracinha, que esta não colou. Grande Euler, lembre-se sempre das sábias palavras de Edward George Bulwer-Lytton: 'Aquele que desejar pescar um Rosa+Cruz deve cuidar de não turvar a água.' Tentar sacanear um Rosa+Cruz dará sempre em águas de bacalhau.

 

 

 

 

 

 

Pensamentos Diderotianos

 

 

 

Coisas das quais nunca se duvidou jamais foram provadas.

 

Influência da brevidade do tempo sobre os trabalhos dos homens: suponde que um astrônomo demonstrasse geometricamente que daqui a mil anos um planeta no seu percurso cortará a órbita terrestre precisamente no momento e no ponto em que a Terra ali se encontrar e que a destruição da Terra será a conseqüência desta enorme colisão. A languidez irá, então, se apoderar de todas as atividades; não haverá mais ambição, monumentos, poetas, historiadores e, talvez, tampouco, guerreiros ou guerras. Cada um cultivará o seu jardim e plantará as suas couves. Sem desconfiarmos, caminhamos todos para a eternidade.

 

 

— Eternidade? O que é isso?

 

 

Dizem que o desejo é produto da vontade, mas dá-se o oposto: a vontade é que é produto do desejo.

 

É tão arriscado acreditar em tudo como não acreditar em nada.

 

A paixão destrói mais preconceitos do que a Filosofia.

 

Ter escravos não é nada. O que se torna realmente intolerável é ter escravos chamando-lhes cidadãos.

 

Os grandes serviços são como grandes peças de ouro ou de prata que raramente a gente tem ocasião de empregar; mas, as pequenas atenções são moeda corrente que se tem sempre à mão.

 

De todos os homens que vemos, aquele de quem menos nos lembramos somos nós mesmos.

 

Nunca duvidei que o estado dos nossos órgãos e dos nossos sentidos têm muita influência sobre a nossa metafísica e sobre a nossa moral, e que as nossas idéias mais puramente intelectuais dependem de muito perto da conformação do nosso corpo.

 

Se um homem – que só enxergou por um dia ou dois – se visse confundido no meio de um povo de cegos, deveria tomar a decisão de se calar ou de passar por louco.

 

As licenças de linguagem nos escapam e unicamente a verdade dos termos nos impressiona.

 

Uma vantagem do cálculo é a de excluir as hipóteses falsas pelas possíveis contradições que possam subsistir entre o resultado e o fenômeno.

 

 

 

 

Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga.

 

Apenas há um dever: o de sermos felizes.1

 

A sabedoria não é outra coisa senão a ciência da felicidade.

 

Aquele que, de algum modo, condena o seu semelhante à felicidade é feliz.

 

Nem que seja para fazer alfinetes, o entusiasmo é indispensável para sermos bons no ofício que escolhemos.

 

Se a razão é uma dádiva do céu, e se o mesmo se pode dizer quanto à fé, o céu nos deu dois presentes incompatíveis e contraditórios.

 

Quando um padre apóia uma inovação, ela é má; quando se lhe opõe, ela é boa.

 

Se, quando somos ricos, temos tudo, qual o interesse em termos mérito e virtude?2

 

A superstição ofende mais a Deus do que o ateísmo.

 

O que faz com que homens sejam homens é a imaginação.

 

A beleza, para um cego, não é senão uma palavra, quando separada da utilidade, e com um órgão a menos, quanta coisa há cuja utilidade lhe escapa!

 

Devemos estar atentos às impressões que os objetos nos causam, e somente a experiência nos ensina a comparar as sensações com o que as ocasiona.

 

O dinheiro dos tolos é o patrimônio dos espertos.3

 

Um dia, perguntaram a alguém se havia ateus verdadeiros. — Você acredita — respondeu ele — que haja cristãos verdadeiros?

 

Nenhum homem recebeu da Natureza o direito de comandar os outros homens.

 

 

 

 

Não se retém quase nada sem o auxílio das palavras, e as palavras quase nunca bastam para transmitir precisamente o que se sente.

 

Cada século tem um espírito que o caracteriza: o espírito do nosso parece ser o da liberdade.

 

A ignorância não fica tão distante da verdade quanto o preconceito.

 

A cólera prejudica o repouso da vida e a saúde do corpo; ofusca o entendimento e cega a razão.

 

A crença em um Deus produz e deve produzir quase tantos fanáticos quantos crentes. Por toda a parte em que se admite um Deus, existe um culto; em todo o lugar onde existe um culto, a ordem natural dos deveres morais é derrubada, e a moral corrompida. Cedo ou tarde, chega um momento em que a noção que impediu de roubar um tostão faz degolar cem mil homens.

 

A voz da consciência e a voz da honra são bem fracas quando as tripas gritam.

 

Por que punir o culpado quando não resulta qualquer vantagem do seu castigo?

 

Só se recorre às invectivas quando faltam as provas.

 

Escolhe cedo um ideal que possa perdurar por toda a tua vida.

 

Ninguém gosta mais de falar do que os gagos; ninguém gosta mais de caminhar do que os coxos.

 

Aquele que se analisou a si mesmo está deveras adiantado no conhecimento dos outros.

 

Penso que seja indispensável fazer um grande mal momentâneo para que venha a ser possível um grande bem duradouro.

 

Estou mais seguro da minha capacidade de julgar do que dos meus olhos.4

 

É fácil criticar corretamente. Difícil é executar mediocremente.

 

Não existe nada tão raro como um homem inteiramente mau, a não ser, talvez, um homem inteiramente bom.

 

Uma palavra grosseira e uma expressão bizarra me ensinam, por vezes, mais do que dez belas frases.

 

O que hoje é, para nós, um paradoxo, será, na posteridade, uma verdade demonstrada.

 

A maior infelicidade para um artista é ter um adversário sem talento.

 

Se tudo, cá na Terra, fosse excelente, não haveria nada de excelente.

 

Não há nada como as grandes paixões para elevar a alma às coisas grandes.

 

Como mal quando tenho apenas o pão possível.

 

Não lamento os homens; os homens se refazem. Não lamento o ouro dos tesouros; os tesouros voltam a se encher. Mas, quem restituirá a estes povos os anos que vão passando?

 

 

 

 

Abalar a nação para consolidar o trono e saber suscitar uma guerra. Estes foram os conselhos de Alcibíades a Péricles.

 

O consentimento dos homens reunidos em sociedade é o fundamento do poder. Aquele que só se estabelece pela força, só pela força pode subsistir.

 

Aquele que fala contigo dos defeitos dos outros, com os outros fala dos teus.

 

Há homens cujo ódio nos glorifica.

 

Há quem morra desconhecido por não ter tido um teatro diferente.

 

A razão sem algumas paixões seria quase um rei sem súditos.5

 

Clama-se incessantemente contra as paixões; imputam-se-lhes todos os males do homem, esquecendo que elas são também a fonte de todos os seus prazeres.

 

Só precisam de moral e de virtude os que obedecem.6

 

Não existe antídoto mais poderoso contra a baixa sensualidade do que a adoração da beleza.

 

Em matéria de moda, são os loucos que ditam a lei aos sensatos e as cortesãs que a impõem às mulheres honestas.

 

Os meus pensamentos são a minha perdição.7

 

Quando os ódios rebentam, todas as reconciliações acabaram.

 

A necessidade satisfaz, o restante pertence ao fisco.

 

Colocar as coisas em ordem sempre significa que outras pessoas fiquem sob seu controle.

 

A criança como o homem e o homem como a criança preferem se divertir a se instruir.

 

Uma única demonstração me impressiona mais do que cinqüenta fatos.

 

Em geral, quanto mais um povo é civilizado, educado, menos os seus costumes são patéticos; tudo se atenua ao se tornar melhor.

 

Só Deus e alguns gênios raros continuam a avançar pelo campo da novidade.

 

Existem, hoje, cinqüenta mil patifes que dizem o que querem a dezoito milhões de imbecis.

 

As coisas de que mais se fala entre os homens são quase sempre aquelas de que menos se sabe.

 

Há muito tempo que o papel de sensato é perigoso entre os doidos.

 

Os erros passam; a verdade fica.

 

 

 

 

Em qualquer país em que o talento e a virtude não produzam progresso, o dinheiro será a divindade nacional.

 

Cospe-se num bandido menor, mas não se pode recusar uma espécie de consideração a um grande criminoso.8

 

Faça-se aquilo que se fizer, nunca se perde a honra quando se é rico.9

 

Ignoro o que sejam princípios, a não ser que se tratem de regras que se prescrevem aos outros para nosso proveito.

 

O espírito diz coisas deveras belas, mas só faz banalidades.

 

Não se é sempre estúpido por havê-lo sido várias vezes.10

 

O que é a virtude? Bem, seja qual o aspeto pela qual a encaremos, a virtude é sempre um sacrifício de nós próprios.

 

O primeiro passo para se estudar Filosofia é a incredulidade.

 

Ser sensível é uma coisa e ser sensato é outra. Ser sensível tem a ver com a alma; ser sensato, com a razão.

 

Todos querem ter amigos, mas ninguém quer ser.

 

Erram tanto o que suspeita demais quanto o que demais confia.

 

A paixão quer que tudo seja eterno, mas a Natureza impõe que tudo acabe.

 

Ao que quer que seja que o homem se dedique, a Natureza a isto o predestinava.11

 

Tudo se destrói, tudo perece, tudo passa; só o mundo é que fica. Só o tempo é que dura.

 

Do fanatismo à barbárie não mais do que um passo.

 

O verdadeiro mártir espera a morte; o arrebatado procura-a.

 

A mulher é o primeiro domicílio do homem.

 

Quem quiser escrever a respeito de mulheres deverá molhar a pena nas cores do arco-íris e secar a tinta com a poeira dourada das borboletas.

 

O talento é imperdoável.

 

A Geometria é uma espécie de Metafísica geral. As Matemáticas não conduzem a nada de preciso sem a experiência.

 

 

Dodecahedron

 

 

O interesse da verdade exigiria que os que refletem, enfim, se dignassem a se associar aos que se mexem, a fim de que o especulativo fosse dispensado de se entregar ao movimento; que o obreiro tivesse uma meta nos movimentos infinitos a que se entrega; que todos os nossos esforços se encontrassem, ao mesmo tempo, unidos e dirigidos contra a resistência da Natureza; e que, em uma espécie de liga filosófica, cada um fizesse o papel que lhe convém.

 

Há três principais meios de adquirir conhecimento: a observação da Natureza, a experimentação e a reflexão. A observação recolhe fatos; a reflexão os combina; a experimentação verifica o resultado desta combinação. Nossa observação da Natureza deve ser diligente, nossa reflexão deve ser profunda e nossas experiências devem ser exatas. Raramente vemos estes três meios combinados; e, por esta razão, os gênios criativos não são comuns.

 

Quando a superstição é autorizada a executar qualquer tarefa, estupidifica o temperamento humano, e podemos dizer adeus a toda excelência na poesia, na pintura e na música.

 

Vagando, à noite, em uma vasta floresta, eu tenho apenas uma luz fraca para me guiar. Um estranho aparece e me diz: — Meu amigo, você deve apagar a vela, a fim de encontrar o seu caminho de forma mais clara. Este estranho é um teólogo.

 

Em tenra idade, eu bebia o leite de Homero, Virgílio, Horácio, Terêncio, Anacreonte, Platão e Eurípedes, diluído com o de Moisés e os profetas.12

 

Se você recordar a história – a fim de sustentar a causa de Deus – verá que metade dos homens se banhou no sangue da outra metade, sempre violando os sentimentos fundamentais de fraternidade, como se fosse imperativo que para provar ser um bom religioso seja necessário deixar de ser um homem!

 

O Catolicismo, muitas vezes, em vez de esclarecer, dá origem a uma multidão infinita de obscuridades e dificuldades.

 

Eu acredito em Deus, embora eu viva muito feliz com os ateus.

 

O maior privilégio de nossa razão consiste em não acreditar em qualquer coisa pelo impulso de um instinto cego e mecânico. O homem nasceu para pensar por si mesmo.

 

Proibir a discussão sobre qualquer tema é perpetuar o reinado da ignorância e da barbárie.

 

Os filósofos nunca mataram sacerdotes, enquanto os padres mataram um sem-número de filósofos.

 

O sinal exterior de riqueza para um número pequeno, a máscara da pobreza para a maioria e uma fonte de corrupção para todos.

 

Os loucos mais perigosos são aqueles criados pela religião, e determinadas pessoas, cujo objetivo é dividir a sociedade, sempre sabem como fazer bom uso deles na ocasião oportuna.13

 

Qual é o maior mérito: iluminar a raça humana, que permanece para sempre, ou salvar uma pátria, que é perecível?

 

O bem do povo deve ser o grande propósito de um Governo. Pelas leis da Natureza e da razão, os Governos estão investidos de poder para este fim. E o maior bem do povo é a liberdade. A liberdade é para o Estado o que a saúde é para o indivíduo.

 

Torne sincero o pirrônico e você terá o cético.14

 

O ceticismo é, portanto, o primeiro passo para a verdade.

 

Nada mais filosófico nem mais exato, em mil circunstâncias, do que esta expressão familiar: está sonhando! Porque não há nada mais comum do que homens que imaginam estar raciocinando, quando não fazem mais do que sonhar de olhos abertos.

 

Senhora, quando colocamos os conhecimentos humanos na Balança de Montaigne, não estamos longe de adotar sua divisa. Pois, o que sabemos? O que é a matéria? O que são o espírito e o pensamento? O que é o movimento, o espaço e a duração? As verdades geométricas? Não sabemos absolutamente nada. Interrogai os matemáticos de boa-fé e eles vos confessarão que suas proposições são todas idênticas, e que tantos volumes sobre o círculo, por exemplo, reduzem-se a nos repetir de cem mil maneiras diferentes que é uma figura onde todas as linhas tiradas do centro à circunferência são iguais.

 

 

Disco de Newton

 

 

À exceção das questões de Matemática, que não comportam a menor incerteza, há o pró e o contra em todas as outras. A balança nunca é, pois, igual, e é impossível que ela não penda para o lado que acreditamos ser o mais verossímil.

 

Eu sou uno; disto eu não saberia duvidar.

 

Deixei para o final a sentença que exprime o pensamento de Diderot sobre a nobreza e o clero: O homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as tripas do último padre. Com esta frase, Diderot quis dizer que todas as religiões e todos os autoritarismos e totalitarismos deveriam ser completamente derrubados, para que a Humanidade pudesse ser efetivamente livre. Por isto, Diderot é considerado por muitos um precursor da Filosofia Anarquista.15

 





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Notas:

1. Primeiro: se o único dever é ser feliz, qual o valor da(s) virtude(s)? Segundo: o que é exatamente a felicidade? Terceiro: aquilo que é popularmente entendido como felicidade nada mais é do que uma anestesiante ilusão. Quarto: felicidade como coisa conquistada, absoluta e definitiva não existe; o estado de Felicidade é um processo permanente de conquistar.

2. Penso que mérito e virtude independam de riqueza. José de Arimatéia, por exemplo, era rico, senador e membro do Sanhedrin (Sinédrio) – o Colégio dos mais altos magistrados do povo judeu. Entretanto... Bem, você conhece a história.

3. Isto é um fato. E o exemplo mais recente é o da crise econômica de 2008 – 2011, também chamada de Grande Recessão – um desdobramento da crise financeira internacional precipitada pela falência do tradicional banco de investimento estadunidense Lehman Brothers, fundado em 1850. Em efeito dominó, outras grandes instituições financeiras quebraram, no processo também conhecido como crise dos subprimes. A crise dos subprimes foi uma crise financeira desencadeada em 2006, a partir da quebra de instituições de crédito dos Estados Unidos, que concediam empréstimos hipotecários de alto risco (em inglês: subprime loan ou subprime mortgage), arrastando vários bancos para uma situação de insolvência e repercutindo fortemente sobre as bolsas de valores de todo o mundo. A crise foi revelada ao público a partir de fevereiro de 2007, como uma crise financeira, no coração do sistema. Uma crise grave, portanto, e segundo muitos economistas, a mais grave desde 1929, com possibilidades, inclusive, de se transformar em uma crise sistêmica, entendida como uma interrupção da cadeia de pagamentos da Economia global – que tenderia a atingir generalizadamente todos os setores econômicos. Um prenúncio, portanto, da crise econômica de 2008. Os subprimes incluíam desde empréstimos hipotecários até cartões de crédito e aluguel de carros, e eram concedidos, nos Estados Unidos, a clientes sem comprovação de renda e com histórico ruim de crédito os chamados clientes ninja (do acrônimo, em inglês, no income, no job, no assets, ou seja: sem renda, sem emprego, sem patrimônio). Estas dívidas só eram honradas mediante sucessivas rolagens, o que foi possível enquanto o preço dos imóveis permaneceu em alta. Esta valorização contínua dos imóveis permitia aos mutuários obter novos empréstimos, sempre maiores, para liquidar os anteriores em atraso, dando o mesmo imóvel como garantia. As taxas de juros eram pós-fixadas, isto é, determinadas no momento do pagamento das dívidas. Quando os juros dispararam nos Estados Unidos com a conseqüente queda do preço dos imóveis houve inadimplência em massa. A queda nos preços de imóveis, a partir de 2006, arrastou vários bancos para uma situação de insolvência, repercutindo fortemente sobre as bolsas de valores de todo o mundo. Como os empréstimos subprime eram dificilmente liquidáveis, isto é, como não geravam nenhum fluxo de caixa para os bancos que os concediam, estes bancos arquitetaram uma estratégia de securitização destes créditos. Para diluir o risco destas operações duvidosas, os bancos americanos credores juntaram-nas aos milhares, e transformaram a massa daí resultante em derivativos negociáveis no mercado financeiro internacional, cujo valor era cinco vezes superior ao das dívidas originais. Assim, criaram-se títulos negociáveis cujo lastro eram estes 'créditos podres'. Foi a venda e a compra, em enormes quantidades, destes títulos lastreados em hipotecas subprime que provocou o alastramento da crise, de origem estadunidense, para os principais bancos do mundo. Por uma razão que se desconhece (embora possa estar ligada a um lobby ou a uma pressão de alguns congressistas americanos para o lastreamento destes títulos, por haver interesse da parte deles pelos rendimentos do subprime, o que sugere uma ligação com alguns banqueiros), e que hoje, após o estouro, ainda deixa pasmos muitos analistas, tais papéis, lastreados em quase nada, obtiveram o aval das agências internacionais de classificação risco de renome até então inquestionável que deram a eles a sua chancela máxima AAA normalmente dada a títulos tão sólidos quanto os do Tesouro dos EUA, tornando-os muito mais confiáveis do que os bônus do Governo Brasileiro, por exemplo. Com esta benevolente classificação de risco, tanto os investidores como os fundos de investimento e os bancos passaram a disputar a aquisição destes títulos, no mundo todo, e estes títulos passaram a servir como garantia para a tomada de novos empréstimos bilionários, alavancados na base de 20 para 1. A partir do 18 de julho de 2007, a crise do crédito hipotecário provocou uma crise de confiança geral no sistema financeiro e falta de liquidez bancária, ou seja, falta de dinheiro disponível para saque imediato pelos correntistas dos bancos. Mesmo os bancos que não trabalhavam com os chamados 'créditos podres' foram atingidos. O banco britânico Northern Rock, por exemplo, não tinha hipoteca-lixo em seus livros, mas adotava uma estratégia arriscada, qual seja: tomar dinheiro emprestado a curto prazo (a cada três meses) das instituições financeiras, para emprestá-lo a longo prazo (em média, vinte anos), aos compradores de imóveis. Repentinamente, as instituições financeiras deixaram de emprestar dinheiro ao Northern Rock, que, assim, no início de 2007, acabou por se tornar o primeiro banco britânico a sofrer intervenção governamental, desde 1860. Na seqüência, temendo que a crise tocasse a esfera da Economia real, os Bancos Centrais foram conduzidos a injetar liquidez no mercado interbancário, para evitar o efeito dominó, com a quebra de outros bancos, em cadeia, e que a crise se ampliasse em escala mundial. Ou seja: $acanagem Financeira Global.

4. Aqui, Diderot coloca a razão acima de qualquer outra coisa.

5. Ora, razão com algumas paixões não é razão; é desrazão travestida de razão. E os súditos da desrazão são sempre filhotes de imperativos hipotéticos.

6. Acho que Diderot quis dizer (eu, pelo menos, penso assim) é que um ser-no-mundo categoricamente virtuoso, que se esforça para que sua moral se aproxime da Ética Cósmica, não se preocupa com o que está estabelecido nos códigos, pois, ele os segue e os respeita naturalmente, desde que os códigos não...

7. Eu já penso diferente, pois, sem os meus pensamentos eu seria menos do que bosta boiando na Praia de Copacabana.

 

 

 

 

8. Você lembra da grande sacanagem nacional do mensalão? Pois é. Está começando a cheirar a pizza de Macrobrachium rosenbergii podre! A última grande notícia sobre esta espurcícia federal foi dada pelo Ex.mo Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal: — Com relação a alguns crimes, não há dúvida nenhuma que poderá ocorrer a prescrição. Isto é: perda de uma pretensão pelo decurso do tempo. Características da prescrição:

• Extingue tão-somente a pretensão; o direito subjetivo continua a existir.
• O prazo é somente estabelecido por Lei.
• Não corre contra aqueles que estiverem sob a égide (proteção) das causas de interrupção ou suspensão prevista em Lei.
• Conforme recente reforma do Código de Processo Civil, introduzida pela Lei nº 11.280/2006, a prescrição pode ser pronunciada de ofício pelo magistrado, antes mesmo da citação da parte ré (art. 219, § 5º, do CPC).
• Após sua consumação, pode ser renunciada pelo prescribente.

 

Eu me odeio.
Por quê?
Porque eu acreditei!

 

Para ler a entrevista completa do Ex.mo Senhor Ministro Ricardo Lewandowski sobre este assunto, por favor, dirija-se a:

http://www1.folha.uol.com.br/

 

9. Não pude deixar de me lembrar da miséria e da pobreza da França do século XIX. E não pude deixar de me lembrar também de Jean Valjean (perseguido pelo inspetor Javert a vida inteira), protagonista da obra Les Misérables (Os Miseráveis), uma das principais obras escritas pelo escritor francês Victor Hugo (Besançon, 26 de fevereiro de 1802 – Paris, 22 de maio de 1885), que serviu durante dezenove anos nas galés (cinco por furtar um pão para sua irmã e seus sete sobrinhos, que estavam passando fome, e mais catorze por inúmeras tentativas de fuga). Eu que, no passado, já furtei quase tudo que se possa imaginar – canetas esferográficas, clipes, lápis, leite, sobremesas variadas, reagentes de laboratório, guarda-chuvas, livros, camisas-de-vênus, corações et cetera e tal – seria condenado à life imprisonment without parole.

10. Este é exatamente o meu caso. Furtei; já confessei. Hoje, (quase) não furto mais, porque idéias, estas, sim, eu continuo furtando. Só que não sou egoísta; robinhoodianamente dou tudo.

11. Isto – claro! – não é sempre assim. Eu, por exemplo, fui químico; mas gostaria de ter sido médico.

12. Mutatis mutandis, em um certo sentido, isto também aconteceu comigo.

13. Exemplo: Silas, filiado à Opus Dei. Consulte The Da Vinci Code (O Código Da Vinci), de autoria de Dan Brown. No filme, Silas é interpretado pelo ator inglês Paul Bettany.

14. O pirrônico é definido por Diderot como um cético de má-fé, isto é, como um filósofo que põe em dúvida tudo, até a existência do mundo exterior, ao passo que o cético propriamente dito é entendido como um pirrônico sincero.

15. Como frase de efeito, O homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as tripas do último padre, vá lá. Como convicção ou instigação, é criminosa.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://revistas.ufg.br/index.php/
philosophos/article/view/5442

http://alcindodesouza.blogspot.com/
2011/06/educacao-efeito-mec-nas-escolas.html

http://www.4shared.com/get/6mcsKs3H/
DIDEROT_Cartas_sobre_os_cegos_.html

http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_an
teriores/anais15/Sem10/isabelmachado.htm

http://educacao.uol.com.br/
biografias/denis-diderot.jhtm

http://zuiderzeemuseum.netfirms.com/

http://artie.com/gif/arg-readin-cpu.htm

http://www.positiveatheism.org/
hist/quotes/diderot.htm

http://www.migalhas.com/mostra
_noticia_amanhecidas.aspx?cod=142694

http://books.google.com.br/

http://www.spiraloflight.com/ls_sacred.html

http://www.citador.iol.pt/citacoes.php?
cit=1&op=17&author=9&firstrec=0

http://www.frases.mensagens.nom.br/
frases-autor-d2-diderot.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Prescri%C3%A7%C3%A3o#Difere
n.C3.A7as_entre_prescri.C3.A7.C3.A3o_e_decad.C3.AAncia

http://www.riverlorian.com/riversrevealed.htm

http://pensador.uol.com.br/
autor/denis_diderot/3/

http://pensador.uol.com.br/
autor/denis_diderot/2/

http://pensador.uol.com.br/
autor/denis_diderot/

http://www.citador.pt/
frases/citacoes/a/denis-diderot

http://www.citador.pt/
textos/a/denis-diderot

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Denis_Diderot

http://aryanism.net/politics/
national-socialism-and-nazism/

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Crise_dos_subprimes

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Jos%C3%A9_de_Arimateia

http://pt.wikiquote.org/
wiki/Denis_Diderot

 

Música de fundo:

Ah!, ça ira!

Fonte:

http://www.youtube-mp3.org/#v=-srLjMRjoVI

 

Observação:

Esta foi a canção mais popular da Revolução Francesa. Em português, o sentido de de Ah!, ça ira! é: tudo vai ficar bem ou nós venceremos.