Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Uma Informação

 

 

 

Este poema não é original. Eu já o havia escrito e divulgado como uma espécie de despretensioso remate a título de conclusão de um trabalho que publiquei sobre o pensamento e as reflexões de Miguel Torga. Simbolicamente – o que não expliquei lá no texto do Miguel, mas que explico agora – o poema trata do desespero de um ser-no-mundo que, apesar de ele saber há um Deus em seu Coração, ou melhor, que ele pode edificar um Deus em seu Coração, de duas uma ou as duas: ou não está se empenhando com afinco nesta tarefa ou o concreto que está utilizando nesta construção mística é magro, isto é, tem menos cimento. Por tudo isto, ele reclama, requesta e pede para que este Deus não ouça calado seus rogos e suas aflições.

 

 

 

 

 

 

 

Eu-pecador me confesso

Ao Deus do meu Coração:

Oh!, Deus de pálido fulgor!

Se não fosse o Teu verdor,

Eu já não seria maganão

Do meu próprio insucesso.

 

Eu-penitente me dilacero

Ao Deus do meu Coração:

Oh! Deus de tanta ausência!

Se me doasses Tua ciência,

Teria trocado o sim pelo não

E já não mais bramiria fero.

 

Eu-transgressor oro sentido

Ao Deus do meu Coração:

Oh! Deus como estou aflito!

Se Tu ouvisses o meu grito,

Eu não requestaria ademão

E já não me oneraria o alarido.

 

Eu-infringente me humilho

Ao Deus do meu Coração:

Oh! Deus não ouças calado!

Fosse eu Teu bem-amado,

Não mais vagaria em solidão

E outro já seria o meu brilho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fundo musical:

Quando (La Bohème)

Fonte:

http://members.tripod.com/~RLTemplar/it-music.htm