Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

 

De cabeça e de Coração,

em tudo e com todos.

Com a alma e com a mão,

para tudo e por todos.

 

 

Amor incondicionado,

para tudo e por todos.

Bem desinteressado,

em tudo e com todos.

 

 

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Templo Rosacruz

Templo Rosacruz

 

 

 

 

 

No Túmulo de Christian Rosenkreutz

(Fernando Pessoa)

 

 

I

 

Quando, despertos deste sono, a vida,
Soubermos o que somos, e o que foi
Essa queda até Corpo, essa descida
Ate à Noite que nos a Alma obstrui,

Conheceremos pois toda a escondida
Verdade do que é tudo que há ou flui?
Não: nem na Alma livre é conhecida...
Nem Deus, que nos criou, em Si a inclui.

Deus é o Homem de outro Deus maior:
Adam Supremo, também teve Queda;
Também, como foi nosso Criador,

Foi criado, e a Verdade lhe morreu...
De além o Abismo, Sprito Seu, Lha veda;
Aquém não há no Mundo, Corpo Seu.

 

 

II

 

Mas antes era o Verbo, aqui perdido
Quando a Infinita Luz, já apagada,
Do Caos, chão do Ser, foi levantada
Em Sombra, e o Verbo ausente escurecido.

Mas se a Alma sente a sua forma errada,
Em si, que é Sombra, vê enfim luzido
O Verbo deste Mundo, humano e ungido,
Rosa Perfeita, em Deus crucificada.

Então, senhores do limiar dos Céus,
Podemos ir buscar além de Deus
O Segredo do Mestre e o Bem profundo;

Não só de aqui, mas já de nós, despertos,
No sangue actual de Cristo enfim libertos
Do a Deus que morre a geração do Mundo.

 

 

III

 

Ah, mas aqui, onde irreais erramos,
Dormimos o que somos, e a verdade,
Inda que enfim em sonhos a vejamos,
Vêmo-la, porque em sonho, em falsidade.

Sombras buscando corpos, se os achamos
Como sentir a sua realidade?
Com mãos de sombra, Sombras, que tocamos?
Nosso toque é ausência e vacuidade.

Quem desta Alma fechada nos liberta?
Sem ver, ouvimos para além da sala
De ser: mas como, aqui, a porta aberta?

 


.......................................

 

Calmo na falsa morte a nós exposto,
O Livro ocluso contra o peito posto,
Nosso Pai Rosæcruz conhece e cala.

 

 

 

 

_____

Nota:

1. Lema de Comenius (1592 – 1670).

 

Observação:

Entender o poema No Túmulo de Christian Rosenkreutz, de Fernando Pessoa, é fácil? Claro que não. É dificilíssimo! Mas, não é impossível. Levar a cabo o que está proposto no poema que rascunhei é fácil? Claro que não. É dificilíssimo! Mas, não é impossível. Logo, se não é impossível, ainda que seja dificilíssimo, temos que nos esforçar tanto para entender o poema de Fernando Pessoa quanto para efetivar o que está proposto no poema que escrevi para todos nós, que é facilíssimo de ser captado, mas dificilíssimo de ser realizado. E só temos até Vulcano para conseguir! Parece muito, mas não é, pois, se continuarmos a dormir, talvez, nem cheguemos a Júpiter!

 

Fundo musical:

Zhivago (Tema de Lara)

Fonte:

http://www.geocities.com/Eureka/Meeting/2531/music.html