O
Dharma
Quando
contemplamos a história das nações, podemos
ouvir a Palavra Especial do Eterno da boca coletiva do povo pronunciada
como ação, como a contribuição daquela
nação à Humanidade perfeita e ideal. A Palavra
dada ao antigo Egito foi Religião; para a Pérsia a
Palavra foi Pureza; para a Caldéia, a Palavra foi Ciência;
para a Grécia, Beleza; para Roma, Lei; e para a Índia,
a Palavra é 'Dharma', que resume todas em uma. Esta é
a Palavra da Índia para o mundo.
Não
há nada de absoluto em um Universo condicionado (a imagem
da Palavra de 'Ishvara' refletida em 'Mâyâ'). O certo
e o errado são relativos, e devem ser julgados em relação
ao indivíduo e aos seus deveres. 'Melhor cumprir o próprio
'Dharma', ainda que destituído de mérito, do que cumprir
com perfeição o 'Dharma' alheio. Aquele que cumpre
o 'Dharma' estabelecido por sua própria natureza não
incorre em pecado'. (Bhagavad Gita). Isto pode ser resumido da seguinte
forma: em um Universo condicionado, não se pode encontrar
certo e errado absolutos, mas, apenas, certos e errados relativos.
O Absoluto só existe em Ishvara, e só lá, para
sempre, Ele há de ser encontrado.
O
'Dharma' às vezes é traduzido como Dever, às
vezes como Lei, outras como Retidão, e outras como Religião,
mas, na verdade, Ele significa tudo isso, e mais do que tudo isso
junto. Então, 'Dharma' é a natureza interna que atingiu
em cada homem um certo estágio de desenvolvimento e de expressão.
A primeira idéia a compreendermos é que o 'Dharma'
não é uma coisa externa, como a Lei, a Retidão,
a Religião ou a Justiça. É a Lei da Vida em
desdobramento que modela tudo em seu redor para a expressão
de Si-mesma. E também é a natureza interna de uma
coisa em qualquer estágio dado da evolução,
e a lei do próximo estágio de seu desenvolvimento
– a natureza no ponto em que atingiu de desenvolvimento, e,
então, a lei que rege o seu estágio seguinte de desdobramento.
Assim, a perfeição deve ser atingida cumprindo cada
um o seu próprio 'Dharma'. Em resumo: 'Dharma' é o
estágio de evolução que uma natureza atingiu
ao desenvolver a semente de Vida Divina, que é ela-mesma,
mais a Lei da Vida de acordo com a qual a próxima etapa deve
ser seguida por essa mesma natureza. Logo, o objetivo imediato não
é aquilo que é melhor em si-mesmo, mas aquilo que
é melhor para essa natureza em seu estágio atual,
e que leva um passo à frente. Mas é preciso considerar
a época própria para que a Lei da Vida em evolução
não seja violada.
A
perfeição do Universo é a perfeição
na variedade e na harmonia das partes inter-relacionadas. A imagem
de 'Ishvara' em a Natureza jamais será perfeita antes que
cada parte seja completa em si-mesma e em suas relações
com as outras.
Assim,
as diferenças são necessárias para nossa consciência
condicionada. Pensamos através das diferenças, sentimos
através das diferenças e conhecemos através
das diferenças. Somente através delas é que
sabemos que somos pessoas vivas e pensantes. A Unidade não
causa impressão alguma na consciência. As diferenças
e as diversidades são as coisas que tornam possível
o crescimento da consciência. A Consciência Não-condicionada
está além do alcance de nosso pensamento. Só
podemos pensar dentro dos limites do separado e do condicionado.