Este estudo teve por objetivo garimpar, aqui e ali, alguns pensamentos do escritor e jornalista israelense David Grossman.
Breve Biografia
David Grossman
David Grossman nasceu em 1954, em Jerusalém, filho de um taxista, mais tarde transformado em livreiro, que lhe transmitiu o amor pelos livros. Estudou Filosofia na Universidade de Jerusalém, cumpriu o serviço militar de 1971 a 1975, e trabalhou como jornalista na rádio nacional durante 25 anos, até ser despedido por ter se recusado a abafar uma notícia sobre a criação de um Estado declarado pela Autoridade Palestina.
Grossman perdeu seu filho Uri, na Guerra Israelo-Libanesa de 2006. O luto por essa perda foi tratado na literatura em seu livro Fora do Tempo, no qual um pai, após cinco anos em silêncio traumático, parte em uma jornada para um indefinido "lado de lá", onde pretende se encontrar com o filho morto.
A obra do escritor é mundialmente conhecida pelo seu tom pacifista. O intelectual defende que a literatura pode ser uma poderosa arma para resgatar a dimensão humana do conflito. Ele assina a autoria de mais de vinte livros, traduzidos em vários idiomas, sendo que dez deles já estão no mercado brasileiro, publicados pela Editora Cia. das Letras. Além de suas histórias e dos seus personagens, já se manifestou sobre a Literatura Israelense e seu aspecto político. Em 2017, Grossman foi premiado com o Prêmio Internacional Man Booker, em conjunto com a sua freqüente colaboradora e tradutora, Jessica Cohen, pelo seu romance A Horse Walk Into a Bar.
Pensamentos Grossmanianos
David Grossman
Cada passo se torna impossível devido ao meio passo que é preciso dar antes dele. [Os passos não são impossíveis; podem ser, sim, algumas vezes, um pouco difíceis.]
Cada um parece centrado em si mesmo, mergulhado em pensamentos e calado, até mesmo triste, e, no entanto, nosso grupo, como um todo, é barulhento e até parece alegre.
Nós escrevemos. Como somos sortudos, o mundo não se fecha sobre nós. O mundo não fica menor.
Contar segredos a um escritor é como abraçar um batedor de carteiras. [Contar segredos a um confessor é absorver a energia negativa do confessor. Ora, não temos que contar nada a ninguém; nós é que temos que resolver os nossos pepinos. Agora, buscar a ajuda de um terapeuta é outra coisa, pois, ele é um profissional (desde que não haja contratransferência).]
Não podemos esquecer que as palavras que usamos não passam de fragmentos de narrativas ancestrais, e que todos nós construímos as nossas casas, como os bárbaros, com vestígios de ídolos e de estátuas de deuses antigos, migalhas de mitologias grandiosas. [Há mais verdade nas mitologias antigas do que podemos supor.]
Como o corpo da pessoa é uma coisa frágil e quebradiça em todo tipo de formas e em todas as direções, basta que se queira quebrá-lo, e como a família é algo frágil, se se deseja desmontá-la. Isto pode acontecer num segundo, e tudo se acaba para sempre. [Na verdade, nada se acaba para sempre; todo fim é um recomeço.]
Há a vida que vivi e há a vida que não vivi, devido à minhas deficiências e ao meu medo.
Quando for adulto, crescido e cabeludo, com uma pele grossa e dura como seu pai, como todos acabarão sendo, ele se lembrará do menino que é agora, pois, ficará gravado profundamente na sua memória, porque, talvez, haja coisas que se esquecem neste processo de se tornar adulto, difícil dizer exatamente o quê, mas, com certeza existe algo que faz com que todos os adultos se pareçam um pouco, não no rosto, é claro, nem no caráter, mas, numa coisa que existe em todos, uma coisa à qual todos pertencem, e à qual até obedecem. [Isto se denomina hereditariedade biológica de características psicológicas, intelectuais e comportamentais (de nós mesmos e de nossos pais). Esotericamente, se chama karma.]
O seu domínio deve precaver em seus contatos com outras pessoas, para não destruir nada nelas, para não prejudicá-las com um conselho ou com uma tentativa de influência, que poderão ser enganosos ou destrutivos. [Isto é como a propaganda enganosa e destrutiva de Cloroquina que, hoje, ainda, se faz no Brasil. Oh!, vida! Oh!, céus! Oh!, azar! Isto não vai dar certo!]
Ai... Não se escolhe começar a matar, Herr Neigel. Só se continua... Assim como não se escolhe começar a odiar o próximo ou torturá-lo... Só se continua. Mas, é preciso decidir escolher, com consciência. Não matar... Não odiar...
— Eu tive a chance de matar,
porém, não matei.
Eu tive a chance de odiar,
porém, não odiei.
Eu tive a chance de salvar,
então, salvei.
Eu tive a chance de amar,
então, amei.
Quem mata uma vida
mata toda a Humanidade!
Quem salva uma vida
salva toda a Humanidade!
O grande povo iraniano e o grande povo israelense contribuíram muito para o conhecimento e para a cultura da Humanidade. Quero acreditar que uma saída pode se inspirar neste legado.
Quem defende a paz é visto como um lunático.
Às vezes, eu sinto como se estivesse escavando as pessoas do gelo em que a realidade as prendeu.
Costumamos olhar o sofrimento do outro apenas por um instante e voltar à nossa vida protegida. [Isto se chama síndrome do deixa-pra-lá. Mas, quando deixamos-pra-lá o outro, estamos deixando-pra-lá a nós mesmos. Ora, não há buracos vazios no Unimultiverso; tudo está associado.]
Ao longo de nossa história, o povo judeu sobreviveu para poder viver sua vida. E, agora, vive apenas para poder sobreviver.
A paz exige mudar mais em nós mesmos do que exigir mudanças no outro.
Busco a solidez de nossa existência sem muros.
Apenas derrubar o muro é pouco!
Para não sofrer com a realidade exterior, muitas vezes, as pessoas se estreitam, reduzem suas existências e se fecham para os outros. [Só que isto não adianta nada; só piora as coisas. Esta piora poderá chegar ao limite da catástrofe.]
Deixou de ser moda ter valores. Ou ser humanista. Ou ser sensível ao desamparo de outrem, mesmo que o outro seja seu inimigo no campo de batalha.
Se uma pessoa, não importa quem, resolve se colocar dentro de uma bolha e proteger sua [personalidade-]alma, somente durante algum tempo, para conseguir cumprir uma missão difícil, não importa o quê, será que depois de cumprida a missão ela será capaz de voltar a ser de novo ela mesma, exatamente como era antes? [Nós nunca voltamos ser como éramos antes. Depois de dormirmos, por exemplo, quando acordamos, já somos outra pessoa. A mudança, geralmente, é imperceptível, mas, por menor que seja, sempre há uma mudança. A inércia não existe; sempre há acréscimos.]
Acréscimos
Quando a comunicação é boa, ela informa. Quando é ótima, ela engaja e incentiva os colaboradores a agir.
Não posso me dar ao luxo de entrar em desespero. [Entrar em desespero todos nós podemos, mas, certamente, não devemos. Isto é como, um pouco mais acima, eu comentei sobre se estreitar, reduzir a nossa existência e nos fecharmos para os outros. Não adianta nada e só piora as coisas.]
Acho que o nosso país [Israel] está em processo de fuga há muitos anos, em vez de encarar a realidade e de ver os perigos e as oportunidades que temos, para sair da situação anormal e distorcida em que vivemos. [Mas, para que isto possa ocorrer, é necessário, no mínimo, que haja desprendimento. A questão é: quem está disposto a se desprender, a se desapegar, a se desatar, a se desligar, a se desamarrar, a se livrar, enfim, das suas intolerâncias e dos seus preconceitos?]
[No conflito entre palestinos e israelenses,] os palestinos são cúmplices muito eficientes, que também fazem tudo para que não haja uma solução. [Não é bem assim, mas...]
Esta é a tragédia: após tantos anos em que a força ditou as ações, provavelmente, chegamos a um ponto em que não é possível fazer a paz sem mais uma fase de violência.
Quase sempre, o judeu foi tratado como um mito, um personagem idílico ou demoníaco, raramente como uma pessoa de carne e osso. Uma história maior que a vida. Mas, as histórias têm fim.
Eu sempre digo que no momento em que começarmos a sentir compaixão pelo sofrimento dos palestinos, isto permitirá que eles sintam o mesmo pela nossa trágica história. Hoje, eles não são capazes de sentir nenhuma empatia, porque estão certos de que, por causa do holocausto, nós fazemos com eles o mesmo que fizeram conosco. Eu recuso terminantemente esta comparação. O que nós fazemos é grave o bastante, mesmo sem o holocausto.
Sou totalmente contra a comparação da ocupação [israelense] com o Nazismo, mas, considero muito ruim o que fazemos com os palestinos. Nos viciamos no poder. Há algo muito tentador no exercício da força. Não gostamos de falar nisso, mas, há um certo prazer em ter o controle, um prazer quase sádico. O fato de nós termos sido um povo fraco por toda a história, talvez, torne mais difícil resistir à tentação de usar a força.
[O holocausto] ainda é o acontecimento mais marcante. Ele faz com que não acreditemos realmente que haja um futuro. [Ora, a questão não é o futuro; é o presente, o hoje.]
Quando escrevi um livro criticando a ocupação dos territórios palestinos [em 1987], Ehud Olmert e Ariel Sharon me viram como um traidor.
Aceito falar até com o diabo para fazer a paz... Talvez, um dia, não precisemos mais do Exército.
Uma sociedade em crise forja um novo vocabulário para si usando palavras que já não descrevem a realidade, mas, que tentam ocultá-la. [Mutatis mutandis, um exemplo muito atual que está acontecendo no Brasil é o fato de uma parcela da população negar a PanCOVIDmia. Não negar, propriamente, que ela exista, porque isto é inegável, mas, negá-la com atitudes irresponsáveis, como, por exemplo, não se distanciar o suficiente e não usar máscara. E toca de morrer gente!]
Eu me torno parte da massa quando renuncio ao direito de pensar e de formular minhas próprias palavras, na minha língua, e aceito, automaticamente e sem críticas, as formulações e a linguagem ditadas por outrem.
Não revele mais do que precisa. Lembre-se de que as coisas são sempre diferentes do que aparentam. Nunca seja muito feliz. Não diga "eu" com tanta liberdade. E, em geral, tente sair bem das coisas, sem cicatrizes desnecessárias. Não espere mais do que isto. [Na verdade, se não desejarmos nada, não esperaremos nada. Querer alguma coisa – o que quer que seja – sempre é uma prisão.]
— Eu quero... Eu quero... Eu quero...
Se eu tivesse de resumir o que é uma família, diria que é o lugar mais relevante da nossa existência, no sentido em que sabemos como decifrar os seus códigos. Todos pertencemos a estruturas sociais, políticas, econômicas, mas, não sabemos realmente como interpretar os códigos. Esta facilidade de decodificação é o coração de uma família.
Família é assim mesmo, ora nos abraçam, ora nos batem com o cinto, mas, tudo sempre por amor.
Uma família é um perpétuo acontecer.
Todas as famílias felizes são infelizes à sua maneira.
Todos vivemos pouco tempo, e devemos tornar esse tempo o mais agradável possível. [Penso que nais do que agradável, devemos tornar o tempo produtivo. Este é o conceito Iniciático de .]
Não há limites para as ocorrências de problemas. [Há limite, sim, e este limite é o fim da nossa ignorância. Dizer que não há limites para as ocorrências de problemas é o mesmo que dizer que o inferno são os outros, como disse o filósofo, escritor e crítico francês Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de junho de 1905 – Paris, 15 de abril de 1980). Pôr a culpa nos outros do que quer que seja sempre é uma covardia.]
Um cavalo entrou em um bar, se aproximou do balcão, pediu um copo de vodca, tomou tudo de um gole e perguntou quanto devia. O barman respondeu que eram US$ 50. O animal pagou e caminhou para a saída. O barman, que ficou intrigado, chamou o cavalo e disse: — Como pode uma coisa dessas? Nunca vi um cavalo falante! Ao que o cavalo respondeu: — Com esses preços, você nunca mais irá mesmo ver!
Comprometer-se. Não há como voltar atrás.
Temos sorte por ainda existirem no mundo pessoas que não olham para as feridas dos outros de forma sensacionalista.
Israel, na minha opinião, nos últimos anos, vive uma vida paralela. Por causa da ocupação, por causa das ansiedades, porque começamos a nos acostumar com uma situação distorcida. Temos que nos rebelar contra esta distorção, tentar melhorar esta situação e nos arriscar em buscar a paz com os palestinos. Sempre que havia uma oportunidade de fazer a paz, em geral, no Oriente Médio, escolhemos o caminho da guerra. Eu nunca tive um dia de paz na minha vida.
É muito natural entender o medo das pessoas e a incapacidade de falar e de se manter em paz com os seus inimigos. Mas, este medo é destrutivo, porque as pessoas passaram toda a sua vida em guerra, e tendem a votar e a eleger guerreiros para as liderarem. E estes líderes as condenam de novo, enviando-as para a guerra. É uma máquina perpétua, e todos pagamos o preço.
Sentimo-nos orgulhosos ao dizer que somos um país democrático e que somos a única Democracia no Médio Oriente. Mas, honestamente, se ocupamos territórios e praticamos a opressão durante 53 anos, como fazemos com os palestinos, podemos realmente ser considerados uma Democracia?
Quando vês ou experimentas alguns dias ou semanas de tranqüilidade, de imediato suspeitas que é uma ilusão. Sentes sempre que a guerra é o estado mental correto e que a paz é ilusória. Cair na tentação de ouvir aqueles que advogam a paz pode desarmar-te, pode deixar-te indefeso.
Se não houver paz, não poderemos explorar a vida em todas as suas dimensões.
Dependemos uns dos outros e estamos entrelaçados. [Quando, de fato, compreendermos isto, quando, de fato, isto deixar de ser meras palavras, as guerras acabarão.]
Se dois bebês nascem, ao mesmo tempo, num hospital da Galiléia, um judeu e o outro árabe, o bebê judeu irá receber muitos mais benefícios em termos de saúde e de apoio do Governo, mais dinheiro para a sua educação, maior bem-estar social, melhor sistema de saúde... [O nome disto, para dizer o mínimo, é absurdo ideológico. Para dizer algo que realmente faça justiça ao fato é filha-da-putice em azul e branco.]
Quanto mais desesperadas se sentem as pessoas, mais elas se viram para a religião, sobretudo nas suas manifestações mais herméticas. É um círculo vicioso. Quanto menos paz tivermos, mais fanatismos teremos, o que, por sua vez, compromete qualquer solução secular de compromisso.
Há 25 anos, faço o que os judeus fizeram ao longo da sua história: na companhia de duas pessoas, leio a Bíblia, com a ajuda de uma lupa, estudo-a e discuto-a. É freqüente essas serem as horas mais significativas da minha semana. [Não é na Bíblia ou em qualquer outro livro tido como sagrado que obteremos as respostas para as nossas angústias existenciais. As respostas estão em nosso Coração.]
Consigo decodificar os códigos de Israel e dos israelitas, mesmo quando eles me esfrangalham os nervos. Em Israel, se fazem coisas terríveis. [Onde não se fazem coisas terríveis?]
Qualquer fim é sempre o início de outra coisa!
Muitos chamam Israel de a Terra Prometida, mas, o correto é Terra Sempre Prometida. Trata-se de uma promessa permanente, nunca atingida.
Sabemos que vamos falhar, mas, temos de continuar a tentar. [Vou reformular esta citação: sabemos que, talvez, poderemos falhar, mas, temos de continuar a lutar. Desistir jamais. Desistir é morrer.]
Há coisas para as quais não podemos olhar de frente porque nos cegam.
Mesmo se formos adultos e tivermos lido todos os livros, visto todos os filmes, estudado todas as abordagens históricas, subsistirá sempre uma pequena parte de nós que, tal como acontece com as crianças, é incapaz de compreender... Perante as perguntas principais, somos crianças indefesas, mesmo que sejamos adultos.
A poesia está mais próxima do silêncio.
Percebi que havia vida dentro de mim e que podia dá-la aos outros.
Tudo o que tem a ver com a morte é escandaloso.
— Eu achava escandaloso,
um dia, ter que morrer.
Até que aprendi a MORRER,
e, então pude RENASCER.
E o que era escandaloso,
acabou virando auspicioso.
A arte é a única instância onde a vida e a sua perda coexistem.
A arte é o único sítio fora do tempo.
Tenho um sentimento profundo de solidão, uma consciência vívida da morte.
O principal permanece sempre desconhecido.
O mundo, hoje, é tão horrorosamente ruidoso... Está tão cheio de clichês e de generalizações...
Não é assim que se sente toda a gente? Diferente e única?
A vida normal existe e podemos optar por ela. Não estamos fadados à catástrofe, não estamos fadados a ser vítimas da violência e da burrice de nossos líderes e de fanáticos religiosos. [Na realidade, não estamos fadados a nada, porque não existe fado. Bem, vou remendar isto e dizer que estamos fadados a apenas uma coisa: nos tornarmos Deuses Conscientes. Mas, isto só depende de nós, e se só depende de nós, mais do que um fado, é um esforço.]
Os palestinos estão completamente destruídos depois de várias ocupações – pelo Egito, pela Turquia e pela Jordânia. Fomos apenas os últimos, mas, infelizmente, os mais eficazes nesta destruição.
É uma loucura! Em zonas de conflito, passado algum tempo, as pessoas se acostumam de tal forma à violência, que acabam gostando dela, achando que é realmente necessária.
Quando há uma atmosfera de crise política ou militar, as pessoas tendem a esquecer suas idéias pessoais e seguir o que a maioria diz, ir com o fluxo. Muitas vezes, isto significa se agarrar à versão oficial.
Em situações de crise, a existência de vários pontos de vista é mais necessária.
Sou contra o terrorismo dirigido aos civis, e acho que há muita corrupção dentro da Autoridade Palestina.
Vamos chegar a algum tipo de acordo. Não por amor ou por solidariedade, mas, por exaustão. Mas, sou assombrado pela triste idéia de que a realidade pode vir a mostrar que estou errado.
Vale a pena lutar por Israel – não com armas, mas, com diálogo. Vale a pena acreditar que cada lado pode ceder um pouco.
Há uma velha fábula judaica sobre um homem que dorme durante 70 anos. Quando acorda, ele vê um velho plantando uma árvore. E diz: — Você é tão velho; não vai estar vivo para ver esta árvore dar frutos. E o velho responde: — Eu não, mas, meus filhos e meus netos sim. É isto o que eu penso sobre a paz em Israel.
Eles ficaram o tempo todo dizendo que eu sou árabe de merda, e eu dizia: vocês podem estar jogando merda em mim, mas, isto não faz de mim um árabe de merda.
O humor inclui a capacidade de rir de nós mesmos. O humor é relativismo. É a aptidão de nos vermos como os outros podem nos ver. É a capacidade de entender que, por mais cheios de razão que estejamos e por mais terrivelmente equivocados que estejam os outros sobre nós, há sempre um aspecto disso tudo que é um pouco engraçado. Quanto mais você tem razão, mais engraçado fica. E, por este motivo, você pode ser um israelense cheio de razão ou um palestino cheio de razão, mas, enquanto você tiver senso de humor, poderá ficar parcialmente imune ao fanatismo.
É muito bom ter tratados de paz com países ricos, como os Emirados ou o Bahrein, mas, isto não basta; temos que ter paz com os palestinos, que é o desafio mais essencial para Israel.
O desejo primário de um escritor é inventar e contar uma história e também se conhecer. Mas, quanto mais escrevo, mais sinto a força de outro impulso, que colabora e completa o primeiro: o desejo de conhecer o outro dentro dele, de sentir o que significa ser outra pessoa. Enfim, ser capaz de tocar, mesmo que apenas por um momento, a chama que queima dentro de outro ser humano.
Eu devo fazer isto. Se eu não fizer isto, ninguém irá fazer por mim.
E chegará um tempo... em que cada pessoa será capaz de cumprir completamente o que deveria ser. [E chegará um tempo em que todos nós seremos Deuses Conscientes.]
Há respiração. Há respiração dentro da dor. [Há respiração em tudo, porque tudo é orgânico e tudo vive.]
Não há vergonha no fracasso. Para um guerreiro, a única vergonha é não tentar.
Bruno Bettelheim, um sobrevivente dos campos nazistas de extermínio, argumenta que a raiz de nosso fracasso em lidar com a violência está em nossa recusa em enfrentá-la. Negamos nosso fascínio pela beleza sombria da violência, e condenamos a agressão e a reprimimos, em vez de olhar para ela diretamente e tentar entendê-la e controlá-la.
Os estupros e os assassinatos de gangues ou cultos em tempos de paz e guerra não são violência sem sentido. Em vez disto, são atos poderosos de ligação de grupo e capacitação criminosa que, muitas vezes, têm um propósito oculto de promover a riqueza, o poder ou a vaidade de um líder ou causa específica... às custas dos inocentes.
Não pode haver dúvida de que essa resistência a matar o próximo existe e que existe como resultado de uma poderosa combinação de fatores instintivos, racionais, ambientais, hereditários, culturais e sociais. Ela está lá, é forte e nos dá motivos para acreditar que, afinal, há esperança para a Humanidade.
Napoleão disse: — O momento de maior vulnerabilidade é o instante imediatamente após a vitória.
Foi apenas no século XX que nossa capacidade física e logística de sustentar um combate superou nossa capacidade psicológica de suportá-lo.
Existem fortes evidências de que existe uma predisposição genética para a agressão. Em todas as espécies, o melhor caçador, o melhor lutador e o macho mais agressivo [macho alfa] sobrevive para transmitir suas predisposições biológicas aos descendentes. Existem também processos ambientais que podem desenvolver totalmente esta predisposição para a agressão. Quando combinamos esta predisposição genética com o desenvolvimento ambiental obtemos um assassino.
Anthony Perkins
(Interpretando Norman Bates no filme Psicose)
Os estágios básicos de resposta ao assassinato em combate são: a preocupação com o assassinato, a morte real, a alegria, o remorso, a racionalização e aceitação.
Se um aluno, alguma vez, declarar que está morto, a resposta certa é: — Não, você não está morto! Eu não dou permissão para você morrer. Eu não treino pessoas para morrer. Eu as treino para viver!
Peter Marin condena a inadequação de nossa terminologia psicológica ao descrever a magnitude e a realidade da dor da consciência humana. Como sociedade, diz ele, parece que somos incapazes de lidar com a dor moral e com a culpa. [A partir do momento que adotamos como princípio um manda e o outro obedece, não haverá mesmo mais dor moral nem sentimento de culpa, simplesmente, porque passamos a admitir que a responsabilidade pelas conseqüências dos nossos atos é de quem deu a ordem. Um exemplo disto foi o do Generalfeldmarschall Wilhelm Bodewin Johann Gustav Keitel (22 de setembro de 1882, Helmscherode – 16 de outubro de 1946, Nuremberg), chefe do Comando Supremo das Forças Armadas Alemãs, após 1938, e conselheiro militar de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, que, no Tribunal de Nuremberg, mostrou-se arrependido durante o julgamento, ao mesmo tempo em que procurou se eximir de qualquer responsabilidade, alegando estar apenas cumprindo as ordens de Hitler. Keitel assinou a rendição incondicional da Alemanha, em Berlim, em 8 de maio de 1945. Depois, foi julgado em Nuremberg por crimes de guerra, e foi enforcado em outubro de 1946.]
Wilhelm Keitel
Aqueles que dizem graças a Deus não fui eu ao ver uma morte violenta é, sem dúvida, uma das mais profundas, mais sombrias e mais vergonhosas de todas as reações humanas.
A taxa em que estamos tentando matar ou ferir gravemente uns aos outros pode estar nos níveis mais altos da história em tempos de paz.
Ted Turner disse: A violência na televisão é o fator mais significativo que contribui para a violência na América.
Carl von Clausewitz advertiu: Não adianta, e é até mesmo contra o melhor interesse de alguém, se afastar da consideração de um caso porque o horror de seus elementos provoca repugnância.
Achaste mel? Come só o que te for suficiente…
O amor é o sentimento mais saudável, mais bonito e mais puro que há.
Até quando os belicistas prevalecerão?
Até quando os sanguinários prevalecerão?
Até quando os terroristas prevalecerão?
Até quando os assassinos prevalecerão?
Até quando os fanáticos prevalecerão?
Até quando os políticos de merda prevalecerão?
Até quando as merdas de políticos prevalecerão?
Até quando os desirmãos prevalecerão?
Até quando os desvairados prevalecerão?
Até quando os anti-humanos prevalecerão?
Até quando os intolerantes prevalecerão?
Até quando os magos negros prevalecerão?
Música de fundo:
Hava Nagila
Composição: Abraham Zevi Idelsohn
Interpretação: André RieuFonte:
https://www.youtube.com/watch?v=xZweLtjNxZY
Páginas da Internet consultadas:
https://audiokarma.org/forums/index.php
http://empathygap.uk/?m=201707
https://www.gifss.com/banderas/palestina/
http://www.attacreport.com/overview.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Keitel
https://mosqueteirasliterarias.comunidades.net
https://oglobo.globo.com/epoca/
https://coracaoduplo.blogspot.com/2016/
07/david-grossman-entrevista_6.htmhttps://centraldecursos.com/imagem-gif/
https://petalasdesabedoria.blogspot.com
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1905200812.htm
https://www.digestivocultural.com/
https://oglobo.globo.com/epoca/
https://www.somostodosum.com.br
http://gifanimadosyfrasescortas.blogspot.com
http://premoldeadoselmuro.blogspot.com
https://www.fronteiras.com/artigos/o-inferno-dos-outros
https://www.shereland.com/blog/livros/rodape/
frases-de-david-grossman-em-ver-amorhttps://pt.wikipedia.org/wiki/David_Grossman
https://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/david-grossman/
https://www.pensador.com/autor/david_grossman/
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