DESMOND TUTU

(Pensamentos e Advertências)

 

 

 

 

Desmond Mpilo Tutu

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo apresenta para reflexão alguns pensamentos e algumas advertências do clérigo e pacifista Desmond Mpilo Tutu, Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra o apartheid em seu País natal e o primeiro negro a ocupar o cargo de Arcebispo da Cidade do Cabo, tendo sido, também, o Primaz da Igreja Anglicana da África Austral, entre 1986 e 1996.

 

No Voto de Louvor ao Arcebispo Desmond Mpilo Tutu, em face da intensa luta e das grandes vitórias em prol da paz mundial, notadamente com o fim do apartheid na África do Sul, Requerimento nº 115, de 2006, do Senador Paulo Paim, tendo como relator o Senador Eduardo Matarazzo Suplicy, está escrito: A consolidação da Democracia na África do Sul é um exemplo que deve ser saudado por todos os defensores da Democracia. Esse êxito só foi possível graças a postura de estadista de dois personagens que marcaram a história do século XX: Nelson Mandela e o Bispo Desmond Mpilo Tutu.

 

 

 

 

 

A violência é uma enfermidade evitável

 

 

 

 

 

enhum Estado ou indivíduo pode estar seguro em um mundo inseguro. Os valores da não-violência – tanto nas intenções, quanto nos pensamentos e nas ações – deixaram de ser uma alternativa para se tornarem uma necessidade. Estes valores se expressam em sua aplicação nas relações entre Estados, entre grupos e entre indivíduos.

 

Estamos convencidos de que a adesão aos princípios da não-violência promoverá uma ordem mundial mais civilizada e pacífica, na qual uma governança mais justa e eficaz e o respeito à dignidade humana e à sacralidade da própria vida possam se tornar realidade.

 

Nossas culturas, nossas histórias e nossas vidas individuais estão interconectadas e nossas ações são interdependentes. Hoje, como nunca antes, acreditamos que estamos diante de uma verdade: nosso destino é um destino comum. Este destino será determinado por nossas intenções, nossas decisões e nossas ações de hoje.

 

Estamos firmemente convencidos de que criar uma cultura de paz e de não-violência, apesar de um processo longo e difícil, é um objetivo nobre e necessário. Afirmar os valores contidos nesta Carta é um passo de vital importância para garantir a sobrevivência e o desenvolvimento da Humanidade e alcançar um mundo sem violência.

 

Nós, pessoas e organizações premiadas com o Prêmio Nobel pela Paz, reafirmando nosso compromisso com a Declaração Universal dos Direitos humanos;

 

Movidos pela necessidade de pôr fim à propagação da violência em todos os níveis da sociedade e, sobretudo, às ameaças que em nível global colocam em risco a própria existência da Humanidade;

 

Reafirmando que a liberdade de pensamento e de expressão está na raiz da Democracia e da criatividade;

 

Reconhecendo que a violência se manifesta de muitas formas, seja como conflito armado, ocupação militar, pobreza, exploração econômica, destruição ambiental, corrupção e preconceitos de raça, religião, gênero ou orientação sexual;

 

Percebendo que a glorificação da violência, como expressa através da indústria do entretenimento, pode contribuir para a aceitação da violência como condição normal e aceitável;

 

Conscientes de que os mais prejudicados pela violência são os mais fracos e vulneráveis;

 

Lembrando que a paz não é apenas a ausência de violência, mas a presença de justiça e de bem-estar para as pessoas;

 

Considerando que a falha de os Estados em incluir as diversidades étnicas, culturais e religiosas está na raiz de grande parte da violência no mundo;

 

Reconhecendo a necessidade urgente em desenvolver uma abordagem alternativa de segurança coletiva, baseada em um sistema em que nenhum país ou grupo de países se apóie em armas nucleares para sua segurança;

 

Conscientes de que o mundo necessita de mecanismos e de abordagens globais eficientes para a prevenção e a resolução não-violentas de conflitos, e que eles têm maior êxito quando adotados com antecipação;

 

Afirmando que as pessoas que possuem o poder têm maior responsabilidade de eliminar a violência onde estiver ocorrendo e evitá-la sempre que possível;

 

Convencidos de que os valores da não-violência devem triunfar em todos os níveis da sociedade, assim como na relações entre os Estados e as pessoas;

 

Convocamos a comunidade internacional a apoiar os seguintes princípios:

 

Primeiro: Em um mundo interdependente, a prevenção e o fim dos conflitos armados entre Estados e dentro dos Estados requer uma ação coletiva por parte da comunidade internacional. A melhor maneira de obter a segurança de Estados individuais é promover a segurança humana global. Isto requer o fortalecimento da capacidade de implementação da ONU e das organizações de cooperação regional.

 

Segundo: Para construir um mundo sem violência, os Estados devem sempre respeitar o Estado de Direito e honrar seus compromissos legais.

 

Terceiro: É essencial avançar, sem demora, para a eliminação verificável das armas nucleares e de outras armas de destruição massiva. Os Estados que possuem tais armas devem dar passos concretos em direção ao desarmamento e adotar um sistema de defesa que não se apóie na ameaça nuclear. Ao mesmo tempo, os Estados devem empenhar-se em consolidar um regime de não-proliferação nuclear, tomando medidas como o fortalecimento de verificações multilaterais, proteção de material nuclear e avanço do desarmamento.

 

Quarto: Para eliminar a violência na sociedade, a produção e a venda de armas pequenas e leves deve ser reduzida e rigorosamente controlada nos níveis internacional, estatal, regional e local. Além disso, deve haver uma aplicação total e universal dos acordos internacionais de desarmamento, como o Tratado para Erradicação de Minas, de 1997, e o apoio de novos esforços para eliminar o impacto das armas indiscriminadas e ativadas pelas vítimas, como por exemplo as bombas de fragmentação.

 

Quinto: O terrorismo jamais pode ser justificado, pois violência gera violência, e porque nenhum ato de terror contra a população civil de qualquer país pode ser realizado em nome de causa alguma. Mas a luta contra o terrorismo não pode justificar a violação de direitos humanos, leis humanitárias internacionais ou normas civilizatórias e democráticas.

 

Sexto: Eliminar a violência doméstica e familiar requer respeito incondicional pela igualdade, liberdade, dignidade e direitos das mulheres, homens e crianças por parte de todos os indivíduos, instituições estatais, religiões e sociedade civil. Tal proteção deve ser incorporada às leis e convenções em nível local e internacional.

 

Sétimo: Todos os indivíduos e Estados partilham da responsabilidade pela prevenção da violência contra crianças e adolescentes – nosso futuro comum e mais precioso dom. Todos eles têm direito à educação de qualidade, cuidados básicos de saúde eficazes, segurança pessoal, proteção social, plena participação na sociedade e um ambiente propício que reforce a não-violência como estilo de vida. A educação para a paz, promovendo a não-violência e enfatizando a qualidade humana inata da compaixão, deve ser parte essencial do currículo das instituições educacionais de todos os níveis.

 

Oitavo: Prevenir os conflitos decorrentes da falta de recursos naturais, principalmente de fontes de energia e água, requer que os Estados, afirmativamente e pela criação de padrões e mecanismos legais, garantam a proteção do meio ambiente e motivem a população a ajustar seu consumo com base na disponibilidade de recursos e nas reais necessidades humanas.

 

Nono: Pedimos às Nações Unidas e aos seus Estados-membros que promovam a apreciação da diversidade étnica, cultural e religiosa. A regra de ouro de um mundo não-violento é: Trata os demais como gostarias de ser tratado.

 

Décimo: Os principais instrumentos políticos que levam ao nascimento de um mundo não-violento são instituições democráticas ativas e o diálogo baseado na dignidade, no conhecimento e no compromisso, conduzidos com base no equilíbrio dos interesses das partes envolvidas e, quando apropriado, incluindo a preocupação com a Humanidade como um todo e a Natureza.

 

Décimo primeiro: Todos os Estados, instituições e indivíduos devem apoiar os esforços para diminuir a desigualdade na distribuição dos recursos econômicos e resolver as desigualdades mais gritantes que constituem solo fértil para a violência. O desequilíbrio nas condições de vida leva inevitavelmente à falta de oportunidades e, em muitos casos, à perda da esperança.

 

Décimo segundo: A sociedade civil, incluindo os defensores dos direitos humanos e da paz e os ativistas ecológicos, devem ser reconhecidos e protegidos como grupos essenciais para a construção de um mundo não-violento, pois todos os Governos devem servir às necessidades de seu povo, não o contrário. Devem ser criadas condições para permitir e incentivar a participação da sociedade civil, especialmente das mulheres, nos processos políticos em nível global, regional, nacional e local.

 

Décimo terceiro: Ao implementar os princípios desta Carta, convidamos todos a trabalhar juntos por um mundo mais justo, livre da prática de matar, em que todos tenham o direito de não ser mortos e a responsabilidade de não matar ninguém. A fim de combater todas as formas de violência, incentivamos a pesquisa científica nos campos da interação e do diálogo humanos, e incentivamos a participação das comunidades acadêmica, científica e religiosa para que nos ajudem na transição para sociedades não-violentas
e livres de assassinatos.

 

Signatários:

 

• Mairead Corrigan Maguire
• Sua Santidade, o Dalai Lama
• Mikhail Gorbachev
• Lech Walesa
• Frederik Willem De Klerk
• Arcebispo Desmond Mpilo Tutu
• Jody Williams
• Shirin Ebadi
• Mohamed ElBaradei
• John Hume
• Carlos Filipe Ximenes Belo
• Betty Williams
• Muhammad Yunus
• Wangari Maathai
• International Physicians for the Prevention of Nuclear War
• Cruz Vermelha
• International Atomic Energy Agency
• American Friends Service Committee
• International Peace Bureau
Apoiadores da Carta
• Walter Veltroni , Ex-prefeito de Roma
• Tadatoshi Akiba, Prefeito de Hiroshima, Presidente de Mayors for Peace
• Agazio Loiero, Governador da Calábria, Itália
• Prof. M. S. Swaminathan, Ex-presidente da Pugwash Conferences on Science and World Affairs, organização laureada como Nobel da Paz
• David T. Ives, Albert Schweitzer Institute
• George Clooney, ator
• Don Cheadle, ator
• Bob Geldof, cantor
• Peace People, Belfast, Irlanda do Norte
• Memoria Collettiva, Associação
• Governo Vasco
• Hokotehi Moriori Trust, Nova Zelândia
• Mundo sem guerras e sem violência
• Centro Mundial de Estudos Humanistas (CMEH)
• A Comunidade (para o desenvolvimento humano), Federação Mundial.

 

 

 

 

 

 

 

Breve Biografia do Arcebispo Tutu

 

 

 

Arcebispo Tutu

 

 

 

Desmond Mpilo Tutu é um bispo anglicano sul-africano. Nascido em Klerksdorp, no Transvaal, em 7 de outubro de 1931, estudou na Escola Normal de Joahannesburgo e, em 1954, na Universidade da África do Sul. Depois de trabalhar como professor secundário, ordenou-se sacerdote anglicano, em 1960. De 1967 a 1972, estudou Teologia na Inglaterra. Em 1975, foi o primeiro negro a ser nomeado deão da catedral de Santa Maria, em Johannesburgo. Sagrado bispo, dirigiu a diocese de Lesoto de 1976 a 1978, ano em que se tornou secretário-geral do Conselho das Igrejas da África do Sul.

 

Sua proposta para a sociedade sul-africana inclui direitos civis iguais para todos; abolição das leis que limitam a circulação dos negros; um sistema educacional comum; e o fim das deportações forçadas de negros. Sua firme posição anti-apartheid – a política oficial de segregação racial que foi abolido por Frederik de Klerk em 1990 e, finalmente, em 1994, quando eleições livres foram realizadas na África do Sul – lhe valeu, em 1984, o Prêmio Nobel da Paz. Recebeu o título de doutor honoris causa de importantes universidades dos Estados Unidos (EUA), do Reino Unido e da Alemanha.

 

Em 1996, presidiu a Comissão de Reconciliação e Verdade, destinada a promover a integração racial na África do Sul, após a extinção do apartheid, com poderes para investigar, julgar e anistiar crimes contra os direitos humanos praticados na vigência do regime. Em 1997, divulgou o relatório final da comissão, que acusa de violação dos direitos humanos tanto as autoridades do regime racista sul-africano como as organizações que lutavam contra o apartheid.

 

Desde o fim do apartheid, Tutu é uma das figuras centrais da política sul-africana. Ao lado de seu amigo, Nelson Mandela, Tutu é respeitado por toda a população de seu País natal por sua luta incansável contra a segregação racial. Certa vez Mandela disse que a voz de Desmond Tutu será sempre a voz dos sem-voz. Desde seu afastamento da política, Tutu tem mantido uma relação estreita com os políticos da África do Sul e tem feito duras críticas ao Governo, acusando os governantes de corrupção e de ineficácia para lidar com a pobreza e com os surtos de xenofobia recentes no País. Tutu também é muito crítico com a elite política do País, e já chegou a dizer em um discurso público que o país estava sentado em um barril de pólvora. As principais críticas de Tutu são de que, uma década após o apartheid, o País não conseguiu amenizar os índices de pobreza. Tutu também não se conforma com a exclusão dos negros em alguns ambientes.

 

Tutu é membro do Comitê da patrocínio da Coordenação internacional para o Decênio da cultura da não-violência e da paz.

 

 

 

Pensamentos e Advertências do Arcebispo Tutu

 

 

 

 

 

 

África, a nação do arco-íris.

 

Não somos amados por sermos bons; somos bons porque somos amados.

 

Se você é neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado do opressor.

 

 

 

Quando os missionários chegaram à África, eles tinham a Bíblia e nós a terra. Disseram-nos: — Vamos rezar. Fechamos nossos olhos. Quando os abrimos, nós é que estávamos com a Bíblia e eles com a terra.

 

Seja gentil com o homem branco, ele precisa de você para redescobrir sua humanidade.

 

Sem perdão não há futuro para o relacionamento entre indivíduos nem entre nações.

 

Você não escolhe a sua família. Ela é um presente de Deus para você, assim como você o é para ela.

 

Uma pessoa é uma pessoa porque ela reconhece os outros como pessoas.

 

Se Deus é homofóbico1, como alguns dizem, eu não O veneraria.

 

Estávamos esperando por alguém mais aberto às recentes mudanças no mundo, à questão da ordenação de mulheres e com uma posição mais razoável quanto aos preservativos e a epidemia de HIV/AIDS. (Declaração feita à BBC em 20 de abril de 2005 quanto à escolha de Joseph Ratzinger como o novo papa).

 

Deus tem tão profunda reverência pela nossa liberdade que prefere nos deixar livres para irmos para o inferno do que nos obrigar a ir para o céu.

 

Ao comentar a necessidade de diálogo e entendimento entre todas as religiões: Dou graças a Deus por ele criar o Dalai Lama. Você realmente pensa que, como alguns defendem, Deus irá dizer: — Você conhece aquele cara, o Dalai Lama, ele não é mau. Que pena que ele não é cristão? Eu não acho que este seja o caso; veja você, Deus não é cristão. Deus pode abraçar a todos. Os cristãos não podem se julgar preferidos pela divindade. Nós, pessoas, é que colocamos limites para que Deus possa aceitar. Eu gostaria que muitas pessoas tivessem a experiência que eu tive encontrando alguém como o Dalai Lama. Penso que poucas pessoas possam ser mais santas.

 

O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo se preocupa com a pessoa como um todo. Quando as pessoas estavam com fome, Jesus não disse: — Agora isto é político ou social? Ele disse: — Eu alimento você. Por que uma boa notícia para a pessoa com fome é o pão.

 

Se a Paz pôde vir para a África do Sul, certamente ela poderá vir para a Terra Santa.

 

Sobre a eleição de Obama: Evento definidor de uma época que encheu o mundo com esperança de que uma mudança é possível. Eu queria pular, dançar e gritar, como fiz após votar pela primeira vez na minha nativa África do Sul, em 27 de abril de 1994.

 

Obama pode desperdiçar facilmente a boa vontade que sua eleição gerou se ele decepcionar. Seria maravilhoso se o Presidente dos Estados Unidos pudesse se desculpar, em nome do povo americano, pela invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos.

 

O Governo Bush conseguiu irritar pessoas por toda a parte. Sua atitude de intimidação polarizou tristemente o nosso mundo.

 

Sobre o violento sismo que atingiu o Haiti recentemente: Os efeitos físicos e emocionais do sismo, a destruição, as perdas em vidas humanas e a desesperança dos sobreviventes são sentidos por todos nós. Os esforços que visam ajudar os haitianos são uma ilustração do nosso espírito universal de amizade.

 

Na abertura de um julgamento simulado que decorreu à margem da conferência da ONU sobre alterações climáticas, em Copenhagen: Aqueles que irão testemunhar são todos pais, mães e crianças cujas vidas foram devastadas por desastres naturais que não param de se multiplicar... Estamos aqui para dizer aos líderes que só temos uma Terra onde viver. Se a destruirmos, não haverá outra. Ou ultrapassamos esta situação ou afundamos juntos.

 

No vigésimo aniversário da libertação de Nelson Mandela, ao afirmar que nem tudo são rosas na África do Sul, onde os brancos ganham em média sete vezes mais do que os negros e que, pelo menos, uma em cada quatro pessoas não tem emprego: Quando olhamos à nossa volta e vemos o número dos nossos compatriotas a viver na miséria, a freqüentar escolas subequipadas ou a se acamarem como sardinhas em pequenos ônibus inseguros, interrogamo-nos: quando é que o fruto da Democracia chegará às mesas de todo o nosso povo?

 

Na Assembléia Geral da Igreja da Escócia, conhecida como Kirk, sobre a homossexualidade: Estou perplexo com o fato de que as igrejas estejam debatendo quem vai para a cama com quem, quando pessoas estão morrendo de fome, de AIDS e em guerras.

 

Penalizar alguém por causa da sua orientação sexual é como fizeram contra nós, quando fomos penalizados por algo que não podíamos fazer nada, que era nossa raça. Eu estou profundamente angustiado com os muitos problemas horrendos, como os conflitos, a guerra e a AIDS. E sobre o que nós nos concentramos? Sobre o que estão fazendo na cama!

 

Sobre a facção conservadora que proferiram que a homossexualidade era uma escolha: Trata-se de uma perversão alguém dizer que uma pessoa escolhe ser homossexual. É preciso estar louco para escolher um modo de vida que se sabe estar exposto a uma determinada espécie de ódio.

 

Ao apoiar a Hora do Planeta: O aquecimento global é a maior das crises causadas pelo homem que enfrentamos atualmente. A Hora do Planeta é uma oportunidade para cada homem, mulher e criança de todos os cantos do mundo se juntarem em uma só voz e mandarem um recado poderoso sobre este problema mundial... Se todos realizarem este ato simples em conjunto, os Governos receberão uma mensagem muito poderosa para ser ignorada. Eles saberão que os olhos do Planeta estão vigiando.

 

Eu vivo me metendo em encrenca.

 

 

Os Três Encrenqueiros da Paz

 

Ninguém tem o direito de direcionar o amor de Deus. Deus não tem inimigos. No abraço amoroso de Deus, cabem brancos e negros, bonitos e feios, homens e mulheres, 'gays' e lésbicas, Bush, Saddam Hussein e Bin Laden.

 

Quando se recusa a partilhar alguma coisa corre-se o risco de perder tudo.

 

Se algum dia quisermos ter a esperança de paz, é necessário que antes acabemos com a pobreza.

 

Antes de embarcar para o Brasil, em maio de 1987: Ao chegar ao Brasil, desejo me encontrar com meus Irmãos de Fé e quero rever dois grandes amigos: Dom Hélder Câmara e o presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto. Quero louvar o presidente mundial da Legião da Boa Vontade pelo seu artigo ‘Apartheid lá e Apartheids cá’. Nestes cinqüenta anos, Deus tem usado Paiva Netto poderosamente. Que Ele possa abençoá-lo e fortalecê-lo para que continue o trabalho divino no mundo, pelo Amor dos Filhos de Deus.

 

Deploramos a violência e a repressão contra manifestantes pacíficos, as crescentes restrições às liberdades civis e a prisão de um número crescente de líderes civis do Irã.

 

Graças a Deus sou negro. Os brancos têm muito que responder no Juízo Final.

 

Os desafios não têm fim: É importante que sejamos capazes de conseguir algumas vitórias. Conseguimos superar o apartheid na África do Sul e o colonialismo em muitas partes do mundo. Mas os desafios não têm fim. A Europa é razoavelmente próspera e pacífica, mas também teve uma história turbulenta no passado. O holocausto, as ditaduras na Espanha, em Portugal e na Grécia, e recentemente a limpeza étnica. Enfrenta ainda uma situação séria na Irlanda do Norte. Acreditamos que tal como a Europa conseguiu fazer ressurgir a fênix das cinzas, a África também poderá ressurgir e fazer frente aos seus inúmeros problemas. Um dos mais sérios é a AIDS, para além das alterações climáticas, que está a começar a converter a malária em uma séria ameaça para a saúde da maioria dos africanos, o que magnifica problemas como a escassez de água, a seca e o fato de as pessoas começarem a ficar menos produtivas no que se refere à alimentação. Todos estes aspectos farão com que, a longo prazo, o continente se torne instável. Se conseguirmos enfrentar estes problemas, como fizemos com o apartheid, sem dúvida que seremos capazes de superá-los. Também existe um problema de corrupção. Há um grande número de Governos que não são transparentes. Temos assistido a coisas horríveis no Zimbabwe. Esperamos que todas as iniciativas atuais ajudem África a voltar aos seus tempos gloriosos.

 

Robert Gabriel Mugabe, atual presidente do Zimbabwe:2 Acho que o mundo deve dizer a Mugabe: o senhor foi responsável por sérios crimes e vai enfrentar uma acusação em Haia, se não renunciar. Perguntado se era necessário usar a força para destituir Mugabe, Tutu respondeu: Se ele se negar, deve-se usar a força militar. Eu só espero que não seja tarde demais.

 

Ele (Robert Gabriel Mugabe) se transformou em algo que é absolutamente inacreditável, Ele se transformou em uma espécie de Frankenstein para o seu povo.

 

O tráfico de armas é uma prática perigosa e imoral. Os governos dos países que produzem armas e as exportam para todo o mundo são sem-vergonhas. Todos os acordos internacionais vetam a venda de armas aos países envolvidos em guerras civis ou onde há opressão. Entretanto, as armas chegam, até onde os governos as usam contra o seu próprio povo. Penso na Birmânia e no Zimbabwe. Os chineses continuam mandando armas ao regime de Mugabe, que as usa contra a população. Sabemos disso com certeza, até porque um navio fez uma parada na África do Sul e – por sorte – o sindicato dos trabalhadores portuários se recusou a desembarcar a carga.

 

Para garantir a educação e, assim, o futuro dos povos africanos, deveríamos nos colocar de pé para salvar os mais jovens, especialmente aqueles das zonas de guerra: as crianças têm direito ao futuro, a um futuro sem guerra. Têm o direito de viver onde não sofram fome, de ser vacinadas para evitar as doenças e de receber o tratamento necessário para crescer. Muitas crianças morrem porque não tiveram acesso à água potável ou morrem de doenças facilmente curáveis. O objetivo é um futuro melhor.

 

A educação não é um privilégio; é um direito do homem, como diversos acordos internacionais sancionam. É uma obrigação garanti-la.

 

O Sionismo é paralelo ao apartheid e parecido com o racismo; o efeito de ambos é o mesmo.

 

O mundo disse que é ilegal e imoral usar as crianças como soldados. Não é justo envolvê-las nos conflitos dos adultos. Nenhuma criança nasceu odiando; as crianças aprendem o ódio de nós – os mais velhos. As crianças não são racistas, mas lhes é ensinado o ódio racial. Vou lhe contar uma história pessoal. Um menino de uma família norte-americana, que eu conheci, tinha recém entrado na escola, falava da professora com grande entusiasmo. Os pais lhe disseram: convide-a para vir aqui em casa, queremos conhecê-la. E, no dia seguinte, apresentou-se-lhes uma jovem negra, inesperada em uma família branca. O menino não havia se dado conta, não havia notado aquilo que os adultos haviam visto como a coisa mais importante.

 

O que conta, para valer, na volta ao diálogo, é o reforço de prevalência dos Direitos Humanos, a partir do próprio Estado de Direito.

 

Significado da palavra Ubuntu: Uma pessoa com ubuntu está aberta e disponível aos outros; não está preocupada em julgar os outros como bons ou maus, e tem consciência de que faz parte de algo maior e que é tão diminuída quanto seus semelhantes que são diminuídos ou humilhados, torturados ou oprimidos.

 

Adaptação é um processo indolor para os ricos e muito doloroso para os pobres.

 

O otimismo que não se confirmou: Marchamos em Berlim e o muro caiu. Marchamos pela África do Sul e o apartheid caiu. Marchamos em Copenhaguen – e vamos conseguir um Acordo pra Valer.

 

Indignado, a propósito da prisão secreta na base militar norte-americana em Guantânamo (The New York Times, Nova Iorque): Se me tivessem dito que um dia os Estados Unidos da América e os seus satélites utilizariam os mesmos argumentos que os segregacionistas sul-africanos de ontem para justificar as detenções sem culpa formada... É vergonhoso!

 

Nos movimentos de guerrilha, em certos países africanos ou na Birmânia, as milícias raptam os meninos, e freqüentemente os obrigam a matar seus próprios familiares. Assim, os pequenos ficam traumatizados e não podem voltar para casa. Isso está mal, é um mal de primeira ordem.

 

Os Governos podem ser trocados rapidamente, como se fossem meias. Mas, para se conquistar a estabilidade e a Democracia, são necessários séculos.

 

Nelson Mandela recebeu o rótulo de terrorista, mas surpreendeu o mundo ao escolher o caminho do perdão quando saiu da prisão.... No dia em que Nelson Mandela saiu em liberdade da prisão de Victor Vester, o nosso espírito coletivo se elevou.

 

Khartoum: É o maior exemplo de desumanização no que respeita aos direitos do homem, à violação de mulheres, à destruição de habitações e colheitas e à quantidade de pessoas que se vê obrigada a abandonar o seu lar. Não vamos desistir; a mudança é possível em Khartoum. Sou um africano orgulhoso.

 

As crianças não são capazes de odiar. São os adultos que lhes ensinam e que, talvez, metem-lhes uma kalashnikov3 na mão para atirar em seus familiares. E quem exporta armas aos países em risco de guerra deveria se envergonhar.

 

A situação de Darfur é uma das mais horríveis do mundo.

 

 

Campo de Refugiados de Darfur, no Chade

Campo de Refugiados de Darfur, no Chade

 

O que se passa no mundo? A obsessão é a competição. Em nossa cultura, o pior que poderá suceder a alguém é o fracasso. Devemos ter sempre sucesso, a pressão é forte demais. E em seus países europeus, ser compassivo é desprezível; é preciso… grrr… ser macho.

 

Gastamos bilhões em armas, quando sabemos que com uma pequena fração desta quantidade poderíamos dar de comer a milhões de crianças famintas.

 

Devemos aplicar ao mundo a ética da família… Na família não se dá a cada um na medida em que contribui ao orçamento; ora, o bebê não contribui em nada, mas lhe damos tudo.

 

Sou o que sou em virtude do que todos somos.4

 

 

 

Somos Todos UM!



 

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Nota:

1. Homofóbico = relativo a ou próprio de homofobia. Homofobia é rejeição ou aversão aos homossexuais e à homossexualidade.

2. A Economia do Zimbabwe está em um absoluto caos sem abastecimento de alimentos e de outras mercadorias essenciais, mais de 80% de desemprego e uma inflação astronômica, que oficialmente chega a 231.000.000%. Por isto, a moeda local perdeu totalmente o valor e a população seu poder aquisitivo. As Nações Unidas consideram que mais de 5 milhões de pessoas, quase a metade da população, precisarão de ajuda alimentícia para sobreviver a partir de janeiro, enquanto o atual Governo do Presidente Mugabe coloca impedimentos para a atuação das agências e das organizações internacionais neste campo. Além disto, uma epidemia de cólera que já matou mais de 200 pessoas afeta o País, onde os serviços de saúde não funcionam, por isto teme-se que a doença se estenda ainda mais.

3. A arma automática Kalashnikov, modelo de 1947 (AK-47), é um fuzil/espingarda de assalto de calibre 7,62 x 39 mm, criado em 1947 por Mikhail Kalashnikov e produzido na União Soviética pela indústria estatal Izhevsky Mekhanichesky Zavod (IZH). Atualmente, o AK-47 é fabricado em Israel, Geórgia e Irã. É a arma de fogo que mais mata no mundo.

4. O entendimento místico desta afirmação só pode ser um: Somos Todos UM!

 

Páginas da Internet consultadas:

http://reinaegnovo.blogspot.com/

http://pedrovidalsblog.blogspot.com/

http://www.midiaindependente.org/

http://www.nobelforpeace-summits.org/

http://www.senado.gov.br

http://nobelprize.org/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Desmond_Tutu

http://www.palmares.gov.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Apartheid

http://outroladodanoticia.wordpress.com/

http://aeiou.visao.pt/

http://www.cnn.com/

http://superaraviolencia.org/

http://www.ihu.unisinos.br/

http://g1.globo.com/

http://www.europarl.europa.eu/

http://www.anagomes.eu/

http://www.domtotal.com/

http://www.coepbrasil.org.br/

http://ubuntuforum-br.org/

http://64.233.163.132/

http://www.joaquimnabuco.org.br/

http://www.achanoticias.com.br/

http://www.frazz.com.br/autor.html/

http://www.midiaindependente.org/

http://www.lbv.org.br/

http://www2.brasil-rotario.com.br/

http://www.pensador.info/autor/Desmond_Tutu/

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http://juliosevero.blogspot.com/

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http://www.panapress.com/

http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2009/

http://pt.wikiquote.org/wiki/Desmond_Tutu

 

Música de fundo:

USA for Africa - We Are the World
Compositores: Michael Jackson & Lionel Richie

Fonte:

http://www.charles50tao.com.br/