Karl Marx

Karl Marx

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo – que denominei Da$ Bufunfal (neologismo que inventei derivado de bufunfa + Kapital) – é um pequeno conjunto de fragmentos do que Karl Marx pensou sobre a bufunfa capitalizada, colhidos, particularmente, em obras como O Capital e Contribuição para a Crítica da Economia Política.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão. Criou as bases da doutrina comunista, onde criticou o Capitalismo. Sua filosofia exerceu influência em várias áreas do conhecimento, tais como Sociologia, Política, Direito, Teologia, Filosofia, Economia, entre outras.

 

Em 1835, Marx concluiu o curso ginasial no Liceu Friedrich Wilhelm. Ainda neste ano e em boa parte de 1836, Karl estudou Direito, História, Filosofia, Arte e Literatura na Universidade de Bonn.

 

No final de 1836, foi para Berlim, onde se propagavam as idéias de Hegel, destacado filósofo e idealista alemão. Max se alinha com os 'hegelianos de esquerda', que procuravam analisar as questões sociais, fundamentados na necessidade de transformações na burguesia da Alemanha. Entre 1838 e 1840, dedicou-se à elaboração de sua tese, em busca de um cargo de professor. Em 1841, na Universidade de Iena, apresentou o trabalho A Diferença Entre a Filosofia da Natureza de Demócrito e a de Epicuro.

 

Por motivos políticos, Karl não é nomeado, pois as universidades não aceitavam mestres que seguem as idéias de Hegel. Desiludido, dedicou-se ao jornalismo. Escreveu artigos para os Anais Alemães, de seu amigo Arnold Ruge, mas a censura impediu sua publicação. Em outubro de 1842, mudou-se para Colônia, e assumiu a direção do jornal Gazeta Renana, mas logo após a publicação do artigo sobre o absolutismo russo, o governo fechou o jornal.

 

Em julho de 1843, casou-se com Jenne, irmã de seu amigo Edgard von Westphalen. O casal mudou-se para Paris, onde Marx, junto com Ruge, fundou a revista Anais Franco-alemães, na qual publica os artigos de Fredrich Engels. Max publicou a Introdução à Crítica da Filosofia do Direito, de Hegel e Sobre a Questão Judaica. Ingressou em uma sociedade secreta, mas foi expulso da cidade. Marx, que tinha descendência judaica e fazia parte do Judaísmo Talmúdico Cabalista, também era um maçom, e foi escalado, em uma das reuniões de sua Loja, para criar um movimento ideológico revolucionário de esquerda.

 

Marx publicou, em 1848, o Manifesto Comunista, onde já esboçava suas principais idéias com a luta de classes e o materialismo histórico. Em fins de 1844, Max começou a escrever para o Vornaerts, em Paris. Suas opiniões desagradaram o Governo de Frederico Guilherme V, imperador da Prússia, que pressionou o Governo Francês a expulsar os colaboradores da publicação, entre eles Max e Engels. Em fevereiro, Marx foi obrigado a sair da França. Foi para a Bélgica.

 

Dedica-se, então, a escrever teses sobre o Socialismo, e manteve contato com o movimento operário europeu. Fundou a Sociedade dos Trabalhadores Alemães. Junto com Engels, adquiriu um semanário, e ambos se integraram à Liga dos Justos, uma entidade secreta de operários alemães, com filiais por toda a Europa. No 2º Congresso da Liga, foram solicitados para redigir um manifesto. Com base no trabalho de Engels, Os Princípios do Comunismo, Max escreveu o Manifesto Comunista, que enviou para Londres, em Janeiro de 1848.

 

Na obra, Karl criticou o Capitalismo, expôs a história do movimento operário, e terminou com um apelo pela união dos operários no mundo todo. Pouco tempo depois, Karl e sua mulher foram presos e expulsos do Bélgica. Depois de vários exílios e privações, finalmente se instalaram em Londres. Apesar da crise, em 1864 fundou a Associação Internacional dos Trabalhadores, em Londres, que acabou ficando conhecida como Primeira Internacional. Com a ajuda de Engels, publicou, em 1867, o primeiro volume de sua mais importante obra – O Capital – em que sintetiza suas críticas à Economia Capitalista.

 

Ao escrever a Crítica ao Programa de Gotha, condenou o programa que o partido socialista alemão adotara em 1875. As teorias de Marx influenciaram a Revolução Russa de 1917, teóricos e políticos como Lênin, Trotski, Stalin e Mao Tsé-Tung. Assim, sua doutrina esteve presente em vários países, como a extinta URSS, a China e Cuba.

 

Karl Heinrich Max morreu em Londres, no dia 14 de março de 1883, em conseqüência de uma bronquite e de problemas respiratórios.

 

 

 

Das Kapital – Excertos

 

 

 

A riqueza daquelas sociedades em que o modo de produção capitalista prevalece se apresenta como uma imensa acumulação de mercadorias.

 

Enquanto o avarento é apenas um capitalista enlouquecido, o capitalista é um avarento racional.

 

Quanto menos comes, bebes, compras livros, vais ao teatro e ao café, pensas, amas, teorizas, cantas, sofres, praticas desporto etc., mais economizas e mais cresce o teu capital. «És» menos, mas «tens» mais. Assim todas as paixões e atividades são tragadas pela cobiça.

 

A mercadoria é, antes de tudo, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza ou a origem delas, provenham do estômago ou da fantasia.

 

Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos, o mais que possa. E o que temos a fazer não é divagar acerca da sua vontade, mas investigar o seu poder, os limites deste poder e o caráter destes limites.

 

O Capitalismo gera o seu próprio coveiro.

 

A escravatura e a servidão têm existido em conformidade com a índole da produção e têm desaparecido quando o grau de desenvolvimento desta torna mais útil o trabalho do homem livre que a do escravo ou do servo; a justiça e a fraternidade não intervieram em nada nesta desaparição. Qualquer que seja o valor subjetivo da moral, do progresso e de outros grandes princípios do pensamento, esta bela fraseologia não influi em nada nas flutuações das sociedades humanas; por si só é impotente para efetuar a menor mudança. As evoluções sociais determinam outras considerações menos sentimentais. As suas causas se encontram na estrutura econômica e no modo de produção e de troca, que presidem a distribuição das riquezas, e, por conseguinte, a formação das classes e das hierarquias. Quando as evoluções se efetuam, não é porque obedeçam a um ideal elevado de justiça, mas, sim, porque se ajustam à ordem econômica do momento.

 

De várias maneiras, os filósofos têm apenas interpretado o mundo. O ponto fulcral, no entanto, é mudar isto.

 

A acumulação da riqueza, por um lado, significa acumulação igual de pobreza, de sofrimento, de ignorância, de embrutecimento, de degradação física e moral e de escravidão; por outro, ou seja, do lado da classe que produz o próprio capital, significa o trabalhador.

 

O homem deve duvidar de tudo.

 

Capital e trabalho apresentam um movimento constituído de três momentos fundamentais: primeiro, a unidade imediata e mediata de ambos; segundo, a oposição de ambos; e terceiro, a oposição de cada um contra si mesmo.

 

As classes e as raças, fracas demais para absorver e dominar as novas condições de vida e as novas tecnologias, infelizmente, acabam cedendo.

 

A alienação (ou estranhamento) é descrita por Marx sob quatro aspectos: 1º) o trabalhador é estranho ao produto de sua atividade, que pertence a outro; 2º) a alienação do trabalhador, relativamente ao produto da sua atividade, surge, ao mesmo tempo, vista do lado da atividade do trabalhador, como alienação da atividade produtiva. Esta deixa de ser uma manifestação essencial do homem, para ser um 'trabalho forçado', não-voluntário, mas, determinado pela necessidade externa. Por isto, o trabalho deixa de ser a satisfação de uma necessidade, mas, apenas, um meio para satisfazer necessidades externas a ele; 3º) com a alienação da atividade produtiva, o trabalhador aliena-se também do gênero humano. A perversão, que separa as funções animais do resto da atividade humana e faz delas a finalidade da vida, implica a perda completa da humanidade; e 4º) a conseqüência imediata desta alienação do trabalhador da vida genérica, da humanidade, é a alienação do homem pelo homem. Em geral, a proposição de que o homem se tornou estranho ao seu ser, enquanto pertencente a um gênero, significa que um homem permaneceu estranho a outro homem, e que, igualmente, cada um deles se tornou estranho ao ser do homem.

 

Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que lhe determina a consciência.

 

Até os nossos dias, a História da Humanidade é a história da luta de classes.

 

O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; a essência domina-o e ele a adora.

 

 

 

 

Há tantas coisas na vida mais importantes do que o dinheiro. Mas, custam tanto!

 

Se o bicho-da-seda tecesse para ligar as duas pontas, continuando a ser uma lagarta, seria o assalariado perfeito.

 

O que distingue uma época econômica de outra é menos o que se produziu do que a forma de o produzir.

 

A propriedade privada tornou-nos tão estúpidos e tão limitados, que um objeto só é nosso quando o possuímos.

 

Os donos do Capital incentivarão a classe trabalhadora a adquirir, cada vez mais, bens caros, casas e tecnologia, impulsionando-a, cada vez mais, ao caro endividamento, até que sua dívida se torne insuportável [impagável e incobrável].

 

Na manufatura e no artesanato, o trabalhador utiliza a ferramenta; na fábrica, ele é um servo da máquina.

 

Horrorizai-vos porque queremos abolir a propriedade privada. Mas, em vossa sociedade a propriedade privada já está abolida para nove décimos de seus membros.

 

O povo que subjuga outro forja suas próprias cadeias.

 

 

 

 

As idéias dominantes de uma época sempre foram as idéias da classe dominante.

 

A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas.

 

As únicas engrenagens acionadas pela Economia Política são a avidez pelo dinheiro e a guerra entre aqueles que padecem disto – a concorrência.

 

Para o capitalista, a aplicação mais útil do Capital é aquela que lhe rende, com igual segurança, o maior ganho. Esta aplicação não é sempre a mais útil para a sociedade.

 

O dinheiro é o alcoviteiro entre a necessidade e o objeto, entre a vida e o meio de vida do homem. Mas, o que medeia a minha vida para mim, medeia-me também a existência de outro homem para mim. Isto para mim é o outro homem…

 

O que é para mim pelo dinheiro, o que eu posso pagar, isto é, o que o dinheiro pode comprar, isto sou eu, o possuidor do próprio dinheiro. Tão grande quanto a força do dinheiro é a minha força. As qualidades do dinheiro são minhas – seu possuidor – qualidades e forças essenciais. O que eu sou e consigo não é determinado de modo algum, portanto, pela minha individualidade.

 

Se o dinheiro é o vínculo que me liga à vida humana, que liga à sociedade a mim, que me liga à Natureza e ao homem, não é o dinheiro o vínculo que me liga a todos os vínculos?

 

O que eu, como homem, não consigo, o que, portanto, todas as minhas forças essenciais individuais não conseguem, consigo-o eu por intermédio do dinheiro. O dinheiro faz assim de cada uma destas forças essenciais algo que, em si, ela não é, ou seja, o seu contrário.

 

A acumulação de Capital por via da dívida pública não significa senão o desenvolvimento de uma classe de credores do Estado que são autorizados a cobrar para si próprios uma parte do montante dos impostos. Estes fatos demonstram que uma acumulação de dívidas passa a ser uma acumulação de Capital.

 

O valor-de-troca surge, antes de tudo, como a relação quantitativa, a proporção em que valores-de-uso de espécie diferente se trocam entre si, relação que varia constantemente com o tempo e o lugar. O valor-de-troca parece, portanto, qualquer coisa de arbitrário e de puramente relativo; um valor-de-troca intrínseco, imanente à mercadoria, parece ser, como diz a escola, uma 'contradictio in adjecto' [uma contradição em si].

 

Se abstrairmos do valor-de-uso das mercadorias, resta-lhes uma única qualidade: a de serem produto do trabalho.

 

O tempo socialmente necessário à produção das mercadorias é o tempo exigido pelo trabalho executado com um grau médio de habilidade e de intensidade e em condições normais, relativamente ao meio social dado. Depois da introdução do tear a vapor na Inglaterra, passou a ser necessário, talvez, apenas, metade de trabalho que anteriormente era necessário para transformar em tecido uma certa quantidade de fio. O tecelão manual inglês, este continuou a precisar do mesmo tempo que antes para executar esta transformação; mas, a partir deste momento, o produto da sua hora de trabalho individual passou a representar apenas metade de uma hora social, não criando mais do que metade do valor anterior.

 

Substância do Valor: o Trabalho.

 

 

 

 

Medida da Grandeza do Valor: o Trabalho.

 

 

 

 

De cada um, de acordo com suas habilidades; a cada um, de acordo com suas necessidades.

 

Em uma certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações se transformam em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social.

 

A produtividade do trabalho é determinada pelas mais diversas circunstâncias, dentre elas a destreza média dos trabalhadores, o grau de desenvolvimento da ciência e sua aplicação tecnológica, a organização social do processo de produção, o volume e a eficácia dos meios de produção e as condições naturais.

 

Antes de surgir um alfaiate, pressionado pela necessidade de se vestir, o ser humano costurou durante milênios.1

 

Se prescindirmos do valor-de-uso da mercadoria, só lhe resta uma propriedade: a de ser produto do trabalho. Mas, então, o produto do trabalho já terá passado por uma transmutação. Pondo de lado seu valor-de-uso, abstraímos, também, das formas e elementos materiais que fazem dele um valor-de-uso. Ele não é mais mesa, casa, fio ou qualquer outra coisa útil. Sumiram todas as suas qualidades materiais. Também não é mais o produto do trabalho do marceneiro, do pedreiro, do fiandeiro ou de qualquer outra forma de trabalho produtivo. Ao desaparecer o caráter útil dos produtos do trabalho, também desaparece o caráter útil dos trabalhos neles corporificados; desvanecem-se, portanto, as diferentes formas de trabalho concreto, elas não mais se distinguem umas das outras, mas reduzem-se, todas, a uma única espécie de trabalho, o trabalho humano abstrato.

 

40 metros de linho valem o quê? Dois casacos. Desempenhando o casaco, no caso, o papel de equivalente, sendo o valor-de-uso casaco o corpo do valor de linho, basta determinada quantidade de casacos para expressar determinada quantidade de valor de linho. Dois casacos podem por isto, expressar a magnitude do valor de 40 metros de linho, mas nunca a magnitude do próprio valor, a magnitude do valor dos dois casacos.

 

O valor de uma mercadoria só adquire expressão geral porque todas as outras mercadorias exprimem seu valor através do mesmo equivalente, e toda nova espécie de mercadoria tem de fazer o mesmo. Evidencia-se, deste modo, que a realidade do valor das mercadorias só pode ser expressa pela totalidade de suas relações sociais, pois esta realidade nada mais é do que a 'existência social' delas, tendo a forma do valor, portanto, de possuir validade social reconhecida.

 

O reflexo religioso do mundo real só poderá desaparecer quando as condições práticas das atividades cotidianas do homem representarem, normalmente, relações racionais claras2 entre os homens e entre estes e a Natureza.

 

O valor não traz escrito na fronte o que ele é. Longe disso, o valor transforma cada produto do trabalho em um hieróglifo social. Mais tarde, os homens procuram decifrar o significado do hieróglifo, descobrir o segredo de sua própria criação social, pois a conversão dos objetos úteis em valores é, como a linguagem, um produto social dos homens.

 

Há uma relação física entre coisas físicas. Mas a forma mercadoria e a relação de valor entre os produtos do trabalho, a qual caracteriza essa forma, nada têm a ver com a natureza física destes produtos nem com as relações materiais dela decorrentes. Uma relação social definida, estabelecida entre os homens, assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Para encontrar um símile, temos de recorrer à região nebulosa da crença. Aí, os produtos do cérebro humano parecem dotados de vida própria, figuras autônomas que mantêm relações entre si e com os seres humanos. É o que ocorre, no mundo das mercadorias, com os produtos da mão humana. Chamo a isto de fetichismo, que está sempre grudado aos produtos do trabalho, quando são gerados como mercadorias. É inseparável da produção de mercadorias.

 

Ninguém pode vender sem que alguém compre. Mas ninguém é obrigado a comprar imediatamente, apenas porque algo está sendo vendido.3

 

O tecelão de linho pode vender seu linho, porque o camponês vendeu o trigo; o apologista do copo, sua bíblia, porque o tecelão vendeu seu linho; o destilador, sua aguardente, porque outro vendeu a água da vida eterna. E assim por diante.

 

 

 

 

Já nos primórdios do desenvolvimento da circulação das mercadorias, desenvolvem-se a necessidade e a paixão de reter o produto da primeira metamorfose, a forma transfigurada da mercadoria – a crisálida áurea.

 

Em sua onipotência, o dinheiro é o intermediário entre a necessidade e o objeto, entre a vida e o meio de vida do homem.

 

Sou feio, mas posso comprar para mim a mais bela mulher. Portanto, não sou feio, pois o efeito da fealdade e sua força repelente são anulados pelo dinheiro. Eu sou – segundo minha individualidade – coxo, mas o dinheiro me proporciona vinte e quatro pés; não sou, portanto, coxo. Sou um ser humano mau, sem honra, sem escrúpulos, sem espírito, mas o dinheiro é honrado e, portanto, também o seu possuidor. O dinheiro é o bem supremo, logo, é bom também o seu possuidor. O dinheiro me isenta do trabalho de ser desonesto, sou, portanto, presumidamente honesto. Sou tedioso, mas o dinheiro é o espírito real de todas as coisas, como poderia seu possuidor ser tedioso? Além disto tudo, ele pode comprar para si as pessoas ricas de espírito, e quem tem o poder sobre os ricos de espírito não é ele mais rico de espírito do que o rico de espírito? Eu, que por intermediário do dinheiro, consigo tudo o que o coração humano deseja. Logo, não possuo, eu, todas as capacidades humanas? Meu dinheiro não transforma, portanto, todas as minhas incapacidades no seu contrário?4

 

O dinheiro, como disse Shakespeare, é a divindade visível, mas é também a prostituta universal, o proxeneta universal dos homens e dos povos.

 

O que é para mim pelo dinheiro, o que eu posso pagar, isto é, o que o dinheiro pode comprar, isso sou eu, o possuidor do próprio dinheiro.

 

Quem pode comprar a valentia é valente, ainda que seja covarde.

 

O dinheiro – enquanto exterior, não oriundo do homem enquanto homem nem da sociedade humana enquanto sociedade – meio e capacidade universais, faz da representação efetividade e da efetividade uma pura representação, transformando igualmente as forças essenciais humanas efetivas e naturais em puras representações abstratas e, por isto, em imperfeições e angustiantes fantasias, assim como, por outro lado, transforma as efetivas imperfeições e fantasias, as suas forças essenciais realmente impotentes que só existem na imaginação do indivíduo, em forças essenciais efetivas e efetiva capacidade.

 

 

 

 

Pressupondo o homem enquanto homem e seu comportamento com e no mundo como humanizador, tu só poderás trocar amor por amor, confiança por confiança etc. Se tu quiseres fruir da arte, terás de ser uma pessoa artisticamente cultivada. Se quiseres exercer influência sobre outros seres humanos, tu terás de ser um ser humano que atue efetivamente sobre os outros de modo estimulante e encorajador. Cada uma de tuas relações com o homem e com a Natureza terá de ser uma exteriorização determinada de tua vida individual efetiva correspondente ao objeto de tua vontade. Se tu amares sem despertar amor recíproco, se mediante tua exteriorização de vida como homem amante não te tornares homem amado, então, teu amor será impotente e tudo será uma infelicidade.

 

Na verdade, o valor se torna o agente de um processo em que, através do contínuo revezamento das formas dinheiro e mercadoria, modifica sua própria magnitude como valor excedente, se afasta de si mesmo como valor primitivo, e se expande a si mesmo.

 

Nunca se deve considerar o valor-de-uso objetivo imediato do capitalista. Tampouco o lucro isolado, mas o interminável processo de obter lucros. Este impulso de enriquecimento absoluto, esta caça apaixonada ao valor, é comum ao capitalista e ao entesourador, mas, enquanto este é o capitalista enlouquecido, aquele é o entesourador racional. A expansão incessante do valor, por que luta o entesourador, procurando salvar, tirar dinheiro da circulação, obtém-na de maneira mais sagaz o capitalista, lançando-o continuamente na circulação.

 

A forma autônoma, a forma dinheiro, que o valor das mercadorias assume na circulação simples, serve apenas para possibilitar a troca de mercadorias, e desaparece com o resultado final do movimento. Na circulação D – M – D, ao contrário, funcionam dinheiro (D) e mercadoria (M), apenas como modos de existência diversos do próprio valor, sendo o dinheiro seu modo de existência geral, e a mercadoria seu modo particular ou dissimulado. O valor passa continuamente de uma forma para outra, sem se perder neste movimento, transformando-se em uma entidade que opera automaticamente.

 

Se, na circulação simples, o valor das mercadorias adquire, no máximo, em confronto com o valor-de-uso, a forma independente de dinheiro, na circulação do Capital esse valor se revela subitamente uma substância que tem um desenvolvimento, um movimento próprio, e da qual a mercadoria e o dinheiro são meras formas.

 

O fetichismo do Capital consiste não só na ilusão de que o Capital também é uma fonte autônoma de produção de valor, mas, principalmente, em seu poder efetivo de subordinar o trabalho e as condições de sua autovalorização, crescendo e expandindo sua dominação às várias esferas da vida econômica.

 

A troca de mercadorias começou nas fronteiras da comunidade primitiva, nos seus pontos de contato com outras comunidades ou com membros de outras comunidades. Mas, virando os produtos mercadorias na vida externa da comunidade, por contágio, também se tornam mercadorias dentro dela. De início, sua relação quantitativa de troca é inteiramente casual. São permutáveis por mútua vontade de seus possuidores de aliená-los reciprocamente. Nesse ínterim, arraiga-se, progressivamente, a necessidade de objetos úteis vindos de fora. A repetição constante da troca torna-a um processo social regular. Por isto, com o tempo, passa-se a fazer para a troca, intencionalmente, pelo menos uma parte dos produtos do trabalho.

 

Mais-valia = lucro auferido pelo capitalista resultante da diferença entre o que é pago pela mão-de-obra e o valor que é cobrado pela mercadoria produzida por esta força de trabalho = base da acumulação capitalista = exploração do trabalho = valor que o trabalhador assalariado cria acima do valor da sua força de trabalho = trabalho humano expropriado e não pago.

 

Mais-valia absoluta = intensificação do ritmo de trabalho, através de uma série de controles impostos aos operários, que incluem a mais severa vigilância a todos os seus atos na unidade produtiva até a cronometragem e determinação dos movimentos necessários à realização das suas tarefas. O capitalista obriga os trabalhadores a trabalhar a um ritmo tal que, sem alterar a duração da jornada, eles produzem mais mercadorias e mais valor.

 

Mais-valia relativa = incremento dos lucros aumentando a produtividade por meio da mecanização.

 

Com o desenvolvimento da mais-valia relativa no modo de produção especificamente capitalista, que implica a expansão das forças produtivas sociais do trabalho, estas forças e as conexões sociais do trabalho no processo direto de trabalho aparecem transferidas do trabalho para o Capital. Em conseqüência, o Capital se torna sumamente místico, pois todas as forças produtivas sociais do trabalho parecem provir e brotar dele mesmo, e não do trabalho como tal.

 

O processo capitalista de produção é forma historicamente determinada do processo social de produção. Este abrange a produção das condições materiais da vida humana e, ao mesmo tempo, é processo que se desenvolve dentro das relações de produção específicas, histórico-econômicas, produzindo e reproduzindo estas relações de produção e, por conseguinte, os agentes deste processo, no contexto deles: as condições materiais de existência e as relações recíprocas, isto é, a forma econômica particular de sociedade que lhes corresponde. É que o conjunto das relações que os agentes da produção, produzindo dentro delas, mantêm entre si e com a Natureza constitui justamente a sociedade, considerada em sua estrutura econômica. Como todos os anteriores, o processo capitalista de produção se efetua em certas condições materiais que, ao mesmo tempo, servem de suporte a determinadas relações sociais contraídas pelos indivíduos no processo de reprodução da vida.

 

São duas magnitudes bem diversas que a mercadoria custa ao capitalista e o que custa produzi-la. Da mercadoria, a parte constituída pela mais-valia nada custa ao capitalista, justamente por custar ao trabalhador trabalho que não é pago.

 

O capitalista apenas personifica o Capital. Sua alma é a alma do Capital. Mas o Capital tem seu próprio impulso vital, o impulso de valorizar-se, de mais-valia, de absorver com sua parte constante, com os meios de produção, a maior quantidade possível de trabalho excedente. O Capital é trabalho morto que, como um vampiro, se reanima sugando trabalho vivo, e, quanto mais o suga, mais forte se torna.

 

O processo de consumo da força de trabalho é, simultaneamente, o processo de produção de mercadoria e de mais-valia.

 

Enquanto for consciência e vontade do Capital em suas ações e omissões, verá no seu próprio consumo privado o equivalente a um roubo contra a acumulação. Aliás, no sistema de escrituração de partidas dobradas, as despesas particulares são lançadas contra o Capital, no lado devedor da conta do capitalista. Acumular é empreender a conquista do mundo da riqueza social. Juntamente com a quantidade de material humano explorado, a acumulação amplia o domínio direto e indireto do capitalista.

 

Nos primórdios históricos do modo capitalista de produção – e todo capitalista novo-rico percorre este estágio –, dominam o impulso para enriquecer e a avareza como paixões absolutas. Mas o progresso da produção capitalista não cria apenas um mundo de fruições. Com a especulação e com o crédito, abre milhares de fontes de enriquecimento rápido. Em certo nível do desenvolvimento, certa dose convencional de prodigalidade se torna necessária para o negócio do 'infeliz' capitalista, a qual serve para exibir riqueza, sendo, por isto, meio de obter crédito.

 

Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam o homem e a Natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a Natureza.

 

Na pessoa do capitalista – na realidade o Capital personificado – os produtos se tornam força autônoma ante os produtores.

 

Como representante consciente deste movimento [exploração da força humana de trabalho no processo de produção da mais-valia], o possuidor do dinheiro se torna capitalista. Sua pessoa, ou melhor, seu bolso, é de onde sai e para onde volta o dinheiro. O conteúdo objetivo da circulação em causa – a expansão do valor – é sua finalidade subjetiva. Enquanto a apropriação crescente da riqueza abstrata for o único motivo que determina suas operações, funcionará ele como capitalista, ou como Capital personificado, dotado de vontade e de consciência.

 

A autovalorização do Capital – a criação de mais-valia – é, pois, objetivo determinante, predominante e avassalador do capitalista, impulso e conteúdo absoluto das suas ações; na realidade, não é outra coisa senão o afã e a finalidade racionalizados do entesourador. Conteúdo absolutamente mesquinho e abstrato, que, sob certo ponto de vista, faz o capitalista aparecer como que submetido a uma servidão para com a relação do Capital que é igual, embora também de outra maneira, à do seu pólo oposto, à do operário.

 

O capitalista individual não faz mais do que produzir tanto mais-valia quanto for possível.

 

O capitalista é um fanático da expansão do valor, compelindo impiedosamente a Humanidade a produzir por produzir, a desenvolver as forças produtivas sociais e a criar as condições materiais de produção, que são os únicos fatores capazes de constituir a base real de uma forma social superior, tendo por princípio fundamental o desenvolvimento livre e integral de cada indivíduo.

 

A divisão social do trabalho faz se confrontarem os produtores independentes de mercadorias, os quais não reconhecem outra autoridade além da concorrência, além da coação exercida sobre eles pela pressão dos recíprocos interesses, do mesmo modo que, no reino animal, o 'bellum omnium contra omnes' [guerra de todos contra todos] preserva mais ou menos as condições de existência de todas as espécies.

 

Mas, o Pecado Original se manifesta por toda parte. Com o desenvolvimento do modo capitalista de produção, da acumulação e da riqueza, deixa o capitalista de ser mera encarnação do Capital. Sente compaixão por si mesmo e atinge um nível de educação que o leva a sorrir do apego à ascese, considerando-o preconceito do entesourador arcaico. Enquanto o capitalista clássico condena o consumo individual como pecado contra sua função e atentado contra a acumulação, o capitalista moderno é capaz de considerar a acumulação uma renúncia ao impulso de fruir a vida. Em seu peito, coitadinho, moram duas almas que lutam por se separar!

 

Na realidade, em condições normais, parte da mais-valia tem de ser consumida como renda e parte tem de ser capitalizada, não importando que a mais-valia produzida em certos períodos seja totalmente consumida ou inteiramente capitalizada.

 

No Capital e na pessoa do capitalista – na realidade o capital personificado – os produtos se tornam força autônoma ante os produtores. A terra, por sua vez personificada no proprietário, resiste e se torna força autônoma que exige participação no produto obtido com sua ajuda. Deste modo, o que à terra cabe receber para renovar e acrescer a produtividade, o proprietário embolsa por meio da renda com que transaciona e que dissipa. É claro que o Capital requer previamente que o trabalho seja assalariado. Mas, é claro também que, e o ponto de partida é o trabalho assalariado, parecerá natural identificar o trabalho em geral com o trabalho assalariado, e o Capital e a terra monopolizada parecerão ser necessariamente a forma lógica das condições de trabalho, em face do trabalho em geral.

 

Para o Capital poder se formar e se apoderar da produção, é necessário certo nível de desenvolvimento do comércio, portanto da circulação e da produção de mercadorias, pois, os artigos não podem entrar como mercadorias na circulação se não forem produzidos para a venda, como mercadorias. Mas a produção de mercadorias só se torna o sistema normal, dominante, na base da produção capitalista.

 

Sob a forma dinheiro, o capitalista lança menos valor na circulação do que dela retira, e sob a forma mercadoria lança na circulação mais valor do que dela retira. Enquanto personifica apenas o Capital, funcionando como capitalista industrial, sua oferta de valor-mercadoria é sempre maior do que sua procura.

 

 

 

 

O capitalista tem realmente de vender mais caro do que comprou, mas só consegue isto porque, através do processo de produção capitalista, transforma a mercadoria mais barata, de menor valor que adquiriu, em mercadoria de maior valor, mais cara. Vende mais caro não por vender sua mercadoria acima do valor, mas por estar o valor de sua mercadoria acima do valor global dos elementos de sua produção.

 

O poder de ataque de um esquadrão de cavalaria ou o poder de resistência de um regimento de infantaria diferem essencialmente da soma das forças individuais de cada cavalariano ou de cada infante. Do mesmo modo, a soma das forças mecânicas dos trabalhadores isolados difere da força social que se desenvolve quando muitas mãos agem simultaneamente na mesma operação indivisa, por exemplo, quando é mister levantar uma carga, fazer girar uma pesada manivela ou remover um obstáculo.

 

A manufatura, além da sua dependência da capacidade física do trabalhador, depende da habilidade, da rapidez e da segurança do trabalhador individual ao manejar seu instrumento.

 

Não só o trabalho é dividido e suas diferentes frações são distribuídas entre os indivíduos, mas o próprio indivíduo é mutilado e transformado no aparelho automático de um trabalho parcial, tornando-se, assim, realidade a fábula absurda de Menennius Agrippa que representa um ser humano como simples fragmento de seu próprio corpo.

 

A subordinação técnica do trabalhador ao ritmo uniforme do instrumental de trabalho e a composição peculiar do organismo de trabalho, formado de indivíduos de ambos os sexos e das mais diversas idades, criam uma disciplina de caserna, que vai ao extremo no regime integral de fábrica.

 

Somente a produção capitalista transforma o processo produtivo material na aplicação da ciência na produção – na ciência posta em prática, mas somente submetendo o trabalho ao Capital e reprimindo o próprio desenvolvimento intelectual e profissional...

 

Ao se converter em maquinaria, o instrumental de trabalho exige a substituição da força humana por forças naturais, e a rotina empírica pela aplicação consciente da ciência.

 

Na agricultura moderna, como na indústria urbana, o aumento da força produtiva e a maior mobilização do trabalho obtêm-se com a devastação e a ruína física da força de trabalho. E todo progresso da agricultura capitalista significa progresso na arte de despojar não só o trabalhador, mas também o solo; e todo aumento da fertilidade da terra em um tempo dado significa esgotamento mais rápido das fontes duradouras desta fertilidade.

 

Quanto mais o desenvolvimento de um país se apóia na indústria moderna, como é o caso dos Estados Unidos, mais rápido é o processo de destruição da terra. A produção capitalista, portanto, só desenvolve a técnica e a combinação do processo social de produção, exaurindo as fontes originais de toda a riqueza: a terra e o trabalhador.

 

Todo trabalho, diretamente social ou coletivo, executado em grande escala, exige, com maior ou menor intensidade, uma direção que harmonize as atividades individuais e preencha as funções gerais ligadas ao movimento de todo o organismo produtivo, que difere do movimento dos seus órgãos isoladamente considerados. Um violinista isolado comanda a si mesmo; uma orquestra exige um maestro. Esta função de dirigir, superintender e mediar assume-a o Capital logo que o trabalho a ele subordinado se torna cooperativo. Enquanto função específica do Capital, adquire a função de dirigir caracteres especiais.

 

Na sociedade burguesa reina a ficção jurídica de que todo ser humano, como comprador, tem um conhecimento enciclopédico das mercadorias.

 

A máquina não é apenas o concorrente todo-poderoso sempre pronto a tornar supérfluo o trabalho assalariado. Ela se torna a arma mais poderosa para reprimir as revoltas periódicas e as greves dos trabalhadores contra a autocracia do Capital.

 

Excetuados os períodos de prosperidade, travam-se entre os capitalistas os mais furiosos combates, procurando, cada um deles, obter uma participação no mercado. Esta participação está na razão direta do barateamento do produto. Por isto, rivalizam-se no emprego de maquinaria aperfeiçoada que substitui a força de trabalho e na aplicação de novos métodos de produção. Mas, em todo ciclo industrial, chega o momento em que se procura baratear as mercadorias, diminuindo-se à força o salário abaixo do valor da força de trabalho.

 

Os trabalhadores ocupados efetivamente nas operações da máquina, isto é, o autêntico esqueleto da oficina, está formado por trabalhadores que executam o mesmo trabalho, de tal modo que não existe uma divisão do trabalho propriamente dita, senão uma simples cooperação, cuja ação, não obstante, não se baseia economicamente na cooperação de várias pessoas, senão no fato de que em muitas destas máquinas se consegue a economia graças a um motor comum e a um sistema comum de mecanismo de transmissão (sem contar a economia que se alcança por causa dos edifícios etc., própria também da manufatura baseada na cooperação simples).

 

Se a aparência e a essência das coisas coincidissem diretamente, qualquer ciência seria supérflua.

 

A especialização da passividade, ou seja, a eliminação da especialização mesma enquanto especialização, caracteriza o trabalho realizado com a máquina.

 

 

 

 

Na manufatura considerada em seu conjunto, o trabalhador individual constitui a parte viva da máquina coletiva, da oficina que, por sua vez, é um mecanismo formado por homens. Na oficina mecânica (considerado também em seu desenvolvimento como um sistema de máquinas) o homem é, ao contrário, o objeto vivo do corpo coletivo e da máquina automática, que existem fora dele mesmo. Entretanto, a máquina coletiva está formada por máquinas que constituem suas partes. Os homens são simplesmente o acessório vivo, o apêndice consciente da máquina inconsciente, mas que opera de maneira uniforme.

 

 

 

 

É incontestável que, em si mesma, a maquinaria não é responsável por serem os trabalhadores despojados dos meios de subsistência.

 

A maquinaria, como instrumental que é, encurta o tempo de trabalho, facilita o trabalho, é uma vitória do homem sobre as forças naturais, aumenta a riqueza dos que realmente produzem, mas, com sua aplicação capitalista, gera resultados opostos: prolonga o tempo de trabalho, aumenta sua intensidade, escraviza o homem por meio das forças naturais e pauperiza os verdadeiros produtores.

 

Os verdadeiros fatos, dissimulados pelo otimismo econômico, são estes: os trabalhadores despedidos pela máquina são transferidos da fábrica para o mercado de trabalho e, lá, aumentam o número das forças de trabalho que estão à disposição da exploração capitalista.

 

Cada passo de um movimento real é mais importante do que uma dúzia de programas.

 

No século XVIII, muitos outros cientistas trataram de descobrir uma lei geral, de acordo com a qual fosse possível determinar de maneira mais precisa a força da pressão. Em geral, no século XVIII, a hidráulica e a hidrotécnica se voltaram para inúmeros descobrimentos, a maior parte dos quais encontrou uma aplicação frutífera nos moinhos: contudo, esta aplicação seguia com muita lentidão o progresso teórico, especialmente na Alemanha.

 

A burguesia é tão necessária para a revolução socialista como é o proletariado.

 

Capital produtos gerados pelos trabalhadores e convertidos em potências autônomas dominando e comprando os produtores, e, mais ainda, são as forças sociais e a forma do trabalho com elas conexa, as quais fazem frente aos trabalhadores como se fossem propriedades do produto deles. Temos aí, portanto, determinada forma social, envolvida em uma névoa mística, de um dos fatores de um processo social de produção fabricado pela história.

 

Todo empreendimento de produção de mercadorias se torna, ao mesmo tempo, empreendimento de exploração de força de trabalho. Entretanto, só a produção capitalista de mercadorias se torna um modo de exploração que marca uma nova era, e que, em seu desenvolvimento histórico, através da organização do processo de trabalho e dos gigantescos progressos da técnica, revoluciona toda a estrutura econômica da sociedade e ultrapassa incomparavelmente todos os períodos anteriores.

 

A estrutura do processo vital da sociedade, isto é, do processo da produção material, só pode se desprender do seu véu nebuloso e místico no dia em que for obra de homens livremente associados, submetida a seu controle consciente e planejado. Para isto, precisa a sociedade de uma base material ou de uma série de condições materiais de existência, que só podem ser o resultado natural de um longo e penoso processo de desenvolvimento.5

 

Fonte da criação do valor, atributo que confere à mercadoria sutilezas metafísicas e argúcias teológicas.

 

Capital entidade que opera automaticamente.

 

O antigo dono do dinheiro marcha agora à frente, como capitalista; segue-o o proprietário da força de trabalho, como seu trabalhador. O primeiro, com um ar importante, sorriso velhaco e ávido de negócios; o segundo, tímido, contrafeito, como alguém que vendeu sua própria pele, apenas espera ser esfolado.

 

 

 

 

Recomendo a leitura da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na Linha de Pesquisa em Filosofia e Teoria Social – Sobre o Fetichismo do Capital em Karl Marx – de autoria de Francisco de Assis Silva, e orientada por Mauro Castelo Branco de Moura. Endereço eletrônico:

http://www.ppgf.ufba.br/dissertacoes/
Francisco_Silva.pdf

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Isto, em Misticismo, coisa que nada tem a ver com Marx, remete à questão do açodamento e da precipitação. Muitas pessoas querem resolver em uma encarnação zil problemas de personalidade e de sei-lá-mais-o-quê que arrastam há zilênios. Não adianta; não conseguirão. Já disse e aproveito para redizer: se sairmos desta vida tendo modificado, transmutado, um só defeito, uma só mácula, um só equívoco, uma só mania, seremos vencedores, e a encarnação não terá sido em vão. A coisa é mais ou menos como disse Stanislaw Jerzy Lec (1909 – 1966): para aprender a ter paciência, é preciso ter muita paciência. Mas, paciência sem trabalho e sem perseverança é inócua. Por isto, o sexto Presidente dos Estados Unidos da América, governando de 1825 a 1829, John Quincy Adams (1767 – 1848), ensinou: Paciência e perseverança têm o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem. Bem, não sei se as dificuldades desaparecerão nem se os obstáculos sumirão, até acho que não, mas, é incontestável que paciência sem trabalho e sem perseverança é inócua. Por isto, é preciso ter muito cuidado com certos websites fajutos e mal-intencionados da Internet que prometem mundos e fundos, riquezas e iluminações e por aí vai. É tudo grupo! Iniciação não se vende; Mestre Ascensionado não canaliza a bangu; palavras efetivas de poder não se divulgam. Enfim, não há essa coisa de rapidinho em Misticismo.

2. O que serão relações racionais claras? Pela fé elas são impossíveis; pela razão também. Então, Marx que me desculpe, eu só vejo um caminho: a Iniciação.

3. Eu conheço uma senhora que compra o que precisa, compra o que não precisa e compra o que pensa que precisa. Esta senhora, em menos de cinco anos, dilapidou um patrimônio que eu calculo que estivesse na faixa de, mais ou menos, R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), e ficou tesa. Conheço outra senhora que, em seu belíssimo apartamento, tem um quarto (quarto da bagunça) só para amontanhar trastes e cacarecos, que ela compra sem saber o porquê e sem quê nem pra quê. De vez em quando, ela cisma de dar algumas coisas, mas, em pouco tempo, a compulsão de comprar realimenta a agonia comprista. Há pessoas que, se não comprarem em demasia, ainda que freqüentemente sem necessidade, se sentem infelizes. No fundo no fundo, bem lá no fundo, tudo isto reflete um desencontro nauseabundo do ser-no-mundo com o seu Eu Profundo.

4. É. Até que, para muitos, é assim mesmo. O que eles não sabem é que a Vida Eterna não se compra.

5. E, obrigatoriamente, depende de ascensão espiritual. Nada, absolutamente nada, poderá melhorar, digamos assim, se o ser-no-mundo permanecer agrilhoado à cobiça, à avareza e ao desinteresse pela coletividade, coisas que, entre outras, caracterizam o laissez faire, laissez aller, laissez passer (deixai fazer, deixai ir, deixai passar) – expressão-símbolo do Liberalismo Econômico, na versão mais pura de Capitalismo, que preconiza que o mercado deve funcionar livremente, sem interferência, e, no limite, se possível, até sem regulação, para que os tubarões possam comer quantos peixinhos quiserem. Enfim, o fato é que, de desgraceira em desgraceira, de virose em virose, de apoderamento ilícito de coisas em apoderamento ilícito de coisas, de et cetera em et cetera, acabamos por desembocar na crise econômica atual, precipitada por uma bolha no mercado de residências – clímax, segundo George Soros (Budapeste, 12 de agosto de 1930), de uma superexpansão (super-boom) que ocorreu nos últimos 60 anos. E assim...

 

Quanto mais febril for a cobiça,

mais maior será a lingüiça.

Quanto mais intensa for a avareza,

mais maior será a tristeza.

Quanto mais pirética for a incúria,

mais maior será a penúria.

 

Quanto menor for o desapreço,

diminuto será o tropeço.

Quanto menor for a insensatez,

ínfima será a escassez.

Quanto menor for o desmazelo,

nanico será o escanzelo.

 

Não importa se nos acusarem,

detratarem ou difamarem.

Não importa absolutamente nada;

podem, até, tirar a escada.

Nosso comprometimento deve ser

com a Vida e com o Viver.

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://en.wikiquote.org/wiki/Karl_Marx

http://www.marxists.org/archive/marx/
works/subject/quotes/index.htm

http://www.previnasedamarca.com/arquivo.php?
recebe=materia/maconaria/01/01.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx

http://www.e-biografias.net/karl_marx/

http://portuguesbrasileiro.istockphoto.com/
stock-illustration-11042329-clown.php

http://www.post-gazette.com/stories/news/world/aid-
workers-rush-to-help-east-africas-hungry-307786/

http://thepinehillsnews.com/wp/2009/03/25/wealthy-na
tions-using-famine-to-hold-african-farmers-at-ransom/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Laissez-faire

http://netanimations.net/Animated_Moving_Mac
hines_Machinery_Mechanical_Animations.htm

http://www.christart.com/clipart/
image/takes-and-devours

http://economidiando.blogspot.com.br/2011/
06/marx-mais-valia-absoluta-e-relativa.html

http://www.unicamp.br/cemarx/
criticamarxista/16carcanholo.pdf

http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid
=S1415-91042003000100006&script=sci_arttext

http://www.magiclanterngraphics.com/ANINDEXT
OANIMATEDGIFS-MISCELLANEOUS-Page2.html

http://www.ppgf.ufba.br/dissertacoes/
Francisco_Silva.pdf

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http://www.enginebasics.com/

http://www.fctours.com/Corporate-Groups.html

http://www.presentermedia.com/blog/2010
/08/animated-gifs-mac-powerpoint-2008/

http://www.marxists.org/portugues/
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http://polivocidade.blog.br/tag/karl-marx/

http://pensador.uol.com.br/marx_frases/5/

http://en.wikipedia.org/wiki/
File:Sun_and_planet_gears.gif

http://pensador.uol.com.br/marx_frases/4/

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http://pensador.uol.com.br/marx_frases/2/

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http://usayouthfootball.com/usa_youth_football_fu
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Karl_Marx-O_capital_e_trabalho-51044

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http://www.recantodasletras.com.br/
frases/1197237

http://www.rivalcir.com.br/
frases/karlmarx.html

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Economia_marxiana

http://www.citador.pt/
frases/citacoes/t/capital

 

Música de fundo:

Die Internationale

Fonte:

http://beemp3.com/

 

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