Quando consideramos as “dádivas”, devemos nos acautelar contra a idéia falaciosa de que somente pode dar quem possui dinheiro. Donativos em dinheiro feitos de modo indiscriminado representam uma desgraça tanto para o doador quanto para o receptor. Somente quando o primeiro acrescentar à dádiva seu pensamento e seu coração, poderá o ouro ter algum valor. Mas, o que é o ouro dado indiferentemente comparado à solidariedade? Expressão de fé num homem poderá lhe incutir coragem para avançar e vencer. Estimulando sua ambição, nós o ajudamos a se ajudar a si mesmo, ao passo que a ajuda financeira o submete à dependência de nossa generosidade. Quando dermos, primeiramente, deveremos nos dar a nós mesmos. [In: Vida e Atividade no Céu, de autoria de Max Heindel.]

 

 

 

 

— Dei o dízimo,
sonhando em receber o triplo.

 

— Dei o trízimo,
sonhando em receber o sêxtuplo.

 

— Doei todos os meus bens para a Igreja,
sonhando em ser indulgenciado.

 

— Dei uma esmola,
sonhando em nunca ficar pobre.

 

— Dei milhares de esmolas,
sonhando em ficar milionário.

 

 

 

 

— Perdoei um inimigo,
sonhando em ser perdoado por Deus.

 

— Cedi meu lugar no bonde para uma velhinha,
sonhando em poder ficar sentado no céu.

 

— Dei um prato de para um sem-teto,
sonhando em nunca me faltar o que comer.

 

— Devolvi um troco que me deram a maior,
sonhando em nunca ser assaltado.

 

— Preservei a fauna e a flora,
sonhando em ser resguardado por Deus.

 

— Protegi os animais,
sonhando em ser beneficiado por Deus.

 

— Não devastei os vegetais,
sonhando em ser favorecido por Deus.

 

— Não danifiquei os minerais,
sonhando em ser obsequiado por Deus.

 

— Ajudei um necessitado,
sonhando em ser amparado por Deus.

 

— Socorri um acidentado,
sonhando em ser socorrido por Deus.

 

— Defendi uma viúva desamparada,
sonhando em ser defendido por Deus.

 

— Agasalhei um ceguinho,
sonhando em nunca ficar pitosga.

 

— Abriguei um gaguinho,
sonhando em nunca ficar quiquiqui.

 

— Nunca preconceituei,
sonhando em não ser pré-qualificado por Deus.

 

— Alimentei um faminto,
sonhando em ser alimentado por Deus.

 

— Dei de beber a um sedento,
sonhando em ser hidratado por Deus.

 

— Jejuei na Quinta-feira Santa,
sonhando que jamais minha pança ficaria vazia.

 

— Ciliciei-me e me autoflagelei,
sonhando que meus pecados seriam deletados.

 

 

The Da Vinci Code
(Paul Bettany – Silas)

 

 

— Beijei a mão de um padre,
sonhando que estava beijando a Mão de Deus.

 

— Para me dar bem, votei nele,
sonhando em ganhar uma dentadura.

 

— Para me dar bem, votei no outro,
sonhando em ganhar um par de sapatos.

 

— Lutei contra todas as tentações,
sonhando que Deus seria meu amigo.

 

— Por medo de ir para o inferno, rezei,
sonhando que o diabo não tenta quem reza.

 

— Por medo de Deus, não pequei,
sonhando em ser escolhido e salvado.

 

sonhando que, por milagre, eu seria arrebatado.

 

— Por ser um completo ignorante,
sempre agi por imperativos hipotéticos.¹

 

Basicamente, há duas classes para quem a existência post-mortem é particularmente vazia e monótona: o materialista e aquele que se deixou absorver pelos negócios mundanos, que nunca pôde pensar nos mundos espirituais. Não é difícil se descobrir a razão: eles viveram uma vida de boa moralidade, jamais cedendo aos vícios dos quais teriam que se purificar nas regiões purgatoriais, o Mundo do Desejo inferior, mas, tampouco praticaram aquelas boas ações que resultam em sensações de felicidade no Primeiro Céu. O haver dado grandes somas em dinheiro para a construção de igrejas, de bibliotecas ou de parques de nada lhe servirá ali, a menos que o doador tenha se interessado, particularmente, em suas dádivas, dando-se deste modo a si mesmo com seu dinheiro. Dar dinheiro simplesmente é inútil. Dar a si mesmo é mais do que dar dinheiro: produz crescimento anímico. Para os que dão sem se darem a si mesmos, depois da transição, suas vidas serão de uma monotonia nada invejável, ainda que nada sofram. [Ibidem.]

 

 

 

Queda do Mercado de Ações