Recentemente,
quinta-feira, 1º de abril de 2010, ouvi de uma senhora muito querida
mais ou menos a seguinte declaração: — Antes
eu era à-toa; agora sou atéia. Nasci e fui educada na fé
protestante; depois fui Iniciada em uma fraternidade mística internacional.
Acreditei em tudo que me ensinaram, mas nunca vi nada e nunca ouvi nada.
Desisti de tudo. Não acredito mais em Deus; não quero saber
de reencarnação. Morreu, morreu; com a morte tudo acaba. Agora,
só acredito naquilo que eu vir com meus próprios olhos ou
ouvir com meus próprios ouvidos. Estou convencida de que todas as
experiências são exclusivamente pessoais.
Ouvi
o relato sentindo uma mistura de um certo júbilo com uma certa tristeza.
Conversei um pouco com esta senhora sobre esta mudança tão
radical em sua vida, obviamente sem tentar convencê-la de coisa alguma.
Eu não tenho vocação para doutrinador e acredito firmemente
nesta máxima: ser
e deixar ser; viver e deixar viver. Meio como diz a música,
não há quem não tenha subido e descido, entrado e saído,
levantado e caído, acordado e dormido.
E, claro, nascido e morrido!
Ouvi
o relato, realmente, meio jubiloso, meio entristecido. Depois, fiquei pensando
no assunto, e resolvi escrever este rápido textinho.
Para
começar, por que fiquei meio jubiloso? Porque não há
nada mais espiritual ou místico do que efetivamente tão-só
acreditar naquilo que se vê com os próprios olhos e naquilo
que se ouve com os próprios ouvidos (quando isto é possível).
Mas, nem sei se o verbo correto é acreditar; seja como for, o fato
irrefragável é que qualquer certeza só poderá
advir de uma experiência pessoal. E experiências pessoais são
intransferíveis. Desgraçado aquele que só come o prato
feito pelos outros! Bolas; morrerá com fome.
Há
alguns dias, concluí um estudo sobre o pensamento de Zaneli Ramos,
um dos mais antigos Rosacruzes brasileiros. Logo no começo, escrevi:
—
Frater Zaneli, está doendo;
não
estou entendendo.
—
Rodolfo, espera só um pouco;
um
dia, serás um Louco.
—
Frater Zaneli, até quando;
não
agüento o desando.
—
Rodolfo, em ti está a LLuz;
a
cada Rosa, uma Cruz!
Só
conquistaremos nossa liberdade por esforço pessoal; a LLuz
está em nós. Não há padre, não há
rabino, não há pastor, não há guru e não
há Mestre Ascensionado que possa nos Illuminar,
meio que na base do rapidinho e mal feito ou do toma-lá-dá-cá.
Nesta matéria não há negócio. Se alguma LLuz
há nos outros, quaisquer outros, esta LLuz
é deles, não nossa. Eles A conseguiram às custas de
trabalho e de persistência. E nem que quisessem poderiam transferir
uma parte para nós. Isto é impossível. Pelo menos,
é impossível da forma como as pessoas querem que a coisa aconteça.
Por
outro lado, como explica o Frater
Zaneli Ramos, o conhecimento intuitivo, obviamente, só poderá
ser obtido por intuição ou por metacognição
– que é o conhecimento direto por via metafísica –
e isto requer, insubstituivelmente, atitude meditativa e translucidez da
psique, e, repito, esforço incomum e pertinácia. O sentido
místico-metafísico deste entendimento é:
1º) tornar-se progressivamente menos focalizado em si mesmo...
2º) sentir-se progressivamente menos ser-substantivo e mais ser-verbo,
e tornar-se progressivamente menos fim e mais meio; 3º) motivar-se
progressivamente menos por valores, gostos, interesses e objetivos (pessoais
e culturais) próprios do ego e de sua vida efêmera no mundo,
e mais por valores, gostos, interesses e objetivos nobres inspirados pelas
impulsões da potencialidade do Ser Essencial presente no núcleo
do próprio ego; e 4º) motivar-se e orientar-se progressivamente
menos por conceitos científicos e filosóficos, e mais por
conceitos obtidos por metacognição. E,
o que serve para os outros, muitas vezes, não serve para nós.
Uma viagem do Rio para São Paulo poderá, por exemplo, ser
feita de carro, de ônibus, de avião, de moto, de bicicleta
e, inclusive, a pé.
E
assim, não há nada mais espiritual ou místico do que
efetivamente tão-só acreditar naquilo que se vê com
os próprios olhos e que se ouve com os próprios ouvidos, quando
isto é possível de acontecer. Mérito! Mérito!
Mérito!
Em
segundo lugar, por que fiquei meio entristecido? Porque a maioria das nossas
desistências, por ignorância e por incultura, são injustificadas.
No que concerne a este tema, pergunto: o que, efetiva e concertadamente,
é feito (ou tem sido feito) pelas pessoas para que possam alcançar
a compreensão que tanto desejam e a liberdade que tanto anelam? Mesmo
que estejam fazendo alguma coisa, será que esta coisa está
sendo feita da forma correta, categórica e não hipotética?
Vou repetir porque isto é importantíssimo: mesmo que estejam
fazendo alguma coisa, será que esta coisa está sendo feita
da forma correta, categórica e não hipotética? Supondo
que sim, por que a demora, por que a persistência de escuridão?
De
maneira geral, as pessoas agem e reagem de forma imediatista – tendem
para a simplificação na maneira de proceder. É meio
como dor de cabeça e aspirina. Deu dor de cabeça, aspirina
resolve rapidinho. É também meio como apetência sensual.
Deu tesão, transou, gozou... Tudo resolvido.
Na
Via Mística, as coisas não são assim. Planta-se para
colher sei lá quando. Séculos? Milênios? Alguns insights
poderão acontecer, mas nem sempre é assim. No âmbito
do Misticismo, particularmente o Iniciático, não há
bate-pronto. Às vezes, são necessárias encarnações
para que os efeitos de um esforço sistemático comecem a dar
frutos. Mas, o Místico atento observa que, mesmo sem quaisquer pirobologias
(manifestações reveladoras, clarividências, clariaudiências,
materializações et
cetera), certas coisas vão mudando em seu interior. À
medida que o tempo passa, por exemplo, ele vai se tornando mais intuitivo,
mais condolente, menos egocêntrico e menos personalístico,
deixando de ter como referência apenas o que ocorre à sua volta.
E se ele, um dia, fizer contato com a Voz Insonora que promana do Deus de
seu Coração...
Mas
as pessoas querem ver e ouvir para crer... Querem botar o dedo para sentir...
E querem que tudo seja para ontem! Melhor se for para anteontem! A fotografia
abaixo mostra o médium Antônio Alves Feitosa, fornecedor do
ectoplasma, com um espírito materializado atrás (Irmã
Josepha). Do lado direito está Francisco Cândido Xavier. Esta
fotografia foi feita por Nedyr Mendes da Rocha no ano de 1965, em Uberaba,
Minas Gerais, usando uma máquina fotográfica marca Roleiflex
e filme Kodacolor de 100 ASA. Como os trabalhos de materialização
são feitos no escuro, esta foto foi feita com o auxílio de
flash. É interessante notar como o ectoplasma que sai da boca do
médium, como se fossem panos, ‘cai’ na direção
do chão, mostrando estar sujeito à ação da gravidade.
No trabalho de materialização em que esta fotografia foi feita,
também participou a médium Otília Diogo. Ela se encontrava
sentada dentro da cabine.
Materialização
Mas,
deixo a seguinte pergunta para você meditar: vamos supor que, um dia,
você tenha visto ou venha a ver uma materialização?
E daí? O que isto mudou ou mudará em sua vida? Temos que meter
na cabeça que as mudanças transmutativas e as certezas insubstituíveis
só podem, efetivamente, ter origem dentro; o lado de fora, geralmente,
é triplamente oso: falacioso, fantasioso e tendencioso. Umas vezes,
é histérico; outras, até, esquizofrênico. E,
mesmo que ocorram manifestações reveladoras, clarividências,
clariaudiências e materializações, será que ocorreram
mesmo? Não terão sido imaginações? Sobreexcitações?
No caso de uma materialização, não terá sido
um cascão astral1?
O aparecimento, por exemplo, de uma post-imagem persistente pode ser resultado
de exposição retiniana à luz solar direta, de se fixar,
enfim, o sentido da visão persistentemente em um objeto; há,
entretanto, quem confunda isto com clarividência. Há um certo
desconforto, fascínio também, ao se observar algo e não
se saber exatamente o que está acontecendo. Algumas ilusões
de ótica estão vinculadas ao que é conhecido com o
nome de persistência visual. O olho humano conserva a imagem que se
forma na retina por alguns décimos de segundo a mais (aproximadamente
1/24 de segundo), mesmo após o clarão que a provocou haver
desaparecido. Esta peculiaridade do sistema ótico humano (capaz de
reter a imagem por esse pequeno lapso de tempo) é conhecida como
persistência da visão ou persistência retiniana. Isto
acontece quando as células foto-sensitivas cansam e compensam com
a imagem negativa. Concentre-se sobre a luz azul do semáforo (sinal
de trânsito) por um minuto. Em seguida, desvie o olhar para
o quadro branco ao lado.
Por
outro lado, o que uma porta ou uma janela que batem pela ação
do vento ou a estalaria de madeira que dilatou e depois contraiu têm
a ver com espíritos ou cascões astrais esbaforidos e esvoaçantes?
E Deus, se existe, não teria mais o que fazer do que ficar se mostrando
para quem tem curiosidade de vê-Lo, meio que a dizer: —
Estou aqui! E qual a importância concreta de sabermos
(ou de não sabermos) o que fomos em uma encarnação
passada? Ainda que a cada segundo estejamos dando origem a um novo começo,
vale a pena pensar nesta sentença de Chico Xavier (1910 – 2002):
Embora ninguém
possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode
começar agora e fazer um novo fim. Enfim, todas estas
coisas fizeram vir à minha cabeça a seguinte seqüência:
o que é osteoporótico acaba por se tornar insustentável,
o que é insustentável acaba colapsando, e o que colapsa dá
muito trabalho para ser reconstruído ou recomposto. No limite, pode-se
perder a oportunidade (do milagre) de uma vida!
Vou
voltar e insistir no tema: o pior de tudo é que algumas pessoas desistem
e dizem: — Faço
tudo direitinho, mas não consigo ver nem ouvir Deus.
Ora, aqui cabe o comentário: o que Deus, se existir, tem com isto?
Por acaso, fazemos as coisas para que Deus veja? Para que fique contente?
Para que nos premie por nosso presumido bom comportamento? Para que apareça
de repente e diga: — Olá?
Para que escapemos do inferno ou de qualquer coisa que o valha? Para satisfazer
a quê ou a quem?
Ora,
a verdade é que desistimos porque, algumas vezes, somos incompetentes,
outras, porque somos covardes, e outras, ainda, porque somos vaidosos, porque
queremos preferências (que não existem nem podem existir).
Há quem desista, também, por imitar outros que desistiram!
Birra? Amuo? Manha? Cansaço? Náusea? O quê? Quem desiste,
primeiro, desiste de si mesmo. Nem na milésima primeira derrota podemos
desistir; nada justifica a desistência. Nada! Absolutamente nada!
_____
Nota:
1.
O cascão astral, explica Francisco Marengo no texto Algumas Considerações
Sobre a Bíblia, é
um cadáver que conserva a forma da alma que o habitou durante o tempo
que a energia de que estiver impregnado perdurar. Assim, quanto mais a alma
desse cascão for apegada a baixos instintos morais, mais perigoso
poderá se tornar este 'ser' . Muitos espíritas alegam o contato
com almas de grandes gênios da Humanidade ou com espíritos
dos mortos propriamente ditos. Neste particular, é preciso que se
entenda que esta comunicação é plenamente possível,
mas quando tal pessoa atinge um estado de maturidade espiritual chamada
de 'Neshamah' ou 'Buddhi'. Até que este tenha atingido tal maturidade,
será muito mais propício a atração de entidades
de baixa estirpe espiritual, que podem ser cascões astrais, algum
tipo de egrégora ou mesmo um elemental que se diverte às custas
das tolas crendices do ser humano. O cascão astral, que
é um cadáver muito semelhante ao cadáver físico,
continua com a forma do homem que o habitou. Ao contrário do físico,
que logo se desagrega, este cascão, mesmo depois de abandonado, continua
por algum tempo flutuando ao sabor das correntes astrais, demonstrando certa
capacidade de vida elemental. Com o tempo, o cascão astral se desfaz
em seus átomos. Todavia, enquanto isto não ocorre, pode vir
a ocupar o corpo de um médium, em sessões espíritas,
fazendo-se passar
pelo morto. Pode ser ocupado por elementais ou outros seres astrais. Pode
também ser usado por um Mago Negro para atingir seus objetivos. Por
tudo isto, todo cuidado é pouco; a Grande Loja Negra não brinca
em serviço! Os inocentes úteis são seus alvos preferenciais.
Fundo
musical:
That's
Life
Compositores: Dean Kay & Kelly Gordon
Intérprete: Frank Sinatra
Fonte:
http://www.pcdon.com/
FrankSinatra.html
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.padilla.adv.br/
mistico/passes/ivan/
http://www.cursosdemagia.com.br/
considerabiblia.htm
http://www.northpoleoftexas.com/
kimswebsite_006.htm
http://www.guia.heu.nom.br/
materializa%C3%A7%C3%A3o1.htm
http://www.sodahead.com/
user/profile/1932619/dick/