O maior dos cabalistas modernos, nomeadamente o escritor, ocultista e mago cerimonialista francês Éliphas Lévi (8 de fevereiro de 1810 – 31 de maio de 1875), pseudônimo de Alphonse Louis Constant, descreveu Satã nestes brilhantes termos, que habilmente reconciliam o dogma teológico e alegoria cabalística: Satã é o anjo que era orgulhoso o suficiente para acreditar ser Deus; corajoso o suficiente para comprar sua independência ao preço do sofrimento sem fim e da tortura eterna; bonito o suficiente para se adorar em plena Luz Divina; forte o bastante para ainda reinar nas trevas em meio às agonias, e para ter construído um trono de sua pira inextinguível. Ele é Satã, o príncipe da anarquia, servido por uma hierarquia de espíritos puros. Na verdade, este demônio é a Humanidade, e nunca existiu na Terra fora da Humanidade. Mas, a Teologia Cristã não poderia fazer nada melhor do que transformar cada Divindade Pagã em um demônio. [E Satã, em termos teológicos, acabou virando um demônio, uma sombra antitética, antagônica, de um Deus antropomórfico, criado à imagem e semelhança do homem!] [In: A Doutrina Secreta, de autoria de Helena Petrovna Blavatsky.]

 

 

 

Autoritarismo

 

 

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a ser batizado.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a receber a 1ª Comunhão.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a receber outras Comunhões.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a ser crismado.

 

 

Cerimônia de Crisma
Museu Real de Belas Artes de Antuérpia
(Quadro de Rogier van der Weyden)

 

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em irracionalidades.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a viver em uma caverna (sem lanterna).

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a ir à missa todos os domingos.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a correr a sacolinha dos óbolos.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a balançar o turíbulo.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a ser coroinha do Padre Barbosa.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a participar de procissões.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a carregar o andor.

 

 

Andor

 

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a me benzer com água benta.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a acender velas para São Longuinho.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a rezar a 'Litaniæ Sanctorum'.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a rezar o Santo Rosário.

 

 

Típico Rosário Católico
(Ladeado por uma Bíblia e por um Crucifixo)

 

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a confessar com o Padre Aníbal.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a jejuar até ficar tonto.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram não fazer aquelas coisas...
(Que qualquer garoto normal faz e gosta de fazer).

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a comungar.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a ajoelhar.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a ficar de quatro e não me levantar.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a rezar de manhã, de tarde e de noite.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a não brincar no carnaval.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em 'unum Deum, Patrem omnipotentem'.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em um céu de delícias.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer no Sacrifício Vicário.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a ler a Santa Bíblia todos os dias.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em demônios fedorentos.

 

 

Demônios Cheirosos

 

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

 

 

666
(Em Notação Grega)

 

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em um inferno infernal.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em exorcismo.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer na excomunhão.

 

 

Símbolo da Excomunhão
(In: Dogma e Ritual da Alta Magia, de Éliphas Lévi)

 

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer na importância da Inquisição.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer no valor da sangueira das cruzadas.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer no Pecado Original.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer na História da Maçã.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer na tentação ofídica.

 

 

Tentação Ofídica

 

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em mil outros pecados.

 

 

Pecados Capitais

 

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em punição divina.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em condenação divina.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer no arrebatamento.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em perdão divino.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em automortificação.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em celibato.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em eremitismo.

 

 

Santo Antão do Deserto
(O Primeiro Eremita)

 

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em salvação.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em o que nunca foi.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em o que não é.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer em o que jamais será.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a crer no que não sou.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a permanecer na ignorância.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a ser submisso, dócil e obediente.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a jamais controverter nada.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram a me tornar uma árvore que seca.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram... Mas, me tornei uma Árvore da Vida.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram... Mas, eu Compreendi.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram... Mas, eu me Libertei.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram... Mas, eu me Divinizei.

 

— Não me perguntaram se eu queria ou se topava,

e me obrigaram... Mas, acabou não adiantando xongas.