Para
os que crêem na Vida e na magnificência da Vida, o seu cofre
nunca está vazio. [In:
O Profeta, de
autoria de Gibran Khalil Gibran.]
Aqueles
que dão com Alegria têm a Alegria como prêmio. Aqueles
que dão com dolor, a dolor é o seu batismo. [Ibidem.]
É
bom dar algo quando é solicitado, mas, é melhor dar sem demanda,
por haver compreendido. [Ibidem.]
Dar
é Viver; guardar [acumular]
é perecer. [Ibidem.]
Tio
Patinhas – o Morto-a-fome
Damos
muito pouco, quando damos só o que temos. Apenas quando damos algo
de nós mesmos é que realmente damos. O que são as nossas
posses, senão coisas que valorizamos por medo de precisar delas amanhã?
O que é o medo da necessidade, senão a necessidade em si?
[Ibidem.]
—
Se o rango sobrasse,
então, eu dava.
Se não sobrasse,
eu já não dava.
—
Se a mula andasse,
então, eu dava.
Se
a mula empacasse,
eu já não dava.
—
Se o galo cantasse,
então, eu dava.
Se
o galo murchasse,
eu já não dava.
—
Se o
aprovasse,
então, eu dava.
Se
o vetasse,
eu já não dava.
—
Se o
gargalhasse,
então, eu dava.
Se
o se invocasse,
eu já não dava.
—
Se meu time vencesse,
então, eu dava.
Se
meu time perdesse,
eu já não dava.
—
Se a bolsa subisse,
então, eu dava.
Se
a bolsa caísse,
eu já não dava.
—
Se meu lucro aumentasse,
então, eu dava.
Se
meu lucro despencasse,
eu já não dava.
—
Se a poupança engordasse,
então, eu dava.
Se
a poupança emagrasse,
eu já não dava.
—
Se o Au ou o US$ valorizassem,
então, eu dava.
Se
o Au ou o US$ desvalorizassem,
eu já não dava.
—
Se minha sorte avultasse,
então, eu dava.
Se
meu azar se mandasse,
eu já não dava.
—
Se Deus milagrasse,
então, eu dava.
Se
o treco não mudasse,
eu já não dava.
—
Estando bem-disposto,
então, eu dava.
Estando
indisposto,
eu já não dava.
—
Se eu não necessitasse,
então, eu dava.
Se eu necessitasse,
eu já não dava.
—
Para fazer farol,
então, eu dava.
Se não houvesse rol,
eu já não dava.
—
Buscando reconhecimento,
então, eu dava.
Já provado o meu talento,
eu já não dava.
—
Se eu houvesse pecado,
então, eu dava.
Se eu fosse perdoado,
eu já não dava.
—
Se dona encrenca pedisse,
então, eu dava.
Se dona encrenca não pedisse,
eu já não dava.
—
Se eu estivesse insalubre,
então, eu dava.
Se eu estivesse salubre,
eu já não dava.
—
Se eu fosse malsucedido,
então, eu dava.
Se eu fosse bem-sucedido,
eu já não dava.
—
Se eu estivesse encagaçado,
então, eu dava.
Se eu estivesse bem amparado,
eu já não dava.
—
Se eu tivesse gozado,
então, eu dava.
Se
eu tivesse brochado,
eu já não dava.
—
Para obter alguns favores,
então, eu dava.
Se
eu não precisasse de favores,
eu já não dava.
—
Se eu ganhasse no pôquer,
então, eu dava.
Se eu ficasse duro no pôquer,
eu já não dava.
—
Se desse cobra-d'água na cabeça,
então, eu dava.
Se eu visse uma mula-sem-cabeça,
eu já não dava.
—
Se a madruga esquentasse,
então, eu dava.
Se a madruga esfriasse,
eu já não dava.
—
Se estivesse velho e estragado,
então, eu dava.
Se estivesse em bom estado,
eu já não dava.
—
Sempre havia uma subordinação,
para
eu dar ou não dar.
Sempre
havia hipótese ou condição,
para
eu disponibilizar.
—
Entretanto, com Alegria
eu
nunca dei nada.
Sempre
havia malencolia
em
cada coisa dada.
—
Afinal de contas, nesta vida,
eu dei o quê?
Oh!, triste e desbotada vida!
Uma vida sem-porquê.
—
E, riquíssimo exteriormente
–
um arranjista – vivi a minha vida.
E, paupérrimo interiormente,
–
um egoísta – parti desta vida.
Estão
Pintando os Mistérios
—
Mas,
estão pintando os Mistérios,
e,
com Eles, a Alforria.
E
findarão os deletérios,
e
(re)nascerá a Alegria.
—
Todavia,
aquele que dormitar
continuará
na caverna,
e
terá que muito esperar,
até
brilhar a sua lucerna!